Capítulo 19
-- Olá família. -- Eloá chegou empolgada em sua casa, ela estava com saudades da família e estavam todos reunidos a espera deles. A família de Fabrício também estava lá.
Todos se cumprimentaram entre beijos e abraços. Faziam perguntas sobre a viagem, sobre os presentes, entre outras coisas. De certa forma o casal estava feliz. Eles já se davam muito bem antes e agora, depois das revelações, eles eram mais que amigos, eram cumplices.
Foram para o quarto, desfizeram as malas tomaram um banho, separadamente, e desceram para o almoço com a família... O almoço decorreu muito bem, entre risadas e conversas corriqueiras. Depois foram todos para a sala de estar, mesmo palco do discurso do casamento deles.
-- Carlos está na hora. Podemos? -- Elder, pai de Fabrício iniciou a conversa. Estava mais que empolgado, estava em êxtase.
Eloá e Fabrício se entreolharam pensando “Essa conversa eu já ouvi antes”.
-- Claro. Faça as honras.
-- Beleza. -- Olhou para o filho e para a nora a sua frente. -- Eu e o Carlos, fechamos uma contrato excelente com uma empresa Francesa.
-- Legal pai. -- Fabricio disse sorrindo e Eloá também sorriu.
-- Que bom que gostaram. Vou explicar. Essa empresa lá na França é famosa por conciliar Advocacia e Construção, a Engenharia, Arquitetura, tudo ao mesmo tempo, sabe trabalham em conjunto.
-- Muito bom, é diferente. -- Eloá se empolgou.
-- Pois é minha nora. E nós tivemos a sorte de conseguimos uma parceria com ela.
-- Legal pai, vai ser muito bacana. -- Fabricio concordou.
-- Excelente filho. E já está tudo arrumado, assinamos os contratos por dez anos com eles. E nosso lucro será de Milhões a partir de cinco anos, onde já podemos ter a maioria das ações da empresa que abrimos em conjunto.
-- Espera ai. -- Fabricio proferiu. -- Abriram uma empresa nova? Que empresa vocês abriram? Onde? Quando?
-- Calma. -- Carlos foi quem falou dessa vez e continuou. -- Nós não necessariamente construímos uma empresa de concreto. Nós, digo Eu e o Elder, nos tornamos sócios assinando um contrato juntos, tornado o meu escritório de advocacia e a empresa de vocês uma empresa só. E mudamos o nome para: Construções e Advocacia Franco & Bartovisk, onde vocês dois vão trabalhar e assumir a presidência juntos quando terminarem a faculdade.
-- O QUÊ? -- Os dois levantaram num rompante surpresos com a notícia.
-- Que isso? Não se assustem vocês já conhecem os negócios da família, e depois que terminarem a faculdade estarão mais que preparados, vocês aprenderão tudo no estágio durante esses quatro anos. Vão ver, nossas empresas se tornará uma das cinco maiores do Brasil com essa inovação no mercado nacional e internacional.
Fabricio e Eloá começaram a andar de um lado para o outro preocupados com a nova “bomba” nas mãos.
-- Pai qual as cláusulas mais importantes e o que vocês deram como garantia se caso quebrássemos o contrato? -- Eloá estava deveras aflita, com o pensamento que acabara de ter.
-- Bem... A cláusulas são as normais de qualquer contrato, pagamentos em dia, indenizações, garantias...
-- Pai! – Eloá estava vendo que ele enrolava e isso não era bom.
-- Tá bom. Os funcionários têm que serem, maiores de dezoito anos, graduados nas respectivas funções os diretores não podem ter mais que 60 anos. E os presidentes tem que serem...
-- Serem?
-- Casados!
-- CASADOS? -- Fabrício e Eloá gritaram juntos e começaram a andar de um lado para o outro novamente. – Pai e si não forem casados?
-- Perdem a presidência e consequentemente quebram o contrato e a empresa que foi dada como garantia. Filha, entenda, os donos dessa empresa... eles são conservadores, gostam do que é tradicional...
-- O QUE? Pai vocês deram as duas empresas como garantia? E que papo é esse de conservação? Eu não acredito nisso. Fabrício me dá um beliscão bem forte... Isso só pode ser um pesadelo, só pode! -- Eloá estava agora apavorada e Fabricio não estava diferente. -- Pai cadê o contrato eu quero ler. -- Eloá pediu e o pai lhe entregou os papeis. -- Fabrício vem comigo! -- Eloá o puxou para o quarto deles.
-- Pai? -- Nádia irmã de Eloá chamou a pai que, estava pensativo. Ela tinha apenas dezesseis anos e o irmão delas, Felipe tinha doze e estava ao lado brincado no videogame. Fabricio tinha apenas a pequena Juliana de cinco aninhos, como irmã.
-- Oi filha?
-- Nós vamos ficar pobres se perdermos a empresa? -- Quis saber.
-- Não filha. Nós temos a fazenda. Mas vamos perder milhões, muito mesmo, caso eles não aceitem dirigirem a empresa juntos. Mas os pais de Fabricio só tem essa empresa, eles sim vão ficar pobres. -- Explicou pensativo. Havia feito de tudo para casar a filha, nem queria a sociedade, aceitou porque Elder insistiu. E por suspeitar que a tal Marina estava levando a sua filhinha para um mal caminho e isso, ele jamais permitiria, não na família dele, não com a filha dele. Preferiria mil vezes uma sociedade com o ambicioso do agora sócio. Mas agora, estava tranquilo, ela estava casada e com um homem, mas ainda assim, não queria perder milhões, em uma quebra de contato e ia fazer de tudo para eles assumirem a presidência da empresa.
-- A eu não acredito nisso Fá... Olha isso aqui... casados, tem que serem casados! -- Eloá passava rapidamente os olhos pelo contrato assinado tentando achar uma saída para tudo aquilo, mas estava difícil, muito difícil.
-- Amor? -- Fabricio a vez olhá-lo. -- Ai não está escrito que temos um mês para um fechamento de contrato definitivo? -- Ele quis confirmar.
-- Tem. Mas vamos perder mais de cinco milhões com essa quebra, vocês vão perder mais da metade das ações da empresa do seu pai. Não vão ter um padrão de vida ao qual estão acostumados. -- Declarou.
-- Olha não vamos pensar nisso agora. Vamos dar um tempo, acalmar um pouco os pensamentos e depois vemos isso. Você não quer o divórcio?
-- Quero, quero, mas... -- Suspirou forte rendida. -- Está bem, vamos fazer o seguinte. Desistimos disso, você dá a entrada no nosso divórcio e eu converso com o papai para ele dar, emprestar, sei lá, o dinheiro para que vocês fiquem com a maioria da empresa de vocês. E ainda tem a parte que você vai herdar quando nos divorciamos.
-- Não! Não quero esse dinheiro amor. -- Negou-se incisivo. -- Não é justo com você. Emprestado tudo bem, dado não! Não quero!
-- Mas...
-- Não Eloá! Assunto encerrado. Amanhã mesmo ou depois eu começo a dar a entrada no nosso divórcio. Nossos pais nos enganaram e isso não vai ficar do jeito que eles querem, não mesmo!
-- Tem razão. -- Suspirou rendida. -- Vou tomar um banho, e deitar um pouco, estou com sono.
-- Tudo bem. Então estamos combinados?
-- Sim. Faça o que tem que fazer. -- Foi para o banheiro.
Já faziam três dias depois do que elas tinham combinado e Fabricio por estar muito atrasado com os trabalhos da faculdade, ainda não tinha tido tempo de fazer o prometido. Eles ainda não haviam dado uma resposta definitiva para os pais e muito menos já haviam falado sobre o divórcio deles. Queriam dar as duas notícias de uma vez só, poupando tempo e mais sofrimentos.
Eloá estava se sentindo enjoada a dois dias, nada lhe descia para o estômago direito, comia pouco nas refeições e logo depois vomitava tudo. Estava com a cabeça sobre o vaso do banheiro vomitando o café da manhã tomado a meia hora atrás, nem tinha ido para a universidade por não se sentir bem.
-- Droga. -- Disse lavando a boca e pegou a escova de dente pensativa. -- Não pode ser, Eloá Franco do Vale, ah ainda tem o Bartovisk, por enquanto... Mesmo assim, você não pode estar grávida, não pode! Amanhã eu vejo isso. Oh senhor não posso engravidar agora. -- Dizia olhando-se no espelho, era tão nova ainda, muito nova, ninguém lhe dava dezenove anos de idade, era sempre quinze, ou abaixo disso.
No dia seguinte assim que saiu da faculdade, depois de uma conversa agradável com Marina, havia lhe contado sobre o futuro divórcio dela. Eloá foi em uma farmácia e comprou três teste de gravidez e foi para casa tirar a dúvida e a angustia que sentia. Ou piora-la de vez. Subiu correndo para o quarto e foi para o banheiro. Fez o primeiro teste e deu positivo, esperou um tempo, fez o segundo e também deu positivo, esperou novamente um tempo, estava aflita, fez o terceiro e último teste e também deu positivo, voltou para o quarto com o teste na mão direita e a outra acariciando a barriga, sentou-se na cama e ficou pensativa, estava feliz e preocupada ao mesmo tempo. Pôs o objeto sobre a cama e não demorou muito ela viu Fabrício entrando.
-- Já deu entrada no divórcio? -- Perguntou ainda sentada na cama de casal encarando um objeto sobre a mesma.
O quarto do casal era grande e bem decorado, pintado com uma cor discreta. Eloá estava preocupada, confusa e, ao mesmo tempo, feliz. Fabrício a sua frente lhe respondeu que ainda não tinha tido tempo, e passou a observá-la melhor, percebendo que ela acariciava a barriga e começava a chorar, ele caminhou rápido até ela, ajoelhando-se perto e a fazendo olhá-lo.
-- O que foi meu anjo? Porque está chorando? -- Perguntou aflito olhando, ainda em prantos, mas com um sorriso no rosto. -- Responde, está me deixando mais nervoso.
Eloá suspirou, e mostrou o objeto para ele, ele por sua vez não entendeu nada a olhando ainda confuso.
-- O que é isso? -- Ele perguntou.
-- Fabrício, eu estou grávida! -- Eloá disse alto.
-- Verdade? Tem certeza?
-- Sim, eu tenho certeza, esse é o terceiro teste de gravidez que fiz e deu positivo e minha menstruação está atrasada. -- Respondeu o olhando, ela sorria e chorava ao mesmo tempo, ele levantou surpreso, assustado e também feliz, tudo ao mesmo tempo... Voltou a ajoelhar-se perto dela e a encarou.
-- Mas... eu... nós só fizemos uma vez... e agora? -- Ele não sabia o que dizer.
-- Você não quer esse filho, é isso? -- Eloá perguntou decepcionada.
-- NÃO! SIM! -- Fabrício estava trocando as palavras, estava aturdido com a pergunta. -- Espera, calma. -- Respirou tentando acalmar-se e sentou ao lado dela a fazendo virar de frente para ele e pegando as mãos dela. -- Eu quero esse filho, nunca que o rejeitaria, é nosso filho... -- Disse a olhando com carinho. -- Desculpa se te fiz pensar que não o queria, é que pensei em tudo que estamos passando, nossa situação, entende?
-- Eu sei...
-- E agora você está grávida, o que vamos fazer?
-- Não sei Fá, realmente não sei. -- Disse preocupada.
-- Linda, nós voltamos da lua de mel decididos a nos divorciarmos, ai aconteceu aquilo... Papai, não tinha o direito de ter jogado tudo nas minhas costas, ainda não nem terminei a faculdade, e agora você está grávida... meu anjo, não podemos nos divorciamos agora, não com tudo isso acontecendo. -- Disse ele decidido.
-- Eu sei... meu pai também não podia ter concordado com isso, poxa eles nos amarraram de todos os jeitos, como eles assinam um contrato milionário, pondo as duas empresas como garantia? Por Deus, e ainda por cima os dirigentes têm que serem casados? Eu devia ter te falado a verdade antes, devia! -- Ela estava realmente com raiva e preocupada.
-- Ei acalme-se... Você está grávida, não pode se exaltar. -- Ele observou preocupado. -- A culpa também foi minha, mas agora não tem mais jeito. Mas veja bem, pensando só por esse lado a coisa é realmente péssima, porém se nós conseguirmos, vamos alavancar no mercado exterior, pensa... as cláusulas são um pouco absurdas eu sei, mas nós vamos faturar milhões de dólares para as empresas, elas vão ser um sucesso... Então, posso contar com você nessa?
A jovem suspirou vencida e sorriu concordando. -- Pode!
-- Perfeito, esquecemos o divórcio e vamos cuidar das empresas e dessa criança que está vindo. -- Disse ele acariciando feliz a barriga dela.
-- Mas Fá, e como nós ficamos? Digo... eu tinha conversado com a Marina e disse que ia me divorciar e que queria ficar com ela e agora isso aconteceu. -- Chorava. -- Poxa e agora o que eu faço?
Fabrício também se dera conta de que tinha feito o mesmo com Laura.
-- Olha, confia em mim? – Ele perguntou.
-- Sim.
-- É absurdo eu sei, mas se a Marina concordar e a Laura também. Nós podemos ficar com elas mesmos estando casados. A gente explica tudo, nosso casamento vai ser só fachada, elas concordando ou não! Podemos tentar, quer?
Eloá suspirou. -- Quero!
E elas concordaram. A conversa foi delicada, houve certa aflição, questionamentos, indecisão, mas Marina e Laura, concordaram em namorarem Eloá e Fabrício, as escuras.
O relacionamento de Fabricio e Laura durou apenas sete meses, pois o caso deles esfriou. Já o de Eloá e Marina estava indo muito bem.
Contanto que, Marina e Fabrício andavam de um lado para o outro aflitos na sala de espera do hospital. Eloá estava em trabalho de parto e para não ter que escolher entre Marina que era sua namorada e Fabrício o pai de Natelly, pois era uma menina, ela escolheu a companhia da mãe dona Lúcia.
-- Mary? -- Fabrício a chamou num canto. -- Para de ficar andando de um lado pro outro, o pai da Eloá está te olhando com o olho torto desde que chegou.
-- Saco! Estou preocupada. E tu também tava do mesmo jeito. -- Lembrou.
-- É! Mas eu sou o pai e o marido!
-- Sim! Mas eu sou a madrinha e a namorada! -- Lembrou também e os dois riram. -- Tá bom, eu vou parar, mas não vai andar também não, se não, eu te acompanho. -- Avisou.
-- Fabrício? -- Carlos o chamou.
-- Oi seu Carlos? -- Indagou ao se aproximar.
-- O que essa... essa... mulherzinha está fazendo aqui? -- Perguntou entre dentes olhando Marina com fúria.
-- Ela é minha amiga e amiga da minha esposa. -- Explicou.
-- Eu já disse pra Eloá manter distância dessa sapatão. -- Avisou. -- E você também não tem nada que ficar dando apoio pra isso, tem que manter a sua mulher longe dessa vagabunda. -- Proferiu com raiva, agora também do genro.
-- Olha seu Carlos, eu lhe respeito, mas o senhor não tem o direito de interferir em quem eu e a Eloá escolhemos ou não como nossos amigos. -- Declarou ainda, calmo.
-- Eloá é minha filha e eu tenho esse direito sim! -- Segurou Fabrício pelo colarinho, estava exaltado com a declaração do rapaz.
-- Ela pode te denunciar por homofobia sabia? -- Fabricio não estava com medo e sim irritado agora. -- Claro que sabe, o senhor é advogado, me admira o senhor, um homem atinado sobre as leis, agir dessa forma por estar no mesmo ambiente que uma pessoa homossexual...
Fabricio não terminou de falar tudo que queria, pois foi acertado pela mão do sogro o dando um sonoro e dolorido tapa no rosto. Fabricio cambaleou com a sua mão no rosto e logo sentiu Marina o amparando antes que ele voasse para cima do pai da esposa.
E logo viram o médico saindo da sala junto com dona Lúcia todos sorridentes. Fabrício correu até eles e Marina mesmo tendo a mesma vontade, controlou-se como pode, para não dar mais nenhuma bandeira em seus atos. Não queria mais problemas, já bastava a confusão entre Fabricio e Carlos a pouco. Esperou uma possível oportunidade de entrar para ver a namorada e a criança.
-- Mary? -- Fabricio saiu indo até ela. Todos da família de Eloá já haviam entrado, só faltava ela. -- Vem. -- Ele pegou na mão dela e sobre um olhar raivoso do sogro, a levou até o quarto, para ver a “melhor amiga” e sua afilhada.
-- Amor... -- Eloá chorava segurando Natelly no colo, ela era pequenininha, a pele branquinha, ou melhor vermelhinha de tão delicada, já estava toda empacotada com roupas e o lençóis. -- Olha nossa menininha. -- Sorriu feliz.
-- Linda, como a mãe! -- Marina beijou mãe e filha. Estava muito feliz, assim como Eloá. Olhou Fabrício que estava ao lado oposto da cama sorrindo também. -- Obrigada! -- Marina agradeceu e beijou mais uma vez mãe e filha.
O relacionamento de Marina com Eloá e Natelly e também com Fabrício que se tornara um grande amigo, só era felicidades. Mesmo em seguida quando Marina e Eloá viram que depois de quatro anos de um namoro feliz e importante para ambas, não daria mais certo, pois as duas haviam se tornado amigas, grandes amigas. E esse laço entre eles, foi feito não só através do namoro, mas também pelo amor que sentiam pela menina. Marina era uma madrinha mimadora, atenciosa, e muito amorosa com a afilhada. Aqui e ali, quase sempre, o pai de Eloá a ofendia, mas ela relevava, pela amizade que tinha e pela história que viveu com a filha dele.
Elas estavam na fazenda dos pais de Eloá, mesmo a contragosto de Carlos que, não queria que filha largasse a empresa para um passeio no meio de fechamentos de contratos importantes e muito menos que levasse Marina para sua fazenda, mas Fabrício lhe prometera que cuidava de tudo. Havia terminado a faculdade, assim como Fabrício e agora eles dividiam a presidência da empresa que, era um sucesso no que fazia. Obtiveram todos os lucros estimados e antes do tempo previsto pelos pais deles na época da sociedade assinada.
-- Naty? -- Eloá chamava caminhando no gramado atrás da casa na fazenda, tinha algumas arvores e flores, era um jardim, o sol estava lindo, e estava um clima ótimo. Eloá andava devagar e sorria fingindo que não via a filha atrás de uma arvore, também sorrindo, e com isso fazendo com que suas covinhas realçassem mais ainda. -- Onde será que minha pequenina está? Será que está atrás dessa arvore? -- Perguntou agora se dirigindo para onde estava a menina. -- Achei! -- Disse a pegando no colo e girando com ela a gargalhadas, depois de tonta ela sentou na grama ainda com a pequena no colo. Olhou para ela, ver seus olhos cor de mel o rostinho gordinho, as covinhas e seu cabelo ondulado na cor castanho escuro, estavam soltos, ela não tinha mais que quatro aninhos.
-- Eu te amo mais que tudo minha vida. -- Disse ainda a olhando, era um amor forte, não conseguia explicar, estava muito feliz por tê-la, por estarem ali brincando. A pequenina sorriu mais ainda lhe abraçando e a beijando na bochecha, um beijo estalado e carinhoso.
-- Quero o papai aqui também... -- Disse agora com o olhar um pouquinho triste.
-- Papai está trabalhando meu anjo, mas logo logo virá, então nós brincaremos juntos está bem? -- Disse explicando a situação.
-- Tá bom. -- Concordou mais feliz. Eloá sorriu e mostrou as mãos em forma de garras para ela e fazendo uma careta. Natelly entendeu o que ela ia fazer e saiu correndo rapidamente.
-- Cócegas não, cócegas não... -- Falava ao ver sua mãe começando a segui-la.
-- Sim, eu vou te pegar. -- Respondeu correndo atrás da pequena.
-- Madinha, madinha? -- Natelly a chamou correndo na sua direção, assim que a viu.
-- Corre Naty, corre pra cá. -- Incentivava a afilhada. -- Lá vem a mamãe, corre... -- Marina pegou a menina no colo e a abraçou forte lhe dando beijos.
-- Estava aonde? -- Eloá perguntou vendo Marina com os cabelos molhados.
-- Na cachoeira. -- Sorriu. Brincava com Natelly. -- Fabrício ainda não pode vir?
-- Não.
-- Papai num veio madinha. -- Natelly disse triste.
-- Mas ele vem está bem? Enquanto isso, eu e a mamãe, vamos brincar com você um montão. Pode ser?
-- Pode!
-- Mas, agora está na hora de um banho não está não mocinha? -- Marina indagou sorrindo para a afilhada.
-- Cavalo. Eu quelo. -- Pediu apontando o cavalo que pastava a uns dez metros delas, era o cavalo que Marina estava montando a instantes atrás.
-- Posso? -- Marina perguntou olhando Eloá sorrindo.
-- Claro, só toma cuidado. Ela gosta de ficar inclinado para pegar no pelo do cavalo.
-- Ok. -- Sorriu e foi em direção ao cavalo com Natelly.
Eloá viu Marina colocar sua filha na cela do animal e a segurando subiu e logo o animal já cavalgava a passos lentos sobre a área gramada em volta. Sorriu feliz com a felicidade da filha e amiga e entrou para casa.
-- Fátima? -- Eloá chamou pela senhora de meia idade, ela era a governanta e cozinheira da família a anos e morava na fazenda.
-- Aqui dona Eloá. -- Fátima gritou da cozinheira.
-- Fátimazinha da minha vida. -- Eloá sorriu olhando a senhora cortar alguns temperos junto com outra mulher, essa mais nova. -- Esses temperos é pro que eu estou pensando? -- Eloá indagou abraçando a senhora alegre.
-- É sim, dona Eloá. -- Confirmou sorrindo.
-- Ai você é demais. -- Eloá comemorou e beijou a mulher. -- Eu amo seu peixe, ele é uma delícia, todo temperado, ai eu como horrores! -- Admitiu.
-- Eu sei, dona Eloá.
-- Ai Fátima, nós já conversamos sobre isso. Já falei para me chamar só de Eloá, nada de senhora ou dona.
-- É que sai sem eu perceber don... Eloá.
-- É isso ai, apenas Eloá, Eloá! -- Declarou...
Depois de uma semana de férias na fazenda, elas retornaram, pois a empresa precisava de Eloá. Fabrício estava sobrecarregado, nem tinha conseguido ir ao encontro delas.
Assim que chegou da fazendo deixou a filha com a mãe dela e a babá e foi direto para a empresa, eles agora tinham uma empresa física única um prédio de dez andares no centro da cidade e todo ele era destinado a alguma função da empresa Construções e Advocacia Franco e Bartovisk. Ela chegou e o encontrou em sua sala atolado ao redor de papeis sobre uma mesa e sobre o chão, estes estavam amassados.
-- Sem inspiração pelo visto. -- Eloá disse lhe dando um beijo no rosto. Fabrício era Engenheiro Civil.
-- Pior que é! -- Disse largando o lápis sobre a mesa. -- Desculpa não ter ido ao passeio.
-- Eu entendo, você se sacrificou para eu poder ir, mas lamento pela Naty, ela sentiu tua falta. -- Confessou.
-- Depois converso com ela. -- Sorriu. -- Como ela está?
-- Linda, como sempre, se encantou com os cavalos. Vou dar um de presente para ela, assim que completar dez anos. -- Eloá afirmou contente. -- Ela andou com a Marina e comigo e não queria sair mais. -- Relatou. -- Ah e amou a cachoeira.
-- A sua fazenda é um encanto mesmo, os cavalos e principalmente a cachoeira. -- Suspirou lembrando. -- Faz tempo que não vou lá.
-- É dos meus pais, não minha. -- Admitiu rindo.
-- Ei. O papai e a mamãe vão jantar lá em casa hoje. -- Ele avisou.
-- Ah não! -- Eloá reclamou. -- Vamos ter que fingir sermos o casal melancólico e amoroso de novo, esse mês?
-- Sim, e de novo e de novo... Até não sei quando. -- Riu levantando do sofá. -- Amor você viu minha gravata vermelha? -- Fabricio encenava na frente dela.
-- Está na segunda gaveta querido. -- Eloá entrou na brincadeira. -- Querido abri aqui o pote da azeitona eu não consigo. -- Disse fazendo uma careta.
-- Pois não amor. -- Riram juntos. -- Ai amor tira esse vestido, não está combinado com a minha gravata vermelha. -- Fabrício dramatizava enquanto pegava e sua gravata.
-- Ei? -- Eloá reclamou. -- Essa frase é a minha. -- Eles gargalharam. -- Tu tem certeza que não é gay? -- Eloá perguntou cínica.
-- Ai amiga, pode ser saaabeee? -- Ele sentou-se e cruzou a perna enquanto olhava as unhas virando a mão de todo jeito.
Eloá gargalhou da palhaçada do “marido”. -- Vai trabalhar!
A atenção deles era divididas entre a empresa que estava progredindo rapidamente, a filha, suas brincadeiras de vez enquanto e seus respectivos relacionamentos, às escuras. Isso quando suas respectivas namoradas aceitavam a condição dos dois, a de serem casados de fachada. Eles haviam comprado um grande apartamento em um bairro que julgaram longe e seguro para viverem suas vidas tranquilos, longe das implicações dos pais de ambos. Mas ainda assim, eles sempre davam um jeito de visita-los, às vezes, surpresas no almoço de sábado ou domingo, jantares, e sempre queriam dar opinião na vida do casal e no modo que criavam a filha. O aborrecimento era muito, ainda mais com relação aos discursos preconceituosos de Carlos e Elder que sempre o apoiava.
Era domingo, Fabrício e Eloá haviam convidado suas respectivas namoradas e Marina, para passarem o domingo juntos. Eles não tinham empregados, para não correrem o risco de seus pais soubessem a verdade através de algum deles. Por isso contratavam diaristas, sempre diferentes ou as mesmas com intervalos longos. A única que não teve jeito foi a babá de Natelly, mas ela também não sabia sobre o segredo deles, na frente dela eles eram um casal normal. Mas assim que a filha completou seis anos a dispensaram, passando a revezarem-se para cuidar da pequena, mãe, pai e madrinha.
-- Amor, tira aqui o assado do forno. -- Fabrício pediu para a namorada, Rosana. Ele era quem cuidava do almoço, pois Eloá sua “esposa”, não tinha o menor jeito na cozinha.
-- Cadê a luva térmica? -- Rosana perguntou deixando os temperos que cortava de lado.
-- Ali. -- Fabrício mostrou.
Eloá estava sentada no sofá acompanhada de Caroline, uma loira, ela era sua nova namorada depois de Marina, já estavam juntas a três meses. Conversavam amenidades. Marina, brincava com Natelly sentadas no tapete.
-- Madrinha eu vou tomar banho e já volto. -- Explicou já deixando o tabuleiro de damas de lado.
-- Vai lá. -- Marina disse rindo. Levantou e sentou ao lado de Caroline e Eloá.
-- Perdeu de novo não foi? -- Eloá indagou Marina sorrindo.
-- Foi! -- Admitiu rindo. -- Ela é imbatível nesse troço. – Declarou e todas riram.
-- Tu tá é com sorte Mary, eu perdi um aposta e estou pagando até hoje. -- Fabrício disse da cozinha, dava para vê-las e ouvir o que falavam, cozinha e sala eram divididas apenas por um balcão que, também servia como uma mesa de almoço, lanches, para poucas pessoas.
-- Ela me disse. -- Riu. -- Mesada em dobro, vai seu besta, por isso que eu não aposto nada!
-- Ué... -- Eloá disse ao ouvir a campainha tocar. -- O porteiro nem interfonou. Está esperando alguém Mary?
-- Não! -- Afirmou.
Eloá deu de ombros e foi abrir a porta, pensava ser algum vizinho.
-- Pai? -- Disse surpresa e logo também viu a mãe, sogro e sogra. Eloá assim como os outros dentro do apartamento estavam paralisados.
-- Não vai nos convidar para entrar? -- Carlos indagou sorrindo, pois ainda não tinha visto ninguém lá dentro.
-- Ah claro, pai. -- Sorriu tensa, dando lugar para entrarem.
-- O que essa mulher está fazendo aqui, Eloá? -- Carlos inqueriu irritado assim que viu Marina sentada ao lado de Caroline no sofá. -- E ainda por cima traz uma outra mulhezinha que deve ser a sapatão dela. -- Ele se referia a Caroline.
-- Ei? -- Marina e Caroline reclamaram juntas, as denunciando que as palavras dele as incomodavam.
-- Pai, por favor! -- Eloá também o recriminou. -- A Marina é minha amiga, e a Carol... também. Então quer parar de ofendê-las!?
-- Fabrício, eu não sei porque você tolera essa pouca vergonha na sua casa. -- Carlos não deu ouvidos ao que a filha falou. -- A Natelly está crescendo no meio da safadeza dessas ai! -- Afirmou furioso.
-- É filho. -- Elder, concordou.
-- Carlos e Elder, querem parar com isso. -- Lúcia resolveu dizer alguma coisa.
-- Cala a boca Lúcia. -- Carlos disse para a esposa. -- E vocês duas ai, vão embora daqui. -- Ordenou.
-- Pai! -- Eloá gritou, estava com raiva e medo do pai. Olhou Marina, Caroline e depois Fabrício. Ela já estava com os olhos marejados. Fabrício andou da cozinha para a Sala a passos largos e sem conseguir conter a fúria que sentia acertou Carlos com um soco o fazendo cair sobre o sofá perto das outras duas que saíram de perto. Fabrício pegou no colarinho do sogro e ia proferir outro soco, mas foi segurado pelo pai.
-- Me larga! -- Gritou. -- Não vou fazer mais nada, não vale a pena! -- Confessou.
-- Mas eu vou! -- Marina pegou no colarinho da camisa que Carlos usava e o sacudiu com força e fitando de bem perto. -- Escuta aqui seu homofóbico desgraçado, se você me ofender mais uma vez ou ofender a Carol com seu preconceito idiota, eu não vou mais relevar, ouviu bem? Não vou pensar nem um segundo em te denunciar por homofobia, e faço questão de fazer algumas ligações e agilizar para que além de você responder a um processo na polícia também sofra as consequências da mídia sobre você, sobre o grande Advogado Carlos do Vale, e ai? Como a sociedade vai te ver depois disso? Sim, pois eu sou homossexual e não tenho vergonha do que sou e nem escondo, mas e você? O que vai dizer e fazer quando os repórteres a mídia, te julgarem um advogado homofobico de meia tigela que será depois disso, hein?
-- Você não seria capaz... -- Disse realmente aflito, pois o medo do julgamento da sociedade sobre a reputação dele e da família era grande.
-- Eu sou promotora pública doutor e graças a Deus soube fazer minha carreira muito bem em pouco tempo, pode não parecer, mas eu tenho muita influência e não vou poupar esforços em usa-la. Quer pagar pra ver? Quer? -- Marina estava furiosa olhando o homem a sua frente.
-- Madrinha, o que tá fazendo com o vovô? -- Natelly perguntou chegando a sala e vendo a cena.
-- Nada meu anjo. -- Soltou Carlos que, estava nervoso e furioso com a ação de Marina. -- Estava apenas tirando um empecilho do caminho. -- Disse séria e fitou a afilhada com um sorriso. -- Sabe o cisco no olho do vovô. – Declarou. – Não é vovô Carlos? – Marina bateu com o seu pé na perna dele.
-- Ah... é sim, minha linda. -- Riu forçado. -- Vem aqui dá um beijo no vovô.
Natelly correu para os braços dele e o abraçou.
-- Vô o que foi isso? -- Perguntou vendo um vestígio de sangue no canto da boca dele.
-- Não foi nada filha, vem cá com a vovó. -- Lúcia foi quem respondeu.
-- Filha, dá um abraço e um beijo em seus avós, que eles já estavam de saída! -- Fabrício revelou.
-- Mas já? -- Natelly indagou.
-- Já sim! -- Disse olhando em cada um deles ali e saiu rumo a cozinha. -- Amor? -- Fabricio gritou e como Rosana estava a seu lado Eloá soube que era Ela o amor.
-- Estou indo querido. -- Eloá respondeu já se dirigindo até ele.
-- Me desculpa, eu fiquei irritado. -- Ele pediu falando baixo.
-- Ei, não precisa me pedir desculpas, papai mereceu e ainda foi pouco! -- Declarou e lhe deu um abraço carinhoso. Eles eram observados da sala, por todos, mas principalmente por Carlos que, riu satisfeito, achando que o “casal” era perfeito.
Eloá estava indo para o apartamento de Caroline, a seu encontro, estavam comemorando dois anos de namoro, mas como Caroline costumava dizer, dois anos de amizade colorida, pois o relacionamento delas era dividido entre amizade, pois uma dava apoio a outra quando alguma delas estava com problemas e se curtiam e muito na cama, o sex* entre elas era ótimo. Mas elas não se amavam, não eram “amor da minha vida” uma da outra e ambas admitiam isso.
Eloá foi recebida muito bem com beijos, abraços, um jantar a duas maravilhoso, velas e vinho. Estavam agora na sala em um amaço gostoso sobre o sofá, depois de beberem uma garrafa toda de vinho entre conversas diversas.
-- Vamos pro quarto! -- Eloá disse ofegante levantando do sofá e puxando Caroline pelas mãos para o quarto. Elas se beijavam algumas vezes fazendo o percurso da sala até o quarto, esbarraram várias vezes em algumas coisas e riram.
O desejo entre elas era evidente, quase palpável, elas foram se despindo pelo caminho. Ao chegarem, Caroline a deitou na cama e tirou o resto de sua roupa, a beijando por todo o corpo a fazendo gem*r de prazer, estava à mercê daquela loira, olhos fechados somente sentindo os toques, os beijos, as mãos de Caroline a tocavam com posse, ela fazia Eloá contorcer-se de tesão. Eloá trocou de posição, deu um sorriso malicioso para Caroline e a beijou ardentemente segurando suas mãos acima de sua cabeça, fazendo com que ela implorasse para soltá-la.
-- Amor, me deixa tocá-la. -- Caroline pediu, podia soltar-se sem empecilhos, mas sempre evitava, sabia que Eloá gostava disso.
-- Quer me tocar? -- Perguntou agora ch*pando um de seus seios totalmente livres para ela, sugou com vontade e logo depois passou para o outro fazendo o mesmo, torturando cada vez mais a mulher embaixo de si.
-- Pe...lo a...mor amor de Deus, não me tortura... assim. -- Disse com dificuldade, deu certo, pois foi solta e sem perder tempo a agarrou num beijo profundo encaixando seus sex*s e rebol*ndo freneticamente em busca do ápice do momento.
-- Ahhh, assim... Eu vou... -- Gostosa. -- Caroline disse logo após goz*rem juntas. Eloá riu maliciosamente e recomeçou a beijando devagar, acariciando, ch*pando todo o corpo da loira a sua frente e ao chegar a seu alvo desejado, o ponto de prazer, o beijou o acariciou e a penetrou com a língua, ch*pou proporcionando todo prazer para aquela linda mulher que rebol*va os quadris em busca de mais contato e prazer.
-- Assim, me penetra... -- Caroline pediu e foi atendida... -- Mais fooorteeee! -- Gritou alto goz*ndo. Eloá subiu e a beijou, fazendo ela sentir o próprio gosto.
-- Cansada? -- Perguntou ao ver Eloá deitar em seu peito depois do beijo e ficando em silencio.
-- Muito! -- Admitiu sem mexer-se. -- Carol, tudo isso está me sufocando. --Confessou. -- Tem hora que me dá vontade de chutar o pau da barraca, jogar tudo pro alto e sumir! -- Suspirou forte, sentindo o carinho da loira em sua costa. -- Mas meu pai me abominaria. -- Começou a chorar. -- Ele é homofóbico e não esconde de ninguém Cá.
-- Ei. -- Caroline a abraçou forte e depois a fez olhá-la. -- Calma está bem? Na hora certa você vai saber o que fazer, vai ter coragem de enfrenta-lo, sempre temos, sempre podemos... E você vai conseguir agir como quer, na hora que achar necessário! -- Carol tentava acalma-la. -- Ele ainda ofendeu a Marina depois que ela disse que o denunciaria?
-- Não. Pelo menos isso. Eu não sei como ela aguentou tanto tempo. Quer dizer, eu sei sim, foi por mim e pela Natelly que, ama o avô.
-- Vai ficar tudo bem, meu anjo. -- Carol a beijou nos lábios. -- Vamos dormir, você está cansada e ainda tem aquela entrega no banco. Eloá porque você trouxe todo esse dinheiro para cá? Você deveria ter deixando na empresa e amanhã pegava. -- Caroline lembrou, estava preocupada.
-- Eu sei, mas eu vou cedo no banco e também não queria ter que voltar lá pra pegar o dinheiro, vou ter que ir para o Rio amanhã e ainda nem reservei a passagem. Ah amor, são tantas coisas pra fazer, só queria adiantar alguma e ainda tinha nosso jantar. -- Confessou sorrindo e Caroline a acompanhou.
-- Agora vem, vamos dormir.
Eles dormiram rapidamente e logo cedo Eloá levantou, arrumou-se e despediu-se de Carol com um beijo longo.
-- Me liga assim que sair do banco. -- Caroline pediu, estava terminando de vestir seu uniforme, era policial civil.
-- Ok. Tchau.
-- Tchau e cuidado! Não, espera. -- Pensou melhor. -- Eu vou com você!
-- Não se preocupe amor. A Marina está te esperando já. Eu te ligo assim que sair do banco.
Eloá saiu a passos rápidos do apartamento pegou o elevador e saiu no estacionamento caminhando apressada para o carro com a maleta na mão direita e sua bolsa no ombro esquerdo, ao chegar no carro pegou sua chave e o destravou, abriu a porta do carro e pôs a maleta e bolsa e quando ia entrando, foi puxada violentamente por um Homem encapuzado e forte. Ele a segurava com o braço esquerdo envolvendo o seu pescoço e com a direita segurava uma arma apontada para sua cabeça.
-- Socorro! -- Eloá gritou, tentou, pois sua voz quase não foi escutada nem por ela. Estava em pânico, e já chorava.
-- Cala essa boca vadia! Se abrir ela de novo sem eu permitir eu atiro! -- O homem de voz grossa a ameaçou. -- O que tem na maleta?
-- Papeis. -- Eloá nem soube direito porque mentiu.
-- É mentira vagabunda! Fala a verdade, eu sei que tem grana, tu é muito rica. Olha só o seu carro, é de gente rica, eu sei. Entra. -- Ordenou. -- Tu vai ser minha garantia pra sair daqui.
-- Não, por favor, tem muito dinheiro nela, pode levar, leva tudo o carro também, mas me deixa aqui, por favor! -- Eloá chorava desesperada. Era muito cedo e não tinha ninguém no estacionamento além deles dois.
Carol estava saindo do elevador e viu Eloá sendo puxada por um homem quando iria entrar no seu carro. Havia vestindo-se rapidamente, pois tinha decidido acompanha-la ao banco.
-- Marina depois te ligo!
-- O quê? -- Marina ainda indagou, mas Caroline desligou o celular e sacou sua arma.
Eloá estava com quinhentos mil reais na maleta e agora estava quase morrendo sendo enforcada por um grandalhão encapuzado. Carol rapidamente acionou a polícia e ficou estudando o momento exato para atacar sem que a namorada corresse algum risco.
-- Entra na porr* desse carro! -- O homem gritou.
-- Não, por favor, me deixa aqui. -- Eloá negava-se a entrar no carro. O homem furioso apertou o braço muito mais forte e Eloá começou a ficar sem ar. Mas ele distraíra-se tanto no empenho de colocá-la no carro, que não percebeu a chegada de Caroline, por trás de si, saindo do lado de uma das colunas de sustentação do lugar e o desarmando sem nenhuma resistência.
-- Solta ela ou eu atiro! -- Caroline estava com sua arma encostada na cabeça dele, na parte de trás.
O homem soltou Eloá imediatamente, já que não tinha muitas opções. Eloá correu para trás da namorada chorando que nem uma criança assustada. Por pouco não agarrou-se em Caroline te tanto medo que sentia.
-- Põe as mãos no teto do carro e encosta nele!
-- Ah bonitinha...
-- Põe a porr* das mãos no carro e encosta! – Caroline gritou apertando o cano de sua arma na nuca dele. Ele rapidamente a obedeceu, tinha ficado apavorado. E logo ouviram as sirenes da polícia chegando ao local. Ele foi algemado e levado no comboio da polícia civil.
Eloá agarrou-se em Caroline assim que teve a chance, chorava ainda angustiada, com medo.
-- Calma amor! -- Caroline a abraçava forte. -- Vamos subir, vem.
-- Magalhães? -- Um colega chamou por Caroline e ela o olhou ainda amparando a namorada. -- Depois leva sua amiga para depor. -- Avisou cínico fazendo aspas na palavra, amiga.
-- Eu sei o que tenho que fazer Vargas! -- Virou-se e continuou andando para subirem.
-- A sua promotora sabe que você trai ela com essa ai? -- Proferiu descarado querendo irritar Caroline e conseguiu.
-- Escuta aqui seu imbecil. -- Caroline o agarrou no pescoço com as duas mãos. -- Vai caçar o que fazer antes que eu te parta a cara aqui mesmo. E me respeita ou isso vai chegar a seu superior ouviu bem?
-- Magalhães, ele entendeu. -- Um outro colega resolveu intervir e Caroline o soltou. Vargas estava com o rosto vermelho, tanto pelo aperto quanto de raiva. -- Cuida da loira e depois você já sabe. Eu vou designar outro policial para acompanhar a senhorita Albuquerque. -- Completou avisando a colega. -- Vargas pro carro agora!
Caroline levou Eloá de volta para seu apartamento, ela ainda chorava nervosa.
-- Amor, bebe. -- Caroline lhe entregou um copo com água e açúcar. -- Ei. -- Caroline a abraçou confortando.
-- Eu fiquei com tanto medo de morrer Cá. -- Eloá chorava baixinho apertando-se mais no abraço da namorada.
-- Já passou meu amor, já passou. Você está aqui, comigo, está bem? -- Caroline a fez olhá-la e a beijou com carinho. -- Eu não deixaria que ele te machucasse, não mesmo! -- Revelou e sorriu. -- Você vai ficar bem! -- Disse sorrindo.
-- Obrigada! -- Eloá sorriu agradecida e deu um beijo na namorada.
-- Não foi nada, meu anjo...
-- Ah não quero mais fazer nada hoje, eu não tenho condições de nada! -- Eloá admitiu. -- Você estava certa Cá, eu fui uma idiota por estar andando com esse dinheiro todo assim.
-- Ei. Para de se culpar, está bem? Aconteceu. E eu não disse que era idiota, disse que devia ter deixando ele na empresa. -- Sorriu.
-- Eu sei... Cá o que eu faço agora?
-- Sobre o quê?
-- Sobre tudo! Eu estou tremendo até agora, e estou morrendo de medo de botar a cara fora daqui. -- Confessou triste.
-- É normal amor, você passou por uma situação horrível. Mas eu já tinha pensado em algo, só não te falei, sei lá... Mas agora vejo que eu também fui uma tola.
-- O que você não me disse? -- Eloá estava curiosa.
-- Eloá você vai fazer aula de defesa pessoal e tiro! -- Advertiu séria.
-- O que? Mas... tiro? Eu nem tenho arma.
-- Mas vai ter de hoje em diante. -- Revelou. -- Eu vou providenciar tudo. Eu mesma vou te ensinar. E cuidar da licença de uma arma para você.
-- Tem certeza? Digo... eu sou tão medrosa. -- Riu fraca. -- Amor, eu já peguei sua arma e ela é... pesada! Se eu der um tiro com ela, eu caio longe, tenho certeza... -- Admitiu. -- Não sou como você que atira tão fácil e derruba os grandalhões numa boa...
-- Eu aprendi tudo isso, é você também vai! A Marina já está fazendo, e você vai fazer, querendo ou não Eloá. -- Foi incisiva. -- Ou é isso ou no mínimo dois seguranças na tua cola dia e noite pra onde você for. Escolhe.
-- Tudo bem. -- Rendeu-se. -- Quando começamos? -- Indagou sorrindo e ganhou um sorriso e um beijo de contentamento da loira.
-- É assim que se fala!
Já faziam quase sete meses que Eloá estava dedicada em aprender tudo que Caroline lhe ensinava e a cada aula de defesa pessoal e de tiros Eloá sentia-se mais segura para enfrentar o que viesse, saberia se defender, mas ainda assim, sempre rezava para que nada lhe acontecesse nunca mais. Sua experiência a meses atrás não fora nada boa. As aulas eram divertidas até certo ponto, pois Caroline sempre levava a sério, queria que ela aprendesse a defender-se com maestria. Eloá perguntou a namorada se ela tinha aprendido tudo o que lhe ensinava, na polícia, Caroline riu e disse que um pouco sim, mas tivera um professor particular e, ai sim, foi quando realmente se sentiu apta a enfrentar os perigos da profissão.
Eloá estava dirigindo o seu carro calmamente na rua da escola da filha, cassando uma vaga para estacionar para pegar Natelly e irem para casa, pois Fabrício as aguardava para almoçarem juntos aquele dia. Era quarta-feira e logo mais, à noite, ele iria viajar a trabalho para voltar apenas na sexta.
Eloá finalmente achou uma vaga um pouco antes do portão da escola onde a Filha estudava e ao olhar para o mesmo avistou Natelly sendo quase arrastada por uma estranha. Desesperou-se de imediato, saiu do carro o largado atravessado no espaço e com a porta aberta. E enquanto corria, lembrou do conselho da namorada, “desespero é o primeiro que aparece, eu sei, mas acalme-se, acalme-se, e saberá agir”.
-- Natelly? -- Eloá gritou pela filha que, a olhou e sorriu, mas consequentemente a desconhecida também, e Eloá descobriu tarde que deveria ter ficado de boca fechada, pois ainda estava a uns quinze metros longe da filha. Viu quando a mulher começou a correr puxando a sua filha junto.
-- Mãe? -- Natelly gritou, agora estava desesperada ao perceber o que acontecia.
-- Segurem essa mulher! -- Eloá gritou correndo mais rápido. -- Péssimo dia pra se usar salto difícil de tirar. -- Eloá nem soube explicar como estava conseguindo correr tão rápido com o salto fino que usava e a saia social justa, um pouco acima dos joelhos.
-- Mãêeee? -- Natelly gritou, quando finalmente a mulher conseguiu a enfiar no carro.
-- Larga minha filha sua vagabunda! -- Eloá a puxou pelos cabelos pitados de um loiro esquisito, e a jogou no chão com uma rasteira nas pernas. A mulher caiu forte de costa no chão. -- Filha sai do carro. -- Eloá pediu e Natelly a obedeceu. Já havia pessoas as olhando curiosos, pais de outros alunos e outros que passavam na rua no momento. A mulher debatia-se embaixo de Eloá que, estava sentada sobre ela e segurava seus braços acima da cabeça.
-- Me largar! -- Gritou ainda debatendo-se.
-- Eu vou sim. -- Eloá liberou sua mão direita segurando os braços dela apenas com a esquerda e começou a proferir tapas de um lado e outro do rosto da estranha que, gritava e já chorava de dor. Depois que Eloá deu-se por satisfeita, saiu de cima dela e a fez levantar a puxando pelos dois braços. Ela ainda tentou fugir, mas Eloá a pegou de volta a imprensou de encontro ao próprio carro e segurou firme seus pulsos os prendendo atrás dela.
-- Alguém me empresta um celular? -- Pediu olhando as pessoas em volta e logo um homem se manifestou. -- Digita os seguintes números. -- Eloá disse e o homem digitou e colocou no viva voz. -- Filha não chora, mamãe está aqui tá bom. -- Disse olhando a filha a um metro de distância dela. -- Fique quieta vagabunda, ou eu faço tu apagar de vez! -- Eloá avisou, pois a mulher não parava de debater-se querendo soltar-se. -- Vamos amor, atente isso!
-- Alô? -- Caroline disse ríspida.
-- Cá, sou eu.
-- Eloá? O que houve? Que número é esse?
-- Cá, tentaram levar a Naty, mas eu estou com a vadia aqui. O que eu faço?
-- Está na escola da Naty?
-- É.
-- A polícia chega em cinco minutos, segura ela ai! Já eu chego também! -- Desligou.
-- Olha ou tu se cala e para de tentar fugir ou eu te quebro toda, já falei! -- Eloá tinha a pego em uma chave de braço e apertava o pescoço dela até onde sabia que suportaria, mas com bastante sofrimento. -- Ótimo! -- Eloá disse a soltando no pescoço, quando ficou quieta.
E como prometido por Caroline a polícia chegou rápido, algemou a mulher e a colocou no carro.
Eloá assim que pode abraçou e confortou a filha, que até então estava sendo amparada pela mãe de outro aluno.
-- A mamãe está aqui, ninguém vai te fazer mal meu anjo. -- Declarou ainda a abraçando. -- Não vou deixar. -- Eloá estava ajoelhada na frente da filha e agora a fitava sorrindo. -- Confia na mamãe?
-- Aram. -- Sorriu e a abraçou novamente. -- Desculpa mãe, ela disse que era sua amiga e que a senhora tinha dito para ela vir me buscar. -- Explicou começando a chorar novamente.
-- Não chora meu anjo. -- Pediu. -- Você não teve culpa, mas depois conversamos sobre isso, está bem. Agora eu quero um sorriso lindo. -- Disse sorrindo. -- Eu quero beija muito as covinhas que amo, amo, amo muito! -- Admitiu. E logo Natelly sorriu e foi beijada várias vezes pela mãe.
-- Amor? Gatinha? -- Caroline chegou as chamando. Estava toda fardada e com o colete a prova de balas. -- Graças a Deus que estão bem! -- Abaixou-se se juntando a elas, dando um beijo no rosto de cada uma. -- E ai gatinha, você e machucou? Quer alguma coisa? -- Perguntou fitando a menina.
-- Não tia Cá, estou bem. Só quero ir pra casa! -- Revelou olhando a loira.
-- Tudo bem, vem vamos pra casa. -- Caroline levantou-se e abriu os braços chamando Natelly que, logo já estava no colo dela.
-- A senhora vai com a gente também? -- Natelly perguntou enquanto mexia no colete. -- Isso é duro! -- Declarou sorrindo.
-- É. Tem que ser para parar uma bala do bandido e não me ferir! -- Revelou sorrindo. -- Mas eu não vou pra casa agora linda, tenho que trabalhar, só dei uma fugidinha rápida para te ver e ver sua mãe. -- Confessou e fitou Eloá a seu lado. -- Você e ela vão ter ir na delegacia ainda hoje. -- Advertiu.
-- Tudo bem. -- Suspirou. -- Eu converso com ela e depois nós vamos. -- Fitou o carro, estava do mesmo jeito que havia deixado. -- Larguei o carro assim que vi ela a levando. -- Declarou.
-- Foi preciso. -- Sorriu.
-- Tia Cá essa arma gigante é pesada né? -- Se referia a metralhadora que estava na costa de Caroline, presa pela alça.
-- Um pouco. -- Sorriu colocando ela no brando detrás do carro. -- Depois eu te explico sobre tudo que eu uso para trabalhar, está bem?
-- Tá bom! -- Sorriu de volta e Caroline a beijou no rosto e fechou a porta.
-- Queria tanto de dar um beijo! -- Caroline admitiu abraçando Eloá.
-- Eu também. Mas você está a trabalho. -- Sorriu. -- E a Naty está nos olhando. -- Avisou.
-- Eu sei. -- Sorriu a fitando. -- Hoje à noite nos vemos? -- Perguntou maliciosa.
-- Fabrício vai viajar e...
-- Ahhh. -- Caroline reclamou, pois assim Eloá não poderia ir para seu apartamento. -- Quer dizer que vai ser só “ver” mesmo?
-- É. -- Riu.
-- Magalhães? -- Chamaram por Caroline.
-- Tenho que ir. Beijo. -- Caroline beijou o rosto de Eloá e saiu.
-- Tchau.
Eloá foi para casa, conversou com Fabrício sobre o ocorrido, ele deveras preocupado com ambas, resolveu não viajar mais. Os dois e a filha foram na delegacia, Eloá e Natelly deram os depoimentos e quando voltaram para casa já era noite. Natelly era mimada o tempo todo pelos pais, pela madrinha e por Caroline que, estava também muito preocupada com a namorada e sua filha, as revelações sobre a tentativa de sequestro não lhe foram agradáveis.
-- Ela dormiu? -- Caroline perguntou ao entrar no quarto de Natelly e vendo Eloá deitada ao lado dela.
-- Sim. -- Disse baixo.
-- Vem, vamos pra sala. Quero conversar com vocês. -- Declarou baixo e depois deu um beijo na menina.
-- Tá bom. -- Concordou e elas saíram.
-- Oi Mary. -- Eloá cumprimentou a amiga.
-- Tudo bem? Fabrício me contou o que houve. -- Marina disse preocupada.
-- Pois é, mas ela está bem agora. -- Eloá respondeu e sentou-se ao lado da namorada. -- Sobre o que quer conversar Cá?
-- Olha eu não sou de enrolar então... É o seguinte, a mulher que tentou levar a Naty fazia parte de uma quadrilha e eles estavam arquitetando o seu sequestro também. -- Revelou. -- Eles vinham te seguindo, te acompanhando pelas sua redes sociais entre outras coisas. Mas já estão todos presos, eles não esperavam que você impedisse a ação da mulher e ela pra não ser presa sozinha delatou a todos e deu detalhes de tudo.
-- Meu Deus, que droga. Eu nunca vou ter paz não? -- Eloá estava irritada.
-- Ei, calma. -- Caroline pediu. – Eloá, Fabrício e Marina. -- Disse olhando cada um deles. -- Vocês vão ter que redobrar a atenção com a Naty, e com vocês próprio. -- Advertiu séria. -- A primeira coisa a ser feita é trocar ela de escola, e advertir as outras seriamente quanto a entregar a Naty para qualquer um. E a segunda é excluir todas as redes sociais que vocês tem, todas! -- Foi incisiva. -- E nada de ter mais nenhuma daqui para frente, e se a Natelly quiser uma, expliquem porque ela não pode ter, nada de fotos pessoais em internet. A terceira é, a Natelly vai começar a ter aula de defesa pessoal e ter um segurança.
-- Mas ela é uma criança, só tem oito anos. -- Eloá ressaltou.
-- Melhor ainda, o corpo já vai começando a ser exercitado, vai ser bom para ela, e outra, não necessariamente tem que ser a defesa pessoal pode ser uma arte marcial, Judô, Karatê... Olha eu sei que é meio complicado, mas é para o bem de vocês. -- Explicou.
-- Tá eu topo tudo! -- Marina avisou sorrindo.
-- Eu também! -- Proferiu Fabrício.
-- E você amor? -- Caroline indagou.
-- Eu aceito!
-- Ótimo. -- Carolina a abraçou contente.
Os três fizeram o combinado e seguiram com suas vidas normalmente. Fabrício já não namorava mais com Rosana, mas a separação deles foi amigável, estavam apenas esperando os ânimos acalmarem, o que não demorou muito, pois logo retomaram a relação de amigos, passando a conviverem normalmente, pois também passaram a trabalharem juntos no mesmo setor da empresa. E foi lá que Fabrício conheceu Camila Tolledo que, coincidentemente ou não, fora apresentada por Rosana. Camila era secretaria executiva e havia acabado de mudar-se para Florianópolis e precisava do emprego. Fabrício a encaminhou para falar com Eloá que, não se opôs em contratá-la. Camila passou a ser sua secretária. Depois de três meses de Camila estar trabalhando na empresa, não conseguia esconder de Eloá que tinha se apaixonado pele marido dela e pior, não tinha mais como sorrir desavergonhada para sua chefe e esconder que também tinha trans*do com o marido dela. Eloá, já sabia de tudo, pois Fabrício lhe contara e revelado que estava completamente apaixonado por Camila e que havia pedido para ela desistir da demissão e pedido uma conversa. Mas Camila se negava a sequer deixa-lo chegar perto dela, pois era casado e não queria destruir o seu casamento com Eloá.
-- Eloá ela vai pedir demissão, não deixe! -- Fabrício entrou em sua sala a assustando.
-- Quem? Porque? -- Indagou ainda confusa olhando o homem angustiado a sua frente.
-- A Camila! -- Ele andava de um lado para o outro na frente da mesa onde Eloá estava lendo alguns papeis antes da chegada dele.
-- O que? Ela não pode fazer isso! -- Eloá levantou e rodeou a mesa indo até o “marido”. -- Por isso ela não veio trabalhar hoje. -- Constatou. -- Você ainda não conversou com ela né?
-- Não. Eu... Eloá eu ainda não me sinto seguro para fazer essa proposta a ela. E se ela me rejeitar mais ainda, eu a amo, não suportaria isso! -- Admitiu com os olhos marejados. -- E só tem três meses que nos conhecemos, e fico com medo dela me rejeitar depois de saber toda a verdade e depois contar para nossos pais, para alguém, sei lá, que o nosso casamento é só fachada. Eu confio nela, mas mesmo assim ainda tenho medo. -- Confessou preocupado.
-- Fica calmo, eu vou ligar para ela, e marcaremos uma conversa, nós três.
-- Mas...
-- Nada de mais. -- Eloá sorriu, nuca tinha visto o amigo/marido tão angustiado, preocupado, ele realmente tinha encontrado o seu amor. -- Vou ligar, e logo resolveremos isso. Se ela te ama, ela vai entender, vai ver. Vem cá. -- Eloá o abraçou com carinho. -- Eu ligarei disfarçando o que já sei, e ela não desconfiará de nada, aceitará se encontrar comigo, aqui ou em outro lugar. Ai resolvemos tudo. -- Explicou fitando Fabrício.
-- Tem certeza?
-- Absoluta.
Eloá estava sentada no sofá da sala da casa de Camila tomando um vinho e conversava amistosamente, mas Camila não conseguia esconder a tensão que sentia com a presença de Eloá ali. Eloá sorriu tentando acalmá-la, mas isso só aumentou a culpa que Camila sentia. Eloá percebeu e resolveu começar a falar o que realmente fora fazer.
-- Camila você ama o Fabrício? -- Eloá foi diretamente ao ponto e Camila que sorria meio forçado, fechou a cara com o que escutou, pensou ter ouvido errado, efeito do vinho, mas não havia bebido quase nada, começou a rir novamente pensando ser uma brincadeira da mulher a sua frente.
-- Você está de brincadeira né? Isso só pode ser uma piada, vocês são casados, não, não... -- Falou forçando um sorriso ainda encarando como uma brincadeira.
-- Camila eu sei tudo sobre você e o Fabrício. -- Confessou e logo viu Camila começar um choro desesperado.
-- Me perdoa, eu não queria, me desculpa... -- Pedia chorando. Eloá levantou e foi até ela a fazendo olha-la.
-- Camila é verdade, somos casados, moramos na mesma casa. Porém não nos amamos como marido e mulher, não fazemos sex*, beijos, nada do tipo, dormimos em quartos separados, só é fachada. Fabrício te ama e muito, por isso estamos aqui.
-- Estamos? -- Camila olhou para a porta e viu Fabrício entrando e indo até ela.
-- Meu amor é verdade, eu e Eloá somos casados sim, mas não vivemos como marido e mulher, você sabe intimamente. Somente no papel e diante nossos pais.
Camila levantou e começou a andar de um lado para o outro. Pensando que aquilo só podia ser um pesadelo. Voou em Fabrício o pegando pela camisa e o sacudindo.
-- É verdade mesmo? -- Perguntou num misto de angustia e alivio.
-- Sim. É verdade amor. Eu e ela não temos nada, somos amigos te juro, eu amo você e quero que me perdoe por não ter te contado antes, me perdoa Camila, eu te amo, quero construir uma família com você.
Camila já chorava, mas agora de felicidade largou a camisa dele se jogou no sofá, estava ainda confusa. Eloá que até o momento só observava sentou a seu lado e pegou em suas mãos que a princípio demonstraram resistência, mas Camila as cedeu.
-- Fabrício vai pegar um copo com água... Camila olha pra mim.
Camila levantou a cabeça e olhou nos olhos de Eloá. Eloá enxugou suas lágrimas.
-- Mas por quê? Se não se amam porque não se divorciam?
-- Ai é que está. -- Eloá suspirou. -- Tem muita coisa envolvida, negócios familiares, tanto financeiros quanto sentimentais, é uma cobrança de nossos pais, e que estamos metidos até o pescoço. E também tem o preconceito por parte de minha família.
-- Eloá, não é somente da sua. -- Disse Fabrício entregando o copo com água para Eloá que deu para Camila beber.
-- Verdade! De nossas famílias e por isso ainda não nos divorciamos.
-- Mas que tipo de preconceito? Eu não entendi.
Eloá olhou para Fabrício e, ele foi quem desfez o silencio
-- Pode falar, Camila não tem esses preconceitos.
-- Mas do que vocês estão falando, da pra me dizer?
-- Camila, eu sou homossexual! -- Disse Eloá sem rodeio dessa vez.
Camila ficou boquiaberta com o que escutou, ficou confusa, feliz, triste por Eloá ter que viver se escondendo.
-- Serio?
Eloá riu. -- Sério Camila, entende agora nosso desespero? Eu tenho que viver de fachada por não ter coragem de enfrentar meus pais e pelos outros motivos que já te disse. Tenho uma namorada também, mas não vem ao caso. E tem um porém também. -- Suspirou, agora vinha a parte mais delicada. -- O casamento de fachada vai ter que continuar por uns tempos e mais um pequeno detalhe, a nossa filha ainda não pode saber de tudo isso. -- Advertiu. -- O certo é que Fabrício te ama e quer ficar com você, você nos perdoa?
Camila ficou pensando, era muita informação para absorver, eles já tinham uma filha juntos, mas como se Eloá era homossexual? Perdoaria eles? Entendia a situação deles, ela não tinha preconceitos e achava um absurdo que existissem pessoas com tal, era difícil aquela situação. Mas amava Fabrício e Eloá já tinha tornado sua amiga, não tinha nada a perder, confiava neles.
-- E ai amor, você vai ficar comigo?
Camila olhou de um para o outro, eles a fitavam com expectativa.
-- Natelly é... ela foi feita... digamos pelo modo natural das coisas?
Os dois riram e Eloá respondeu. -- Você quer dizer sex*? Não vamos mentir Camila, estamos aqui para dizer a verdade e a verdade é que sim, Natelly foi feita naturalmente, mas digamos que foi um pequeno deslize, estávamos em lua de mel, cada um com seus pensamentos, cada um pensando que o outro o amava, enfim... Era a lua de mel, um não queria decepcionar o outro, então aconteceu. A verdade é que foi a primeira e única vez!
-- Ah sim... -- Ainda estava pondo os pensamentos em ordem.
-- Então? -- Fabrício estava apreensivo, amava Camila e muito.
-- Vocês são loucos! E eu só posso está também, porque perdoou vocês e aceito a condição.
Fabrício a abraçou forte a beijou, estava feliz, muito feliz...
-- Obrigado, obrigado, te amo, te amo muito meu amor.
Estavam todos felizes, Eloá sentou no sofá e lembrou da mesma conversa que teve com Marina e depois com Caroline, sua atual namorada, que depois de muitos pedidos de desculpa também havia aceitado ficar com ela. Olhou para os dois a sua frente, estavam felizes assim.
-- E o meu abraço? Também quero um. -- Eloá reclamou.
-- Fabrício quer parar de andar de um lado para o outro, eu estou ficando tonta caramba! -- Caroline foi que reclamou rindo, vendo o amigo andar de um lado para o outro na sala de espera do hospital. Camila estava na sala de parto, estava dando à luz a segunda filha de Fabrício e a primeira do casal. Caroline quem havia levado Camila para o hospital, pois elas estavam juntas indo ao encontro dele e de Eloá em um restaurante, era domingo.
-- Fá, ela vai ficar bem, já já Gabriele nasce. -- Eloá tentou acalmá-lo.
-- Eu não consigo! -- Admitiu.
Logo eles viram a saída do médico avisando que a menina e a mãe estavam ótimas. Todos comemoraram e entraram para vê-las... Fabrício havia constituído mais uma família. Ele tinha certeza que tinha encontrado o amor verdadeiro com Camila. Embora tivesse que desdobrar-se entre seu casamento de fachada e o seu casamento verdadeiro, ele não ligava para o cansaço, estava feliz. E tinha o apoio de todos, Eloá, Caroline, Marina...
Eloá também estava levando a vida feliz, apesar dos pesares, era muito feliz com os velhos e novos amigos. E seu relacionamento com Caroline estava seguindo sem empecilhos, elas se curtiam e se amavam, embora amigavelmente, mas isso era um ponto a mais na relação delas. Eloá sempre a alertava, caso Caroline encontrasse um amor, sentisse que estava apaixonada por outra mulher, poderia lhe contar sem problemas. E isso não demorou a acontecer. Um dia depois de um relacionamento de quase seis anos, Caroline revelou que estava gostando de outra mulher. Eloá havia ficado um pouco triste, mas a apoiou, elas conversaram e a separação foi amena, passando a conviverem apenas como boas amigas que eram.
Natelly já estava com doze anos e ainda relutava com as aulas de defesa pessoal que, eram dadas por Caroline, só que agora eram mais intensas com golpes difíceis, Caroline havia deixado a parte lúdica de lado, achava que já estava na hora de Natelly realmente aprender a se defender sozinha.
-- Tia tá bom, eu já estou cansada! -- Natelly reclamou olhando Caroline.
-- Naty você está reclamando muito ultimamente. -- Declarou séria.
-- Poxa tia, é aula desse troço, aula na escola, aula de espanhol, aula disso, daquilo, os trabalhos da escola... Eu não vou poder ter uma vida normal nunca? Meus amigos tem as redes sociais deles, postam as fotos e tudo mais, e eu tenho que andar com o “positivo” na minha cola tempo todo, saco!
-- Naty... -- Caroline suspirou entendendo-a. E riu como ela se referiu ao segurança pessoal dela o “positivo”. -- Você reclama igual sua mãe reclamava! -- Revelou sorrindo. -- Colocando argumentos querendo me fazer amolecer.
-- Deu certo? -- Natelly riu deixando aparecer suas lindas covinhas, no rosto vermelho e suado, os cabelos castanhos amarados em uma rabo de cavalo.
-- Olha não tinha dado não. -- Confessou rindo. -- Mas essas covinhas ai sim!
-- Maneiro! -- Abraçou Caroline contente. -- Vou tomar um banho e arrumar minha roupa, mamãe vai me levar pra fazenda e me ensinar a cavalgar.
-- Espera. -- Caroline a chamou e ela parou a olhando. -- A Eloá está mesmo tendo um caso com a Lígia?
Natelly riu com a pergunta. Eloá tinha lhe contado toda a verdade sobre o casamento de fachada, quando ela tinha onze anos, isso, porque ela tinha visto um beijo da mãe e Caroline o beijo da despedida. -- Está com ciúmes? -- Indagou cínica.
-- Claro que não! É que ouvi o seu avô Carlos comentar algo de que lá na empresa estava tendo esse bafafá. Ele estava puto com a história. -- Declarou irritada com o homem.
-- Mas é fofoca mesmo, a mamãe e ela não tem nada uma com a outra. -- Suspirou cansada. -- O povo fala demais, a Lígia pode até gostar da mamãe, mas, sabe que ela é casada e não está afim de se meter nessa, afinal ela não sabe do casamento de fachada. -- Explicou.
-- A Eloá não gosta dela? Digo para...
-- Ela disse que não, mas eu desconfio que a Lígia a atrai sim, mas... não sei, faz pouco tempo que elas se conhecem, ela não pode arriscar entende?
-- Eu sei, falta a confiança. Foi assim comigo também, quando a conheci, através da Marina, ela não usava a aliança e eu me animei, e depois quando nos encontrávamos ela sempre ia sem, pensei realmente que ela era livre. -- Riu. -- De certa forma era, mas enfim...
-- É raro ela usar a aliança, sempre tira. Só usa quando vai pra empresa ou pra casa do vovô e reveza entre um dedo e outro. Ela não gosta que fique a marca. -- Riu. -- Diz que atrapalha...
-- Na paquera. -- Caroline completou rindo.
-- Poisé, só agora eu entendo o porquê de tudo isso. Quanto eu perguntava antes porque ela tirava a aliança, ela dizia que estava muito apertada.
-- Boa desculpa. -- Riu. -- Vai banhar, vou arrumar os tatames.
-- Valeu tia. -- Correu para o quarto.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
thais
Em: 31/03/2017
Autora, estou adorando a leitura, principalmente a forma como entrou na história da Amanda/Elóa neste cap nos mostrando sua personalidade, os acontecimentos e fatos até aqui... Ficou bem casado a junção dos acontecimentos e a forma com que voce colocou e abordou tudo, sabe, não ficou aquela coisa meio atropelada meio sem concordancia nos acontecimentos.... gostiiii !!! rsrs
Bora continuar, espero que tudo dê certo.... to até vendo que agora começa o sofrimento da Sam e o nosso tbm neh !!! Beijos !
Resposta do autor:
Olá Thais,
Muito obrigada pelas colocações!
Fico feliz em agradar com a história e espero ser assim até o fim.
Grande beijo.
[Faça o login para poder comentar]
rhina
Em: 26/01/2017
OOi.
Bom dia.
capítulo. .....os detalhes. ....a amizade....o caráter. ...o envolvimento dos personagens. .....
Eloá tem um carisma natural que conquista.......e as mulheres que entrou em sua vida também são mulheres maravilhosas......
e você autora as conduz com esmero ....me encanta e fascina
rhina
Resposta do autor:
Oi Rhina,
Obrigada, muito obrigada mesmo. Feliz em te agradar com Duas Vidas...
Beijão no coração.
[Faça o login para poder comentar]
Deixe seu comentário sobre a capitulo usando seu Facebook:
[Faça o login para poder comentar]