Capítulo 17
Samantha chegou freando o carro bruscamente na entrada de emergência do hospital, foi logo saltando dele e abrindo a porta traseira pegando Amanda no colo.
-- Samantha, o que houve? -- Olavo já estava de prontidão com uma maca e alguns enfermeiros.
-- Ela bateu forte com a cabeça, acho que ela está com um coágulo. -- Respondeu colocando Amanda deitada na maca. Boa parte dos cabelos e do vestido de Amanda estavam banhados em sangue. -- Filha vem. -- Samantha pegou na mão de Agatha que, ainda chorava baixinho e a levou consigo, acompanhando Amanda sendo conduzida rapidamente pelos enfermeiros e Olavo já a examinado.
-- Ela vai ter que ser operada. -- Olavo declarou olhando Samantha. -- Ele é pequeno, mas está em uma área delicada. -- Advertiu, para desespero maior de Samantha. -- Vamos rápido! Anestesia geral. -- Olavo, avisou ao chegarem a entrada da sala preparada para a cirurgia.
-- Ei? -- Samantha chamou uma enfermeira que ia entrando na sala a sua frente. -- Fica com ela até... -- Samantha se referia a filha, mas Olavo interviu.
-- Samantha, Não! -- Foi incisivo. -- Você não vai acompanhar a cirurgia!
-- Mas... -- Tentou rebater.
-- Já disse que não! Você lá dentro só vai atrapalhar, ela é sua namorada, portanto se eu deixar você entrar estarei negligenciando as normas. E olha o seu estado e o de sua filha. -- Apontou Agatha que, chorava. -- Cuida dela, ela precisa de você! -- Ordenou. -- Eu cuido da Amanda. -- Disse e entrou na sala.
-- Filha, me perdoa, me perdoa... -- Samantha ajoelhou-se na frente dela e a abraçou forte começando um choro desesperado e angustiando junto com a filha.
* * * *
Alexandra ligou para Olavo e explicou tudo que pôde, para que ele preparasse uma possível cirurgia em Amanda. E logo toda sua família estava a enchendo de perguntas e ela não tinha todas as respostas. Susan e Sheila foram para o hospital logo depois de Samantha.
O local onde os dois corpos dos homens estavam já estava cercado pela polícia e por curiosos com toda a movimentação.
-- O que houve com a minha filha e minha neta, Alexandra? -- Dona Regina perguntou chorando angustiada.
-- Mãe? -- Alexsandra a olhou segurando seu rosto com as duas mãos. -- A Samantha e a Agatha estão bem. A Amanda que está ferida, Samantha a levou para o hospital. -- Explicava. -- Se acalma, por favor, ou eu vou ter que te aplicar um sedativo.
-- A meu Deus! -- Chorava muito. -- O que aconteceu aqui? -- Ela não conseguia acalmar-se.
-- Julia? -- Alexandra chamou a ruiva que chegava com a maleta de primeiros socorros de Alexsandra que, sempre ficava no carro. Alexandra havia pedido para ela buscar.
-- Não, filha eu quero ir para o hospital ver a minha filha, não me aplica isso!
-- Mãe, se acalma, por favor. -- Murilo pediu abraçando a mãe.
-- Mãe estende o braço. -- Alexandra pediu, mas a mãe não a obedeceu. -- Mãe! -- Gritou quando ela desmaiou nos braços do filho. -- Droga! -- Alexsandra sentiu o pulso da mãe e estava acelerado. -- Ela está com a pressão alta demais e o organismo a desligou. Me dá o sedativo -- Alexsandra pediu para Julia que o segurava e aplicou o remédio na mãe. -- Murilo leve ela pra casa ela vai ficar bem. Jack fica com ela.
-- Ok. -- Ele a levantou facilmente e pôs-se a andar na direção da casa deles, sendo acompanhado pela esposa.
-- Mas o que houve, Alex? -- Julia perguntou preocupada.
-- Eu não sei Julia! -- Falou angustiada. -- Quando eu saí eu só vi a Samantha carregando a Amanda e a polícia chegando... Cadê o papai? -- Alexsandra olhou ao redor e o viu conversando com um senhor e dois policias.
-- Eu estava assistindo televisão e ouvi uns gritos, olhei pela janela e só vi quando a moça derrubou o grandalhão e tomou a arma dele, ai fui logo pegando o telefone e ligando pra vocês. E quando voltei pra frente da janela eu só vi a moça loira segurando a arma e depois desmaiando. E foi isso seu policial Nunes. -- O senhor terminou a narração do que sabia do ocorrido.
-- Policial eles morreram na hora? -- Henrique perguntou olhando os dois corpos cobertos serem colocados em um saco preto.
-- Sim. O homem magro pegou dois tiros certeiro. O tiro na mão foi para desarma-lo e o outro pra matar. A bala entrou pela costa. A mão com a arma devia estar na lateral do corpo dele, se tivesse na frente ela não teria como acertar. O grandalhão também levou dois tiros, ele estava de frente e as balas foram certeira no coração.
-- Bela pontaria! -- Henrique ressaltou.
-- Posso entrar seu policial? -- O senhor perguntou. -- É que tudo isso aumentou minha pressão e preciso tomar meu remédio. -- Explicou.
-- Claro pode ir.
-- Vô? -- Uma garota chamou por ele. -- O senhor está bem? O que houve?
-- Estou sim, querida. Vamos, lá dentro eu explico. -- Ela o acompanhou.
-- Pai? -- Alexsandra o chamou aproximando-se. -- Já sabe o que houve? A Susan falou muito rápido sobre um papo de sequestro da Agatha, eu não entendi nada. Ela correu com a Sheila atrás da Samantha.
-- Pelo visto deve ter sido isso mesmo o senhor daquela casa disse que... --Henrique narrou para a filha o que soube pelo senhor.
-- Desgraçados! Mas estão mortos. Quem será que atirou?
-- Foi a Amanda! -- Henrique respondeu agradecido.
* * * *
-- Samantha? -- Sheila e Susan gritaram juntas vendo ela e a filha chorando abraçadas. Samantha se recusava a acompanhar as enfermeiras ao lado delas, para ao menos sentarem nas cadeiras ali perto.
-- Sheila faz alguma coisa. -- Uma das enfermeira pediu assim que a viu chegando. -- Elas estão assim a uns dez minutos. -- Avisou
-- Samantha? Amor, olha pra mim. -- Sheila tocava no rosto molhado da amiga. Samantha a olhou, seus olhos estavam vermelhos e inchados de tanto chorar.
-- Sheila... -- Proferiu fraco a olhando.
-- Amor, solta a Agatha, me dá ela aqui. -- Sheila pediu e Samantha desvencilhou-se da filha que chorava baixinho e tremia. -- Agatha olha pra tia Sheila. -- Sheila estava com ela no colo. -- A tia vai fazer passar, tá bom? Vai ficar tudo bem! -- Agatha balançou a cabeça num sim e a abraçou.
Susan já chorava também, olhando a amiga e a afilhada sem saber o que fazer.
-- Susan? -- Sheila a olhou. -- Para de chorar, por favor, e cuida da Samantha, eu vou levar a Agatha e aplicar um sedativo nela.
Susan enxugou as lágrimas e foi até Samantha a fazendo levantar do chão e sentar-se numa cadeira ali perto.
-- Su... -- Samantha fitou a amiga e a abraçou forte. -- A culpa é toda minha, eu não olhei o desgraçado direito, como a Amanda pediu, eu me distrai e ele a derrubou. Ela está na sala de cirurgia e minha filha não para de chorar, ele estava tremendo... -- Constatou chorando. -- Eu... eu não sei o que fazer, não sei...
-- Calma Sam, fica calma elas vão ficar bem, vai ver. A Sheila está cuidando da nossa menina e a Amanda logo estará bem também. Está bem! -- Susan tentava a todo custo confortar a amiga e acalmar-se também, pois Samantha precisava dela.
-- Eles queriam levar a minha filha Su... -- Soluçava com o rosto no pescoço de Susan. -- Eu fui tão idiota quando saí do carro... eu não devia ter saído, devia ter desconfiado que era uma armadilha... Su, eu fiquei com tanto medo, não fiz nada pra ajudar...
-- Samantha calma, você não teve culpa! -- Susan também chorava, nunca tinha visto a amiga tão angustiada e desesperada, como naquele momento. --Você, não podia fazer nada, não se culpe, por favor!
-- Samantha? -- Sheila a chamou sentando ao lado delas.
Samantha a olhou. -- Cadê a minha filha Sheila?
-- Está dormindo, está bem agora. Apliquei um calmante e deixei ela com uma enfermeira. Não se preocupe, ela não está e nem vai ficar sozinha!
-- Obrigada! -- Era impossível Samantha conseguir controlar o choro.
-- Samantha, tenta se acalmar ou vou ter que te aplicar um tranquilizante também. -- Sheila advertiu.
-- Não, Sheila! Não quero dormir. -- Samantha negou-se.
-- Então tenta se acalmar. -- Sheila levantou e pegou as duas mãos da amiga. -- Vem, você precisa tomar um banho e tirar essa roupa, está suja de sangue.
Só então Samantha notou que sua camisa estava toda respingada se sangue e uma marca maior acima do seio direito, que foi suja, quando pegou Amanda no colo. Suas mãos estavam sujas também, e uma parte dos dois braços. Lembrou que seu carro também estava ensanguentado, pelo respigados dos sangues dos dois homens, quando Amanda proferiu os tiros.
-- Agatha... -- Samantha iria perguntar se a filha também tinha sangue no corpo ou roupa.
-- Tinha um pouco. Mas eu já cuidei disso! -- Sheila avisou. -- Vem, vamos.
Susan e Sheila a conduziram para sua sala, para ela limpar-se.
* * * *
-- Nunes, quero o depoimento de todos se possível. Quero as imagens de hoje de todas as câmeras daquela casa e daquela ali. -- O delegado dava os devidos comandos aos colegas de trabalho.
-- Delegado, não tem ninguém naquela casa. -- Nunes falou apontado a segunda casa que o delegado havia mostrado.
-- Dê um jeito de encontra-los ou a empresa que instalou as câmeras. --Ordenou. -- Senhor Henrique qual o nome das mulheres que saíram para o hospital? -- Perguntou iniciando um depoimento.
-- Foi a minha filha, Samantha Cooper...
-- A doutora Samantha Cooper? Do hospital Linhares? -- O delegado indagou surpreso.
-- Sim... Você conhece ela?
-- Sim... Quer dizer, eu estava investigando o caso de uma moça que estava no hospital e sem documentos...
-- A Amanda? -- Alexandra foi quem perguntou surpresa dessa vez.
-- Um moça chamada Eloá, descobrimos isso hoje de manhã...
-- Ah sim. -- Alexsandra entendeu que eles estavam falando da mesma pessoa. -- Mas delegado, minha irmã não tem condições de dar depoimento agora. Não pode esperar até que ela esteja mais calma?
-- Claro, só queria saber os nomes, mas já sei de quem se trata, posso tomar o depoimento dela depois. -- Declarou. -- Quem ela foi levar para o hospital?
-- A Amanda. -- Alexsandra respondeu. -- Digo, a Eloá. A mesma mulher do caso que o senhor estava investigando.
-- Mas... Ela não estava no hospital?
-- Não... Sim... Espera! -- Alexsandra suspirou e pôs-se a explicar a situação de Amanda/Eloá, para o delegado.
-- Então que dizer que a moça Eloá estava na casa da doutora Samantha e tinha perdido a memória... -- O delegado entendera tudo. -- E pensei que a moça ainda estava descordada, sabe em coma. É que eu fui lá e ela ainda não tinha acordado e depois só conversei com a doutora por telefone hoje.
-- Tudo bem.
-- Ok, sendo assim. Avise a doutora que assim que se sentir em condições para um depoimento eu a aguado na delegacia ou posso ir até onde ela achar melhor.
-- Eu aviso. -- Henrique concordou.
-- Obrigada. -- O delegado olhou ao redor. -- Bem, vamos indo, tenho que descobrir quem eles eram e se tinham parentes. -- Se referia aos dois corpos que já tinham sido levados para o IML da delegacia.
-- Ah delegado? -- Henrique o chamou. -- Por favor, não deixe isso sair na mídia, se possível. Não quero que o nome da minha filha, neta e no... e que nem o nome da outra moça saía nos noticiários.
-- Entendo. Fique tranquilo, vou fazer o que pediu.
-- Obrigada.
* * * *
Samantha já havia banhado e trocado de roupa. Estava sentada em uma cadeira ao lado da cama que a filha dormia, agora serena. Samantha lhe fazia um carinho no rosto e cabelos. Já tinha conseguido parar de chorar e se acalmado mais. Só lhe restava a preocupação com Amanda que, ainda estava na sala de cirurgia, há mais de três horas. E também lhe havia uma angustia de como sua filha reagiria quando acordasse e de como ela reagiria com o trauma sofrido a poucas horas.
-- Entra. -- Samantha disse despertando de seus pensamentos, ao ouvir leves batidas na porta. Havia pedido para Sheila chamar um psicólogo. Pois Olavo estava ocupado. Queria ter uma assistência para quando a filha acordasse.
-- Samantha Cooper? -- Uma mulher entrou e Samantha a fitou.
-- Leticia? -- Samantha estava surpresa com a presença da mulher ali. Era a mãe da Milena.
-- Samantha? -- Leticia também. Tinha comparado os nomes, mas pensou ser apenas o mesmo nome entre mulheres diferentes. Pois Samantha não lhe dissera o sobrenome mais cedo.
-- Está fazendo o que aqui?
-- Bem, é que me ligaram dizendo que precisavam de mim aqui no hospital, mas jamais pensei que fosse você.
-- Ah desculpa. Você é a psicóloga que eu pedi. -- Constatou.
-- É... -- Leticia olhava o estado da mulher a sua frente. Samantha ainda tinha os olhos um pouco vermelhos, estava abatida, triste. Leticia não conseguia imaginar o que teria acontecido para aquela mulher alegre e feliz de meio dia estivesse nesse estado as oito da noite.
-- É... Senta, fica à vontade. -- Samantha mostrou o sofá encostado na parede ao lado delas.
-- Obrigada. -- A mulher sentou-se. -- Então... Quer me contar o que aconteceu?
-- Desde quando trabalha aqui? -- Samantha perguntou curiosa, sentando-se ao lado dela no sofá.
-- Bem... esse é meu primeiro dia! -- Leticia confessou e sorriu. -- Mas tenho experiência e especializações na minha carreira, estou bem preparada, não se preocupe. -- Adiantou-se em explicar.
-- Não, não perguntei por não confiar no seu trabalho e sim por curiosidade mesmo. -- Sorriu pela primeira vez depois do acontecido, embora tenha sido um pouco forçado. -- Nos conhecemos hoje e... agora estamos aqui. -- Samantha respirou forte e olhou para a filha.
-- É verdade. -- Leticia acompanhava tudo atenta. Esperava Samantha iniciar a conversa a seu tempo.
-- Doutora...
-- Me chame de Leticia. -- Pediu.
-- Claro... Leticia eu te chamei aqui, porque minha filha passou por uma coisa... -- Samantha já tinha os olhos marejados só de lembrar. Leticia esperava ela querer continuar. -- Na verdade nós passamos por um situação difícil hoje à tarde. -- Samantha não conseguia falar de uma forma direta.
-- E que situação foi essa? -- Leticia achou que estava na hora de incentivá-la a fala.
-- Um tentativa de sequestro! -- Samantha proferiu e fitou a filha aflita. -- Tentaram leva-la e foram momentos tenso, de pavor meu e dela e da... -- Samantha sentiu um nó na garganta ao relembrar tudo outra vez.
-- Amanda. -- Leticia falou por ela.
-- Foi. A Amanda nos salvou e agora está ferida, na sala de cirurgia a mais de três horas.
-- Samantha, eu sei que vai ser muito difícil. Mas tenta me contar com detalhes o que foi que aconteceu, preciso saber, para poder te ajudar e ajudar a Agatha. -- Leticia revelou pegando nas mãos de Samantha, tentando passar conforto.
Samantha respirou fundo e narrou tudo que lembrou sobre o que tinha acontecido e a cada relado Leticia ficava cada vez mais espantada, mas não deixava transparecer, não podia fazer isso, estava ali para ajuda-las, Samantha e a filha.
-- E faz horas que a Amanda está lá dentro. -- Samantha não chorava, mas estava muito abatida e preocupada com as duas.
-- Fica tranquila, tudo vai se resolver. -- Disse a confortando e logo elas ouviram batidas na porta. -- Entra.
Sheila entrou rápido. -- Samantha o Olavo terminou a cirurgia. -- Avisou e Samantha rapidamente pôs-se de pé. -- Como ela está? Posso vê-la já?
-- Está bem, ele tirou o coágulo com sucesso, mas você ainda não pode vê-la ela ainda está na sala da cirurgia, vão leva-la para o quarto daqui a pouco.
-- Eu vou lá falar com o Olavo.
-- Samantha? -- Leticia a chamou. -- Até quando a Agatha vai dormir?
-- Ela já deve estar quase para acordar. -- Sheila quem respondeu. -- Ah me desculpe eu sou Sheila.
-- Ah você quem me ligou.
-- Foi sim.
-- Samantha se possível vá rápido, porque seria bom que ela visse primeiro você quando acordar e não um estranha. -- Declarou Leticia.
-- Tudo bem. Vou bem rápido. -- Samantha admitiu e foi ao encontro de Olavo que, estava saindo do onde já tinham colocado Amanda.
-- Olavo? -- Samantha o abordou. -- Como ela está? -- Estava aflita.
-- Ela está bem!
-- Graças da Deus! -- Samantha sentiu-se mais aliviada. -- E agora?
-- Samantha o coágulo estava em uma região muito delicada e ele não era o causado por esse acidente agora. -- Revelou
-- Não? Então...
-- É era um existente do acidente de Sábado. Ele deve ter passado despercebido pelos exames, pois era muito muito pequeno no dia, mas ele cresceu. Talvez por isso ela não lembrava de nada, e nem conseguiu lembrar-se tão rapidamente.
-- É pode ser... Posso vê-la?
-- Daqui a pouco... -- Olavo suspirou cansado e preocupado e Samantha percebeu.
-- Olavo não me esconde nada, por favor! -- Pediu. -- São as possíveis sequelas não é?
-- É... Samantha ela pode ter dor de cabeça muito forte, dificuldade em falar e de compreender, dormência do rosto, mãos e pernas e...
A cada palavra proferida por Olavo Samantha angustiava-se cada vez mais.
-- E? -- Tinha que saber.
-- Perda da memória recente.
-- O que? -- Samantha pôs-se a andar desesperada de um lado para o outro, voltou até Olavo novamente. -- Você está querendo dizer que ela não vai lembrar de mim, dá gente? -- Samantha estava com os olhos marejados, segurando-se para não chorar.
-- Samantha... -- Olavo também estava preocupado com a amiga, a puxou e a abraçou. Samantha não conseguiu conter as lágrimas que, agora caíam livres pelo rosto. -- Querida é só uma hipótese, não quer dizer que acontecerá de certeza, só saberemos quando ela acordar.
-- Olavo, ela não pode me esquecer, não pode esquecer da gente, não pode! -- Samantha o abraçava forte. Seu medo e agonia de o amor de sua vida, a sua Amanda não lembrar-se dela, era enorme. Sentia uma dor tremenda no peito, estava culpando-se por não ter feito nada, por não poder ter feito nada e por não ter a obedecido quando pediu para ela não tirar os olhos do bandido. Samantha colocava na sua cabeça a ideia de que fora tudo culpa sua, sua culpa sair do carro, sua culpa por Amanda está ferida, sua culpa pela filha ter passado por tudo aquilo.
-- Samantha não se culpe! -- Olavo sabia exatamente o que a amiga tão querida, estava pensando, ele a conhecia. -- Ninguém tem esse direito e muito menos você, deve se culpar. Aconteceu, e você não tinha como fazer nada. -- Ele ainda não sabia o que havia acontecido de fato, mas sabia que se Samantha pudesse ter feito algo, ela faria.
-- Eu não consigo! Foi tudo culpa minha sim! -- Samantha chorava, mas agora menos.
-- Olha para mim. -- Olavo a fez olha-lo nos olhos. -- Você não teve culpa! Ouviu bem? Use esse sentimento ruim que está ai, para se tornar mais forte, aprender com o que aconteceu.
-- Como?
-- Vamos supor que você é culpada, eu disse supor, ouviu bem?
-- Tá.
-- Vamos supor que você teve culpa, e vamos relacionar essa culpa com uma dívida. Agora, você não tem mais culpa, você tem uma dívida a acertar, está me entendendo?
-- Sim.
-- Continuemos. Você está com essa dívida, e essa dívida você tem que acertar com você mesma, parando de se culpa atoa, com sua filha, seja forte para ajudá-la no que ela precisar, e com a Amanda, ela se feriu e creio eu que foi por amor a vocês. Então, pague essa dívida que você tem consigo mesma, com sua filha e com a Amanda, retribua o favor de uma forma positiva, extraindo experiência de vida, do que foi vivido, e o transformando em pensamentos positivos. Ficar se culpando ou culpando alguém não vai levar você a lugar algum e, muito menos te ajudar a ajudar quem você ama. Podemos fazer assim? Vai acertar as dívidas ou ficar devendo ao se culpar atoa?
-- Eu vou pagar as dívidas! -- Samantha afirmou, estava sentindo-se muito melhor, determinada.
-- É isso ai garota! -- Olavo a abraçou forte, a amava como uma filha.
-- Ela vai demorar para acordar?
-- Um pouco... Ela está bem, reagiu bem a cirurgia, mas eu optei por ela descansar até amanhã, hoje ela não acorda. -- Avisou. -- Quer vê-la?
-- Quero muito! -- Confessou. -- Mas tenho que estar ao lado da Agatha quando ela acordar. -- Avisou, ela já estava pondo em pratica o pagamento da dívidas e estava se sentindo bem com isso. -- Depois eu venho vê-la e ficar com ela.
-- É assim que se faz, minha filha. E não se preocupe vai ficar uma enfermeira com ela, ela não vai ficar sozinha até você voltar! -- Advertiu.
-- Obrigada!
-- Que isso, agora vai ver sua filha.
-- Tá. -- Samantha deu um beijo e um abraço nele e voltou para o quarto onde estava a filha. Ela já estava acordada Sheila, Leticia e Susan estavam com ela.
-- Mãe? -- Agatha chamou por Samantha assim que a viu entrar. Ela sorria. E ao ver isso, Samantha correu até ela já com os olhos marejados de felicidade, por vê-la sorrindo.
-- Oi meu amor. -- Samantha a abraçou bem forte a beijando várias vezes. Samantha olhou para Leticia como um pedido de ajuda, ela não sabia o que fazer o que falar.
-- Agatha? -- Letícia a chamou. -- Conta para a sua mãe o que você quer ser quando ficar grandona que nem ela. -- Incentivou a menina a falar.
Quando Agatha acordou assim que Samantha foi até Olavo. Ela estava assustada, chamou pela mãe, mas como ela não estava, Susan foi a outra opção para um abraço forte, falando que Samantha tinha ido cuidar de Amanda um pouquinho também. A menina não questionou ao ouvir isso. Perguntou como Amanda estava, se não ia morrer, mas logo Leticia a tranquilizou. Perguntou porque tinha dormido e não lembrava como tinha chegado no quarto e porque estava sem a roupa dela e com “isso”, foi como descreveu o avental infantil azul celeste que usava, arrancando risadas das outras mulheres no quarto. E perguntou porque Leticia estava ali, perguntou se a Milena estava doente. Leticia negou, e já sabendo do que havia acontecido, começou uma conversa, falando o seu nome e que era uma psicóloga infantil, Agatha como sempre curiosa perguntou o que era um psicólogo infantil, Letícia explicou e assim a conversa decorreu tranquila, mais tranquila e descontraída do que a médica havia previsto. Agatha foi quem tomou a iniciativa de contar o que lembrava do que aconteceu, chorou um pouco, mas as mulheres a confortavam, e para a surpresa de todas ali no quarto, Agatha narrou eufórica a ação de Amanda ao derrubar o homem “gigante”, foi como ela o descreveu. Logo depois disse que queria ser que nem Amanda, queria saber derrubar os “bandidos maus”.
-- O que você que ser quando crescer filha? -- Samantha estava sentada na cama ao lado dela.
-- Eu vou ser da polícia e prender todos os bandidos maus! -- Declarou sorrindo olhando a mãe. Foi impossível Samantha conter o choro, abraçou a filha forte, estava emocionada, orgulhosa, feliz.
-- Mãe, a senhora não quer que eu seja da polícia é? -- Agatha perguntou ao ver a mãe chorando, pensou que era em decepção pela sua escolha.
-- Não é isso filha. -- Samantha a olhou nos olhos e enxugou as lágrimas sorrindo. -- A mamãe está muito orgulhosa de você. Você vai ser uma policial excelente. A melhor! -- Advertiu feliz. Agatha sorriu e a abraçou contente. Samantha olhou para as outras mulheres da sala, Sheila chorava, Susan também, e Leticia embora querendo se fazer de forte, por ser uma profissional a trabalho, estava com os olhos marejados, fazendo forças para não deixar as lágrimas caírem.
-- É, e eu vou derrubar os bandidos que nem a Amanda fez! -- Confessou feliz. -- Mãe como a Amanda tá? Eu posso ver ela?
-- Ela está bem, vai fica bem logo. Está dormindo agora. -- Samantha explicou.
-- Posso ver ela mesmo assim? -- Insistiu. Samantha olhou para Leticia e, esta, concordou.
-- Pode. Vamos lá ver ela. -- Samantha saiu da cama e a pegou no colo.
-- Mãe eu vou vestida nisso? -- Reclamou antes de saírem do quarto e as outras riram.
-- E o que que tem filha?
-- É feio! -- Confessou desgostosa e Samantha riu de novo.
-- É sim, mas não temos outras opção sua roupa estava... -- Samantha olhou novamente para Leticia, mas antes de obter uma resposta dela Agatha completou.
-- Suja de sangue. -- Agatha disse lembrando. -- Eu lembrei e a tia Sheila já me disse também... Então vamos assim mesmo. -- Completou.
-- Vamos!
Samantha a levou até o quarto de Amanda. Entraram e logo viram Amanda deitada com o colo levemente levantado com a ajuda da cama e com os lençóis a cobrindo até a cintura. O aparelho de monitoração do coração, batimentos, pressão, estava do lado esquerdo da cama. Ela tomava um soro aplicado no braço esquerdo. Estava com o rosto sereno e corado, e uma faixa branca ao redor da cabeça, era a atadura segurando o curativo ao lado, um pouco atrás da orelha esquerda. A enfermeira estava sentada no sofá ao lado, e logo que viu Samantha entrar, levantou-se a cumprimentando.
-- Ela teve alguma alteração nessas monitorações? -- Samantha perguntou olhando as marcações na máquina a sua frente, estava tudo normal. Agatha ainda estava em seus braços, olhava Amanda.
-- Não senhora! Está tudo normal desde que saiu da cirurgia. -- A enfermeira declarou.
-- Obrigada. Pode nos deixar a sós com ela?
-- Claro.
-- Depois eu te chamo.
-- Sem problemas. -- Disse e saiu.
-- Mãe o que é esse barulhinho?
-- É os batimentos do coração filha.
-- Legal! Posso pegar nela?
-- Claro. -- Samantha sentou a filha com cuidado ao lado direito de Amanda. E enquanto Agatha pegava a mão dela e segurava com as suas. Samantha depositou um beijo leve nos lábios de Amanda, passando todo amor que sentia por ela. E depois começou a fazer um carinho leve nos cabelos acima da faixa branca da atadura. Samantha sentia medo, medo de como seria quando ela acordasse e não lembrasse dela, do amor delas, da semana que viveram juntas, dos planos que fizeram. Sentiu uma angustia, uma aflição, porque não saberia se conseguiria suportar uma rejeição dela, por não lembrar-se, sobre elas, quando acordasse.
-- Ela vai demorar para acordar? -- Agatha perguntou sem tirar o olhar do rosto de Amanda.
-- Ela vai acordar só amanhã filha. -- Samantha limpou uma lágrima que não conseguiu deter por causa dos pensamentos. -- Filha, solta a mão dela um instante. -- Pediu. -- Vem aqui. -- Samantha a pegou no colo e foram para o sofá cama recostado na parede ao lado. -- Filha, a Amanda fez uma cirurgia um pouco complicada e pode haver consequências... Ela pode não lembrar da gente. -- Avisou com o coração apertado, pelas duas.
-- A Amanda não vai lembrar de novo das coisas? Ela não vai lembrar que é sua namorada? De que mora lá em casa agora, com a gente? -- Agatha estava preocupada.
-- É, talvez ela não lembre de nada disso. -- Confirmou em estado péssimo.
-- E agora? O que nós vamos fazer?
-- Não sei filha. Temos que esperar ela acordar para ver.
-- Mas a senhora pode levar ela lá pra casa de novo, assim como levou ela naquele dia. -- Observou e Samantha sorriu.
-- É uma possibilidade! -- Realmente estava acatando a sugestão da filha.
-- É sim, leva ela de novo. Ela vai lembrar, vai sim! -- Agatha estava otimista e isso estava contagiando a mãe também que, sorriu mais animada.
-- Filha vou pedir pra Su te levar.
-- Não mãe! Quero ver a Amanda quando ela acordar. Me deixa ficar. -- Insistiu.
-- Tudo bem. -- Samantha sorriu a abraçando.
-- Sam? -- Susan chamou ao abrir a porta e entrando, olhou Amanda um pouco e fitou as outras duas. -- Sua mãe já ligou umas vinte vezes revezando entre eu e a Sheila. -- Avisou. -- Só ainda não apareceu aqui porque a Alex não deixou. Liga para ela. -- Sugeriu.
-- Vou fazer isso. -- Ela havia esquecido de tudo com os acontecimentos. -- Eu tinha esquecido, realmente. Pra falar a verdade eu não faço ideia de onde está meu celular.
-- Deve tá no carro. A chave está com a Sheila, ela pediu assim que chegamos para estacionarem seu carro na sua vaga ele estava... -- Susan não disse o resto por causa de Agatha, mas Samantha entendeu.
-- Eu sei. Vou agradece-la. Me dá o seu celular. -- Pediu.
Agatha que estava sentada a seu lado, levantou e foi até Amada, permanecendo ao lado dela a fazendo um carinho na mãe direita. Samantha e Susan sorriram. Samantha saiu do quarto, deixando a filha com a madrinha olhando Amanda.
-- Susan o que foi? O que aconteceu? -- Dona Regina atendeu seu celular aflita e logo Samantha arrependeu-se de não ter ligado para a irmã primeiro.
-- Mãe...
-- Filha? Filha como você está? Como a Agatha está? A Amanda está bem? --Regina fazia uma pergunta atrás da outra sem esperar as respostas da anteriores.
-- Mãe! -- Falou mais alto. -- Eu estou bem, a Agatha está bem e a Amanda vai ficar bem! Ela ainda está dormindo.
-- Mas está fora de perigo?
-- Está dona Regina! -- Samantha a tranquilizou.
-- Graças a Deus! -- Agradeceu. -- Você vai ficar ai né?
-- Vou sim.
-- Tudo bem. Eu agora estou mais calma. Mas qualquer coisa me avisa, qualquer hora viu?
-- Tudo bem, eu aviso sim.
-- Tá... Quer falar com mais alguém, está todo mundo aqui ainda. -- Regina se referia a Julia, Eduardo e seus filhos.
-- Passa o celular para a Alex. -- Pediu.
-- Beijo filha e se cuida.
-- Beijo mãe.
-- Oi Sam? -- Alexandra atendeu a irmã. -- Está tudo bem por ai? Como está a Amanda?
-- Está sim. Amanda ainda dorme, mas está bem também.
-- Hum, que bom...
-- Alex, o que aconteceu depois que eu sai? -- Estava curiosa.
-- A polícia cercou o local por causa dos curiosos. Quando se precisa deles ninguém aparece, mas depois parecem urubus na carniça. -- Alexandra estava revoltada.
-- Ei? -- Samantha a chamou. -- Tudo bem ai?
-- Tudo. -- Disse depois de um suspiro pesado. -- Continuando. A polícia cercou o local onde estavam os corpos...
-- Morreram quase que instantaneamente. -- Samantha lembrou.
-- Sim, o delegado disse, e por falar em delegado, ele te conhece é o mesmo que estava investigando sobre a Amanda. -- Declarou.
-- Depois falo com ele. O que mais aconteceu?
-- Ele pegou os depoimentos de algumas pessoas que achou conveniente, pediu as imagens da câmeras que tinham aqui por perto e foram embora, mas já era noite quando saíram todos. Papai pediu para eles não divulgarem nada nos noticiários, digo sobre o nome de vocês três.
-- Fez bem, é melhor assim.
-- Sam, ele quer o seu depoimento, o da Agatha e o da Amanda, mas só quando vocês estiverem adeptas.
-- Eu sei, já imaginava. Depois vejo isso. Eram três homens Alex, um fugiu abandonado os outros.
-- Desgraçado!
-- Sim... Mas ele vai ser preso, vou fazer de tudo para isso e para descobrir quem queria a minha filha. Alex eles foram a mando de alguém eu sei. Tentaram pegar a Agatha na escola de inglês ontem, falaram que eu tinha mandado a pegarem.
-- Sam, nós vamos descobrir quem mandou fazer isso, vamos sim! -- Estava determinada.
-- Vamos sim! Alex faz um favor para mim, eu sei que já está tarde, já passam das onze. -- Olhou em seu relógio. -- Mas eu quero que você ligue para a Cida, faz um resumo do que aconteceu e pede para ela arrumar uma roupa da Agatha e um café da manhã que ela e a Amanda goste, ai tu traz amanhã cedo, pode ser?
-- Claro, ligo e levo sem problemas.
-- Valeu, vou desligar, tchau.
-- Tchau, se cuida e cuida da Samanthinha mirim.
-- Tá. -- Samantha riu e desligou.
-- Sam? -- Sheila a chamou.
-- Oi, amor... -- Samantha a abraçou.
-- Mais calma? -- Sheila indagou.
-- Sim. -- Samantha desvencilhou-se e a fitou. -- Pode ir para casa, meu anjo.
-- Não. Vou ficar com você. Já falei com o Edu, ele já está instalado lá na casa dos seus pais. E a Julia também, mas a Su vai pra lá e volta bem cedo para ficar com você. -- Sheila explicou e sorriu fraco.
-- Tem certeza?
-- Sim, eu tenho!
-- Sam? -- Susan saiu do quarto. -- A pequena dormiu no sofá. -- Avisou.
-- E dormiu sem comer nada. -- Samantha constatou.
-- Su, a Sheila me disse que você ia pra casa. Pode ir, já esta tarde. -- Samantha a puxou para um abraço apertado. -- Obrigada por tudo!
Susan a apertou contra si. -- Sempre estarei com você!
-- Eu sei! -- Samantha a fitou e sorriu. -- Te amo tanto!
-- Eu também te amo, muito! -- Retribuiu feliz. -- Tudo vai se resolver! -- Declarou.
-- É o que eu mais quero. -- Falou cansada. -- Você vai sozinha?
-- Não, o Bruno amigo da Sheila vai me levar no carro dela. -- Confessou.
-- Melhor assim. Fico mais tranquila. -- Samantha disse e a abraçou novamente despedindo-se e logo a amiga foi embora.
Samantha fitou Sheila a seu lado, estava com um porte altivo, passava segurança de si. Mas Samantha soube ver pelas entrelinhas o seu semblante cansado e preocupado, pois a conhecia.
-- Vem cá! -- Samantha abriu os braços e a loira alojou-se entre eles em um abraço carinhoso e reconfortante. -- Eu também te amo tanto! Obrigada.
-- Eu sei, também te amo, muito.
-- Vou dormir no quarto com a Amanda. -- Revelou ainda no abraço. -- Você pode dormir lá na nossa sala com a Agatha? O sofá é maior.
-- Foi o que eu pensei. Sem problemas. -- Disse desvencilhando dela.
-- Obrigada. -- Sorriu.
Samantha levou a filha para a sua sala, onde havia o sofá cama e a deitou. Lhe deu um beijo amoroso na testa e desejou boa noite. Despediu-se de Sheila do mesmo e jeito e voltou para o quarto de Amanda. Pegou sua mão e pôs-se a fazer um carinho enquanto a olhava com amor, ficou por longos minutos, até o cansaço a vencer. Samantha deu um beijo nos lábios de Amanda, um beijo que seria, um a mais, como símbolo físico do amor delas, e que esse, entre os outros vários, apenas ela lembrasse. Deu uma última olhada, apagou a luz do quarto, deixando apenas a do banheiro acesa e a porta dele aberta, clareando parcialmente o quarto. Deitou-se no sofá e não demorou a dormir, o cansaço era grande, mas não maior que sua vontade de que Amanda acordasse e lembrasse dela.
* * * *
-- Cida quem vai comer isso tudo aqui? -- Alexandra estava olhando uma cesta com o café da manhã de Agatha, Amanda e parece que para mais dez pessoas, pois a cesta já era grande e a mulher a encheu de guloseimas, sucos, vitaminas...
-- Alexsandra para de reclamar e leva logo isso. A Samantha falou cedo, não foi?
Alexsandra apenas sorriu balançando a cabeça em negativo, pegou a cesta que, estava bastante pesada e uma bolsa com roupas de Agatha, Samantha, e Amanda. Desceu rapidamente, arrumou tudo no carro e saiu rumo ao hospital. Queria ver a irmã e sobrinha, só não havia ido antes porque estava cuidando a mãe. Respirou fadigada, não tinha dormido bem a noite.
* * * *
Samantha acordou com um insistente toque de alguém em seu rosto, abriu os olhos rapidamente e viu o amigo lhe sorrindo calmo. Levantou sentando no sofá, esfregando os olhos e logo olhou para a cama, vendo Amanda ainda dormindo serena.
-- Bom dia. -- Olavo disse baixo a olhando.
-- Bom dia. -- Olhou a hora em seu relógio. -- Sete e meia, que bom que me acordou. -- Levantou e foi até Amanda. -- Ela vai demorar para acordar? -- Perguntou sem tirar o olhar dela.
-- Ela pode acordar a qualquer momento ou não. O efeito do coma induzido já passou, agora é esperar. -- Explicou. -- Você tem que estar preparada. -- Olavo fez ela a olha-lo. -- Sugiro que não fale e nem faça nada quando ela acordar...
-- Mas...
-- Calma, vou explicar. Estou falando isso, porque não sabemos quais as sequelas que ela vai ter ou não. Ela pode acordar assustada, confusa, querendo saber onde estar e qual o motivo, não sei, são tantas as especulações. Quero que quando ela acordar caso você esteja aqui ou chegar depois, não fale nem faça nada que demonstre o que vocês viveram, se ela te ver e lembrar ela mesma vai pedir que você se aproxime, que a abrace, que a conforte. Mas se ela te olhar e não lembrar não vai fazer nada, no mínimo fazer perguntas banais, mas se você for a abordado de maneira intima, preocupada, sem que ela lembre de você, ela vai te expulsar, te tratar mal, ou ser grossa de alguma forma, ficar irritada, confusa e isso pode prejudicar a recente cirurgia, a fazendo ter no mínimo dores de cabeça fortes.
Olavo explicou calmamente enquanto Samantha o escutava calada e angustiada por tudo que tinha e estava acontecendo, e uma angustia maior ainda pelo desconhecido que viria.
-- Tudo bem. -- Suspirou triste. -- Vou fazer o que me pediu. -- Olhou Amanda novamente e saiu indo para o seu consultório a passos largos e lágrimas escorrendo pelo rosto. Samantha entrou e logo encontrou a irmã, a filha e Sheila. Elas tomavam o café da manhã. Sua mesa era usada como apoio para elas.
-- Mãe? -- Agatha correu para o colo dela. Já estava perfeitamente banhada e vestida. -- A Amanda já acordou? -- Perguntou enxugando as lágrimas da mãe com carinho.
-- Ainda não. -- Sorriu para a filha. -- Mas já já ela pode acordar.
-- Quero ver ela de novo.
-- Tudo bem. Mas eu tenho que tomar um banho agora, me espera?
-- Tá bom. -- Agatha concordou sorrindo e Samantha a beijou e a colocou no chão.
-- Bom dia. -- Disse dando um beijo na irmã e outro em Sheila, logo depois tomou um banho rápido e trocou de roupa, vestindo a que ida lhe mandou por Alexandra.
-- Samantha? -- Sheila a chamou. -- Come alguma coisa! Você ainda não comeu nada.
-- Não estou com fome.
-- Samantha Christine, eu não estou sugerindo, estou mandando! -- Sheila disse séria a olhando e Alexsandra riu.
-- Me chamou pelos dois primeiros nomes? -- Indagou pensativa, “Samantha já não era bom “Samantha Christine” era muito pior”. -- Eu estava brincando amor, eu estou morrendo de fome! -- Samantha disse sentando-se em uma cadeira e começando a servir-se de uma vitamina de Abacate diante de sorridos das outras na sala.
-- Mãe a senhora tá linda e cheirosa! -- Agatha admitiu sorrindo.
-- É gatinha... -- Sheila sorriu também. -- Ela caprichou no visual e muito mais no cheiro sedutor. Amiga eu já estou me apaixonado! -- Falou e Samantha riu.
-- É maninha, tá gata! -- Alexandra concordou.
-- Tá bom. Eu sei que sou tudo isso. -- Disse cínica.
-- Vai mãe, termina pra nós ir ver a Amanda. -- Pediu ansiosa.
* * * *
Depois que Samantha saiu, Olavo examinou os olhos de Amanda e estavam com os reflexos normais. E saiu deixando uma enfermeira com ela. Voltaria em meia hora para ver se já teria acordado e se acontecesse antes ele seria chamado. Assim que fechou a porta atrás de sim foi abordado.
-- Doutor Olavo certo? -- Um homem o indagou ansioso.
-- Sim. Quem deseja? -- Olavo já sabia de quem se tratava, mas queria ter mais uma confirmação do próprio homem.
-- Fabrício Bartovisk! -- Falou estendendo a mão direita para um cumprimento.
-- O que deseja? -- Olavo o cumprimentou e o afastou da porta do quarto que Amanda estava.
-- É que o senhor ligou para a delegacia dizendo que poderia ter informações sobre a minha esposa Eloá Bartovisk e logo depois eu tive a confirmação de que ela realmente está internada neste hospital. -- Fabricio falava apresado. -- Eu quero vê-la. Eu vim aqui ontem, mas não me deixaram vê-la, eu sou o marido dela tenho esse direito. -- Advertiu, mas não de forma exasperada. -- Por favor, me deixa vê-la, para ver se é realmente a Eloá. Eu estou a uma semana a procura dela, estou desesperado já, e toda a família. Eu sei que o combinado foi para as nove horas e com a presença da polícia, mas estou realmente muito preocupado, angustiado, me deixa vê-la, nem que seja por um minuto. -- Fabricio terminou a narração com os olhos marejados. Olavo o olhava pensativo, parecia que estava realmente sendo sincero, suspirou sem saber o que fazer, Samantha não voltava e era um direito dele ver a esposa.
-- Vou te deixar entrar. Mas não a toque de forma brusca, ela acabou de passar por uma cirurgia. -- Explicou vendo o misto de felicidade e preocupação do homem. -- Cinco minutos, apenas cinco, ouviu bem? E eu vou entrar junto!
-- Muito obrigada doutor! -- Sorriu concordando.
-- Vem... -- Olavo o levou até o quarto e abriu a porta entrando primeiro. Pediu para a enfermeira sair e ele logo em seguida, Fabricio entrou correndo rapidamente assim que viu a mulher sobre a cama.
-- É ela! -- Não conteve o choro de felicidade. -- É a Eloá!
-- Cuidado! -- Olavo advertiu quando o viu pegar a mão direita de Amanda/Eloá.
Fabrício começou a fazer um leve carinho na mão dela e lentamente com as pontas dos dedos tocou o rosto dela, seu toque era muito sutil, tinha medo de machuca-la. Ele chorava silencioso a olhando com carinho e de certa forma aliviado, por já tê-la encontrado.
-- Ela chegou muito ferida? Como veio parar aqui? Que cirurgia ela fez? -- Fabrício enchia Olavo de perguntas.
-- Depois conversamos. -- Olavo avisou.
-- Tá bom. -- Concordou sem tirar os olhou dela. -- Amor? -- Ele a chamou baixinho. – Eu sei que está dormindo, mas eu queria dizer que eu e a nossa filha, os seus pais, a Camila a Gaby e a Sophia também. Nós estávamos todos com saudades e preocupados. -- Riu. -- Mas agora vai ficar tudo bem. Você deu um trabalhão para ser encontrada. -- Fabrício narrava. Olavo apenas observava um pouco afastado, mas viu que Amanda mexeu levemente a cabeça pendendo-a na direção do homem a seu lado.
-- Ela mexeu! -- Fabricio disse exaltado. -- Amor... Eloá olha pra mim, está me escutando?
Olavo resolveu não intervir na ação dele, ela parecia reagir bem ao som de sua voz. E logo Olavo viu Amanda/Eloá abrir lentamente os olhos os piscando várias vezes até acostumar-se com a claridade.
-- Amor, eu estou aqui. Está me ouvindo? -- Ele falava baixo levemente debruçado sobre ela, mas sem tocá-la.
-- Fá... -- Disse fraco e dando um leve sorriso para ele.
-- Eu estou aqui, amor. -- Ele beijou a mão que segurava e a fitou novamente.
-- Eu estou vendo. -- Disse com a voz mais audível o olhando com um sorriso largo e depois fazendo uma careta de dor levando sua mão esquerda a cabeça, tocando sobre o curativo.
-- Está sentindo muita dor? -- Olavo enfim pronunciou aproximando-se da cama.
-- Um pouco. -- Respondeu fitando Olavo.
-- É normal, você passou por uma cirurgia delicada na cabeça. Lembra o que aconteceu? -- Olavo perguntou ansioso por uma resposta. Ela lembrara do marido, queria saber se ela lembrava de Samantha. Mas antes que obtivesse a resposta a porta do quarto foi aberta e todos os olhares foram destinados nela.
Samantha fitou Amanda acordada e sorriu deslumbrada, e abriu um sorriso maior ainda quando a viu sorrir de volta a olhando. Mas lembrando do que Olavo lhe disse controlou a vontade insana que tinha de correr até ela e a encher de beijos, e ainda tinha aquele desconhecido ao lado segurando a mão dela, Samantha desfez o sorriso, estava agora irritada com a cena.
Amanda olhou na direção da porta assustada pelo modo rápido que ela foi aberta, mas logo que viu a linda mulher que lhe sorria a comparando a um anjo. Estava com uma calça jeans azul uma blusa branca para dentro da calça, um cinto preto com uma fivela dourada, um salto alto preto e finalizando o look o jaleco aberto os cabelos negros e lisos caindo sobre o tronco até a cintura. Ela estava a fitando com um olhar que ponderou como carinhoso e um sorriso intenso de felicidade, não soube o porquê, mas sorriu de volta involuntariamente e ao vê-la desviar o olhar para sua mão segurada por Fabrício e aquele sorriso lindo morrer em seus lábios, puxou sua mão separando da dele o mais rápido que pode.
Samantha viu Amanda puxar sua mão e riu feliz virando-se para fechar a porta devagar e logo depois andar um pouco ficando ao lado de Olavo fazendo um esforço tremendo para a olhar impassível. Mas mesmo assim não conseguiu.
-- Vejo que a bela adormecida acordou. -- Samantha disse num tom moderado e com um sorriso que, julgava ser simples. E impaciente por uma resposta dela pôs as duas mãos no bolso do seu jaleco. Samantha estava a ponte de explodir de ansiedade, pois ver Amanda a sua frente e não tocá-la, e pior ainda, ela não falava nada, apenas a olhava com um olhar que Samantha julgou como sendo de admiração.
Amanda olhava Samantha admirada pela beleza, sorriso e ao ouvi-la, lhe falando simpatia, ficou sem reação, e quando pensou ter uma resposta sentiu o perfume que emanou da morena ao seu lado, perdeu totalmente a noção do tempo espaço e da voz que, não saiu quando finalmente tentou falar algo.
-- Como? -- Samantha perguntou ao notar Amanda mexer os lábios e ouvir apenas um múrmuro indecifrável.
-- Eu dormir muito? -- Amanda/Eloá perguntou assim que conseguiu limpar a garganta para tal.
Samantha olhou Olavo sem saber o que dizer, mas antes que eles decidissem algo, Fabrício adiantou-se.
-- Uma semana! -- Disse a olhando sério.
-- Uma semana? -- Amanda/ Eloá indagou assustada olhando-o.
-- Sim. Seu acidente foi sábado passado. -- Explicou.
-- Mas... -- Amanda não soube o que dizer.
Samantha angustiou-se ao ter a certeza de que a sua Amanda não lembrava dela, não lembrava do amor delas, dos dias felizes que tiveram juntas, dos planos de formarem uma família... Olhou Olavo desesperada sem conseguir conter as lágrimas de tristeza que já existiam em seus olhos.
-- Querida? -- Olavo chamou por Amanda. -- Qual o seu nome completo? Onde nasceu? Quem é esse homem a seu lado? E qual a última coisa que lembra, a última? -- Indagou para saber em definitivo o que ela sabia.
-- Meu nome é Eloá Franco do Vale Bartovisk, nasci em Florianópolis. Esse homem é Fabrício, meu marido e eu só lembro que estava no carro e estava chovendo muito, eu tinha acabado de sair da casa da Sophia a minha... amiga e... eu lembro, eu lembro que fui desviar do caminhão e... não lembro mais nada. -- Narrou um pouco nervosa.
Samantha saiu do quarto a passos largos quase correndo, estava desesperada, chorava copiosamente. Amanda não se lembrava do amor que sentiam uma pela outra, do que viveram e planejaram, das promessas que fizeram uma a outra, das noites maravilhosas que tiveram fazendo amor. Não lembrava dela!
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Nh Olivier
Em: 26/06/2020
Começei a ler o conto hj, meu Deus agunta coração..
coitada de Samm :(
Resposta do autor:
kkkk Eita sofrimento né?
Muito obrigada amore. prometo que as coias vão ficar bem no final.
Grande beijo
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Sem cadastro
Em: 09/09/2015
Que reviravolta!!!!!!
Nota mil pra esse capítulo!!!!!!
Resposta do autor:
Olá,
Obrigada amore.
Curta até o fime espero que goste.
Grande beijo
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