CapÃtulo 42
Capitulo 42
Naquela manhã Rafaela e Eduarda alugaram um carro e foram fazer turismo em Honolulu. North Shore fica localizado na ilha de Oahu, a aproximadamente 45 minutos de carro do centro de Honolulu.
Honolulu é a capital e a cidade mais populosa do estado norte-americano do Havaí. É uma cidade moderna, agitada, com uma vasta opção de hotéis, lojas e restaurantes.
Rafaela e Eduarda compraram presentes para todos. Demoraram um pouco mais no presente de Jorge e acabaram por comprar uma camiseta linda com a estampa da Lady Gaga, a cantora preferida dele.
Antes de voltarem para North Shore andaram de caiaque e visitaram as galerias de arte com obras que revelam a história do povo havaiano.
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No Brasil...
Roberta, Claudia e Jorge chegavam à bela casa de praia do opa Sven.
-- Nossaaaa... - Jorge ergueu a sobrancelha e arregalou os olhos - Que desperdício um lugar desse sem uso há tanto tempo. Provavelmente há meses.
Roberta e Claudia se olharam. Ambas estiveram na casa com Eduarda. Jorge percebeu o desconforto das duas.
-- Vocês hem. Credo - jogou-se no luxuoso sofá - Eduarda deve ter passado por uma lavagem cerebral lá no hospital, pra ter mudado tanto em tão pouco tempo.
-- Vamos deixar as duas em paz - Claudia pegou as suas bolsas - Vou levar para o quarto - e subiu as escadas.
-- Vou fazer o mesmo - Roberta pegou suas coisas e subiu atrás de Claudia deixando Jorge estirado no sofá.
Claudia escolheu o quarto maior, guardou as roupas no closet, foi no banheiro e colocou um biquíni. Quando abriu a porta deu de cara com Roberta sentada na cama.
-- Tá bicuda por quê? - riu da cara de brava de Roberta.
-- Adivinha. Até agora não entendi essa do Jorge.
-- Pois eu entendi. Ele está passando por um momento difícil e não quer ficar sozinho. Ele só está grudado com a gente porque a Duda e a Rafa não estão no Rio, senão com certeza estaria atrás delas.
O celular de Claudia toca...
-- É o Eddie. Coloca um biquíni e me espera lá embaixo.
Roberta sorriu e fez o que Claudia pediu.
Na sala Jorge continuava jogado no sofá.
-- No seu apartamento não tem sofá? - Roberta deu um tapa na perna dele e sentou.
-- Tem, mas convenhamos que esse aqui seja bem melhor -- olhou sério para ela - Estou atrapalhando algum plano de conquista?
-- Depende. Estava pensando em um luau particular no fim da tarde. Se você for junto estará atrapalhando, se não for não estará atrapalhando. O que me diz?
-- Não irei - falou rindo.
-- Então não está atrapalhando - beijou o rosto do amigo.
-- Estou com saudade da Duda - choramingou.
-- Desencana biba. A Duda agora é uma mulher casada, tem a Rafaela pra cuidar - risos - Estou brincando. Também sinto falta daquela pestinha. Só a presença dela me tranquiliza - parou pensativa - Não sei por que, mas estando com ela as coisas parecem mais fáceis, nada é impossível.
-- Você também sente isso? - Jorge sentou e ficou de frente para ela - Interessante, eu tenho a mesma sensação. Estou meio que perdido sem ela.
Roberta olhou para ver se Claudia não estava descendo e comentou baixinho:
-- Fica só entre nós Jorge. Por favor. Um dia antes de ela sair do coma fui visita-la no hospital e quando entrei na UTI haviam quatro pessoas falando com ela. Conversavam como se ela estivesse realmente acordada - suspirou fundo e continuou - Estavam de branco, achei que fossem médicos.
-- E não eram? - Jorge perguntou intrigado com a história.
-- Depois que saíram, fiquei pensando e resolvi ir atrás. Não encontrei ninguém, então resolvi perguntar para a recepcionista. Ela me garantiu que não havia um médico sequer no andar naquele momento, imagina quatro.
-- Credo, que história estranha Roberta. Vou com vocês lá para o luau. Aqui não fico sozinho. Tô com medo - agarrou-se a Roberta.
-- Medo de que Jorge? - Claudia descia a escada nesse momento.
-- Medo de levar uma porr*da se não tomar jeito. Biba covarde - sacudir um dedo como se fosse um porrete.
-- Vamos Beta, estou louca por um banho de mar - puxou a garota pela mão.
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-- Eu falei que te acompanharia em tudo, mas estou arrependida Dú - Rafaela estava desesperada. Mergulhar parecia perigoso demais.
-- Amor... - Eduarda pegou na mão dela - Confia em mim. O instrutor e eu vamos estar ao seu lado. Vamos estar perto da costa com boias e cabos que formam uma linha para dar segurança durante o treinamento - beijou a sua mão e sorriu --Acrescentamos ainda um cabo de segurança que segue preso ao cinto e ao cabo-guia, com um sistema de quick-release para emergência - mostrou o cabo preso na cintura do instrutor.
Eduarda viu medo nos olhos de Rafaela então resolveu desistir.
-- Podemos parar amor - segurou o rosto dela com as duas mãos - Se você não se sente segura então não vamos.
-- Você vai estar do meu lado? - fez bico e Eduarda sorriu.
-- Sempre - respondeu carinhosa.
-- Então eu vou - estufou o peito.
Rafaela sentou em frente ao instrutor no barco e escutou com atenção tudo o que foi lhe passado. Combinaram os sinais de comunicação, a informação sobre o tempo do mergulho (dive time) e várias outras instruções de segurança. Finalizado essa parte, colocaram o equipamento e mergulharam.
O instrutor durante todo o mergulho orientou e controlou os equipamentos de Rafaela.
O ambiente era de paz e harmonia com a natureza, o som e o movimento do mar visto deste ângulo são de extrema serenidade e calma, cardumes enormes, peixes escuros, listrados, fluorescentes, e por fim elas, as tartarugas com sua habilidade e maneira suave de se movimentar nas águas.
O mergulho tem uma média de duração de 30 a 50 minutos, que é exatamente o tempo de duração da reserva de oxigênio que mantém abaixo da superfície, o mergulho de Rafaela foi de aproximadamente 40 minutos de muita adrenalina!
Quando retornaram ao barco Rafaela abraçou Eduarda chorando de emoção. A loirinha a apertou forte contra o peito.
-- Esse foi o seu pré-batismo amor, o batismo será no Rio - a beijou com carinho.
-- A sensação de mergulhar é realmente fantástica, estou fascinada Dú. Obrigada, obrigada... - deu vários beijinhos na loirinha - Estou exausta e morta de fome.
-- É normal, devido ao grande esforço realizado pelo corpo. Quando chegarmos à praia vamos comer muito - esfregou as mãos - Estou orgulhosa de você meu amor -falou com seu sorriso de menina que tanto encantava Rafaela.
Sentaram e curtiram o passeio de barco de volta à praia.
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Por volta das 20h00min alguém tocou a campainha. Roberta olhou assustada para Claudia e Jorge.
-- Quem autorizou a entrada na propriedade? -- Perguntou nervosa.
-- Foi eu - Claudia respondeu e foi abrir a porta - Entra Eddie - saiu da frente para ele passar.
-- O que você faz aqui? - Jorge foi curto e grosso - Não havia pedido um tempo?
-- O tempo já passou - falou cabisbaixo.
-- Beta aonde nós íamos mesmo?
-- Ham? Claro. Vamos - pegou a cesta que havia preparado e saíram para a praia.
As duas saíram e deixaram os dois para conversarem a vontade.
-- Você deixou a boate ao cuidado de quem?
-- Aline e Fernanda ficaram responsável por tudo. Elas estão preparadas - sentou.
-- Então pode falar - sentou na poltrona em frente, cruzou as pernas e Entrelaçou as mãos juntas no joelho.
-- Eu pensei muito durante esses dias em que ficamos separados e cheguei a uma decisão quanto ao destino do nosso relacionamento - falava ainda sem olha-lo.
-- Espere um pouco Eddie - Jorge não aguentou a tensão teve que interromper o namorado. Levantou-se foi até o bar preparou duas bebidas e retornou ao seu lugar entregando uma das bebidas para o rapaz - pode continuar agora.
-- Cheguei à conclusão que não consigo viver sem você -- emocionado esforçou-se em sorrir - Se você ainda me quiser, é claro, gostaria muito que fosse morar comigo e assumíssemos de vez esse relacionamento que tanto bem tem me feito.
Os olhos de Jorge se iluminaram.
-- Claro que ainda te quero meu amor - levantou e foi até ele - Quero que saiba que esse meu desejo não é um capricho é uma necessidade de estar sempre ao seu lado -- aproximou-se para acariciar seu cabelos.
-- Agora eu entendo... - o beijo foi continha tanto amor e carinho que Jorge não teve duvidas ele era o seu grande e único amor.
-- Olha Roberta estou encantada com tudo isso. Quem montou essa tenda?
-- O caseiro me ajudou. Ele me disse que é perito em montar luaus. Abriu aspas com os dedos: "A dona Eduarda praticamente me deu um curso sobre esse assunto". Fechou aspas. Você não imagina quantas almofadas, puffs e outros apetrechos essa garota tem guardado lá dentro - risos.
-- A Eduarda era uma sem vergonha mesmo.
Ficaram se fitando por alguns segundos em silêncio.
-- Interessante né Claudia, morávamos na mesma cidade, você amiga da minha irmã e só viemos a nos conhecer aqui no Rio - sorriu.
-- Esse mundo é muito louco não é mesmo? Por quantas vezes provavelmente nos esbarramos por lá.
-- Eu odiava as amigas da Rafaela, eram todas garotas fúteis e metidas a gostosonas. Mesmo que lhe encontrasse acharia que fazia parte do grupinho e com certeza viraria a cara.
-- Foi melhor assim então - serviu-se de champanhe.
-- Você ainda ama a Duda? - Roberta perguntou ansiosa.
-- Estou me curando - foi sincera - Pelo que ouvi no outro dia é você quem tem sonhos eróticos com sua cunhada.
Roberta ficou envergonhada, o que responderia agora?
-- A Eduarda é muito gostosa e sei que você também acha isso. No começo cheguei a pensar que a amava. Só Deus sabe como lutei contra os meus desejos. Soube desde que a vi que ela pertencia a Rafa, mesmo assim transei com ela. Não sei o que essa garota tem que atrai que encanta -- pausou para um longo respirar - Hoje a amo, mas de outro jeito, é algo fraternal, amor de irmã mesmo.
Claudia pegou na mão de Roberta.
-- Um dia a Dudinha me procurou para conversar. Ela disse algo interessante: "Eu não sou a pessoa certa para você. A pessoa certa é a que estará ao seu lado nos momentos incertos. Você poderá não ama-la no momento, mas, tenha paciência e deixe que a vida faça o resto..." Eu não entendi naquela época. Estava tão magoada. Hoje entendo o que ela quis me dizer... -- aproximou-se para acariciar os cabelos negros - Obrigada por estar ao meu lado nesses momentos incertos.
Roberta curvou-se para frente e deu um selinho nela. A advogada riu do gesto e a puxou para um beijo daqueles de tirar o fôlego. Quando o clima estava começando a esquentar...
-- Fofaaaaasss...
-- Não, não, nãoooo... - Roberta foi à loucura -- Eu devo ter feito chapinha nos cabelos de sanção...
Jorge e Eddie chegaram cortando todo o clima.
-- Ebaaaa... Champanhe, morangos...
No Havai...
-- Tem certeza que esqueceu lá amor?
-- Tenho Dú. Esqueci no balcão. Enquanto você pagava a conta peguei uma revista para dar uma olhada e coloquei o celular do lado. Você me chamou e eu sai deixando ele lá - Rafaela relembrava a cena ocorrida há horas atrás.
-- Tudo bem. Eu vou até lá, talvez o proprietário o tenha guardado né?
-- Faz isso amor. Tenho contatos importantes na agenda. Sem contar as fotos que tiramos aqui no Havai - beijou a loirinha na boca.
-- Já volto. Tranca a porta - saiu rápido.
O restaurante ficava a uns dez minutos do hotel. Eduarda caminhou o mais rápido que pode. Por sorte as portas ainda estavam abertas e o proprietário estava atrás do balcão fechando o caixa.
-- Boa noite senhor (falou em inglês com o homem). Estivemos aqui jantando algumas horas atrás e esquecemos o nosso celular.
O senhor fez um gesto de positivo e foi buscar o aparelho.
-- Aqui está. Eu lembro muito bem de vocês. As brasileiras não é mesmo?
-- Sim - sorriu feliz - Muito obrigada.
No hotel Rafaela termina de secar os cabelos. Assim que desligou o secador pode ouvir o barulho que vinha do lado de fora do quarto. Saiu do banheiro e caminhou lentamente em direção ao barulho. Parou diante da porta e para o seu desespero havia alguém forçando a fechadura. Correu até o telefone, discou para a recepção e só dava sinal de ocupado.
O barulho ficou mais alto, dando a impressão que agora usavam algum tipo de objeto para tentar forçar a fechadura a abrir.
Andou pelo quarto como um animal acuado atrás de algo com que pudesse se defender. A primeira coisa que achou foi um pequeno mas, pesado extintor de incêndio. Passou a mão pelo pescoço e lembrou-se do anjo. Com uma mão segurava o extintor com a outra apertava o pingente.
"Sou seu anjo...
Ouço seus pensamentos...
Rafaela rezava mesmo não lembrando muitas partes da oração.
Não a deixo um só momento...
-- Dú me ajuda... - chorava em meio a oração.
Suas inseguranças, seus medos e receios...
-- Me perdoa por não lembrar...
Mas quando a dor aperta, a garganta fica seca, as lágrimas chegam...
Estou sempre ao seu lado, dando força, garra.
Sou a esperança, seu guia, seu amanhecer ensolarado em um novo dia, após a tempestade".
Eduarda caminhava de volta sorridente por ter recuperado o celular da morena quando sentiu uma dor tão forte no peito que caiu de joelhos na calçada. Passou a mão aonde doía e sentiu a sua corrente com o pingente de anjo queimando como fogo.
-- Rafaela... - pensou e já estava de pé correndo.
Correu em uma velocidade tão grande que se alguém a viu provavelmente achou estar tendo uma alucinação.
-- Já estou chegando meu amor... - nem esperou o elevador. Subiu correndo de dois em dois os degraus da escada até chegar ao corredor que dava ao quarto.
-- Como os anjos podem dormir quando o diabo deixa a luz da varanda acesa?
Fim do capítulo
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