Capítulo 20
-- Mãe?
-- Oi filha. -- Eloá estava entretida em alguns papeis da empresa.
-- Mãnhêee, a senhora prometeu que essa semana era só nossa, sem trabalho e papeis para atrapalhar. -- Natelly recriminou a mãe.
Eloá, Natelly e Lúcia estavam na fazenda da família. Eloá havia prometido um recesso de uma semana do trabalho para ensinar a filha a andar a cavalo, e ter um tempo só delas. Natelly tinha ganhado um cavalo da mãe, quando tinha dez anos de idade.
-- Desculpa filha. -- Eloá arrumou os papeis e foi até a filha, lhe deu um beijo carinhoso no rosto. -- Prometo que não entro mais nesse escritório.
-- Vou confiar. -- Disse rindo. -- Podemos ir agora?
-- Claro, mas vamos trocar de roupa. -- Eloá saiu junto com a filha em direção ao quarto. -- Dona Lúcia? -- Chamou pela mãe que acabara de entrar na sala vindo da varanda da casa.
-- Eloá! -- Repreendeu a filha a olhando séria e Eloá sorriu. -- Já te falei que odeio que meus filhos me chamem pelo nome. -- Advertiu irritada. -- É mãe, ouviu bem, mãe ou mamãe! -- Declarou ainda séria e Eloá e a filha apenas riam.
-- Está bem, dona... mãe! -- Eloá deu um beijo na senhora. -- Pedi para selarem o trovão, vou ensina a Naty a montar direito. -- Avisou.
-- Tá bom.
Eloá e a filha trocaram de roupa e logo já estavam no picadeiro.
-- Filha vem. -- Eloá estava fazendo um carinho no animal enquanto o segurava. Ele era todo negro, os pelos brilhavam sob a luz da manhã.
-- Mãe, ele parece que não foi com a minha cara. -- Natelly estava com medo. -- E ele cresceu tanto desde a última vez que nos vimos. O Júlio me disse que ninguém consegue montar nele além da senhora. -- Advertiu ainda longe do animal e da mãe.
Eloá riu pelo receio da filha. -- Filha ele não vai te machucar, você é a dona dele, mostre que confia nele, para ele poder confiar em você. -- Explicou estendendo a mão para a filha se aproximar. -- Vem!
Natelly aproximou-se e logo estava fazendo um carinho no cavalo. Eloá a ajudou montar e ia dando as dicas para uma boa cavalgada.
-- Natelly, você tem que acompanhar a cavalgada do cavalo, se continuar assim, vai ficar toda dolorida, filha.
-- Ai mãe isso é difícil viu... pensei que ia ser mais fácil. -- Disse a garota de pele branca, rosto triangular, olhos cor de mel, as covinhas apareciam quando sorria e seus cabelos eram ondulados e estavam soltos, eram da cor castanho escuro, vestia a roupa própria de cavalgar, e usava um chapéu preto para proteção contra o sol. A mãe ria da dificuldade dela em se ajeitar na sela do animal. -- Mãeeee, para!
-- Filha, é simples, você acompanha a marcha do cavalo, se ele sobe você sobe se ele desce você desce, você está fazendo ao contrário. -- Disse a olhando em cima do cavalo.
-- Falar é fácil. -- Respondeu parando o animal e encarando a mãe em pé a olhando também.
-- Ok...
-- O que tá fazendo? -- Perguntou ao ver a mãe tirando o seu pé do estribo e colocando o dela, subindo no cavalo e sentando atrás de si.
-- Vou te ensinar a cavalgar sem se autodestruir, pronta? -- Perguntou olhando a filha e pegando as rédeas. -- Não, não solta, segura também. -- Disse ao observar a filha soltar as rédeas. -- Você vai guia-lo e acompanhar o movimento do meu corpo está bem?
-- Aram.
-- Vamos... -- A filha pôs o animal em movimento a princípio foi fácil, o animal estava só andando. -- Agora mais rápido. -- Disse e a filha obedeceu. A garota começou a errar na cavalgada e a mãe pôs as duas mãos sobre o seu quadril a fazendo com que seguisse o ritmo do cavalo. -- Está vendo? É assim que tem que fazer, se deixar levar pelo movimento. -- A garota logo pegou o jeito e a mãe a soltou deixando-a fazer sozinha.
-- Isso é muito legal, nossa bem melhor assim. -- Disse feliz olhando a mãe que sorria e aumentando mais a velocidade.
-- Ei, vai com calma, você está sentada confortavelmente ai, mas eu não bonita. -- Disse pegando as rédeas parando o animal e descendo.
-- Desculpa mãe. -- Pediu rindo. -- Me empolguei.
-- Tudo bem, agora continue. -- Respondeu sorrindo e batendo de leve no cavalo o fazendo andar pela arena cercada.
Como prometido, elas ficaram uma semana na fazenda, e logo Natelly já estava uma verdadeira amazona. Mas tiveram que retorna, pois Natelly tinha seus afazeres e Eloá também.
Os Boatos na empresa sobre Eloá e Lígia sessaram um pouco e Carlos acalmou-se, mas ainda assim, não parava de perturbar a filha com o assunto. Eloá fazia de tudo para não perder a paciência com o pai, mas sabia que estava chegando em seu limite. Ela estava em um novo relacionamento, mas esse era mais conturbado. Namorava Sophia, uma morena, de olhos castanhos e mesma altura que a sua, não lhe dava trégua na cobrança para que se divorciasse de Fabrício. Eloá gostava de Sophia e muitas vezes relevava seus rompantes, e desconversava sobre o divórcio. Eloá sabia que um dia isso teria que acabar, não tinha mais paciência para viver uma mentira, pensava em acabar logo com toda a situação, o casamento falso... Mas lhe faltava coragem. Camila, sempre a incentivava a falar a verdade para os pais, mas também entendia quando Eloá que, se tornou sua grande amiga, dava para trás na decisão. Mas sabia que Eloá estava em seu limite, pois havia as cobranças da namorada Sophia, que para piorar o namoro delas, tinha acabado de mudar-se para Curitiba, devido a uma promoção de trabalho. Eloá sabia que o namoro delas já era difícil, e só piorou com a mudança de Sophia para outra cidade, outro estado. Mas ainda assim, Sophia e Eloá decidiram continuar o namoro, agora, a distância. E como a empresa de Eloá havia contrato com uma empresa de Marketing em Curitiba, passou ela mesma fazer as viagens de negócios, em vez de mandar por Camila, e a visitar a Namorada. O namoro continuava bem na medida do possível, os quatros anos, que completaram a poucos dias havia sido de grande importância para as duas. Eloá havia ido comemorar em Curitiba com a namorada e retornado para Florianópolis pois tinha uma reunião importantíssima com os franceses. Eloá queria tirar a clausula “Os presidentes tem que serem casados”, do contrato, pois os franceses não tinham mais ações na empresa, apenas contratos de trabalhos assessorado pela mesma. E havia conseguido, seus argumentos foram muito bem elaborados e a clausuras que tanto a atormentara esses anos todos foi removida sem muito protestos, mas com a condição de ela e o marido continuassem fazendo o excelente trabalho com a mesma... Ela concordou sem problemas e refizeram um novo contrato, esse redigido por ela mesma e sem clausulas absurdas como as que o pai elaborara a anos atrás. Fabrício, ela e Camila comemoraram muito, estavam muito felizes...
Eloá estava em sua sala, na empresa, entretida em um relatório, tentava pôr os pensamentos em ordem, tinha acabado de falar com Sophia por telefone e tinham tido uma pequena discursão, mas logo cessada com a notícia do novo contrato. Eloá deu esperanças de que logo poderia acabar com a farsa que era o seu casamento, sua vida.
-- Olá amorzinho. -- Fabrício entrou e sentou-se na cadeira de frente para Eloá, a única coisa que os separava era a mesa.
-- Oi queridinho. -- Eloá sorriu deixando os papeis que assinava de lado.
-- Cansada?
-- Muito. -- Suspirou. -- Fá assina tu. -- Passou uma pilha de papeis para ele. -- Eu já estou com a mão doendo. Sabia que não devia ter acumulado isso, mas a Naty é muito persuasiva, me arrastou pra fazenda pra andar a cavalo. -- Disse rindo.
-- E como eu sei. A mesada está o triplo e acompanhando a inflação. -- Riu alto começando a assinar os papeis. -- Fora a Gaby, que está tendo umas aulas com ela e já me põe contra a parede também. -- Completou e os dois riram.
-- Ela é esperta e andando com a Naty, então, meu amor, tu está ferrado. E quando estiver os garotos na história. -- Riu.
-- Nem me lembre disso! -- Falou sério. -- Nego vai chiar na minha mão. Isso se a Naty não quebrar ele primeiro do que eu. -- Lembrou e os dois riram. A filha sempre queria um mano a mano com os meninos que a convidavam para sair.
-- Não, a Naty e tranquila. -- Eloá advertiu. -- Ei fiz o que me pediu, separei a minha conta pessoal da conta da empresa e os bens que comprei no nome da empresa eu passei tudo para o nome da Natelly. -- Eloá declarou.
-- Que bom. -- Fabricio riu contente. -- Eloá te pedi isso porque, caso nossos pais descubram ou quando nós decidirmos contar a verdade e der algum rolo, sei lá... Você sabe que seu pai é capaz de querer te tirar tudo né? -- Ele questionou preocupado.
-- Sim. -- Suspirou pesadamente. -- Eu sei Fá. Eu sei...
-- Passou o apartamento também né? -- Ele se referia a cobertura onde eles moravam.
-- Sim, tudo! E...
-- E? -- Fabrício incentivou.
-- E 20% das ações da empresa para o nome da Natelly.
-- Sério? -- Fabrício riu eufórico.
-- Não vai me xingar, esbravejar ou coisa parecida? -- Ela estava surpresa.
-- Eloá... Eu estou é muito contente com isso. Você passou foi pouco. Querida você é o coração e a alma dessa empresa, tudo você quem resolve, você quem viaja a procura de novos contratos, divulgações, melhorias. Você devia era ficar com no mínimo metade disso tudo só para você. -- Ele disse convicto.
-- Mas você também me ajuda.
-- Eloá sejamos francos. -- Riu com a palavra. -- Eu ajudo sim, mas é pouco perto do que você faz, eu só sou o cara que desenha e auxilia na hora a construção. -- Admitiu.
-- É né? -- Disse sorrindo. -- Vou passar mais dez então. -- Disse e os dois riram alto.
-- Por mim. -- Riu dando de ombros. -- Eloá, minha família é dona de apenas 40% daqui, isso graças a sua magnifica atuação nessa empresa, 60% é da sua família, e eu sinceramente acho que metade disso deveria ser seu, por direito, seus irmãos se dedicam apenas a fazenda, na verdade apenas a Nádia né, Felipe só sabe viajar nas competições de hipismo e sem sucesso de medalhas, ele nunca leva a sério os treinos e nem os seus concelhos. -- Declarou meio irritado.
-- Eu já disse que se ele não se dedicar mais, já era o patrocínio da empresa.
-- Mas é você quem sabe. -- Completou entregando os papeis já assinados.
Eles foram interrompidos pela entrada inesperada de Juliana, irmã de Fabrício. Ela tinha 21 anos agora, era uma morena linda, seus olhos eram azuis. Havia herdado dos avós de ambos os lados. Gabriele, filha de Fabrício também tinha os olhos azuis.
-- Ju? -- Eloá a chamou quando viu ela dar meia volta para sair depois que viu o irmão na sala. Eloá viu que ela chorava.
-- Depois... eu volto.
-- Ju, o que houve? Porque está chorando? -- O irmão estava preocupado.
-- Desculpa Fá... Eloá eu quero conversar com você, só com você, podemos? -- Pediu.
-- Claro. Fá, por favor! -- Eloá pediu já do lado deles. -- Depois ela conversa com você.
-- Tá. -- Suspirou preocupado. -- Tudo bem. -- Deu um beijo na irmã e saiu.
-- Elô. -- Juliana a abraçou forte enquanto chorava sem conseguir parar. Eloá apenas retribuía tentando acalmá-la, ficaram assim por um tempo. Eloá a vez sentar lhe deu um pouco de água e sentou a seu lado. Nunca tinha visto a garota assim, não imaginava o problema que ela tinha, mas esperou paciente ela mesma começar a falar.
-- Elô. -- Respirou fundo, já tinha parado de chorar. -- O que eu vou te dizer, nem sei por onde começar, eu... eu nunca contei pra ninguém e nem sei porque eu vou te contar, na verdade eu sei, pois eu sei que você não tem esse tipo de preconceito, porque tem amigas assim e... e ainda não demitiu a Lígia, mesmo a pedido do seu pai...
Eloá apenas ouvia, Juliana falava rápido e meio confuso, mas Eloá rapidamente ligou os pontos, devido ao andar das palavras proferidas pela garota a sua frente.
-- Juliana! -- Eloá disse tentando acalmá-la do desenfrear sem nexo de palavras.
-- Ok! -- Respirou fundo novamente. -- Eu gosto de mulher, de namorar mulher. -- Disse enfim. -- Eu sou lésbica! -- Completou fitando Eloá com receio. Eloá sorriu. -- Diz alguma coisa. -- Juliana pediu angustiada.
-- Beijar mulher é bom né!? -- Eloá disse e riu divertida da cara confusa de Juliana.
-- Eu estou confusa! -- Admitiu.
-- Eu também gosto de mulher, namoro uma...
-- O que?
Eloá apenas riu novamente e contou toda a sua história para Juliana que, ficou muito surpresa, mas entendeu tudo. Fabrício soube no mesmo dia, eles tiveram outra conversa depois e Juliana sentiu-se aliviada por encontrar no irmão o maior apoio que precisava. Juliana foi embora feliz, Fabricio retornou para seus afazeres e disse que se veriam apenas em casa. Eloá ficou resolvendo uns assuntos por telefone.
-- Entra. -- Eloá proferiu ao ouvir duas batidas na porta. Pensava ser Lígia, sua secretária.
-- Está ocupada? -- Carlos indagou sorrindo ainda em pé na porta.
-- Pai? -- Estava surpresa com a presença dele ali. Depois de um tempo ele deixara de ir todos os dias. Eloá viu o pai desfazendo o sorriso e arrependeu-se da rispidez com o senhor. -- Ah desculpa pai. -- Sorriu indo de encontro ao pai. -- É que o senhor me surpreendeu vindo aqui assim, sem avisar. Vem senta aqui. -- Arrumou a cadeira bem confortável a frente de sua mesa, indo sentar onde estava a poucos instantes. -- O que te trouxe até aqui? -- Sorriu.
-- Ah eu vim te ver, você quase não vai lá em casa. -- Disse sentido. -- Mas deixa pra lá. -- Riu. -- Como estão você e se marido?
Eloá não entendeu o sentido daquela pergunta. -- Estamos muito bem pai, tanto aqui quanto na questão pessoal, nós nos amamos. -- Era verdade, pensava Eloá ainda sorrindo. Viu o pai abrir um enorme sorriso também.
-- Fico feliz. -- Carlos disse e suspirou. -- Filha, quando eu cheguei aqui, ouvi por acidente duas moças conversando sobre você e aquela moça ali fora.
-- Pai! -- Exclamou já irritando-se com o início da conversa. -- Essa história de novo, saco!
-- Sim. -- Ele também levantou o tom da voz. -- Filha, elas estavam dizendo que você e essa Lígia estavam tendo um caso, que essa mulher estava sendo sua secretária e aproveitando para te seduzir para ganhar aumento de salário e não sei o que mais. -- Carlos estava exaltado, com um olhar raivoso. -- Eloá você tem que demitir essa mulher, ela está dizendo mentiras sobre você por essa empresa, essa vagabunda quer defasar sua imagem aqui. -- Declarou evidentemente aborrecido. -- Quero que demita ela.
-- Pai, isso é inadmissível! -- Eloá encarava o senhor de sessenta e poucos anos sentado à sua frente, a única coisa que os separavam era a mesa grande da sala da diretoria da empresa da família. Ela o encarava com fúria e principalmente decepção no olhar, levantou e foi até a janela da sala, olhou os outros prédios ao redor e encarou as pessoas pequenininhas lá em baixo, pois estava na cobertura de um prédio de quinze andares agora.
-- Filha eu não quero mais essa mulher trabalhando com você, você é uma mulher casada e na empresa rola essas fofocas de que...
Carlos não terminou de falar, pois Eloá andou até a mesa pondo as mãos sobre a mesma e aproximando o corpo para fita-lo de perto.
-- Não me interessa fofoca nenhuma, que se dane, o nome já diz, fo-fo-cas, e pode esquecer, eu não vou demitir a Lígia em hipótese alguma e, muito menos, por ela ser homossexual. Pelo amor de Deus pai, isso além de ser homofobia, preconceito, isso é crime, o senhor como bom advogado que foi, deveria, mais do que ninguém saber disso!
Ela praticamente gritava as palavras perto do rosto do pai, ele a olhava surpreso e assustado, nunca tinha visto a filha daquele jeito, com raiva, com um ar de decepcionada, seus olhos demonstravam isso, brilhavam diferente do que ele estava acostumado a ver, não tinha mais medo, não tinha mais aquele carinho por ele, amor, admiração, desviou o olhar, pois não conseguiu encará-la por mais tempo. Ela se jogou sobre a cadeira e sem olhar o pai disse.
-- Saia, por favor, e pode esquecer essa ideia... -- Disse virando a cadeira de costas para ele, deixando as lágrimas rolarem soltas por seus rosto. Eloá estava angustiada, cansada, revoltada com tudo, com sua vida, era tudo uma mentira. Havia atingido o seu limite, tinha enfrentado o pai pela primeira vez na vida. E se sentia bem com isso. Chorou por mais uns minutos e chamou Lígia.
-- Pois não Senhora? -- Lígia sempre a chamava assim, mesmo Eloá tendo pedido para chama-la só pelo nome e depois veio as fofocas e fez questão se continuar mantendo a pronuncia. Eloá a fitou e ela percebeu o rosto vermelho do recente choro. -- A senhora está bem?
-- Por incrível que pareça Lígia, estou sim! -- Afirmou sorrindo. -- Lígia você namora a muito tempo?
Lígia era jovem, tinha 26 anos, riu confusa com a pergunta de sua chefe.
-- Por favor, responde, quero saber, não se preocupe não vou contar nada pra ninguém. -- Eloá explicou.
-- Quase três anos. -- Disse ainda em pé perto da mesa.
-- Uma mulher, certo? -- Indagou Eloá.
-- Sim, o nome dela é Rebeca.
-- Hum, imagino que seja bonita. -- Sorriu.
-- Sim, muito bonita! -- Sorriu também.
-- Lígia, senta. Quero te contar minha história! -- Lígia sentou-se e ouviu atentamente um resumo feito por Eloá, sobre sua vida. -- E é isso. Mas eu já tomei minha decisão Lígia, não vou mais viver essa mentira e nenhuma outra mais, embora não tenha mais o respeito e amor de meus pais. -- Eloá sorriu triste e feliz ao mesmo tempo. -- Você acha que estou certa?
-- Totalmente senhora! -- Sorriu feliz pela Mulher a sua frente.
-- Contarei tudo, mais tudo mesmo, para a minha família! -- Sentiu-se renovada, aliviada com sua decisão.
-- Faça isso sim... Eloá!
-- Obrigada Lígia, por me escutar. -- Sorriu, era a primeira vez que ela a tratava pelo nome, sem o “senhora”.
-- De nada. -- Riu contente. -- Já está tarde, vai pra casa, põe os pensamentos em ordem e decide o melhor momento para contar. -- Sugeriu.
-- Vou fazer isso mesmo, vou conversar com o Fabrício e minha filha. -- Eloá pegou sua bolsa, checou sua arma e a pôs na cintura a cobrindo com a blusa e o blazer. -- Pode ir também, e mais uma vez, obrigada.
-- Disponha.
Eloá foi para casa pensativa, no percurso ligou para Marina, Caroline e Juliana, queria falar, precisava falar com todas, além do marido e da filha.
No jantar estavam todos presentes, decorreu entre sorrisos e conversas banais, mas todos perceberam a distância de Eloá, mas não perguntaram nada, sabiam que ela os havia chamado ali, para um conversa séria.
Eloá explicou o que tinha acontecido entre ela e o pai, a conversa que teve com a secretária e revelou que não aguentava mais tanta mentira, que queria contar de uma vez por todas a verdade. Sugeriu para Juliana fazer o mesmo, a menina ficou receosa, mas com o incentivo de todas e principalmente do irmão, aceitou. O plano deles foi que todos iriam para a fazenda, um lugar calmo, com a alegação de férias em família e então Fabrício e Eloá revelariam tudo, Juliana também aproveitaria o embalo. Criara coragem, pois o irmão lhe jurou que não a abandonaria, caso os pais não aceitassem e disse o mesmo para a esposa. Eloá chamou os pais para irem para a fazenda e a filha a ajudou convencer os avós. Já com os pais de Fabrício, ele não teve problemas e logo todos estavam na fazendo dos Franco do Vale, reunidos em “férias”.
Era sábado e almoço estava agradável todos reunidos na grande mesa, Fabrício e seus pais, Elder e Julieta, Juliana irmã de Fabrício. Dona Lúcia e Carlos, pais de Eloá, Nádia e Felipe irmãos e Natelly.
-- Por que a Eloá não desliga aquela porcaria e volta pra almoçar. -- Carlos reclamou, pois Eloá tinha pedido licença da mesa para atender a namorada que não parava de ligar.
-- Trabalho querido. -- Dona Lúcia respondeu.
- É vovô, já já ela volta. Vovô me leva amanhã de manhã na cachoeira, mas quero ir no meu cavalo. -- Falou Natelly tentando mudar de assunto, e conseguiu.
-- Claro querida... A mel está prenha e adivinha quem é o pai. -- Falou Carlos feliz.
-- Jura? O trovão vai ser pai, que maneiro a mamãe vai amar saber disso. -- Disse Natelly feliz da vida. Mel era a égua que a sua mãe passou a montar depois que deu trovão de presente para ela, e sempre falava que mel só poderia ser mamãe se trovão fosse o papai, e pediu para que o pai providenciasse tudo.
-- Oi amor... -- Eloá atendeu carinhosa, assim que entrou no escritório do pai, na fazenda. Havia deixado o almoço para atende-la.
-- Eloá estou a horas tentando falar com você, onde você está? Porque seu celular estava fora de área, desligado? Sei lá o que, precisamos conversar escuta não dá mais...
Sophia desembestou a falar estava nervosa, com raiva. Eloá também começou a ficar estressada com o tom de voz que Sophia usava com ela, e a interrompeu.
-- Ei, ei. Escuta quer conversar não é mesmo? Em primeiro lugar baixe seu tom de voz e em segundo lugar, onde estou o sinal é meio ruim mesmo. Estou na fazenda d meus pais, vim... -- Sophia não a deixa terminar e desembesta a falar novamente.
-- Ahh está em lazer com o maridinho, a filha a família toda reunida não é mesmo? E eu que fique aqui te esperando como sempre, para ganhar um pouco de carinho seu, não dá mais Eloá, cansei!
Foi à gota d’água para Eloá, que até o momento estava tentado se manter calma.
-- Sophia não é nada disso que está dizendo. -- Suspirou. -- Olha lá o que você fala sem ao menos saber do que se trata. E baixe seu tom de voz... Será que dá pra termos uma conversa descente? -- Eloá indagou em um tom de voz bem mais alto do que o que Sophia usava.
Silencio dos dois lados da linha, ambas estavam estressadas, nervosas, com raiva. Depois de alguns instantes Sophia quebrou o silencio.
-- Desculpa... É que... não sei Eloá, será que tem como a gente conversar pessoalmente? -- Perguntou bem mais calma.
-- Tudo bem... Como eu disse, estou na fazendo do meu pai, vim resolver um problema. Mas posso sim ir ai pra gente conversar, acho que se eu conseguir voo pra tarde a noite estou ai, tudo bem?
-- Está sim. Então até a noite.
-- Tá beijo.
-- Beijo.
Eloá tinha acabado de desligar o celular quando Fabrício entrou no escritório onde ela estava, Eloá estava chorando, com raiva e ao mesmo tempo com medo. Ele aproximou-se e a envolveu em um abraço sem dizer nada, estava preocupado, mas esperou ela acalmar-se e então falou.
-- O que houve amor?
-- Sophia ligou, ela estava furiosa Fabrício e pelo que me disse, ela quer terminar tudo.
-- Ei, não fala assim, vai ver ela só estava nervosa vocês vão se acertar.
-- Não, sei que dessa vez não vamos mais fazer as pazes, ela estava diferente, ríspida, com raiva.
-- Ei não fica assim, o que ela disse?
-- Me pediu para ir para Curitiba para conversarmos, sei que ela vai terminar tudo é sempre assim Fabrício, ela não suportou tudo isso. Porque eu fui covarde? E não abri o jogo todo pro meus pais? Todo esse tempo fingindo quem eu não sou e ainda meti você no meio.
-- Olha não foi somente escolha sua essa situação, nós dois estamos envolvidos, nós dois concordamos com isso, nós elaboramos esse plano e tudo porque nós dois estávamos precisando!
-- Eu sei, a única coisa que ainda me deixa feliz e que você apesar de tudo conseguiu ser muito feliz tem duas filhas lindas e uma esposa maravilhosa que te ama e concordou com esse absurdo.
-- É sou muito feliz sim, e é o que desejo para você também meu anjo.
-- A Camila, Marina e a Cá foram as únicas que entenderam a nossa situação e nos deram e dão apoio.
-- É sim meu anjo, mas como ficamos? Você não vai pra Curitiba?
-- Vou e por isso temos que adiar essa conversa até eu voltar, somente adiar porque terminando ou não com Sophia, vamos contar tudo a nossos pais. Marina tem razão adiar só me traz sofrimento. E tem a Juliana ela está contando com a gente.
-- Quem diria minha irmãzinha também gosta somente de mulheres.
-- Eu fiquei feliz porque ela sentiu-se segura em me contar.
-- Ainda bem, mas me conta que horas você vai pra Curitiba?
-- Vou sair daqui a pouco, só vou falar com a Naty. Me leva até a cidade?
-- Claro amor.
Fabrício abraçou Eloá e neste momento Natelly entrou na sala.
-- Oie...
-- Oi filha, bem na hora, quero falar com você. -- Disse Eloá
-- O que é que te aflige mama mia? Chorou por quê? -- Perguntou se aproximando e rindo.
-- Eu hein ninguém te esconde nada. Senta aqui, eu vou ter que viajar pra Curitiba daqui a pouco.
-- Ué qualquer um ver esse rosto vermelho desse jeito.
Eloá riu. -- Tudo bem, chorei mesmo.
-- Por quê?
-- Sophia. Acho que ela vai terminar tudo comigo, me pediu para conversarmos pessoalmente ainda hoje, por isso estou indo pra lá.
-- Mãe sinceramente, a relação de vocês já não é mais como antes, tanto da parte dela como da sua. Não tem mais aquele interesse, desejo, paixão, não sei... E amor, amor mesmo, nunca existiu entre vocês... Não é que eu não queira que você seja feliz, é que se continuarem juntas do jeito que estão até agora, nenhuma das duas vai ser felizes, acredite.
Eloá e Fabrício escutavam atentamente e admirados o que a filha falava.
-- Cada dia você me surpreende mais sabia, você ver as coisas como elas realmente são e tudo para você parece tão simples de resolver, como faz isso?
-- Ah mãe eu só disse a verdade, o que eu venho presenciando até agora.
-- Mesmo assim, eu gosto dela.
-- Mas gostar não é amar. Você não está feliz e eu quero que você encontre alguém que você realmente ame e viva feliz.
-- Obrigada filha.
Eloá abraçou a filha, estava mais calma e certa de que o que acontecesse seria o mais correto.
-- Bom agora eu tenho que me arrumar, vocês podem falar que viajei porque esqueci de assinar alguns papeis. Eu ligo à noite depois da conversa que tiver com Sophia.
-- Boa sorte amor. -- Fabrício disse e a beijou no rosto.
-- Obrigada Fá, mas acho que realmente não vamos seguir em frente com esse relacionamento. Pelo menos ela teve a consideração de não terminar comigo por telefone.
-- Se você acha. -- Disse Fabrício descontraído querendo animá-la.
-- Te ajudo com a mala mãe.
-- Então vamos filha, não vou levar muita coisa só o básico mesmo.
Natelly arrumou a mala enquanto Eloá arrumava-se. Eloá despediu-se rapidamente da família e Fabrício foi levá-la até a cidade. Ela embarcou as duas horas da tarde com destino a Curitiba, chegou uma hora depois, hospedou-se no hotel de sempre, tomou um banho e descansou um pouco. Acordou às seis horas, pediu um lanche no quarto, e enquanto lanchava pensava no que a filha havia falado, tinha razão, não amava Sophia, mas era difícil terminar uma relação de quatro anos. Como Sophia deveria estar trabalhando resolveu dar uma volta pela cidade, para espairecer... Voltou para o hotel, já eram sete horas, horário que Sophia saía do trabalho. Tomou um banho rápido, vestiu-se. E como o apartamento de Sophia ficava perto somente algumas quadras do hotel resolveu ir a pé mesmo para espairecer, nem levou sua bolsa com documentos somente dinheiro para voltar de taxi se precisasse... Chegou ao condomínio, subiu e ao chegar em frente a porta do apartamento de Sophia, respirou fundo e tocou a campainha.
-- Oi, entra. -- Sophia falou dando espaço para que Eloá entrasse.
-- Faz muito tempo que me espera?
-- Não, acabei de sair do banho, quer alguma coisa?
-- Não obrigada...
Elas conversavam com muita formalidade, parecia que eram duas estranhas e tanto Eloá quanto Sophia perceberam isso. Mas ambas resolveram continuar como estavam.
-- Então... Eloá eu... -- Sophia iniciou receosa.
-- Pode falar, sei o que vai dizer, vai terminar tudo não é mesmo? Já vim certa disso. -- Eloá começou a chorar e sentou no sofá com as mãos no rosto, Sophia num impulso sentou a seu lado e a abraçou, gostava dela, mas não a amava mais, não podia continuar a enganando... Não mesmo.
-- Eloá você está certa não dá mais pra gente continuar, gosto de você, mas não como antes... Olha pra mim.
Eloá a olhou nos olhos. -- Eu sei que já não é mais como antes, é que é difícil pra mim, entende?
-- Pra mim também. Não está sendo fácil acredite, mas temos que dá um fim nisso.
-- Tem razão. -- Eloá enxugou as lágrimas e levantou rápido. -- Então já que não dá mais para continuarmos, terminamos por aqui. E cada uma segue seu caminho. -- Falou e já foi se dirigindo a saída.
-- Espera! -- Sophia pediu, também estava triste.
Eloá se vira. -- O que?
Sophia estava de plano terminar e de contar tudo a Eloá, mas ela já estava sofrendo e temia sua reação ao saber que ela havia lhe traído e pior, que já estava namorando outra mulher há duas semanas. Resolveu não contar, pelo menos por enquanto.
-- Fica mais um pouco, afinal não precisamos nos dar adeus, podemos conversar, sei lá, jantar alguma coisa. -- Sophia sugeriu.
-- Pode ser, mas hoje eu preciso ficar sozinha, pelo menos até absorver tudo isso. -- Eloá explicou.
-- Tudo bem... Entendo. -- Sophia foi até ela e lhe deu um beijo carinhoso no rosto. -- Te levo até a porta.
Na hora que foram se dirigindo até a porta, ela se abriu e uma mulher entrou por ela toda sorridente. Sophia ficou nervosa na hora e Eloá confusa, sem entender nada, olhou para Sophia e viu sua cara de espanto, olhou para a mulher que estava a sua frente a olhando. A mulher fechou a porta e foi em direção a elas, mais especificamente na direção de Sophia, essa engoliu a seco e quebrou o silencio com uma voz que quase não saiu.
-- Fernanda!? O faz aqui? Não disse que trabalharia hoje.
Impossível controlar seu nervosismo, e Eloá percebeu. Fernanda achou estranho o jeito de sua namorada, e a visita da mulher a sua frente. Resolveu falar pela primeira vez.
-- Credo amor, que recepção hein? -- Fernanda deu um beijo nela, um beijo mesmo, na boca. Eloá empalideceu, de decepção, raiva, medo. Fernanda percebeu que seu beijo não era correspondido e reclamou. -- O que foi Sophia? E você não vai me apresentar sua amiga?
Sophia olhou para Eloá que, agora chorava de raiva. Viu desprezo em seu olhar. Eloá pensava “ela estava me traindo, por isso queria terminar tudo, já tinha outra e se não fosse eu ver agora, talvez nunca me falaria”. E sem conter a raiva, Eloá voou em cima de Sophia e lhe deu uma bofetada.
-- Você estava me traindo, pensei que estava sendo ao menos descente e terminando tudo antes de começar uma nova relação, mas estava errada!
Fernanda que até então não estava entendendo nada, depois do que Eloá disse entendeu entendera.
-- Quer dizer que você estava namorando nós duas, Sophia? -- Fernanda indagou.
- Não... Sim... me perdoem é que é meio complicado.
-- Complicado? Como assim ela é sua namorada? -- Fernanda estava furiosa.
-- Era, mas a gente terminou, a gente quase não se via.
Eloá ainda chorava. -- É, mas a gente terminou ainda agora, tínhamos um compromisso, embora estive do jeito que estava. Você me traiu e isso não vou perdoar... Não vou...
-- Eu vou embora. -- Fernanda falou pegando sua bolsa.
-- Não. Espera deixa eu explicar.
- Não Sophia... Hoje não... -- Fernanda saiu batendo a porta deixando Sophia e Eloá.
Eloá estava em pé chorando, não tinha reação, estava perdida, com raiva, já haviam terminado, mas Sophia havia lhe traído e isso ela não poderia perdoar, estava doendo... Olhou em volta procurava alguma coisa... Sophia voltou-se para ela.
-- Me perdoa Eloá, eu ia te contar, juro. Mas não hoje, você já estava sofrendo não queria que sofresse mais ainda.
-- Ia mesmo? E do que adiantou hein? Olha pra mim, por mais que estivéssemos longe uma da outra, que nossa relação não estivesse mais dando certo, você tinha que ter esperado que terminássemos.
Eloá gritava e continuava andando de um lado para o outro, olhando no sofá, rack até que encontrou, as chaves do carro, mas não eram as de Sophia.
-- Me perdoa, sei que errei... -- Sophia a ver pegando a chave... -- Eloá não é bom você dirigir desse jeito, eu te levo, onde quer ir?
- NÃO! -- Gritou exaltada. -- Eu quero ir sozinha! -- Eloá já dirigiu-se a porta para sair e Sophia a segurou.
-- Eloá, por favor, você não pode dirigir assim.
Eloá se a fitou irritada, mas fingiu uma calma que não tinha e respondeu.
-- Eu preciso ficar sozinha, me deixa ir, vou para o hotel. Amanhã você pega o carro... -- Falou calmamente e convincente, mas a parte que iria para o hotel era mentira, iria sair dirigindo pela cidade até encontrar um rumo, espairecer, saber o que fazer, se acalmar. Não sabia direito. Sophia a soltou.
-- Tá bom, mas dirige com cuidado, por favor. -- Pediu. -- Amanhã eu pego o carro, é o carro do Jhone, o meu está na oficina, é só chegar no estacionamento e apertar esse botão e saberá qual é.
Eloá apenas balançou a cabeça num sim e saiu. Pegou o elevador até o estacionamento, fez o que Sophia falou, entrou no carro e arrancou em disparada cantando pneu.
Sophia havia deixado Eloá ir, mas ficou preocupada e logo veio a arrependimento, mas não poderia fazer mais nada.
Eloá já havia passado e muito do hotel onde se hospedara, não conseguia parar de chorar, estava com raiva, medo. E cada vez mais pisava no acelerador em busca de mais velocidade como se quisesse fugir de sua própria dor. Começou a chover, eram quase oito horas da noite. Ela dirigia o carro que, às vezes, chegava a sento e vinte, desviava dos outros e com um pouco de bom senso ainda parava nos sinais vermelhos. Mas logo esse bom senso sumiu e o que veio foi à raiva de Sophia, de si mesma por não ter coragem de enfrentar os pais, chorava compulsivamente e agora tanto suas lágrimas quanto a chuva, as impedem de ver a estrada a sua frente e o carro continuava em alta velocidade desviando dos outros e os deixando para traz facilmente. Eloá entrou em uma rua movimentada e ultrapassa um carro que seguia lentamente a sua frente quase batendo no mesmo, ainda conseguiu ultrapassar um, mas quando tentou novamente, deu de cara com um caminhão e ao desviar do mesmo, Eloá apenas gritou e capotou com o carro perdendo os sentidos.
* * * *
-- O que que deu nela? -- Fabrício foi quem perguntou fitando Olavo a sua frente, ao ver Samantha sair rápido.
Olavo estava preocupado com Samantha, mas não deixou transparecer para os outros dois presentes no quarto.
-- Ah nada. -- Forçou seu melhor sorriso e respondeu. -- Ela sempre sai desse jeito ao lembrar-se de algo importante que tem que fazer. -- Mentiu explicando. -- Com licença um minuto, já volto. -- Olavo saiu do quarto atrás de Samantha.
* * * *
-- Mãe? -- Agatha gritou por Samantha ao vê-la sair do quarto que Amanda estava. Estava esperando a mãe chama-la para vê-la também. -- Tia Sheila o que a mamãe tem? Parecia estar chorando. -- Agatha notou.
-- Não sei meu anjo. -- Sheila disse preocupada com a amiga. -- Alex fica com ela eu vou ver o que a Samantha tem.
-- Tá bom. -- Alexandra voltou a sentar-se ao lado da sobrinha.
-- Tia a mamãe estava chorando, eu vi. -- Declarou preocupada.
-- Eu sei gatinha, mas não se preocupa, a Sheila foi lá onde ela e logo ela está de volta. -- Alexandra proferiu calma, mas estava preocupada. Queria entrar no quarto e ver o que tinha acontecido, mas se ela fosse, Agatha iria querer entrar também.
-- Tio Olavo? -- Agatha o chamou ao vê-lo sair do quarto.
-- Oi gatinha. -- Sorriu e a beijou no rosto. E depois fitou Alexandra. -- Cadê a Samantha?
-- Saiu correndo, acho que para a sala dela, a Sheila foi atrás. -- Avisou. -- O que aconteceu?
Olavo olhou Agatha que, o fitava curiosa em pé a seu lado. -- A... A Amanda acordou.
-- Legal! Eu vou ver ela. -- Agatha disse e já ia correr em direção ao quarto, mas foi segurada por Olavo.
-- Espera meu anjo. -- Olavo a fez sentar-se na cadeira e sentou ao lado dela. -- Filha... a Amanda acordou, mas ela não lembra de você, não lembra da sua mãe, ela perdeu a memória de novo. -- Explicou.
-- Droga! -- Alexsandra proferiu irritada.
-- Ela não lembra de nada? Não lembra que é namorada da mamãe? -- Agatha estava com os olhos marejados olhando Olavo.
-- Não meu anjo. -- Admitiu sentido.
-- Mas ela vai lembrar não vai? -- Deixava as lágrimas caírem agora. -- Ela vai se lembrar de mim também não é?
-- Pode ser que lembre sim, mas pode ser rápido ou demorar. Não tem como saber quando ela vai lembrar. -- Explicou.
-- A mamãe me disse que quando ela acordasse poderia não lembrar da gente. -- Lembrou triste. -- E agora aconteceu, ela não lembra mais de nós. -- Agatha enxugou as lágrimas, e olhou para a porta do quarto triste. -- Tia me leva pra onde a mamãe. -- Pediu ainda fitando a porta.
-- Vem gatinha. -- Alexsandra também estava triste. Pegou a sobrinha no colo e saiu rumo a sala de Samantha. Olavo voltou para o quarto novamente.
* * * *
Samantha chegou na sua sala aos prantos, fechou a porta atrás de si e encostou-se nela, estava desesperada, angustiada. Seu amor, sua segunda vida, sua Amanda, não lembrava dela, de seu amor, do que viverem...
Samantha passou para o outro cômodo e jogou-se no sofá, ainda podia sentir o cheiro de Amanda ali, lembrou do dia em que fizeram amor, durante horas, revelaram os seus medos, fizeram planos, disseram que se amavam várias vezes. Não era justo, pensava, o destino estava sendo muito cruel, Amanda fora parar em seus braços por um acidente em que perdeu a memória e lhe foi tirada por uma fatalidade horrível em que também foi o primeiro passo para que perdesse a memória.
-- Sam? -- Sheila entrou rápida e viu a amiga deitada de bruços no sofá, soluçava alto, desesperado. -- Deus... Amor? -- Sheila ajoelhou-se ao lado do sofá, tirando os cabelos negros do rosto de Samantha. -- Sam... amor, olha pra mim. -- Pediu e Samantha abriu os olhos, Sheila pode ver toda a dor que ela sentia. Respirou fundo e depositou um beijo no rosto da amiga, pode sentir o salgado das lágrimas. -- Vem cá. -- Samantha abraçou forte Sheila que, retribuiu da mesma forma. -- Fica calma meu anjo, calma, por favor. -- Sheila dizia baixo enquanto fazia um carinho no cabelo de Samantha.
-- Ela me esqueceu... Sheila. Ela me esqueceu! -- Confessou dolorosa.
-- Eu sinto tanto, amor. Mas olha. -- Sheila fez Samantha a olhar, limpou as lágrimas. -- Ela pode lembrar, faça com que ela se lembre de você. Por favor, não desista agora, não se deixe abalar tanto assim, eu sei que está doendo, mas preciso que se acalme agora e depois veremos como a sua Amanda se lembre de você, pode ser? Confia em mim?
-- Aram. -- Samantha concordou e abraçou Sheila novamente.
-- É isso ai amor, primeiro acalme-se. -- Sheila a beijou no rosto novamente a fitando. -- Você é forte, vai conseguir! -- Advertiu e sorriu. Samantha estava sentada no sofá e Sheila ajoelhada na sua frente. -- Agora me dá aquele sorriso lindo. -- Pediu mais Samantha não teve animo. -- Vai amor, sorriso lindo! -- Insistiu e Samantha riu ainda fraco. -- Tudo bem, mas vou querer um melhor daqui para amanhã. -- Declarou.
-- Mãe? -- Agatha a chamou entrando na sala no colo da tia.
-- Filha... -- Samantha notou que Agatha havia chorado. Alexandra colocou a sobrinha no colo da mãe e elas abraçaram-se.
-- Mãe a Amanda esqueceu da gente. -- Declarou triste e foi apertada mais ainda pela mãe que, compartilhava a mesma dor da filha.
-- Esqueceu minha vida. -- Samantha confirmou e fez a filha olha-la. -- Mas olha, ela pode lembrar de novo, é só ajudar ela se lembrar. -- Explicou. -- O que acha? -- Samantha olhava para Agatha com esperança, elas estavam tristes, mas não choravam mais.
-- Aram. -- Sorriu. -- Nós vamos ajudar ela se lembrar da gente! -- Advertiu contente. -- A senhora pode levar ela de novo lá pra casa. -- Sugeriu.
-- É... -- Samantha sabia que não poderia fazer isso de imediato, teria que ter paciência, pois Amanda ainda tinha que recuperar-se fisicamente da cirurgia recente e ainda tinha o tal marido como empecilho na relação delas. Mas não diria isso para a filha. -- Minha vida, ainda não podemos levar a Amanda lá pra casa, ela tem que ficar em observação aqui no hospital pelo menos até segunda ou terça-feira e só depois a gente ver como faz pra ela ir lá para casa, está bem? -- Samantha sorriu, tentando passar segurança para si e para a filha.
-- Tá bom! -- Abraçou a mãe entusiasmada com a ideia.
* * * *
-- Não disse. Olavo estava de volta ao quarto de Amanda, forçando um sorriso. -- Ela é muito dedicada ao trabalho, a esse hospital. -- Declarou ainda sorrindo.
-- Ah sim. -- Fabrício entendeu. -- É realmente o excelente hospital, o senhor deve ter orgulho de ser dono daqui. -- Comentou.
-- Tenho sim, mas não sou dono de muita coisa, o hospital é dela e da família. -- Admitiu sorrindo para Amanda que, tinha admiração nos olhos e também sorria sem saber o porquê.
-- É... ela é muito dedicada mesmo, vejo isso em cada canto daqui. -- Admitiu Fabricio. -- Amor, vou gastar um nota aqui. -- Notou fitando Amanda/ Eloá sorrindo. -- Mas vai ser com um prazer danado, pois pelo que vejo, você foi muito bem tratada! -- Lembrou.
-- É, só pelo quarto que estou se nota. -- Amanda concordou sorrindo. -- Doutor como eu vim parar aqui? -- Ela indagou curiosa olhando Olavo.
Olavo sorriu. -- A morena que te trouxe. – Riu da confusão de Amanda o olhando e continuou. – Samantha, foi quem te socorreu na hora do acidente e te trouxe para cá. -- Explicou e Amanda ficou pensativa, aquele nome não lhe era estranho, era como se já o tivesse ouvido antes, o pronunciado, mas não lembrava de nenhum momento em especial. Olhou a porta e rapidamente lembrou da imagem de Samantha entrando e lhe sorrindo, ela parecia ser especial, parecia ter um poder sobre si, não sabia explicar os sentimentos que teve ao vê-la entrar e depois sair em um rompante. Tudo isso havia mexido com ela, mas relacionou ao fato de que seria um sentimento de gratidão por Samantha a ter socorrido.
-- Eloá? -- Fabrício a chamava pela segunda vez.
-- Hum... oi? -- Saiu do transe ao ouvir ela a chamar.
-- Está tudo bem? Te chamei duas vezes.
-- Está. -- Declarou sem muita certeza. -- Deve ser a dor na cabeça. -- Notou. -- Tá uma dor chata e constante. -- Advertiu olhando Olavo com uma cara desgostosa.
-- Vou lhe dar um remédio para isso, já volto! -- Olavo disse e depois de uma acendo positivo de Fabrício ele saiu.
-- Eloá graças a Deus que eu te encontrei! -- Declarou. -- Eu já estava desesperado te procurando. -- Confessou sério.
-- Desculpa, Fá... -- Sorriu sentida. -- Eu realmente estava sumida a uma semana? -- Investigou.
-- Estava sim. Seu acidente foi sábado passado.
-- Meu Deus, imagino a sua preocupação e a da nossa família. -- Declarou. -- Fá, eu quero falar com a minha filha. -- Lembrou. -- Vai liga pra ela, por favor.
-- Ah minha nossa é verdade! -- Ele lembrou que nem tinha avisado os familiares ainda. -- Só um minuto... -- Fabricio pegou o celular e fez a ligação mais feliz daquela semana angustiante.
-- Pai? O senhor encontrou a mamãe? Ela está bem? Fala pai! -- Natelly indagava evidentemente preocupada e ansiosa.
-- Filha! -- Disse alto. -- Calma. -- Pediu sereno e sorrindo.
-- Desculpa...
-- Vou passar para uma pessoa.
-- Mas...
Fabrício entregou o celular para Eloá que, ria radiante.
-- Filha... -- Eloá disse feliz.
-- Mãe? Mãe é você mesmo? A Senhor, obrigada, obrigada, obrigada... -- Natelly já chorava do outro lado da linha e Eloá a acompanhou também, amava a filha mais que tudo, e podia imagina a preocupação da mesma sem notícias suas por uma semana.
-- Filha, eu estou bem, agora estou muito bem! Desculpa ter deixado você preocupada, eu não queria... -- Eloá explicava e limpava as lágrimas que insistiam em cair, de felicidade, por estar falando com seu maior tesouro a tranquilizando.
-- Mãe, eu fiquei com tanto medo de te perder. -- Confessou. -- Se isso acontecesse eu... eu nem sei mãe. -- Chorava baixinho ao telefone.
-- Você não me perdeu filha, e vai ter que me aturar ainda por um bom tempo! -- Declarou sorrindo.
-- Eu quero! Quero você comigo pra sempre! -- Admitiu também sorrindo. -- Mãe onde a senhora está?
-- Estou em um hospital, estava desacordada eu acordei ainda agora e seu pai já estava comigo. -- Avisou. -- Estou com tanta saudade de você filha, muita mesmo.
-- Eu também mãe... Mãe me deixa ir, me deixa ficar com você?
-- Filha eu estou bem. -- Suspirou, também queria ver a filha. -- Está bem meu amor, vem! -- Pediu e ouviu a comemoração da filha ao telefone. -- Pede para a Marina ou a Carol vir com você, sozinha não, por favor.
-- Tá bom, a minha madrinha já estava para ir pra Curitiba mesmo, ela está preocupada com você, todos estavam!
-- Eu sei, mas você já sabe que estou bem, avise a todos, está bem?
-- Sim vou avisar agora mesmo. A madrinha acabou de chegar. Espera.
-- Eloá, amor?
-- Mary...
-- Quando eu te ver eu vou te encher de beijos e depois te matar! -- Avisou. -- Amor? Você quase me matou de susto, eu estava angustiada sem saber mais o que fazer para... -- Marina começou um choro, liberando toda a angustia que sentia, pela falta de notícias da amiga.
-- Não chora Mary, por favor. Eu estou bem! -- Eloá pedia, mas já chorava também.
-- Agora eu sei que sim... Onde você está, eu vou agora mesmo até você. -- Confessou mais calma.
-- No hospital, mas estou bem.
-- Tá que hospital? Eu vou hoje mesmo no primeiro voo que tiver.
-- Não sei, só o Fabrício que sabe, espera... Que hospital é esse Fá? -- Eloá indagou.
-- Hospital Linhares!
-- Mary, hospital Linhares, em Curitiba.
-- Tá, chegamos ai, assim que der, a Naty já correu para arrumar a mala. -- Riu. -- Eu te amo, beijo!
-- Também te amo, beijo. -- Eloá desligou feliz. -- Elas chegam daqui a pouco. -- Riu. -- A Mary é bem capaz de fretar qualquer coisa que voe para chegar logo, e a Naty apoia! -- Declarou e os dois riram e logo foram interrompidos pela entrada de Olavo com o medicamento.
-- Prontinho, já essa dor passa. -- Olavo acabara de medica-la.
-- Que bom, qualquer movimento ou fala dói. -- Eloá avisou.
-- É normal, mas vai passar logo.
Eles foram interrompidos com duas batidas na porta do quarto. E logo a entrada de uma Samantha sorridente. Ela segurava uma bandeja mesa de cama com várias iguarias sobre a mesma, um excelente café da manhã. Olavo logo se dispôs indo ajuda-la.
Amanda não conteve a felicidade em ter a morena de volta ao seu quarto e ainda com um banquete de café da manhã. A olhava com puro carinho, admiração, gratidão, emoção... Ela não sabia explicar as sensações e os sentimentos que sentiu com a chegada de Samantha ali. Só sabia que lhe era agradável, muito agradável. Ria sem parar a olhando.
-- Oi. -- Samantha disse a olhando sorrindo enquanto colocava a mesinha sobre a cama e a ajeitando.
-- O.. Oi. -- Amanda quase não achou voz para responder. Ajeitou-se na cama, estava com a mesinha sobre o corpo, estava entre os pés da mesma. Olhou para o que seria o seu café da manhã e sorriu radiante, havia pães de queijo, vitamina, suco, café com leite, bolo, morangos, uvas, pão, manteiga, queijo... -- Nossa! -- Exclamou voltando a olhar Samantha que, estava em pé ao lado da cama, bem próxima do olhar de Amanda.
-- É para você, preparei com muito carinho! -- Samantha sorria apaixonada fitando os olhos cor de mel que amava tanto.
-- Eu... obrigada... -- Amanda a olhava nos olhos, sentia que conhecia aquele olhar amoroso de Samantha sobre si, parecia ler sua mente, descobrir seus mais íntimos dos segredos. Não conseguia desviar o olhar, não queria desviar, sentia a necessidade de olha-la, sentia que precisava lembrar de alguma coisa. Amanda, como se estivesse hipnotizada, controlada por um desejo forte, levantou sua mão esquerda devagar e começou a percorrer o pequeno espaço indo em direção ao rosto de Samantha, rosto que lhe sorria alegre...
-- Eloá? -- Fabrício proferiu a tirando do transe, ela abaixou o braço rapidamente, braço que já estava no meio do seu destino e o fitou, com um olhar repreendedor, mesmo sem querer e sem saber o porquê.
-- O que? -- Amanda disse um pouco ríspida o fitando, mas logo se deu conta e sorriu.
-- Não vai comer? Ou vai fazer essa desfeita para a Doutora Samantha? -- Ele sabia que Samantha tinha despertado algo na esposa e ria intimamente com isso. Nunca tinha visto Eloá em transe por uma mulher antes, não com uma cara, que ele nomeou de “Bocó”.
-- Não! Claro que não vou fazer desfeita. -- Olhou Samantha sorrindo. -- Vou comer tudinho! -- Declarou abrindo mais o sorriso, não conseguia parar de rir, parecia uma idiota, pensava.
-- Coma o suficiente para se satisfazer, não se preocupe se sobrar. -- Samantha sorriu. -- Acho que eu exagerei um pouco. -- Confessou apontando a bandeja.
-- Doutor? -- Fabrício chamou por Olavo. -- Posso conversar com você em particular? -- Pediu.
-- Claro, vamos lá fora?
-- Perfeito! -- Fabrício sorriu para Eloá e eles saíram as deixando sozinhas.
-- Bom. -- Amanda suspirou alegre. -- Por onde eu começo? -- Fitava o banquete a sua frente.
-- Suco, você sempre... -- Samantha interrompeu a frase. -- Começa bebendo o suco e depois o pão de queijo e o bolo... -- Sorriu.
-- É, gostei. -- Amanda apegou o suco e bebeu um pouco, e começou a comer na ordem que Samantha sugeriu que fizesse. -- Hum, está uma delícia! -- Afirmou e bebeu um pouco da, agora vitamina. -- É sempre esse o café da manhã dos pacientes do seu hospital? -- Indagou curiosa a fitando sorrindo.
-- Mais ou menos, na verdade bem menos. -- Revelou. – Mas juro que também é muito bom. É que esse é especial, eu preparei especialmente para você! -- Samantha a olhava com muito amor, e sem conseguir conter o seu desejo de toca-la pegou sua mão esquerda com carinho e a acariciou com amor, sentido o calor, a maciez da pele que tanto amava, da mulher que amava.
Amanda sentiu um arrepio no corpo inteiro com o toque da mão se Samantha na sua, fitou as mãos juntas, sentiu o calor, o contato carinhoso das mãos, fechou os olhos, se permitindo apenas sentir todas as sensações daquele calor que provocava uma descarga por todo o seu corpo o arrepiando de imediato.
Samantha entrelaçou seus dedos nos de Amanda e apertou, sentindo ela fazer o mesmo, levantou a mão dela e curvou-se levemente, depositando um beijo amoroso na mão dela, fechou os olhos, aproveitando cada emoção, cada sentimento que existia em um simples gesto, mas muito significativo para ambas.
Amanda suspirou ao sentir os lábios macios de Samantha no dorso de sua mão, uma energia surgiu de todos os extremos de seu corpo e percorreu em uma única direção, indo parar no meio de suas pernas. Abriu os olhos incrédula, estava excitada, muito excitada, apenas com aquele beijo e toque. Fitou a morena que levantou a cabeça a olhando sorrindo, sorriu de volta, dispersando todos os pensamentos, ao tentar entender o seu repentino estímulo, provocado pela belíssima mulher a sua frente lhe sorrindo e segurando forte e ao mesmo tempo com carinho, sua mão.
* * * *
-- Em que posso ajudá-lo? -- Olavo perguntou para Fabrício assim que saíram do quarto.
-- Ah sim... É... como ela está? Quando vai poder ir pra casa?
-- Ela está bem, mas vai precisar ficar em observação, passou por uma cirurgia delicada. -- Olavo explicou, não queria dá um parecer de nada. Antes teria que conversar com Samantha.
-- Quando mais ou mesmos?
-- Não sei ainda, vou ter que fazer alguns exames e depois explico. -- Declarou, estava enrolando o homem a sua frente.
-- Doutor Olavo? -- Uma enfermeira os interrompeu e Olavo deu graças a Deus por isso, ou teria que mentir muito ainda.
-- Licença, depois conversamos. -- Olavo disse para Fabrício que, concordou e foi sentar-se em uma cadeira das que haviam ali perto. Olavo o observava e estranhou ele não voltar para o quarto, para onde a esposa.
-- Doutor? -- A Enfermeira o chamou novamente.
-- Algum problema?
-- Tem dois policiais lá na recepção à sua espera.
-- Ah sim.
-- Doutor? -- Fabrício o chamou aproximando-se novamente. -- Era o combinado, mas eu já estou aqui, enfim... Posso ir com o senhor? -- Pediu. -- Ai esclarecemos tudo. -- Advertiu.
Tudo bem, vamos. -- Olavo concordou e os três dirigiram-se para o local.
* * * *
-- Seu imbecil, desgraçado! -- Paulo estava furioso, estava com as duas mãos no pescoço de outro homem o empresando contra uma parede de um beco sem movimentação.
-- Calma... -- Disse com muita dificuldade, segurando com suas duas mãos nos pulsos de Paulo. -- Solta, tá... doendo tá ligado. -- O homem estava vermelho e quase sem ar.
-- Eu deveria te matar! -- Gritou exaltado o soltando. -- E agora? A polícia está investigando, com certeza, o que realmente aconteceu? Fala? -- Gritava preocupado consigo mesmo.
-- Num sei tá ligado, eu ralei peito fora quando a mulher tomou a arma do Gigante. -- Explicou com medo. -- Mas soube que eles morreram tá ligado?
-- Desgraçado, desgraçado, você é um idiota, burro! -- Paulo proferia tapas e pontapés no homem agora encolhido na parede.
-- Para! Ou eu te deleto, tá ligado? -- Enfrentou Paulo, e esse ficou com receio e parou com os movimentos.
-- Eu estava no hospital quando aquela vaca da Samantha chegou com a outra e a filha, a namoradinha dela estava ferida, não sei, tinha sangue na cabeça, eu me escondi e não consegui nenhuma informação. -- Suspirou preocupado. -- Escuta aqui. -- Paulo pegou no colarinho do outro homem. -- Você tem que sumir daqui ouviu bem, te esconde e você não me conhece, nunca me viu! Ouviu bem? -- Gritou as palavras perto do rosto do outro.
-- Tô ligado chefia! -- Vou sumir por um tempo mesmo, pode ficar de boa. -- Declarou e Paulo o soltou.
-- Ótimo! E já sabe. NUNCA ME VIU! -- Falou reforçando.
-- De boa, tá ligado?
-- Tá... Aqui tem mais de dois mil, pega e some!
Paulo deu o dinheiro para o homem saiu a passos apreçados pelo caminho estreito do lugar.
* * * *
Sheila, Alexandra, Susan e Agatha estavam na sala de Samantha conversando amenidades, ajudaram a amiga a organizar a badeja e desejaram boa sorte para ela na “re-conquista” de Amanda.
-- Tia ela está demorando, eu quero ver a Amanda! -- Agatha reclamou para Alexandra.
-- Calma meu anjo, só tem quinze minutos que sua mãe saiu daqui, e cinco é só pra cegar lá! -- Alexandra explicou fitando a sobrinha que fazia bico.
-- Eu quero ir lá, me leva tia. -- Pediu olhando Alexsandra e depois fitou Susan, lembrando que a madrinha era mais flexível. -- Tia, me leva lá, por favor. -- Pediu fazendo a maior cara de “cachorro que caiu da mudança”, olhando Susan.
Susan riu, não conseguia dizer não para a afilhada, ainda mais com a cara que havia feito, era impossível lhe negar algo quando fazia isso.
-- Está bem! -- Susan disse a Agatha a abraçou forte enquanto comemorava.
-- Vamos, eu sei onde é! -- Agatha a puxou pela mão e elas saíram sob risadas de Sheila e Alexsandra.
* * * *
-- Você é tão linda! -- Samantha disse baixo e sem seu autocontrole que já havia se desvairado totalmente, inclinou-se devagar em direção aos lábios de Amanda que, fechou os olhos com a aproximação dela. Amanda esperava o beijo ansiosa, Samantha tocou com seus lábios, primeiro no queixo dela fazendo uma leve caricia e quando iria subir para os lábios, elas foram interrompidas por duas batidas na porta. Samantha afastou-se rapidamente e Amanda suspirou irritada.
-- Amanda! -- Agatha correu para o lado da cama que Amanda estava, ficando ao lado de Samantha.
Amanda fitou a menina sorrindo, mas extremamente confusa pelo nome usado por ela, lhe era estranho e familiar ao mesmo tempo, olhou Samantha.
-- Filha... -- Samantha a olhou, havia conversado com Agatha quando ao nome de Amanda, mas não a culpou por tê-la chamado assim. -- O nome dela é Eloá.
-- Ela é sua filha? -- Amanda perguntou sorrindo de Samantha para Agatha. -- Linda, sua filha!
-- Obrigada! -- Quem agradeceu foi Agatha. -- Minha mãe também é linda né? -- Indagou fitando Amanda com um sorriso encantador.
-- Agatha! -- Samantha a repreendeu, mas sem gritar. -- Desculpa. -- Disse sorrindo olhando Amanda.
-- Agatha. -- Amanda pronunciou o nome da menina com a mesma sensação de familiaridade. -- Lindo nome também. E eu concordo com você, sua mãe é linda mesmo! -- Disse sorrindo para a menina e depois olhou Samantha sorrindo meio tímida.
-- Amanda você vai lá pra casa quando sair daqui? -- Agatha investigou enquanto pegava um morango e o mordia.
Amanda olhou para Samantha confusa, a menina insistia em chama-la de “Amanda”.
-- Vai ou não? – Insistiu a olhando sorrindo. Amanda a olhou e sorriu de volta.
-- Filha nós já conversamos sobre isso. -- Samantha falou a olhando.
-- Eu sei mãe, mas ela pode sim ir lá pra casa. Né Amanda? -- Perguntou pegando na mão dela. -- Sua mão tá quentinha. -- Notou. -- A mamãe diz que gosta de segurar sua mão, porque ela é quentinha.
-- Agatha! -- Samantha repreendeu a filha com a voz mais alta.
-- Deixa ela. -- Amanda riu a olhando e depois fez uma carinho de volta na mão de Agatha. -- Porque você me chama de Amanda? -- Indagou, estava curiosa.
-- É porque a mamãe te deu esse nome, ela não sabia o seu, e você estava...
-- Filha quem te trouxe pra cá? -- Samantha interrompeu a filha, antes que ela falasse demais.
-- Tia Susan. -- Riu olhando a mãe. -- Eu pedi pra ela.
-- Tinha que ser. -- Samantha riu. A amiga não sabia dizer não para Agatha.
-- Amanda tu gosta de mulher né?
-- AGATHA! -- Samantha gritou dessa vez.
Amanda riu alto das duas, mas ainda assim, estava admirada com a desenvoltura da menina. Gostou dela, e a sensação de que estava entre família, amigos, não lhe abandonava.
Samantha pegou na mão da filha e a conduziu para fora do quarto.
Fim do capítulo
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