Julia virou o corpo devagar e confirmou o que temia, Linhares estava atrás dela com o revolver apontado em sua direção.

- Aonde pensa que vaí minha querida? Perguntou com sorriso sínico que era sua característica marcante.

- Como você demorou resolvi não esperar. Respondeu no mesmo tom de ironia usado por ele.

Linhares gargalhou.

- Você realmente muito ousada Julia, e isso me instiga ainda mais em te –lá para mim.

- Só me terá morta Linhares.

- Não será necessário tanto minha cara, pois tenho muito planos para nós.

Linhares se aproximou dela, ele estava acompanhado de alguns capangas que haviam subido no andar superior com ele. Abaixou a arma e tocou o rosto dela, que por instinto esquivou do toque, mas Linhares bateu com força em seu rosto com raiva pela rejeição.

- Você aprenderá a me respeitar como seu homem. Linhares agarrou Julia que tentava desesperadamente se soltar dele. A beijou. Julia sentiu ânsia e os sentidos se perderem. O horror era tanto que não teve mais força para se defender. Deixou ser beijada.

- Solte ela.

Julia saiu do transe quando Linhares parou de beija-la e olhou em direção a voz.

- O que pensa que está fazendo? Gritou ele pondo Julia ao seu lado.

- O deveria ter feito a muito tempo.

- Está querendo bancar o herói? Falou ele sacando a arma e apontando para Ernesto que também apontava a sua para ele.

- Solte ela Linhares, comuniquei ao governador tudo o que está acontecendo aqui e ele logo virá.

- Você o que? Como ousa! Linhares era puro ódio. E sem aviso atirou derrubando o pobre militar no chão sem nenhuma reação.

- Nãaoooo ! Julia gritou tentando ir até o corpo, mas foi impedida por Linhares.

- Mas que inferno! Linhares esbravejava. Julia chorava.- Maldito! Maldito todos!

Julia percebeu o quanto ele estava transtornado. Resolveu provoca – lo, sabia do risco, mas correria ele.

- Quando meu pai chegar você será um homem morto!

- Cale a boca sua vadia! Ele gritava – Acha mesmo que tenho medo daquele velho? Se vir estarei preparado para ele.

Julia viu o olhar insano daquele homem sentiu medo, por ela, por seu pai, por Mel por todos, ela sabia que ele não pouparia ninguém para conseguir chegar aonde queria.

- Linhares!

Ele ouviu aquela voz e seu ódio aumentou.

- Porque não vem aqui e resolve isso como um homem e para de se esconder taras de seus soldadinhos.

Linhares achou aquela mulher extremamente abusada. Olhou para Julia e viu que ela sorria. Sentiu toda dor da rejeição da mulher que amava, pois bem se ela o queria, ela teria. Mas não iria vender tão barato assim, ela sem dúvida pagaria um alto preço por sua escolha.

Pegou Julia pelo braço e saiu.

- Olá Mel Kibson! Estava procurando por mim? A expressão que ele viu no rosto da loira fez seu rosto ganhar um grande sorriso.

Agora sim o show começaria.

   Mel sentiu o coração querer salta pela boca. Ver Julia nas mãos daquele homem tirava todas as forças possíveis, mas teria que ser forte e muito cuidadosa naquele momento, qualquer deslize e ele poria fim em tudo. Sabia que ele não tinha mais nada a perder.

Viu que ele olhava em volta. Era uma verdadeira cena de guerra havia corpos para todo os lados.

- Retiro o que disse Linhares você não se esconde atrás de soldados e sim de mulheres. Mel tentava ganhar tempo.

- Não me importo sua opinião sua ladra vadia! Linhares berrava, parecia atordoado. – É por ela que veio né? Pois só a terá morta entendeu?

Mel procurava não olhar para Julia ou não conseguiria fazer mais nada. Pelo canto dos olhos viu Ernesto surgir pela porta do hotel, junto aos outros soldados que já não estavam armados, percebeu que ele estava ferido no ombro, no entanto parecia bem.

- Chega Linhares! Acabou! Gritou ele da entrada apontando a pistola.

Linhares olhou para trás para ver o que acontecia, nesse momento Julia aproveitou e o golpeou na barriga fazendo ele agachar devido a dor, rapidamente ela tirou a arma dele e a pontou para o mesmo.

- Não me parece tão valente agora.

Linhares permanecia de cabeça baixa ainda recuperando o folego. Via – se sem saída. Não acreditava que aquela mulher havia ganho dele. Levantou devagar. Julia acompanhou seu movimento com a arma em punho. Sentiu Mel ao seu lado. Queria abraça – lá e matar toda saudade que tinha dentro de si, mas precisava se manter focada naquele momento.

- Acabou Linhares! Falou Mel

Linhares começou a rir e logo depois aquele riso se transformou em gargalhadas.

- Nunca vai acabar Mel, sempre terá homens como eu!

- Então sempre haverá mulheres como eu para destruir homens como você.

Linhares olhou para ela carregado de ira.

- Você é muito cheia de si Mel, mas será que seria assim se soubesse quem foi seu pai?

Julia sentiu Mel se retrair ao seu lado. Temeu.

- Não ouse falar de meu pai!

Linhares gargalhou novamente. Estava chegando aonde queria desestabilizar- lá.

- Seu pai não passava de um bêbado que surrava sua mãe depois de comer todas as prostitutas da cidade.

Mel avançou e desferiu um soco no rosto de Linhares, o mesmo cuspiu o sangue que saia da sua boca e sorriu continuando sua provocação.

- Você vive se achando a dona da verdade, mas seu pai não passava de um porco miserável igual a você.

Quando Mel ia partir para cima dele novamente Julia a segurou.

- Não Mel, não vê que é isso mesmo que ele quer.

Mel respirou fundo, o toque de Julia a acalmou como por encanto. Olhou para sua amada. Sorriram. Abraçaram – se, estavam saindo quando Linhares deu sua última cartada.

- Foge covarde! Pelo menos seu pai não fugiu ele morreu como um homem. Apesar de ter sido muito fácil matar aquele bêbado.

Mel parou. Voltou-se para ele e Linhares viu nos olhos da loira um negro de ódio que jamais tinha visto.

A sorte estava lançada ou o azar.

Fim do capítulo