Capitulo 52 –

Isabella

              Caminhei em direção a varanda, observei Susane se despedir de Siqueira com um beijo, os dois até que formavam um casal fofo. Depois de alguns beijos o portão foi aberto e o homem foi embora, a mulher olhou em minha direção e fez gesto com a cabeça me cumprimentando, acenei de volta e logo depois ela entrou na casa.

              Fiquei perdida em pensamentos, a noite estava perfeita, o céu repleto de pequenas luzes, a lua completamente linda. Sorri não acreditando que eu estava fazendo isso. Larissa estava conseguindo me deixar mais leve a cada dia, parecia que os meus medos iam diminuindo a cada vez que ela sorria para mim.

           Estava tão distraída que nem ao menos vi quando ela chegou, senti seus braços em minha cintura o que me assustou. Ainda de costas para ela, pude ver que ela sorria. Depois de olha-la nos olhos, nos beijamos, sem pressa. Sorri quando ela me perguntou o que havia dado em mim para estar ali aquela hora, resolvi então contar tudo o que estava sentindo. Disse o porquê das flores e o porquê de estar ali.

           Eram nítidos o espanto e a surpresa que ela sentia, me perguntou repetidas vezes se era para valer. Claro que eu tratei de confirmar, ela me olhou intensamente, me beijando em seguida. O beijo tinha um novo sabor, uma entrega de ambas as partes, sei que parece bobagem mais podia jurar que conseguia até ouvir sinos em nossa volta.

            Susane abriu a porta vagarosamente, nos separamos, ela sorriu para nós e eu senti meu rosto queimar. A mulher desculpou-se e logo depois saiu, Larissa parecia disposta a retomar de onde paramos, porém sabia que ela precisava comer e tentei fazer um acordo, ela porém, tentou negociar. No final acabou fazendo do meu jeito.

             Enquanto ela foi para o banho eu liguei a tv e fiquei a sua espera, podia ouvir ela cantando no chuveiro. Alguns minutos depois vi que ela me observava, foi gostoso ouvir ela dizer que o melhor de tudo era poder me dizer como se sentia sem que eu fugisse igual ao papa-léguas do coiote, até que foi engraçado ela comentar isso, porem me fingi de ofendida.

            Comemos em um clima gostoso, conversamos sobre Milena e Isac. Já estávamos quase acabando quando eu contei sobre Suse e Siqueira, ela ficou surpresa. Ficamos namorando um pouco até que o sono começou a dá sinais, fui me preparar para dormi, ela levou as coisas do lanche para a cozinha. Quando saí do banho adorei a reação dela ao me ver, parecia hipnotizada, seu nervosismo era evidente, eu sentia minha pele arder de desejo. Ela conseguiu fugir de mim, antes porem consegui roubar um beijo.

            Fui para a cama, aproveitei para olhar alguns e-mails no celular mesmo. Era incrível como meu corpo reagia aos olhares dela, levantei meus olhos na busca de encontrar os seus, ela me admirava de forma a quase me deixar desconcertada. Pedi que ela se deitasse ao meu lado o que foi prontamente atendido. Senti o calor do seu corpo junto ao meu, fechei os olhos e dormi em seguida.

              Ao abrir meus olhos me deparei com duas íris azuis me encarando, como era linda essa minha menina. Sorri com meu pensamento, de menina ela tinha apenas as afeições, sem dúvida nenhuma ela era muito mais madura do que algumas pessoas por aí.

- Bom dia linda. - disse sorrindo.

- Bom dia meu amor, você estava me observando dormir? – perguntei me sentando na cama.

- Claro que não, isso seria muito estranho. – falou em tom de brincadeira. – Meu anjo por mais que eu adore a ideia de ficar com você aqui nessa cama o dia inteiro, nós precisamos ir trabalhar.

- Hum, eu sei. Tenho várias coisas para fazer hoje, dentre elas saber todos os detalhes de um certo pedido de casamento.

- Verdade, acho que eles estarão super felizes. Por falar neles, preciso que você me ajude em umas coisas.

- Que coisas?

- Como eles estão casando e não sabem ainda onde morar, quero presenteá-los. – falou normalmente.

- Mas porque minha ajuda? Você já sabe o que vai ser? – perguntei sem entender.

- Sei sim, preciso da sua ajuda com a legalização dos documentos. – levantou-se e me beijou. – Quero dá um flete para eles.

- Oi? – juro que se eu não estivesse sentada teria caído, como assim dar um flete, como se fosse algo tão normal de se dar de presente.

- Ora Bella, não faça essa cara de espanto. É só um flete, entre todas as coisas que pensei essa foi a que me pareceu mais certa. – falou calmamente.

- Ok, só me avisar quando decidir qual será que darei um jeito de passar para o nome dos dois sem que eles desconfiem de nada.

- Ótimo, agora vem tomar banho comigo? – me puxou pela mão, antes mesmo que eu pudesse responder.

               Nosso banho foi mais demorado que o pensado. Trocávamos carícias, algumas até mais intimas, Larissa era sem dúvidas a pessoa certa para mim. Nos arrumamos juntas, em meio a brincadeiras. Já eram quase sete e meia da manhã quando descemos para o café. Milena já estava sentada a mesa, Suse e Zé também se encontravam ali.

- Pensei que ia ter que chamar os seguranças para arrancar vocês duas daquele quarto. – Mile começou com as brincadeiras típicas.

- Bom dia para vocês, olha quem fala se bem me lembro, você não estava com essa roupa ontem à noite? – Lari falou, puxando a cadeira para que eu sentasse.

- Verdade, cheguei agora a pouco. Oi Isa.

- Oi Milena.

- Então Lari, sabia que estou bem perto de descobri sobre o tal namorado de Suse. – comentou logo que Susane saiu para pegar algo na cozinha.

        Larissa me olhou com cumplicidade, o que não passou despercebido por Milena. Zé que tomava seu café tranquilamente pareceu já saber quem era o misterioso namorado.

- Vocês! Seus traíras. – disse quase gritando, para logo depois sussurrar. – Me contem logo.

- Menina Milena, por que essa curiosidade toda? – o senhor perguntou calmamente.

- Ora Zé, só quero ficar por dentro dos assuntos. Agora vocês LaBela, podem me dizer quem é.

- LaBela? – perguntei sem entender.

- Sim, foi o nome que Isac e eu demos para Shippar vocês.

- Ai meu deus, ninguém merece você Milena. – Larissa falou divertida.

- E junto com o meu irmão então. – falei para risada geral.

- Olha, só posso dizer que é alguém que você conhece. – Lari pareceu querer brincar com a curiosidade de Milena.

- Não olhe para mim. – Zé falou quando ela olhou em sua direção.

- Serio Milena a Suse e o Zé? – foi impossível não rir das idéias absurdas dela.

- Aí gente, não sei. Vocês sabem e ficam nessa brincadeirinha sem graça. – falou cruzando os braços, parecia criança contrariada.

              O assunto foi mudado logo que Susane voltou para a mesa. Milena iria direto para a construção, depois de café fomos para empresa. O caminho foi tranquilo. Contei a Lari sobre o processo contra o ex funcionário da empresa, ela disse que se já havíamos tentado um acordo ele ainda permanecia querendo encrenca o melhor que poderíamos fazer era denuncia-lo.

              Assim que estacionamos, o celular dela tocou.

- Oi Mile. Certo daqui a pouco chego aí. – encerrou a ligação.

- Problemas? – perguntei antes de sair do carro.

- Sempre, hoje entendo porque meu pai trabalhava tanto. Bom, não vou nem subir com você.

- Tudo bem meu amor. Até mais tarde. – nos beijamos rapidamente.

- Até mais tarde linda.

             Caminhei em direção a empresa, o lugar estava movimentado, mais que o comum. Fui diretamente para minha sala. Como todas as manhãs fiquei a maior parte do tempo em meio a papeis e mais papeis. Analisava alguns cortes que seriam feitos quando batidas na porta me chamaram a atenção.

- Pode entrar.

- Bom dia Isa. – Maísa estava sorridente.

- Bom dia noiva, nada como um pedido de casamento para deixar uma mulher feliz. – falei abraçando minha amiga. – Fico muito feliz por vocês.

- Obrigada. Soube que você e Larissa tiveram uma grande participação.

- Imagina, só algumas coisinhas, sente-se.

             Aproveitei para que ela me contasse com riqueza de detalhes como tudo havia acontecido, fiquei emocionada com a declaração que Benjamim fez para ela.

- Então quando será o casório?

- Se dependesse do Ben daqui a um mês, mas consegui convencê-lo de que não é tempo suficiente, concordamos que daqui a uns três meses.

- Ótimo, agora vamos falar de lua de mel, algum lugar em mente? – perguntei.

- Não sei, nem acho que terei como me ausentar, afinal comecei a trabalhar aqui agora.

- Fala sério Má. Casar e não ter lua de mel é a mesma coisa de ir a Paris e não visitar a Torre Eiffel. Não se preocupe com a Lari, eu consigo seus dias de folga para a viagem.

- Nossa você está com essa bola toda com ela é? – me perguntou divertida.

- Sim, nos dormimos juntas ontem. Não sei o que ela fez comigo, só sei que fico assim sempre que falou ou penso nela.

- Aí o amor é mesmo lindo. – falou revirando os olhos como nos desenhos animados.

- É sim, mas sei que você não veio aqui só para me mostrar esse anel.

- Verdade, procurei o Siqueira, mas a secretaria dele disse que ele estava em audiência. Precisava que você ou ele olhassem o rascunho do esclarecimento sobre o funcionário encrenqueiro, antes que eu enviasse.

- Claro.

           Li a nota, acabou que nem precisou de mudança nenhuma, mandamos uma cópia para o e-mail de Ingrid e outra para Siqueira. Maísa enviaria o documento para a imprensa o mais rápido possível. Já era quase hora do almoço, os noivos iriam almoçar juntos. Estava arrumando minhas coisas, quando Larissa invadiu minha sala.

- Doutora, vim te raptar. – sorriu, me entregou um ursinho de pelúcia, que segurava um coração com um “Eu te Amo” escrito no meio.

           Ri pegando o mimo que ela me entregava, segurou minha cintura e me deu um beijo de tirar o folego.

- Que lindo. Obrigada. Para onde vamos?

- Se eu contar não será um rapto. Você nunca foi sequestrada antes? – falou brincando.

- Tudo bem.

              No percurso de minha sala até o estacionamento, as pessoas ficaram nos olhando. Acho que o urso estava chamando bastante atenção, ou será que era a intimidade entre nós? Confesso que nem dei muita importância, quando chegamos no carro ela abriu a porta para mim e em seguida ocupou o banco ao lado.

- Preparada?

- Na verdade, não. – falei aflita. Ela sorriu do meu jeito.

- Prometo que será ótimo. Mas preciso que você coloque isso. – me estendeu uma venda.

- Larissa o que você está tramando?

- Nada meu amor, confia em mim. – falou com cara de cachorro sem dono.

- Tudo bem.

                Coloquei a venda, seguimos rumo ao desconhecido, pelo menos para mim. Ela tentava me distrair de várias formas, contava até piadas sem graça. Dirigiu por alguns minutos, até que parou o carro.

- Chegamos.

- Posso tirar a venda agora? – perguntei

- Deixa que eu tiro. – me vez ficar de costas para ela.

                 Quando abri os olhos fiquei admirada, estávamos em um parque, sorri satisfeita ao olhar toda aquela beleza. Quase não havia ninguém ali, olhei admirada todas as flores e arvores.

- Gostou?

- Sim. Só tem um problema, onde vamos almoçar?

- Aqui, achou que só vim te mostrar a paisagem? – sorriu satisfeita. – Vem Milena e Isac estão nos esperando.

              Seguimos ao encontro dos dois, Larissa segurava minha mão. Caminhávamos sem pressa. Curtindo a paisagem, o lugar era realmente lindo. Quando avistei meu irmão e Mile, fiquei surpresa ao ver um piquenique. Como essa minha namorada é romântica.

Fim do capítulo