Capítulo 26
Capitulo 26
-- Bom dia pessoal - Eduarda chegou cedo à boate.
-- Só se for para você - Claudia respondeu amarga.
-- Credo Catarina, era pra você estar feliz. Nossa chefinha loira voltou depois de tanto tempo - Jorge levantou de sua mesa e foi beijar a garota - Seja bem vinda minha deusa dourada.
-- Obrigada Jorge - olhou triste para Claudia. A advogada havia sumido desde o dia em que Eduarda contou sobre ela e Rafaela.
-- Roberta onde está? - Eduarda sentou em sua mesa.
-- Saiu com Aline para conhecer a boate - Jorge estava tentando organizar uma pilha de papéis que estava sobre a sua mesa.
-- A gente vai ter que recuperar o tempo perdido. Vamos dividir as tarefas para ser mais rápido.
-- Voltou empolgada hein minha sapinha.
-- É o amor Jorge - Claudia levantou e saiu batendo a porta.
-- Deixa ela Dudinha. Isso uma hora vai passar.
-- Tadinha - ficou olhando para a porta - Juro que não queria que as coisas terminassem assim. Eu pensei que como a Claudia era uma mulher experiente poderia curtir um pouco mais com ela sem riscos de uma paixão desse tipo.
-- O amor não tem palavras, nem explicação loira.
-- É verdade Jorge.
-- Mas vamos falar de negócios. Eu tenho umas ideias glamorosas meu bem. Senta aqui que o tio Jorge vai te contar - Jorge estava todo animado.
No Leblon...
-- Mana falou com a Duda hoje? - Rogério sentou no sofá ao lado de Rafaela.
-- Não. Hoje ela está ocupada resolvendo assuntos referentes à inauguração da boate -- trocava os canais atrás de algo interessante para assistir.
-- Ela prometeu me levar para conhecer o Arpoador - fez cara de decepcionado - Liga pra ela mana e pergunta se o programa ainda está de pé?
-- Eu não. Ela vai pensar que arrumei uma desculpa só para ligar pra ela - até imaginava a cara de safada que ela faria.
-- Estava louco para ver aquela gata surfando. Ela é top mana.
-- O que é isso cara? Que falta de respeito - desligou a tv - Não tem nada que preste nessa droga - levantou e jogou o controle no sofá. - Pensando bem até que seria um programa legal.
-- Então mana liga lá - incentivou.
-- Tá seu chato eu vou ligar - riu da empolgação do garoto.
Na boate...
-- Roberta vem comigo até a concessionária buscar o Jeep Renegade que eu comprei?
-- Vamos Duda. Estou louca pra ver esse Jeep - desde o atentado Eduarda estava sem um carro apropriado para levar sua prancha de surf.
-- Vamos. A gente não volta mais hoje Jorge. Eu a Rafa e o Rogério vamos até o Arpoador.
-- Tudo bem Duda, nós vamos ficar por aqui, temos muita coisa ainda pra resolver. Divirtam-se.
Rafaela ligou no celular de Eduarda e nada da loirinha atender. Ligou no telefone da boate e pra infelicidade da arquiteta quem atendeu foi Claudia.
-- Por favor, gostaria de falar com a Eduarda - torceu para não ser reconhecida.
-- A Eduarda não está - fingiu não saber quem era - Ela saiu com a Roberta já faz algumas horas e ainda nem sinal das duas - destilou o veneno com um sorriso nos lábios.
-- Tudo bem. Ligo mais tarde. Obrigada - deligou com vontade de matar Eduarda. Haviam conversado tanto a esse respeito, mas pelo jeito entrou por um ouvido e saiu pelo outro.
-- Que ódio - Rafaela estava inconformada.
Na concessionária...
-- Que lindo Duda - Roberta amou o novo carro.
-- É um Jeep Renegade 2015 possui tração 4X4 e é automático com nove marchas.
-- É de babar - sorriu.
-- Não é a minha cara? Lindo, tração nas quatro rodas...
-- Topa qualquer parada - Roberta passou os braços ao redor do pescoço da cunhada - Aguenta qualquer tranco.
-- Você me deixa com os quatro pneus arriados sabia? - Eduarda se desvencilhou da morena.
-- Cadê a Dudinha que eu conheci? - provocou.
-- Ficou em estado de coma lá no hospital. Pode ir lá, ela está só esperando pra ser comida - falou rindo.
-- Idiota. Tá apaixonada pela minha irmãzinha mesmo é?
-- Muito. Hoje mesmo vou aprontar uma pra ela lá no Arpoador. Acabei de falar com o teu irmão pelo celular e combinei todos os detalhes.
-- Coitada da minha irmã. Então vamos tenho que almoçar com os velhos hoje. É o último dia de férias deles no Rio.
Eduarda passou em casa pegou duas pranchas, sua roupa de borracha e foi para o Leblon. Olhou pelo retrovisor e viu Schwarzenegger em sua moto. O segurança era invisível, mas hoje precisaria dele bem visível.
Chegou ao prédio e passou correndo pela portaria.
-- Boa tarde seu Moacir. Tô subindo - cumprimentou o porteiro.
-- Boa tarde minha filha - sorriu. Gostava muito da menina.
A família Dumont almoçava pela ultima vez juntos naquelas férias.
-- Não esquenta Rogério a Duda me falou do passeio de vocês no Arpoador - Roberta falou mais para tranquilizar Rafaela do que propriamente o irmão.
-- liguei na boate hoje e a Claudia me falou que vocês haviam saído - a arquiteta tentava arrancar algo da irmã.
-- Verdade - foi só o que falou.
Nesse momento a campainha toca.
-- Deixa que eu abro. Deve ser a Dú - levantou e foi atender.
Abriu a porta e puxou Eduarda pela camiseta para dentro do apartamento.
-- Aiiiiiiiiii... O que eu fiz Rafa? - levou um créco na cabeça.
-- Você é uma safada sem vergonha.
-- Tá e daí? Isso eu já sabia - levou mais um créco - Aiii... Rafa.
-- Onde vocês duas passaram a manhã toda?
-- Que duas? - a loira foi até o sofá e sentou ainda passado a mão aonde doía.
-- Você e a Roberta saíram hoje.
-- Saímos sim ela foi comigo na concessionária buscar o jeep que eu comprei, mas isso não levou uma hora. Por quê?
Rafaela contou que havia ligado para a boate e o que Claudia havia falado. Logo ligaram os fatos e constataram que tudo foi uma tentativa da advogada de causar intriga entre elas.
-- Você primeiro bate depois pergunta - choramingou.
-- Desculpa -- Beijou a cabeça da loira. -- Tá doendo tá? - fez carinho.
-- Hum, hum - fez manha.
-- Você já almoçou Dú? - Eduarda fez que não com a cabeça - Então vem - estendeu a mão para ela - Vamos almoçar.
-- Agora sim a família está completa - Milton saudou a garota.
-- Eu adoro vocês - beijou Milton e dona Maria -- Escuta essa Sr. Milton:
-- Alô, a minha sogra quer se atirar da janela.
-- Enganou-se no número, meu amigo. Aqui é da carpintaria.
-- Eu sei, mas é que a janela não abre...
Milton deu a sua tradicional gargalhada, dona Maria só sacudia a cabeça.
Horas depois, já no Arpoador...
-- Caramba Duda essa tua caranga é muito irada loira - Rogério estava alucinado.
-- Me apaixonei de cara mano - estacionou no bar do Perebinha - Vamos trocar de roupa aqui no Point.
Entraram e primeiro cumprimentaram toda a galera, os afilhados de Eduarda e depois foram trocar de roupa.
Eduarda assim que saiu do trocador falou em voz alta para os amigos:
-- Aquele que ficar tarando a minha namorada vai ter as duas pernas quebradas pelo meu amigo alí - apontou para Schwarzenegger que estava parado na porta -- Ouviram?
-- Ouvimos - todos responderam juntos.
Quando Rafaela saiu do trocador todos se viraram para o lado contrário. A morena achou estranho, mas não comentou nada.
-- O que foi? - Rafaela percebeu que a garota estava bicuda.
-- Não estamos em uma praia de nudismo, se é que você me entende.
-- Ai Dú. De novo não - saiu em direção à praia, sendo seguida pela loira - Escolhi o maior que tinha.
-- Quando escolher o menor, por favor, me comunica com antecedência. Quero sumir.
-- Meu Deus que exagero.
Rafaela fingia estar brava, mas por dentro estava amando. Eduarda ficava uma graça com ciúmes.
Não sabia explicar, nas com Kenedy era diferente. Ele era irritante e estragava os programas mesmo antes de começarem.
A loira não. Em questão de minutos ela esquecia e tudo voltava como antes.
Estendeu a toalha na areia e deitou.
-- Duda vamos - Rogério já havia tirado as pranchas do bagageiro do Jeep.
-- Vai lá - Rafaela estava de olho fechado, mas sentia a presença da garota em pé ao lado da toalha - Ninguém vai me agarrar - riu só de imaginar a cara dela.
Quando Rafaela levantou a cabeça novamente os dois já estavam surfando. Não entendia nada de surf, mais pelos comentários que ouviu da rapaziada que assistia, ela era a melhor surfista feminina do momento. Sentiu até uma pontadinha de orgulho da sua loirinha.
Eduarda deu uma pausa e chamou Rogério para perto. Queria dar umas dicas para o novato e mostrar algumas técnicas. Estavam tão concentrados que nem perceberam uma garota se aproximar.
-- Oi Duda. Quanto tempo minha linda.
-- Oi Vi - Duda sentou na prancha.
-- Duda vou lá - Rogério apontou para Rafaela.
-- Bele mano - Eduarda pulou na água sendo seguida pela garota.
-- Gata que saudade - falou bem próximo do ouvido de Eduarda.
Rafaela olhava aquilo da praia e não se acreditava.
-- Há, mas isso não vai ficar assim, não mesmo - levantou e foi em direção ao bar.
-- Mana espera - Rogério a alcançou na porta.
-- Porque você a deixou lá sozinha?
-- Ela não está fazendo nada demais - Rogério a defendeu.
Não deu ouvidos ao irmão. Entrou sentou em uma cadeira e chamou Perebinha.
-- Onde está a Dudinha?
-- Foi comida pelas piranhas. Me traz um Rum - falou brava.
-- Sério? - Perebinha olhou assustado.
-- Claro que não. Me traz um suco de abacaxi com maçã e gengibre.
Havia algo errado. Porque ninguém olhava para ela? Os rapazes que antes assoviavam e mexiam com ela hoje até se escondiam. Isso porque ela estava de fio dental. Estranho.
Eduarda entrou no bar com a garota a tira colo. Rafaela já ia se preparando pra jogar o suco na cabeça dela, quando a viu com um buque de rosas vermelhas nas mãos.
-- Eu tenho uma coisa para te mostrar. Mas senta aqui - colocou uma cadeira pra ela - Venham aqui bagaceira - os três surfistas malucos da serenata no hospital apareceram com seus violões.
-- Essa é pra você meu amor - Eduarda beijou a mão de Rafaela, entregou as rosas para ela e começou a cantar.
Amor da minha vida daqui até a eternidade
Nossos destinos foram traçados na maternidade
Paixão cruel desenfreada te trago mil rosas roubadas
Pra desculpar minhas mentiras minhas mancadas
Exagerado jogado aos teus pés
Eu sou mesmo exagerado adoro um amor inventado
Eu nunca mais vou respirar se você não me notar
Eu posso até morrer de fome se você não me amar
E por você eu largo tudo vou mendigar roubar, matar.
Até nas coisas mais banais prá mim é tudo ou nunca mais
Exagerado jogado aos teus pés
Eu sou mesmo exagerado
Adoro um amor inventado
E por você eu largo tudo carreira, dinheiro, canudo.
Até nas coisas mais banais prá mim é tudo ou nunca mais
Exagerado jogado aos teus pés
Eu sou mesmo exagerado adoro um amor inventado
Jogado aos teus pés com mil rosas roubadas
Exagerado eu adoro um amor inventado
Cazuza - Exagerado
Rafaela estava emocionada.
-- Subi quantos pontos no seu conceito? - perguntou se ajoelhando aos seu pés.
-- Quer saber mesmo? - Rafaela colocou a mão na nuca de Eduarda e enfiou os dedos no cabelo e a puxou.
Eduarda sentiu a aproximação, sua respiração acelerou e fechou os olhos.
Rafaela passou a língua na boca da loirinha, mas não a beijou. Passou os lábios nos lábios dela bem de leve. Deu uma mordidinha no lábio inferior para então beija-la.
O beijo começou lento e suave para depois mergulhar em um abismo de sensações gostosas. Aquele beijo estava perfeito, o ar fez falta e tiveram que parar para respirar.
-- Uau devo ter subido uns mil pontos - sorriu - Se você quiser eu canto pra você a noite inteira meu amor.
Rafaela colocou os braços ao redor do pescoço de Eduarda e deu um selinho rápido.
-- Você está me maltratando assim amor - a loira passou a mão pelo corpo praticamente nu da arquiteta.
-- Tá gostoso Dú? - sussurrou no seu ouvido.
-- Muito - Eduarda respondeu entre os lábios da morena.
-- Ei, psiu - Rogério chamou as duas - O showzinho vai longe ainda?
-- Vocês estão olhando o que? - Eduarda se postou na frente da Rafaela para escondê-la.
-- Nada Dudinha só achando muito linda a sua declaração - um dos surfistas falou.
-- Você poderia se vestir agora? - praticamente implorou.
-- Tá bom - Rafaela decidiu fazer a vontade da ciumenta e foi vestir a roupa.
-- Onde você está levando a gente Duda? - Rogério era pura ansiedade.
-- Nós vamos caminhar sobre a grande rocha - Duda indicava o caminho - Me dá a mão amor. Tem alguns trechos íngremes e acidentados.
-- Cara como esse lugar é lindo - os olhos de Rogério brilhavam.
-- Dú porque em alguns pontos aparecem esses caminhos cimentados? - Rafaela estranhou.
-- Nos últimos tempos, eles foram acrescentados para facilitar a subida. Uma pena em minha opinião esta interferência, pois acho que a pedra deveria ser mantida intocada e em sua forma rustica, como a natureza ao mundo apresentou.
Subir nas pedras do arpoador, sentar e observar as ondas, o céu e sentir o vento no rosto com certeza é uma das coisas mais bacanas para fazer no Rio de Janeiro. É uma contemplação revigorante.
Eduarda sentou e aconchegou Rafaela sentada entre as suas pernas, a abraçou pela cintura e apoiou a cabeça em seu ombro.
Rogério sentou ao lado das duas.
-- Bater palmas para o pôr do sol da pedra do Arpoador é uma tradição amor e ocorre principalmente nos dias ensolarados de verão como hoje - cheirou o cabelo perfumado da arquiteta.
O sol começou a se pôr no mar, gerando um efeito ótico deslumbrante. Todas as pessoas que estavam ali começaram a bater palmas. Eduarda, Rafaela e Rogério não deixaram por menos e também aplaudiram o espetáculo oferecido gratuitamente pela natureza.
Rafaela sorriu radiante. Era lindo demais.
Fim do capítulo
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