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Simplesmente Aconteceu - 1ª Temporada por Cris Lane

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Palavras: 5361
Acessos: 4410   |  Postado em: 00/00/0000

Capítulo 21

Passados dois meses, Ana Paula e Gisele ainda estavam procurando por apartamento, a advogada já estava para lá de irritada com a namorada que nunca gostava de nenhum lugar que Ana havia selecionado para comprarem. Todos tinham um problema diferente, ou o bairro, ou a cozinha pequena ou a vaga da garagem.

 

 

-- Gisele nós já vimos dez apartamentos, não é possível que nenhum te agradou.

 

-- Ué amor, eu não gostei de nenhum.

 

-- Nem no Rio você conseguiu gostar dos apartamentos, eu imagino o inferno que foi para você comprar o que você mora.

 

-- Na verdade eu não tive como escolher porque ele foi indicado pela marinha, nós não tivemos opção.

 

-- Que sorte do Bruno!

 

-- Meu amor eu quero que seja o melhor para nossa vida começar bem.

 

-- Mas tem que ter algum pelo menos para começarmos a nossa vida, porque do jeito que está isso não vai acontecer.

 

-- Se acalma meu bem, nós vamos encontrar o nosso ninho de amor.

 

-- Eu espero que sim, já tem dois meses que nós estamos nessa peregrinação, eu já estou cansada.

 

-- Vem cá me abraça.

 

Gisele puxou Ana Paula para junto de si e a abraçou, cortando completamente o assunto, prevendo que a loira iria perguntar sobre o divorcio, ela tratou de mudar o foco da conversa.

 

-- E aquela sonsa? Tem falado com ela?

 

-- Não fala assim dela. 

 

-- Ela foi para onde que você nunca diz?

 

-- Ela está segura, é só isso que você precisa saber.

 

-- Você ainda se encontra com ela?

 

-- Claro que não Gisele, esquece a menina.

 

-- Acho bom.

 

Ana pensou um pouco e realmente se deu conta que não recebera mais nenhum e-mail de Adriana, nem torpedos e nem ligações, e no seu intimo ela sentiu uma pontinha de insegurança, imaginando se a morena encontrara alguém na universidade que tenha conseguido conquistar Adriana fazendo com que o amor que ela sentia fosse dissipado. Ela só não sabia que essa ausência se dera por conta de outra armação de Gisele para afastar as duas.

 

*******************

 

 

Em Harvard, Adriana seguia dividindo o seu tempo entre estudar pesado e o departamento médico da Universidade, o tratamento é ótimo, sua recuperação está melhor do que o estimado, a menina já andava sem as muletas, ainda usava uma bota de proteção, mas não precisava mais de apoio.

 

Adriana estava encantada com a universidade, o orientador de Adriana é um senhor muito inteligente e gabaritado no assunto, ela estava radiante, estava aproveitando o curso ao máximo, ela mandava e-mails para as amigas com projetos e “papers” do curso. Elas trocavam informações e ideias através do Skype e MSN, Adriana realmente voltará para o Brasil com uma bagagem muito boa sobre controladoria.

 

Em contra partida, Viviane estava vivendo o contrário, o curso passava e ela assistia às aulas apenas por estar ali, ela não entendia uma palavra que os professores falavam, nas horas vagas ela só queria saber de farra, vivia nos bares e pubs da cidade, passava noites fora, conheceu um americano que ela começou a ficar e dormiu fora algumas vezes. Aquilo incomodava Adriana, pois a morena dormia cedo e a amiga chegava de madrugada fazendo barulho atrapalhando o sono da companheira de quarto.

 

Adriana estava estudando na biblioteca, preparando um trabalho para entregar ao orientador, coisa que Viviane também deveria estar fazendo, mas a menina ia para uma festa em uma das fraternidades do campus. Viviane chegou e sentou ao lado de Adriana.

 

-- Oi amiga. – sorria -- 

 

-- Oi. – não desviou o olhar dos cadernos --

 

-- O que foi? Você está com uma cara!

 

-- Viviane, eu estou fazendo o trabalho para a aula de auditoria, coisa que você deveria estar fazendo também. – sussurrava --

 

-- Eu faço amanhã, hoje tem uma festa lá da fraternidade do Brian.

 

-- Viviane, você não acha que está exagerando com essas festinhas? –desviou o olhar para a ruiva -- 

 

-- Que nada, --deu um tapinha no ombro da morena -- você que deveria sair mais do casulo, só fica enfiada dentro do quarto.

 

-- Não, obrigada, eu vim aqui para estudar, e não para brincar. – olhou de volta para os cadernos -- 

 

-- Ui, tem gente nervosa. – balançava as mãos para o alto --

 

-- Vivi, vai logo para sua festa, pois o pessoal já está olhando de cara feia para nós, não devemos ficar conversando aqui.

 

-- Eu vou mesmo, eu só vim te avisar que eu vou chegar tarde.

 

-- Como se precisasse. – revirava os olhos --

 

-- Oh mau humor! Beijos. – mandou um beijo pelo ar --

 

A ruiva saiu, e Adriana voltou a se concentrar em suas pesquisas. Saiu da biblioteca tarde, resolveu finalizar a composição no quarto, pois a biblioteca já estava fechando. Chegou ao quarto quase meia noite pois parou para fazer um lanche e finalizou o seu trabalho. Enquanto estava no computador ela conectou ao Skype, e encontrou Isadora on line, a garota se sentia sozinha e resolveu chamar a amiga.

 

-- Oi Isa, tudo bem?

 

-- Oi Adriana, tudo certo, e com você?

 

-- Eu estou bem, fazendo trabalho para entregar sexta-feira.

 

-- Nossa, que menina estudiosa, eu estou de bobeira, entrei a toa mesmo.

 

-- Que saudade de quando eu tinha esse tempo.

 

-- Verdade.

 

-- Isa, Ana Paula está bem?

 

-- Drica, você realmente quer saber sobre ela?

 

-- Sim, eu quero.

 

-- Ela está bem, trabalhando como sempre. Estava resfriada semana passada.

 

-- Você é engraçada. – uma pausa -- Ela ainda está com a Gisele?

 

-- Sim, elas estão procurando apartamento para morar juntas. – falava naturalmente --

 

-- Entendo.

 

-- Amiga, muda o foco, tenta esquece-la. Ela não consegue sair dessa.

 

-- Eu estou vendo. Mas sabe o que me incomoda, é que eu e você sabemos que esse apartamento nunca vai ser comprado, e ela só está perdendo tempo.

 

-- O pior é que eu sei mesmo. Eu concordo com você e isso acaba comigo, assistir minha amiga perder a vida dela podendo ser feliz com outra pessoa que daria mais valor a ela.

 

-- Não dá para fazer nada, o amor prega cada peça. – suspirou --

 

-- Drica, por mais que nós saibamos que isso não vai para frente, é melhor você não se privar de conhecer outras pessoas, de se envolver, você não estará fazendo mal a ninguém.

 

-- Eu sei, mas eu prefiro apenas estudar para não perder o foco. Quando eu voltar para o Brasil eu penso nisso.

 

-- Tudo bem, se é bom para você, faça desse jeito.

 

-- Obrigada Isa, eu vou desligar pois eu estou muito cansada o dia foi pesado hoje.

 

-- Está bem, um beijo.

 

-- Manda um beijo para Nathalia.

 

-- Nenhum para Ana Paula?

 

-- Não, se ela quisesse algum beijo meu, ela não me mandaria aquele e-mail, mas ela não quer falar comigo, então ela não merece.

 

-- Que e-mail?

 

-- Um que ela me diz que minha amizade a atrapalharia com a Gisele, o amor da vida dela.

 

-- Não fica magoada com ela, ela só quer te proteger. – imaginou que seria por causa das ameaças de Gisele --

 

-- Proteger-me de que?

 

-- Um dia vocês terão oportunidade de conversar e talvez ela tenha uma explicação para essa ausência.

 

-- Talvez. – deu de ombros --Beijos Isa.

 

-- Beijos.

 

Adriana desligou o computador com mais saudade do que estava, mas também muito decepcionada, descobrir que Ana estava procurando casa com a mulher eu quase tirou a sua vida a deixou muito triste, tomou um banho e resolveu deitar. 

 

Para sua surpresa Viviane não apareceu à noite toda, quando ela acordou e se deu conta que a cama não tinha sido desfeita ela ficou preocupada.

 

Adriana tentou ligar para o celular da amiga e estava desligado, mandou mensagem esperando que ela retornasse quando recebesse o torpedo.

 

Saiu para a aula da manhã e ouviu alguns rumores sobre uma ocorrência policial envolvendo a fraternidade que Viviane estava na noite passada. A ruiva não apareceu na aula o que a deixou apreensiva.

 

Ela perguntou a alguns colegas mas ninguém sabia ao certo o que acontecera, apenas que policiais detiveram vários alunos envolvidos na festa.

 

Adriana ficou desesperada, ela não imaginava em qual encrenca Vivi estava metida, pensou logo em drogas, mas preferiu não fazer julgamentos antecipados.

 

Na hora do almoço ela voltou ao quarto para ver se Viviane já havia retornado, senão ela sairia à procura da amiga na delegacia.

 

Para o seu alívio, ela encontrou Viviane deitada em sua cama enrolada em um cobertor. A garota estava virada para a parede, e ela só via os cabelos vermelhos sobre o travesseiro.

 

 

-- Viviane, o que aconteceu? Eu fiquei preocupada com você. – deixava a mochila em sua cama -- O que houve nessa festa? – retirou o casaco --

 

Viviane não falou nada, Adriana sentou na cama de Vivi e fez a garota virar para ficar de frente para ela e viu um hematoma em seu rosto, o que a deixou assustada, a garota tinha os olhos inchados e vermelhos de chorar.

 

-- Viviane o que foi isso?  O que ele fez com você? – fez um carinho em sua testa --

 

A menina sentou na cama e relatou a noite de horror que passou dentro da fraternidade.

 

-- Dri, o Brian, é um cafajeste!

 

-- O que ele fez?

 

-- Eu fui para a festa da fraternidade dele e estava tudo correndo bem, até percebermos que nós fomos atraídas para uma armadilha, tinham apenas algumas garotas, e eles falaram que teria um trote.

 

-- Trote? Que trote foi esse?

 

-- Eu não sei, eu não entendia muita coisa do que eles falavam, eu comecei a ficar assustada, pois eles colocaram uma música alta e começaram a vir para cima das meninas, eles riam, e nos forçaram a trans*r com eles.

 

-- Viviane, isso foi um estupro, você foi violentada?

 

-- Sim. Por vários rapazes. – ela abaixo a cabeça envergonhada -- 

 

-- Minha nossa! Eu não estou acreditando nisso!

 

-- A nossa sorte foi que a guarda da universidade apareceu por causa do barulho que estava incomodando as outras casas e nos resgatou.

 

-- Então eles levaram vocês para a delegacia?

 

-- Sim, nós fizemos vários exames e eles foram presos em flagrante.

 

-- Minha nossa, esse idiota!  -- sentia raiva --

 

-- Adriana, foi horrível, até a polícia chegar foi uma tortura. – lágrimas escorriam -- Eles faziam fila, se revezavam, eu achei que iria morrer.

 

-- Mas eles pegaram todos?

 

-- Sim, todos os rapazes que estavam participando.

 

-- Ainda bem que estão presos, em flagrante será pior ainda, pois não tem como dizer que não estavam envolvidos. – segurou sua mão -- O Brian está entre eles?

 

-- Está, foi ele quem começou, como eu resisti, ele me bateu, além dos estupros ele também está respondendo por agressão.

 

-- Que canalha!

 

-- A minha vontade é de pegar o primeiro avião e voltar para o Brasil.

 

-- Ai amiga, eu imagino, vem cá.

 

Adriana abraçou Viviane que começou a chorar novamente, a morena estava revoltada com o ocorrido e sua vontade era de matar os meninos que fizeram essa atrocidade com as garotas.

 

-- Viviane, você tem que descansar, eu acho que até o julgamento você não poderá sair daqui, então é melhor você se acalmar e colocar a cabeça no lugar para se recuperar.

 

-- Eu não sei o que vai acontecer, se eu vou conseguir.

 

-- É claro que vai! Eu estou aqui e eu vou te ajudar no que for preciso.

 

-- Eu estou morrendo de vergonha! – colocava as mãos no rosto -- 

 

-- A culpa não foi sua, você não deve ter vergonha, você foi uma vítima! 

 

-- Mas eu transei com ele no primeiro encontro, ele achou que eu sou uma piranha.

 

-- Você vacilou, mas isso não significa que ele tinha o direito de fazer o que fez. O que eu vou te pedir agora é que você repense o motivo pelo qual você veio para cá. Ao invés de festas e baladas, por que você não tenta se empenhar para aproveitar a oportunidade que você recebeu?

 

-- Você tem razão, eu só fiz merd* desde que eu cheguei aqui.

 

-- Não foi bem assim. Você fez algumas merd*s sim, mas nenhum caso de polícia.

 

-- A não ser essa de ontem.

 

-- Mas essa de ontem não foi culpa sua.

 

-- E por que eu fico achando que foi? – seu olhar era triste --

 

-- Mas não foi, e pode tirar isso da sua cabeça. Eu vou ao refeitório e vou trazer nosso almoço para cá, eu vou ficar com você hoje aqui no quarto.

 

-- Não precisa, eu tenho que ir à delegacia novamente à tarde.

 

-- Então eu vou com você.

 

-- Mas e a sua fisioterapia?

 

-- Eu desmarco.

 

-- Você tem certeza?

 

-- Claro! Eu não vou deixar você ir sozinha, eu vou ver o que eles estão falando para ninguém te enrolar.

 

-- Obrigada.

 

A menina estava completamente mudada, o olhar triste e o semblante desanimado cortaram o coração de Adriana. 

 

Ela fez o que prometera, foi no departamento médico e explicou o porquê faltaria a sessão daquele dia, passou no refeitório e pegou almoço para as duas, almoçou com Viviane no quarto e depois acompanhou a ruiva até a delegacia. Haviam vários estudantes comentando o caso, na delegacia as outras garotas que também sofreram o abuso, estavam acompanhadas de seus pais, ou sozinhas, mas todas tinham as mesmas expressões de tristeza e vergonha.

 

Lá ela permaneceu sempre ao lado da amiga, pois ficou como tradutora de Viviane, ela presenciou os reconhecimentos e esteve presente no depoimento da amiga, ela ficou desolada ao ouvir o relato emocionado de Vivi descrevendo como foi dominada dentro da casa amordaçada com uma tira de pano preto e foi violentada por três rapazes até a polícia chegar, ela já havia sido submetida aos exames de corpo e delito e a partir dali seria apenas aguardar o julgamento, como Adriana previra, ela não poderia sair do país até a data da audiência.

 

De volta ao alojamento, Viviane tomou um banho e deitou novamente em sua cama, a menina não tinha ânimo para fazer nada. Adriana com o coração partido sentou ao seu lado e fez um carinho na amiga.

 

-- Você quer alguma coisa?

 

-- Não, obrigada. Eu só quero sumir um pouco.

 

-- Eu vou lá embaixo ver se encontro algum pó mágico para te ajudar.

 

Viviane acabou rindo com Adriana.

 

-- Será que você se importa se eu usar um pouco em mim também? – Adriana falava --

 

-- Não, eu divido com você.

 

-- Obrigada, você é muito gentil.

 

Viviane riu novamente.

 

 

-- Vivi, eu vou deixar você descansar.

 

Adriana fez o movimento que iria levantar da cama, mas Viviane segurou sua mão, impedindo a morena de sair dali.

 

-- O que foi?

 

-- Será que você pode ficar aqui comigo mais um pouco?

 

-- Posso sim. – sorria delicadamente --

 

Adriana deitou ao lado da amiga que se aninhou em seu peito e voltou a chorar baixinho, um choro doído, que fez com que Adriana derramasse algumas lágrimas também. As amigas acabaram adormecendo abraçadas depois de um dia tão cheio e conturbado.

 

***********************************

 

No final da semana Ana estava em casa, quando recebeu um telefonema de Isadora.

 

 

-- Oi Isa, tudo bem?

 

-- Tudo bem, você está onde?

 

-- Eu estou em casa, e você?

 

-- Eu estou voltando do Rio, eu posso passar por ai?

 

-- Claro, Vem para cá. Eu estou te esperando.

 

-- Daqui a pouco eu chego por ai então.

 

Uma hora depois Isadora chegou na casa de Ana, ela parecia abatida, estava com o semblante triste, Ana ficou preocupada com a amiga.

 

-- Isa, que cara é essa? Você está bem? – beijos de comadres -- 

 

-- Ai amiga, eu vim aqui para conversar com você, eu não estou nada bem.

 

-- Vamos para o meu quarto, o que houve?

 

Chegando no andar de cima, Isadora sentou em uma poltrona que fica perto da janela do quarto de Ana Paula e esta puxou a cadeira da escrivaninha e ficou de frente para a amiga.

 

-- Isa me fala o que está acontecendo, eu estou ficando preocupada.

 

-- Ana, eu estou desconfiada que Nathalia está me traindo.

 

Ana arregalou os olhos e ficou espantada com a revelação da amiga. Ela nunca poderia imaginar algo desse tipo entre as duas, elas se amavam, se davam muito bem, elas formavam um casal lindo e quase perfeito, pois perfeição não existe.

 

-- Isa, o que você está me dizendo? De onde você tirou isso?

 

-- Ana, ela está diferente, tem trabalhado até tarde, agora inventou de trabalhar sábado, ai semana passada eu precisei falar com ela, mas não consegui, o celular estava desligado, então eu liguei para o escritório, ela me disse que estaria trabalhando, a secretaria me falou que ela não tinha aparecido na empresa no sábado. – passou a mão nos cabelos --

 

-- Hum, mas ai ela pode ter mudado de ideia.

 

-- Mas quando ela chegou à minha casa a noite e eu perguntei sobre o dia dela ela respondeu que estava cansada pois tinha ficado até tarde na empresa. – passou a mão nos cabelos --

 

-- Ai Isa, então ela mentiu para você.

 

-- Sim, e hoje novamente ela falou que iria trabalhar em um projeto, eu resolvi ir até lá para ver se ela estava mesmo no escritório.

 

-- Por que você fez isso amiga?

 

-- Porque eu não quero ficar bancando a otária Ana. – gesticulava -- E sabe o que aconteceu quando eu cheguei lá?

 

-- Não.

 

-- Ela não estava no escritório, eu perguntei a secretária como quem não quer nada, e ela me disse que quase ninguém vai no sábado, só o pessoal do call center. Que Nathalia nunca esteve lá esses dois meses no sábado. Ela está com alguém.

 

Isadora começou a chorar, Ana a abraçou tentando conforta-la, ela não sabia o que fazer nem o que dizer.

 

-- Isa, eu não sei o que dizer.

 

-- Nem eu o que pensar. Ela está mentindo para mim, eu só penso que ela está com outra pessoa.

 

-- Amiga conversa com ela, pergunta, confronta as informações. Vocês vão se encontrar hoje?

 

-- Sim, ela vem pra Niterói, nós íamos a um aniversário de uma amiga minha lá do trabalho.

 

-- Então antes de qualquer coisa, chama a Nathalia para uma conversa e coloca tudo em pratos limpos.

 

-- E se ela negar?

 

-- Ela vai precisar de uma boa desculpa para justificar essas mentiras. 

 

-- Eu não sei o que fazer, e se ela confirmar? E se ela estiver com outra pessoa mesmo?

 

-- Ai você terá que se acalmar e colocar a cabeça no lugar para decidir o que fazer, se você vai perdoar ou se você vai se separar.

 

-- Ai Ana, só de pensar isso, meu coração dói, eu amo muito essa mulher, ela tem sido maravilhosa na minha vida, eu não sei se eu vou suportar uma traição dela.

 

-- Isadora, você é uma mulher maravilhosa, bem sucedida, a melhor amiga que eu poderia ter, se ela não deu valor a isso, ela não te merece.

 

-- Ela não tinha esse direito.

 

-- Olha, você tem que se acalmar, vai para casa, toma um banho, tenta descansar, eu sei que você deve estar com a adrenalina correndo pelas suas veias, mas você tem que estar calma para conversar com ela quando ela chegar.

 

-- Eu sei. Mas eu estou muito nervosa.

 

-- Então fica aqui comigo, e eu te levo para casa mais tarde. 

 

-- É melhor, senão eu não sei o que eu posso fazer sozinha dentro daquele apartamento.

 

-- Você quer alguma coisa?

 

-- Vodca com gelo.

 

-- Eu vou pegar.

 

Isadora ficou na casa de Ana Paula até a noite, Nathalia ligou para a namorada no final da tarde dizendo que iria se atrasar, pois saiu tarde do trabalho e Isadora colocou no viva voz para Ana Paula escutar a conversa.

 

As amigas saíram em direção a Icaraí, Ana foi deixar Isadora em casa para esperar Nathalia.

 

-- Vai lá amiga, boa sorte, eu espero que isso seja um grande mal entendido.

 

-- Eu também, mas se não for eu posso te ligar?

 

-- Deve, a qualquer hora que eu venho aqui.

 

-- Obrigada amiga.

 

-- Se cuida.

 

Isadora saiu do carro de Ana e subiu, ela ainda ficou algum tempo parada ali, pensando no que fazer, saiu com o carro, e acabou passando em frente ao prédio de Adriana, o que a fez parar e pensar na morena que tanto tirou o seu sono, teve a nítida impressão de sentir o perfume que Adriana usava, e seu corpo se arrepiou inteiro. Olhava para a janela do quinto andar e ela estava acesa, certamente era a pessoa que alugou o apartamento. Mais uma vez ela se perguntou por que a contadora parou de enviar e-mails e torpedos, ela sentia saudades das conversas, da companhia e de tudo que envolvia a menina.

 

Suspirou forte e voltou a dirigir, foi para casa esperar uma ligação de Isadora para contar o que aconteceu. Ao chegar, encontrou Camila saindo arrumada.

 

-- Oi Mila, vai para onde?

 

-- Maninha, eu vou assistir um show de pagode na Lapa, as meninas da faculdade vão e eu resolvi acompanhar, eu estou muito tempo presa em casa.

 

-- Eu também acho. Mas você vai sozinha ou vai se encontrar com alguém lá?

 

-- Eu vou sozinha, eu não estou mais saindo com ele, se é o que você quer saber. Eu estou evitando encontra-lo e estou seguindo com minha vida.

 

-- É o melhor mesmo.

 

-- E você, como está?

 

-- Na mesma, Adriana em Harvard e eu aqui correndo atrás de apartamento.

 

-- Sei, mas você não gostou de nenhum?

 

-- Eu gostei de todos, Gisele que não consegue gostar de nenhum.

 

-- Eu não queria te falar isso não, mas você sabe por que ela não gosta de nada não é mana?

 

-- Eu sei. Daqui a pouco eu vou comprar sem ela saber, e ela vai ter que se virar.

 

-- Você tem é que se livrar dela isso sim. – colocava os brincos --

 

-- Camila!

 

-- Desculpa, mas é o que eu penso, deixa eu ir, beijos. – pegou as chaves do carro e saiu--

 

-- Divirta-se.

 

Ana subiu para o seu quarto e mandou um sms para Gisele, mas não obteve resposta, ela já estava voltando a agir como antes, já estava deixando Ana sozinha nos finais de semana. Ela sabia que as artimanhas de Gisele estavam voltando.

 

Ela resolveu tomar um banho e deitar para ver televisão, ficaria em casa para descansar. Ana acabou dormindo enquanto assistia a um filme chato. Ela acordou assustada com o celular tocando no chão ao lado da cama. Pegou o aparelho e viu no visor o nome de Isadora, não se deu conta de que horas eram, apenas atendeu o chamado da amiga.

 

-- Alo.

 

-- Ana.

 

-- Isa? O que aconteceu? Você está bem?

 

-- Ana, eu estou aqui no seu portão, tem como abrir?

 

-- Claro, eu vou descer.

 

Desligando a ligação Ana viu a hora no celular, marcava duas horas da manhã, pelo horário, e a presença de Isadora em sua porta, ela já viu que as suspeitas da amiga eram verdadeiras e ficou chateada com a situação.

 

Ao abrir a porta se deparou com a amiga abatida e chorando, o que a fez logo abraça-la sem fazer nenhuma pergunta, apenas dando conforto e apoio.

 

-- Entra.

 

Isadora entrou sem falar nada. Ana a levou para a sala, ela estava sozinha em casa, seus pais estavam viajando e Camila não tinha chegado ainda do show, acomodou Isadora no sofá e sentou ao seu lado, não falou nada, apenas esperou a amiga falar quando se sentisse a vontade.

 

Depois de um tempo tentando se acalmar, finalmente Isadora resolveu se abrir.

 

-- Aninha, desculpe, eu te acordei. – limpava o rosto com as mãos --

 

-- Que isso, eu te falei para me ligar a qualquer hora. O que houve?

 

-- Ela me contou tudo.

 

-- O que? 

 

-- Eu tinha razão ela está com outra pessoa. – limpava o rosto com um lenço dado por Ana --

 

-- Poxa Isa, eu sinto muito.

 

-- Elas já estão saindo ha alguns meses. Eu percebi que ela havia mudado, mas eu achava que era muito trabalho, mas ela estava trans*ndo com outra mulher.

 

-- Isa, não tinha como você adivinhar, se você não tivesse descoberto esse furo do trabalho iria passar despercebido, você sempre iria pensar que era por causa de cansaço.

 

-- Eu não consigo acreditar que esteve embaixo do meu nariz esse tempo todo.

 

-- Mas ela falou de onde é essa mulher?

 

-- Isso que foi o pior, você não vai acreditar com quem ela está tendo um caso.

 

-- Eu conheço?

 

-- Sim, ela estava me traindo com a Alessandra.

 

-- Que Alessandra?

 

-- A amiga da sua namorada. – gesticulava --

 

-- Isa, Drica não é minha namorada, e mesmo se fosse, não fale como se ela fosse culpada por isso. Ela nem está aqui.

 

-- Eu sei, é que eu estou tão revoltada que eu acho que a culpa é de todo mundo.

 

-- Amiga, eu nunca poderia imaginar que elas tinham algo.

 

-- Para você ver. Ela era o amor da infância da Nathalia. Elas se descobriram juntas, e não deu certo por causa das famílias, elas eram muito novas e tudo o mais. Aquele xarope de primeiro amor.

 

-- Entendi, então elas não eram somente grandes amigas, existia um passado entre as duas.

 

-- Sim, e um passado bem intenso.

 

-- Amiga, e a Paula ela já sabe?

 

-- Eu acho que não, eu confrontei a Nathalia hoje, não deve ter dado tempo de falar com a Alessandra que eu descobri, eu não sei o que elas vão fazer, mas eu não pretendo me meter no casamento delas.

 

-- Mas você vai deixar a Paula ser feita de otária?

 

-- Cada um com seu cada um. – Isadora falava chateada --

 

-- Não faz isso amiga.

 

-- Ana não me peça nada hoje, por enquanto eu não vou fazer nada, deixa as duas conversarem para ver o que elas vão decidir, eu não vou me meter no casamento alheio.

 

-- Elas estão juntas ha quanto tempo?

 

-- Tem cinco meses. – Isadora levantou do sofá e começou a andar pela sala --

 

-- No réveillon elas já estavam juntas então, por isso eu percebi as duas conversando tanto na sala.

 

-- É, ali elas já estavam nos fazendo de idiotas.

 

-- Eu ainda estou passada. Imagina quando Adriana souber.

 

-- E quem vai contar? – ela virou de frente para Ana --

 

-- Ué, as amigas dela quando tudo vier à tona.

 

-- depois de um tempo em silencio -- Ana você tem falado com ela?

 

-- Não, ela nunca mais ligou ou mandou e-mail.

 

-- Deixa a garota então, ela deve estar se recuperando, e você continua pendurada naquela insuportável, esquece Adriana.

 

-- Nossa, que coice.

 

-- Desculpe amiga, mas hoje eu estou um poço de amargura.

 

-- Eu sei. Mas como foi a conversa de vocês? Ela tentou negar?

 

-- Não, quando ela chegou eu perguntei como tinha sido o trabalho e ela foi capaz de me dar detalhes do dia dela em Botafogo. Eu não acreditava e meus olhos foram lacrimejando até ela perguntar o que tinha acontecido e eu falei que eu estive lá para fazer uma surpresa, mas que a secretaria da empresa disse que ela não trabalhava sábado ha muito tempo.

 

-- E ela?

 

-- Ficou muda na mesma hora, eu perguntei o que estava acontecendo, se ela tinha uma boa desculpa para essa mentira e ela disse que não.

 

-- Nossa! Deve ter sido uma barra.

 

-- Foi horrível, ela começou a chorar, e disse que eu não merecia passar por isso, então ela não ia mentir mais para mim. Ela revelou que esta saindo com a Alessandra.

 

-- Por que você não me ligou? Eu teria ido até lá, como você veio?

 

-- Eu vim de taxi.

 

-- Nathalia foi embora?

 

-- Não, eu a deixei retirando as coisas dela da minha casa.

 

-- Ai amiga, eu sinto tanto.

 

Isadora voltou a chorar copiosamente, Ana a acomodou em seu colo e deixou a amiga chorar.

 

-- Isa, você precisa dormir um pouco, vem que eu vou te acomodar no quarto de hóspedes.

 

-- Eu não vou conseguir dormir.

 

-- Pelo menos tenta, em algum momento você vai conseguir pegar no sono.

 

-- Tudo bem. Mas você me arruma mais um copo de vodca?

 

Ana ficou olhando para a amiga e acabou cedendo ao pedido dela. Levou Isadora até o quarto de hóspedes, acomodou a amiga e depois de conversarem mais sobre o que aconteceu ela voltou para o quarto, quando viu a hora, se espantou, já passava das quatro horas da manhã, ela resolveu descer para comer alguma coisa e encontrou com Camila chegando da balada.

 

-- Ué, perdeu o sono Ana?

 

-- Não irmã, a Isa está com problemas e eu estava com ela até agora.

 

-- Ih, o coração está partido. – bebia um copo de água --

 

-- Pior, ela foi traída.

 

-- Ih, partido duas vezes.

 

-- Em vários pedaços. – bebia um copo de suco --

 

-- Dá um copo de vodca que ela dorme que é uma beleza.

 

 

Ana acabou rindo da irmã.

 

-- Eu vou subir, isso me consumiu.

 

-- Vai lá. Qualquer coisa me chama.

 

Ana deixou Camila para ir deitar, como estava com a adrenalina alta ainda, não conseguia dormir, resolveu ir até o quarto ver como estava Isadora, ela conseguiu dormir o que trouxe mais tranquilidade para a loira. Só então Ana conseguiu descansar.

 

Para Ana e Adriana a situação estava crítica, duas amigas com problemas, traumas e dores que só o tempo pode curar ou pelo menos amenizar, doía ver o sofrimento de pessoas que elas gostam e terão que enfrentar junto com as amigas as adversidades provocadas por essas ações.

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Boa leitura!


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Comentários para 21 - Capítulo 21:
Lea
Lea

Em: 25/01/2023

Bingo!! Eu sabia! Os olhares da Nathalia e da Alessandra não negaram. Duas sem vergonha. Fico me perguntando: se não há mais àquele querer,pq não termina logo? 

Meu coração está apertado,pela Paula quando descobrir,e pela Isadora!

*

A violência sofrida pela Viviane,me deixou revoltada! Não pode confiar em ninguém!

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