Capitulo 44

 

-- Como os anjos podem dormir quando o diabo deixa a luz da varanda acesa?

Um homem enorme forçava a fechadura com um ferro. Quando viu a loira parada no corredor levou um susto.

Antes que o bandido pudesse dizer qualquer coisa Eduarda correu e lhe deu um chute na barriga, ele cambaleou, mas não caiu.

-- Eu vou te quebrar no meio sua pirralha - pegou o ferro que havia derrubado no chão e partiu pra cima da garota.

A loira desviou uma, duas vezes, mas na terceira não teve jeito, recebeu um golpe que a jogou contra a parede, ele se aproximou dela e a puxou pela gola da camiseta a deixando em pé na frente dele.

-- Sempre achei que os anjos tivessem asas e fossem fortes e poderosos - deu uma gargalhada horrenda - Eu estava errado.

-- Eu sempre achei que os demônios fossem horríveis e tinham cheiro de enxofre - deu uma risada - Eu estava certa.

O desconhecido a empurrou com força, Eduarda bateu com a cabeça em um móvel que havia por ali, mas não desmaiou. O bandido preparava-se para desferir outro golpe, Eduarda foi mais rápida e mesmo tonta e sentada no chão conseguiu acertar um pisão direto no saco do miserável fazendo-o cair de joelhos devido à dor.

Ele sabia que com todo aquele barulho em instantes o lugar estaria repleto de gente, então achou melhor abandonar a luta e mesmo se arrastando fugiu pela escada.

A garota permaneceu sentada no chão, a dor nas costelas era insuportável. Sangue escorria pelo rosto proveniente de um corte na testa.

Escutou palmas, olhou e viu Schwarzenegger e Mari parados no corredor rindo dela.

-- Nossa loirinha está ficando forte né Mari - Schwarzenegger falou rindo.

-- Pensei que estivessem no Rio. Vieram de moto?

-- Engraçadinha. O cerco tá fechando Eduarda. Acho melhor voltarem e acelerarem os planos - Mari deu a mão para ela levantar - Eles farão de tudo para matar a Rafaela.

-- Voltaremos amanhã. Agora vão atrás daquele idiota e tentem arrancar algo dele. Vou ficar. A Rafaela deve estar desesperada.

-- Vamos Mari - e desceram pela escada.

Quando Eduarda entrou no quarto encontrou Rafaela sentada em um canto chorando. A morena quando viu a loirinha saiu correndo e se jogou em seus braços.

-- Dú meu amor... - chorava muito.

-- Shiiiii... -- ela pediu calma acariciando os cabelos e a apertando contra o peito - Eu sei... Ele já foi embora.

-- Quem era ele Dú? - soluçava como uma criança.

-- Um ladrão. Viu-me saindo e achou que não havia ninguém - falou secando as lágrimas dela com as mãos.

-- Ele te machucou - passou a mão afastando os cabelos para que não sujasse de sangue -- Vamos chamar a policia.

-- Deixa pra lá amor - beijou a sua face e sentou na cama fazendo uma careta de dor.

Rafaela foi ao banheiro pegou uma toalha e limpou o rosto da loirinha

-- Vou te levar ao hospital - saiu para pegar a bolsa.

-- Não precisa amor - tentou levantar, mas não conseguiu.

-- Não estou pedindo. Estou mandando. Vamos - Ajudou-a se levantar.

Quando Rafaela assumia o tipo mandona Eduarda não tinha como contestar.

 

 

No Brasil...

-- Desculpe garotas, mas eu não aguentei... Vim tomar um banho de mar. Estou tão iluminado que nem precisaremos de tochas nesse luau. Aiiiiii como sou bandida - Jorge saiu correndo em direção ao mar.

-- Que sunga ridícula. Tomara que um tubarão tenha perdido a rota e vindo parar aqui na praia.

-- Credo Roberta - Eddie foi obrigado a rir com o mau humor da morena.

-- Eu sou a rainha do quase Eddie. Quase beijo, quase passo a mão, quase...

-- Porque esse desespero Beta? Calma... Pega - Claudia deu uma taça de champanhe para ela - Vamos beber e aproveitar esse lugar lindo - deu um beijo carinhoso para desemburrar a garota - Não faltará oportunidades pra gente ficar sozinha, não se preocupe.

 

 

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No Havai...

-- E você ainda não queria ir ao hospital... - Rafaela jogou a bolsa na cama e sentou -- Pensei que não fosse nada - imitou a garota.

A loirinha sorriu com a careta que ela fez.

-- E não foi. Comparado com a surra que o grandão levou.

Rafaela só assistia a garota com um enorme curativo na cabeça, dando socos no ar como se estivesse lutando.

-- Dei um cruzado de esquerda, um overhand, um chute rodado no saco... Finalizando com o nocaute.

-- E levou quatro pontos na cabeça e uma luxação na costela - Rafaela saiu em direção ao banheiro.

-- Faz parte amor. Estou pensando seriamente em treinar MMA - deu mais uns golpes na frente do espelho e fez uma careta de dor.

-- Vai sonhando - berrou de dentro do banheiro.

-- Estraga prazer - resmungou.

-- Escutei Dú... - A morena sai do banheiro - Meu celular não funciona.

-- Também, coitado... Caí sentada em cima dele - deu uma gargalhada e levou um tapão da morena.

-- Além de destruir o meu celular ainda fica debochando.

-- Esse é o meu premio por salvar a vida de uma donzela em perigo - fez beicinho.

-- Estou brincando amor - a encheu de beijos - Você é o meu anjinho loirinho - mais beijos - Tá dodói meu bebê - beijinhos pelo pescoço.

-- Assim está bem melhor - deixou-se envolver nos braços da morena - Amor vamos embora amanhã?

Rafaela não havia engolido essa história de ladrão. Talvez o problema fosse maior do que Eduarda estava falando. Então resolveu concordar com ela.

-- Vamos. Quero aproveitar esses últimos dias de férias para sairmos ver uma casa para comprarmos. Que tal?

-- Como diria o Jorge: Amei - sorriu feliz.

 

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-- Ameiiiii... Estou tão feliz que estou quase tendo um orgasmo - Jorge estava radiante com a notícia do inicio do namoro das duas.

-- Mas não fique fazendo planos de casamento. Estamos apenas nos conhecendo mais intimamente - Claudia fez questão de deixar bem claro - E vocês o que resolveram?

-- Vamos morar juntos - pegou na mão de Eddie e beijou - Finalmente.

-- Péraí. Sem festa? Não mesmo - Roberta praticamente pulou do sofá.

-- Calma - Eddie achou graça - Pretendemos fazer uma reuniãozinha para os amigos mais íntimos.

-- Até parece. Deixa a Dudinha voltar - Claudia despejou mais vinho no copo. Bebeu de olhos fechados.

-- Acho bom parar com esse Dudinha. Não pega bem - Roberta falou entre os dentes, Claudia ergueu as sobrancelhas e arregalou os olhos - Ela é uma mulher casada e você minha namorada.

-- Hí, começou - Jorge meteu-se - Abre o olho Claudinha a família Dumont tem fama de mandona. Olha a Rafa, manda e desmanda na loirinha.

-- Mas eu não sou a "DUDINHA" - falou bem alto - Não sou submissa.

Roberta ficou bicuda, mas nada falou. Não queria arrumar confusão logo no primeiro dia e além do mais Claudia também tinha sangue quente como ela, seria melhor controlar-se.

-- Mas voltando ao assunto festa, falei a mesma coisa para o Eddie. A Duda vai reclamar horrores.

-- Não podemos se dar ao luxo a grandes eventos como elas. Estamos prestes a começar uma nova etapa em nossas vidas. Nossos apartamentos se juntarmos não dá um. Vamos ter que ralar se quisermos ter um padrão de vida legal. Continuar morando no Leblon... - piscou para Jorge.

-- É verdade amores. Temos que ter os pés no chão - Jorge mandou um beijo para Eddie.

 

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Após 16h00min de viagem, Rafaela e Eduarda desembarcaram no aeroporto do Galeão no Rio.

-- Amor vou contar uma piada --

 A aeromoça oferece uma bebida a um gay que está sentado ao lado de uma freira dentro de um avião.

O gay (chique, é lógico) pede champanhe.

-- A senhora aceita o mesmo que ele, irmã? - pergunta a aeromoça à religiosa.

A freira, indignada, responde:

-- Eu prefiro ser agarrada selvagemente e estuprada cinco vezes por um negão de dois metros de altura, do que botar uma gota desse álcool na boca!

E o gay, devolvendo delicadamente a bebida à aeromoça:

-- Desculpe! Eu não sabia que tinha essa outra opção. Vou querer o mesmo que ela...

-- Depois de 16h00min de viagem você ainda tem animo pra contar piada Dú?

-- Quero bem te dizer amor tenho animo pra tanta coisa ainda hoje - falou no ouvido da morena.

-- Deixa de ser safada Dú e vamos atrás de um taxi. Não vejo a hora de chegar em casa e tomar um banho.

-- Depois que você colocou esse vestido amor eu não consigo me concentrar em mais nada - Eduarda andava um pouco mais atrás da morena.

Rafaela parou e se virou colocando as mãos na cintura.

-- Você ainda está com essa tara por mulher de vestido e salto alto Eduarda?

Eduarda levou alguns segundos até processar a pergunta e formular uma resposta que não lhe rendesse mais alguns hematomas pelo corpo.

-- Só por você amor.

-- Demorou muito pra responder - continuou andando.

-- Me assustei com a pergunta - confessou.

-- Roberta um dia me falou que para conseguir algo de você era só usar vestido curto e salto. Te orienta dona Eduarda.

O taxista colocou as bagagens no porta-malas e seguiram para o Leblon.

 

 

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-- Nem um beijinho Claudia? - estava difícil de Roberta conseguir algo da advogada.

-- Não. Está de castigo - levantou do sofá e foi até o pequeno bar do apartamento de Rafaela - Aonde se viu começamos a namorar ontem e já está querendo mandar em mim.

-- Já te pedi desculpa um milhão de vezes. O que mais você quer? - foi atrás da advogada na esperança de revogar a pena.

Roberta a abraçou por trás, beijou a nuca e começou a passar as mãos pelos seios de Claudia dava para perceber o tesão dela, com aqueles biquinhos durinhos daquele jeito...

-- Continua... Está muito... - Parou quando ouviu alguém virando a maçaneta.

-- Estranho... - Roberta se aproximou e esperou abrirem a porta.

-- Surpresa!!! - Eduarda pulou no pescoço de Roberta e a beijou - Que recepção desanimada - Vocês estavam brincando de casinha?

-- DUDA - falaram juntas - Sua sem noção - Roberta foi ajudar Rafaela com as malas.

-- Nem pra me ajudar - A morena reclamou - Tudo bem? - beijou as duas.

-- Tudo. Porque não avisaram que voltariam hoje? Teríamos buscado vocês no aeroporto - Claudia abraçou a amiga.

-- Preferimos despistar os paparazzos - a loirinha fingiu tirar uma foto de Rafaela - E pegar vocês fazendo borbulhas de amor, é lógico - imitou a boca de peixe.

-- É uma palhaça mesmo. A Rafaela bateu em você? - Roberta se aproximou e examinou o curativo na cabeça da garota.

-- Vocês não tem noção de como tem sido as nossas trans*s... - mostrou o abdome todo roxo - Esse foi um dia antes do corte na cabeça. A Rafaela queria fazer o estilo cinquenta tons de cinza e acabou fazendo cinquenta tons de roxo. Mas tudo bem foi gostoso mesmo assim. Sexo animal né amor. Tipo de quebrar todo o quarto.

Rafaela sacudiu a cabeça e caminhou para o quarto, mas antes de entrar ainda falou:

-- Uma semana de castigo Dú - Eduarda correu atrás dela.

-- Será? - Claudia pausou pensativa.

-- Sei lá. Convenhamos minha cara, tem alguém normal por aqui?

Claudia não respondeu, limitou-se a coçar a cabeça. 

 

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Mais tarde...

-- Não via a hora de tomar um banho e colocar uma roupa mais confortável...

Claudia e Roberta a olhavam como se ela fosse uma maníaca sexual.

-- O que foi? Não me digam que acreditaram na Dú?

-- Ela está toda machucada Rafa - Roberta se aproximou dela curiosa.

-- Claro. Ela brigou com um cara que tentava invadir o nosso quarto do hotel no Havai.

-- Que louco. Como foi isso?

Rafaela narrou toda a história para as duas que a olhavam num misto de medo e surpresa.

-- Caracas mana!!! Essa loirinha é cruel.

-- Sei lá. A Dú ás vezes se transforma e age como se não fosse ela. Hoje ela é essa aí, não dá pra levar a sério, só fazendo palhaçada. Está lá no telefone discutindo com o atendente da pizzaria, porque, ela quer uma pizza quadrada e ele não tem - sorriu.

-- A Duda que eu conheço é essa aí - Claudia também riu - infantil e pirada.

-- Em várias ocasiões ela se mostrou bem adulta Claudia, até me surpreendi.

 

-- Pronto amor. Chegamos a um acordo amigável - falou satisfeita - Combinamos que da próxima vez as pizzas virão quadradas.

-- Que diferença faz isso Duda?

-- Estética Beta. Sair da mesmice nos dá a impressão que a pizza está mais gostosa que a habitual.

-- Há tá. Entendi - Roberta respondeu achando a coisa mais ridícula do mundo.

Eduarda levantou o dedo pedindo a palavra. Todas olharam para ela.

-- Obrigada...

A loira pede uma pizza pelo telefone. A pessoa da pizzaria pergunta:

-- A senhora quer que eu corte em quatro ou oito pedaços?

E a loira:

-- Quatro, por favor. Eu não aguento comer oito pedaços...

Risos

-- Rafa como você aguenta?

-- Tadinha Claudia. Ela é tão fofa - Rafaela a beijou com carinho.

-- Eu pago a pizza mais não lavo a louça.

-- Você nunca lava a louça loira.

-- Eu sou visita Beta, estou aqui provisoriamente.

-- Falar nisso Duda, a corretora enviou algumas fotos pra gente avaliar - foi até o quarto buscar as fotos - Olha só que maravilhas.

Eduarda e Rafaela olhavam as fotos.

-- Olha essa amor - como Roberta previa, a mansão preferida de Eduarda foi a do Leblon.

-- É lindíssima Dú, mas quanto custa Beta?

-- Só não desmaia. Custa 3.901.300 Euros.

Rafaela ergueu a sobrancelha e arregalou os olhos.

-- Nem tanto amor. Se gostarmos vou querer essa.

-- Dú, não se compra uma mansão como se compra um picolé na praia. Você faz ideia qual a cotação do Euro hoje?

-- Sei - respondeu séria.

-- SABE? - as três perguntaram admiradas.

-- Claro. Escolhe aí Euro dos anos 80 ou 90?

-- Palhaça. A cotação do Euro hoje está em 3,0900 - Rafaela voltou a olhar as fotos.

-- A gente vai visitar essa amanhã Beta - Eduarda estava irredutível - Olhar é de graça amor - falou dengosa.

Rafaela olhou para Roberta e sorriu.

-- Tem outro jeito? Marca com o corretor para a parte da manhã Beta.

-- Você vai junto né? Afinal você também vai ter que aprovar o nosso novo lar - deu um beijo no rosto da garota.

-- A minha opinião é a que menos conta Duda.

-- Para com isso Beta. Afinal você vai morar com a gente... - a campainha tocou - Vou pegar a pizza.

Rafaela e Roberta se olharam.

-- Ela é quem manda Beta... Ao menos com relação a esse assunto - Rafaela sorriu - Se você quiser é claro...

Roberta levantou-se de onde estava e foi abraçar a irmã.

-- É tudo o que mais quero. Amo vocês... E não vou ficar longe dos meus futuros sobrinhos nem um dia.

-- Olha a pizza...

-- Até que enfim -- Claudia apareceu com os pratos e os talheres.

-- Eu ainda tenho esperanças de um dia ver a Duda lavando louça - Roberta falou sorrindo.

-- Como a esperança e a sogra... São as últimas que morrem. Quem sabe né Beta - Eduarda falou e todas acabaram rindo.

 

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Em Berlim Amdt quebrava tudo dentro de sua sala.

-- INFERNO!!!  Será que esses imbecis não conseguem nem roubar pirulito de criança. Apanhar de uma garotinha e ainda ser pego para interrogatório.

-- Ele não abriu a boca senhor.

-- Fizeram algo contra ele?

-- Nada. Somente algumas perguntas, depois o mandaram embora. Como são bonzinhos esses idiotas...

-- Mate-o - Amdt falou agora tranquilo.

-- Como senhor? - o rapaz perguntou atônito.

-- Mandei mata-lo idiota. Entendeu? Que sirva como exemplo. De agora em diante será assim. Todos que falharem irão mais cedo para o inferno.

-- Sim senhor.

O rapaz já estava acostumado com as atrocidades cometidas pelo NPD, mas as coisas estavam ficando cada dia pior e temia até mesmo pela própria vida.

-- Mande os lobos para o Rio de Janeiro dessa vez não aceitarei falhas. Ouviu?

-- Sim senhor . Providenciarei tudo - e saiu.

 

 

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No dia seguinte...

 

Rafaela e Eduarda acabavam de chegar para a visita à mansão que desejavam comprar. Roberta e a corretora aguardavam em frente à propriedade.

Eduarda parou o carro do lado das duas.

-- Será que eu posso saber o que esses dois bombons estão fazendo fora da caixa?

-- Derretendo no sol esperando um chocolate branco e um meio amargo que estão meia hora atrasadas - Roberta respondeu brava.

-- Culpa da maninha que levou duas horas para se arrumar - jogou um beijo pra morena sentada ao seu lado - gostosa.

-- Não liga Bethe ela é louca assim, mas, é inofensiva - Roberta seguiu em direção à entrada da mansão.

Bethe, a corretora, caminhava ao lado de Roberta, vestia uma blusa social e uma saia acima do joelho, estava de salto alto e cabelos amarrados.

-- Ela não anda... Ela desfila... - Eduarda cantou e levou um beliscão - Jesus - esfregou a mão no braço.

-- Se eu olhar para você e perceber que está pensando alguma sacanagem, não me importarei em moer meu celular novo em sua cabeça.

A loira engoliu em seco, sabia que Rafaela cumpriria a ameaça, o difícil seria conversar com a corretora sem olhar para as suas pernas. Que eram lindas.

 

-- É uma excepcional mansão, de muito bom gosto. Clean, totalmente automatizada através de célula foto elétrica, circuito interno de tv e áudio - olhou para Eduarda -- Belo paisagismo, espaço gourmet, piso todo em porcelanato.

-- Quantos quartos? - Rafaela passou os braços ao redor do pescoço da loirinha.

-- Oito dormitórios - sorriu.

-- Muito pouco Dú. Não serve - puxou Eduarda para sair.

-- Mas amor... Oito dormitórios é o suficiente para nós - a olhou suplicando.

Rafaela sabia que Eduarda queria muito aquela mansão. Encaixava-se nos sonhos dela. De frente para o mar, jardim enorme, piscina grande e academia. Seria egoísmo estragar os planos dela por birra sua.

-- Tudo bem Dú. Vamos ver o restante da mansão.

Eduarda sorriu.

-- Pode continuar Bethe balanço - Rafaela olhou de cara feia.

-- Por favor, me sigam. Sauna com banheiro, ducha - a corretora caminhava e mostrava os cômodos -- Salão em vários ambientes e projeto de iluminação, teto rebaixado - olhava diretamente para Eduarda - Seus olhos são lindos.

-- Obrigada - olhou para Rafaela e para sua surpresa a morena estava sorrindo.

-- Sala de jantar, adega, elevador, lavabo - continuou.

-- Essa adega é enorme Dú - deu uma voltinha pelo lugar.

-- Verdade amor. Vinho é o que não faltará para você.

-- Olhem essa sala de cinema - Bethe abriu os braços mostrando o ambiente enorme.

-- É bem aconchegante. Aqui assistirei muitos desenhos com meus carioquinhas -- seus olhos se iluminaram. 

-- Vocês têm filhos? - Bethe fingiu não saber.

-- Ainda não, mas estamos planejando para breve - Rafaela abraçou Eduarda por trás.

-- Estava dando uma volta ao redor da mansão. O que estão achando? -- Roberta juntou-se a elas.

-- Ainda não decidimos né Dú.

-- Copa-cozinha planejada com móveis da Favo, lavanderia, duas dependências com banheiro. Vamos para o segundo piso?

Subiram as escadas. Eduarda e Rafaela pareciam satisfeitas com a mansão.

-- No 2º piso sala íntima com copa, quatro suítes (todas com closets separados do banheiro), sendo a máster com dois sanitários, duas cubas e hidro.

-- No sótão suíte com closet e suíte transformada em escritório. A casa possui cisterna e poço artesiano - virou-se para elas e cruzou os braços -- Então?

-- Não sei você amor, eu adorei.

-- É claro que gostei Dú, mas precisamos discutir valores. Estou achando o valor alto, mesmo sendo no Leblon.

-- Posso conversar com o proprietário e tentar baixar um pouco já que pagarão a vista e isso é raro hoje em dia.

-- Faça isso e nos ligue - Rafaela já descia as escadas.

-- Claro. Amanhã mesmo te ligo - dirigiu-se a Eduarda.

Rafaela virou-se para a corretora com cara de brava.

-- Não, você ligará para mim - tocou o peito com o dedo indicador -- Eu cuido dos negócios - e saiu pisando pesado.

-- Era você quem costumava ser a possessiva e manipuladora - a corretora falou sorrindo para Eduarda.

-- Muita coisa mudou. A mansão tem porão?

-- Tem. Bem espaçoso confortável e seguro -- sorriu.

-- Descobriu mais alguma coisa?

-- EDUARDA... - Rafaela berrou da escada.

-- Pouca coisa, mas de muita importância - a mulher agora olhou séria. Lembrou-se de tudo o que Sven havia falado e sentiu uma dor no peito. Eduarda e Rafaela formavam um casal lindo. Não mereciam o futuro que lhes eram reservadas.

-- Precisamos conversar... Vou marcar uma reunião. Aguarde contato.

-- EDUARDA... QUE DROGA...

Eduarda olhou por alguns segundos para Bethe, depois desceu as escadas correndo atrás da morena.

 

 

 

Fim do capítulo