Capítulo 24
Capitulo 24
O dia 31 de dezembro, para felicidade geral da galera amanheceu lindíssimo digno de uma tela de Camile Pissarro.
Eduarda brincava com Hund no jardim. Estava chateada. Como Rafaela podia ter sido tão maldosa. Se havia uma coisa que presava demais eram as suas amizades. Amava a todos e tudo que fazia era somente para ajuda-los a crescer e terem sucesso. Eles ralavam muito para isso. Dizer que não trabalhavam era o cúmulo da injustiça. Teve vontade de chorar só de pensar que algum deles pudesse ter amizade com ela somente pelo dinheiro.
Fez carinho em Hund e ele jogou-se na grama todo faceiro.
-- Bom dia filha - Eduardo aproximou-se e beijou a cabeça da filha - Não quero estragar o seu dia, mas temos uma reunião agendada para logo mais lá na empresa.
-- Dia 31 de dezembro pai? - estranhou - É tão importante assim?
-- Muito filha, muito mesmo - passou a mão pelo rosto da filha com carinho - Quero que saiba de uma coisa: Todas as atitudes que papai tomar é pensando única e tão somente no seu bem. Sempre.
-- O senhor está me deixando preocupada - sentou na grama.
-- Não fique - virou-se para sair, mas lembrou de algo e voltou - outra coisa Dudinha. Se vista adequadamente. É uma reunião de negócio, portanto nada de roupas rasgadas - sorriu e seguiu em direção à mansão.
Eduarda já havia sido convocada para várias reuniões na empresa, mas nunca em uma data tão importante como esta. Deveria ser algo muito grave. Faria o que o pai pediu sem reclamar era o mínimo que poderia fazer para ajudar.
A família Dumont tomava o café da manhã preparado por dona Maria. Roberta ainda não falava com Rafaela. Estavam sentadas a mesa, mas se quer se olhavam.
-- Eu não acredito Rafaela. Uma reunião no dia 31 de dezembro? Chega a ser ridículo - Milton não entendia o que poderia ser tão importante que não pudesse esperar até o dia 2 de janeiro.
-- Uma empresa pode falir em questão de horas pai. Vivemos submissos ao mercado, dependendo da Bolsa de Valores - Rafaela terminou seu café e levantou.
-- Essa é a minha filha - apontou para Rafaela e sorriu orgulhoso.
-- Agora vou me arrumar, não posso chegar atrasada - estava triste com o clima pesado que reinava naquele apartamento. Precisava fazer as pazes urgentemente com a irmã. Era a única maneira de arrancar aquele aperto que sufocava e machucava o coração.
Rafaela estava acostumada a reuniões de última hora e não estranhava mais essas convocações com urgência. Era bolsa que caia que subia em um mercado instável como o nosso era normal. A empresa era por demais saudável, com certeza resolveriam o problema e logo estaria de volta.
Uma hora depois...
-- Bom dia - Rafaela cumprimentou o vigilante.
-- Bom dia dona Rafaela. O Sr.Eduardo pediu que seguisse direto para a sala de reunião.
-- Obrigada - olhou no relógio e ainda faltavam quinze minutos, o homem estava ansioso. Pensou.
Passou pelo grande corredor que levava até a antessala, parou em frente à porta e respirou fundo. -- Rafaela boa sorte. Falou para si.
Quando a morena entrou assustou-se com um par de olhos verdes brilhantes que lhe olhavam com uma intensidade que chegava a lhe queimar a pele. Eduarda estava diferente. Vestia uma camisa social feminina verde clara e uma calça preta justa. Estava encostada na mesa do retroprojetor com as duas mãos no bolso. Era uma visão digna de uma foto daquelas de revistas de moda, mas com uma diferença essa não tinha fotoshop. Rafaela teve que concordar com Jorge. Ela era linda demais.
-- Bom dia minha querida - Eduardo levantou de onde estava sentado e foi recepcionar a arquiteta.
-- Bom dia Sr.Eduardo - deu dois beijinhos na face do presidente.
Rafaela estranhou a presença do opa Sven e Eduarda eles não costumavam estar presentes em reuniões da empresa.
Como se lesse os pensamentos de Rafaela Eduardo falou:
-- Essa reunião não ira tratar de problemas financeiros ou contratos a serem assinados. Graças a Deus estamos muito bem e a crise mundial não nos afetou como imaginávamos que afetaria - sentou em sua cadeira na ponta da mesa - Sentem-se, por favor.
Eduarda sentou de frente para a arquiteta e ao lado do pai. Ela brincava com a chave do carro mostrando desinteresse no que o pai falava.
-- O assunto é ainda mais delicado, pois se trata de minha família e isso é mais importante do que qualquer coisa no mundo - com essas palavras Eduardo conseguiu chamar a atenção da garota, que levantou a cabeça do que fazia para olha-lo - Passo a palavra para Sven.
Sven deu uma tossidinha e começou a falar.
-- Faltavam algumas semanas para meu pai se tornar um oficial Waffen-SS da Alemanha Nazista quando recebeu a informação de que sua mãe, e seu padrasto haviam sido mortos por uma bomba aliada lançada sobre a casa de sua família, em Bielefeld, Alemanha. A perda não foi apenas uma tragédia pessoal para o cadete de 28 anos de idade. Foi um duro golpe para uma das fornecedoras da linha de frente de Adolf Hitler, a Manteuffel Processamento de alimentos, cujas cargas secas estavam sendo transportadas por via marítima para os soldados alemães que lutavam na Segunda Guerra Mundial - Sven parou para tomar um pouco de água e depois continuou - Manteuffel recebeu licença permanente de suas funções para assumir o controle do negócio da família em outubro de 1944. Ao longo das quatro décadas seguintes, o ex-oficial SS, que treinou no campo de concentração Dachau, somaria interesses nos setores de navegação, alimentos, bebidas, bancos e hotéis, criando um conglomerado com mais de 26.000 empregados e 10,9 bilhões de euros (US$ 14,8 bilhões) em receita anual - Sven levantou e foi até a janela e de lá continuou o seu relato.
Rafaela e Eduarda se olhavam impressionadas.
-- Quando meu pai morreu deixou eu e meu irmão Heinrich, que veio a falecer no ano seguinte estranhamente em um acidente automobilístico. Quando o testamento foi aberto a grande surpresa. Meu pai havia deixado toda a fortuna para sua neta Jeniffer. Agora vocês devem estar pensando - dirigiu-se a Eduarda e Rafaela - O que eu faço aqui no fim do mundo com uma fortuna incalculável espalhada pelo mundo? E eu respondo: Vim esconder minha filha Jeniffer dos comandantes doNPD (Partido Democrata Alemão, de extrema direita), e dos grupos neo-Nazistas que ainda são poderosos na Alemanha e espalham terror pelo mundo. Eles estão atrás dessa fortuna.
Eduardo estava pensativo e não demonstrava nenhum tipo de emoção.
Sven continuou:
-- Essa fortuna não foi construída à custa do sofrimento da guerra e sim se tornou grande após a guerra.
-- Eles mataram a minha mãe por causa desse dinheiro? - Eduarda estava com os olhos cheio de lágrimas.
Sven não usou palavras para responder a neta e sim um simples gesto de cabeça.
-- Pensavam que sua mãe ainda era a herdeira, mas se enganaram... Sven fez uma pausa e continuou - Antes de morrer ela havia deixado tudo em testamento para você.
-- Por isso a tentativa de assassinato - Rafaela olhou para Eduarda - Eles tem direito a esse império?
-- Não teriam se meu pai não tivesse, inocentemente, adicionado uma cláusula no testamento que se os Manteuffel não possuíssem mais descendentes o dinheiro retornaria a Alemanha e ao NPD.
Eduardo pediu a palavra para Sven e dirigiu-se tão exclusivamente as duas moças que se olhavam sem entender o objetivo da conversa.
-- Bem, agora que ouviram toda a história e entenderam o real motivo do ataque ao carro de vocês, vou apresentar a minha proposta.
Eduarda e Rafaela olharam para Eduardo apreensivas sabiam como ele era raposa velha e tecia teias na qual as pessoas não conseguiam sair.
-- Como eu tive a felicidade de ter a minha Dudinha linda, querida e maravilhosa -sorriu - mas que é lésbica e tem pavor só de ouvir falar em filhos, vou ter que tomar uma atitude drástica - fez uma pausa - Quero deixar bem claro que tudo isso é opcional.
Eduarda bufou prevendo o tsunami em sua vida.
-- Vocês duas se casam - Eduarda teve um ataque de tosse e foi obrigada a tomar um copo de água.
Rafaela levantou da cadeira indignada.
-- Nunca nem morta vou casar com uma mulher, muito menos essa mulher sendo ela - apontou para Eduarda.
-- Ei espera aí - Eduarda levantou e foi ao encontro da morena - Quem te disse que eu quero casar com você sua xerife do Leblon.
-- Olha aqui sua...
-- Chega, chega - Eduardo e Sven riam das duas - Vocês nem ouviram o resto e já estão brigando. Sentem - Eduardo mandou.
-- Nem precisa - Rafaela retrucou.
-- Eduarda minha filha, você casa com a Rafaela e me dão uns dois maravilhosos netinhos Manteuffel - Eduarda e Rafaela queriam morrer ali mesmo - Continua com toda a sua vida de balada, de surf e de ajuda aos seus amiguinhos menos afortunados ou vamos todos embora para a França, eu, você e seus avós. Porque eu não vou perder a minha única filha para esses monstros neo-Nazistas.
Eduarda olhou para Rafaela com olhar de desespero.
-- Pai porque você não escolheu a Claudia, ou a Roberta, até mesmo a Aline, tinha que ser justo ela? - Rafaela jogou um copo descartável com um pouco de água dentro na cabeça dela.
-- Vou te explicar o motivo. Eu estou preparando a Rafaela para assumir a presidência da empresa já há muito tempo. Ela vai cuidar do seu patrimônio, vai dirigir os seus negócios.
-- Eu não vou casar com a Eduarda mesmo que isso signifique se tornar a presidente da empresa - Rafaela estava irredutível.
-- Você não é obrigada. Mas infelizmente terei que fechar a construtora, fechar o bar do seu irmão em Floripa, adiar a cirurgia do seu pai, trazer Kenedy de volta de Manaus. O que mais? - parou e pensou um pouco - Há também cancelar a compra da mansão do seu pai e o emprego da sua irmã.
-- Isso foi golpe baixo - Rafaela estava decepcionada com Eduardo.
-- O dia que você tiver um filho vai entender o que um pai é capaz de fazer para protegê-lo. Vocês terão dois anos para se entenderem e se no final desse tempo estiverem vivas e quiserem se separar, tudo bem. Já teremos os nossos herdeiros. Não me deem a resposta agora, deixem para dar a noite em Copacabana - levantou para sair da sala - Outra coisinha importante. Ninguém deverá saber dessa conversa, nem mesmo Jorge. Se aceitarem a proposta terão que ser ótimas atrizes - colocou o braço sobre o ombro de Sven e saíram rindo.
Eduarda e Rafaela se olharam e levantaram juntas. Começaram a andar pela sala, cada uma com os seus pensamentos.
-- O que faremos Rafaela? - passava as mãos pelos cabelos.
-- Vamos mandar matar o seu pai - Rafaela estava uma pilha - Como ele pode? Agora tudo está se encaixando. O Kenedy recebeu dinheiro para abrir a empresa em Manaus, papai todo animado e me empurrando para você, Rogério abriu um bar em Floripa, as viagens do seu pai para a França me deixando no comando de tudo.
-- Ele não passou a boate para o meu nome, porque sabia que seria uma maneira de não deixar Jorge, Claudia, Eddie e Aline na mão - Eduarda pegou a bombinha do bolso e usou.
-- Você está bem? Ficou preocupada.
-- Estou, mas vamos sair daqui - pegou na mão de Rafaela e saíram.
Com céu azul quase sem nuvens, sol forte, temperatura acima de 34°C, sensação térmica na casa dos 40ºC e a água do mar cristalina, a praia foi o destino que Eduarda tomou após sair da empresa. O Arpoador, na Zona Sul do Rio, estava lotado. Houve quem aproveitou a tarde para queimar as calorias extras consumidas na ceia natalina.
Eduarda pegou na mão de Rafaela e a ajudou a subir a pedra do Arpoador.
-- Senta aqui - arrumou um lugar aonde Rafaela pudesse sentar de vestido e sentou no chão a sua frente.
-- Aqui é o meu escritório - mostrou a paisagem linda ao redor.
-- É lindo o seu escritório - sorriu.
-- Eu não trabalho de graça não. Deus me paga com essa visão divina - ficou de pé e abriu os braços.
Rafaela só observava. Como viveria dois anos com uma criatura dessa. Se fizesse o que Eduardo queria teria três crianças dentro de casa.
-- Você esqueceu que nós temos um problemão pra resolver? Hô descendente de Adolf Hitler - Rafaela brincou.
-- É mesmo - voltou a sentar - Primeiro pede desculpas por ontem.
-- Assim tão fácil? Desculpa então.
-- Desculpo. Afinal a sua família, o seu namorado, todos foram comprados com o dinheiro do meu pai.
Pronto. Rafaela explodiu.
-- Você está pensando o que sua merdinha? Que vai me ofender e ficar por isso mesmo - levantou e partiu pra cima de Eduarda.
-- Calma - Eduarda segurou os braços da morena - Você vai ter dois anos pra me bater. Hoje você pode se machucar com esse salto.
Rafaela se acalmou.
-- Você vai aceitar a proposta?
-- Não tenho outra saída. Não posso deixar todas essas pessoas na mão - Eduarda sentou novamente.
-- Nem eu. Não vou aceitar por causa de meus parentes e sim pela Jeser. Aquela empresa é a minha vida, eu não saberia trabalhar em outra. Você não se importa de ter que dar um pouco da sua fortuna para mim?
-- Claro que não. Nem sei quanto eu tenho mesmo - deu de ombros.
-- Não se preocupe eu cuidarei bem dela.
-- Eu confio em você - sorriu - Vamos combinar como a gente vai encenar a nossa chegada lá no Copacabana Beach?
-- Tem jeito?
Mais tarde...
Rafaela chegou a seu apartamento e estranhou o silêncio. Foi direto ao quarto da irmã e a encontrou deitada na cama escutando musica.
-- Onde está a família? - sentou na cama.
-- Saíram fazer turismo - virou para o lado, demonstrando ainda estar chateada.
-- Roberta preciso te contar uma coisa - foi cautelosa.
-- Fala - nem virou.
-- Eu estava com a Eduarda até agora... - hesitou.
-- Estavam se matando? - demonstrou interesse.
-- Não. A gente finalmente se acertou - Roberta arregalou os olhos.
-- Como assim? Uma acertou um soco na outra? - riu da própria piada.
-- Eu aqui toda sem jeito pra falar e você fazendo piadas - levantou nervosa.
-- Fala logo mana que vocês duas se amam e estão namorando.
Eduarda ficou paralisada.
-- Como você soube?
-- Não sou otária como os outros da turma. Já havia percebido isso lá na festa do opa. Vocês se comem com os olhos.
A irmã só podia estar louca. Mas seria mais fácil que ela pensasse assim.
-- E mesmo assim transou com ela? - Rafaela estava decepcionada com a irmã.
-- Digamos que eu estava testando pra você - foi irônica - Olha vai fundo a cunhadinha tem pegada.
-- Eu não estou te reconhecendo Roberta.
-- Para de ser vitima Rafaela. Te confesso que sinto um tesão enorme pela Duda. Mas não se preocupe a partir de hoje tô fora. Com ela só trabalho. Juro - beijou o dedo e jogou-se na cama.
Eduarda também estava cumprindo uma difícil missão: Contar para Claudia.
-- Rafaela? - Claudia achava que Eduarda estava brincando - Para com isso Duda você quer que eu acredite nisso?
-- É sério morena - chegou próxima de Claudia e pegou em suas mãos - Queria tanto ter me apaixonado por você. Você é perfeita.
-- E foi se apaixonar pela pessoa que só te magoou até hoje? É gostar de apanhar né Duda? -- Claudia afastou-se - Como ela pode fazer isso comigo? Desde o princípio ela sabia dos meus sentimentos por você. Parece que ela está fazendo isso de propósito só para me ver sofrer - Claudia estava cega de raiva.
-- Não fala assim morena - a loirinha tentava secar as lágrimas que caiam do rosto da advogada - Ela é sua melhor amiga e te ama muito.
-- KKKK - Claudia deu uma risada histérica - Melhor amiga? Amigos não traem. O que ela deveria ter feito? Caído fora, mas não continuou dando em cima de você.
-- Você está equivocada. Rafaela nunca deu em cima de mim, muito pelo contrário, fugia de mim.
-- E todas aquelas cenas de ciúme? Ela chegou a bater em você - Nada convencia a advogada.
-- Olha, conversa com a Rafaela. Você vai ver que está totalmente errada em julga-la dessa forma.
-- Esquece. Não vou nunca mais olhar em sua cara - foi em direção ao quarto - Bate a porta quando sair - berrou lá de dentro.
No apartamento de Rafaela...
-- Filha eu nunca imaginei uma coisa dessas para a minha princesa - abraçou a filha - Mas se aconteceu melhor que tenha sido com a Duda. Ela é linda, boa menina e milionária. O que você poderia querer mais?
Rafaela afastou-se um pouco e olhou nos olhos do pai.
-- Desde quando você se transformou nessa pessoa interesseira?
-- Desde quando fiquei em uma cadeira de rodas e não tinha dinheiro nem pra comprar o remédio. Hoje eu tenho a possibilidade de fazer a cirurgia e voltar a ter a minha vida de volta - Milton falou emocionado.
-- Tudo bem papai. Vamos esquecer isso e pensar em nosso Réveillon. Onde estão todos?
-- Quase prontos - encheu um copo com whisky e foi para o quarto apressar o pessoal.
A campainha tocou e Rafaela foi atender.
-- Boa noite amor - Eduarda entrou na sala - Uau você vai ofuscar a queima de fogos minha Iemanjá - abraçou Rafaela pela cintura e a beijou na boca.
Rafaela usava um vestido branco de alcinha, todo bordado que valorizava o seu belo corpo e pra combinar uma sandália de salto. Maquiagem para a noite com sombra prata e muito brilho que destacavam seus olhos e davam um toque de elegância. Batom rosa vibrante que a deixavam com um visual ousado e exuberante.
-- Vem aqui - Rafaela puxou Eduarda para a sacada - Não se passa ouviu? Não havia ninguém por perto.
-- Me desculpa não resisti - fez cara de inocente - É que você está tão linda.
-- Duda não precisa mais ficar jogando cantadas, já sou a sua namorada - falou sorrindo - Vamos que o pessoal vai em seguida - pegou na mão de Eduarda e saíram.
Demoram chegar ao Copacabana Beach, o trânsito aos arredores estava terrível. Eduarda entregou a chave da Ferrari ao manobrista e seguiu com Rafaela até o camarote reservado.
Jorge e Eddie dançavam fazendo as tradicionais coreografias, ao som do DJ Guga Fernandes. Quando Jorge avistou as duas entrando colocou a mão no peito e paralisou.
-- Pausa, pausa. Volta tudo. Pegou um copo de bebida e virou de uma vez.
Rafaela e Eduarda se aproximaram dos dois de mãos dadas.
-- Vocês já estão fazendo a coreografia "revoar das garças" Jorge? Aiii... isso dói sabia? - Rafaela deu um beliscão no braço da loira.
-- É pra doer mesmo. Oi meus queridos - beijou os amigos.
-- Isso deve ser uma pegadinha não é? - o rapaz estava boquiaberto.
-- Não. Pegadinha vai ser mais tarde lá em casa. Aiii... assim eu vou ficar toda roxa - largou da mão da morena - Vou lá contar pro meu pai - e saiu bicuda.
-- Eu tô pasmo mona. Que parte do filme eu dormi?
-- A gente resolveu se dar uma chance. Vamos ver no que vai dar isso - pegou uma bebida com o garçom.
-- Assim de uma hora pra outra? Ainda estou em choque.
-- Amanhã a gente conversa com calma aí te conto tudinho. Agora quero dançar.
Enquanto dançava com Jorge e Eddie Rafaela observava Eduarda com as amigas. Nem percebeu que os dois amigos riam dela.
-- Rafa se quer bater nela espera até chegar em casa, por favor. Sem showzinho - Eduarda dançava em um grupinho de garotas de outro camarote.
-- Claro que não vou fazer showzinho, mas também não vou ficar aqui feito boba. Aguardem-me - e saiu em direção à pista.
A festa rolava animada, todos os convidados já haviam chegado. Faltava uma hora para a chegada de 2015.
-- Onde está a Rafa Jorge? -- Eduarda retornou para o camarote.
-- Se divertindo aonde mais? - olhou para Eduarda com cara de deboche.
-- Fala Jorge se não espalho o seu cabelo - ameaçou passar a mão.
-- Não, não... Eu falo. Está lá dançando com aquele cara de camisa cor verde mata. Elegantérrrrrimo... Diga-se por sinal - apontou para a pista.
Eduarda olhou e ficou branca. O cara estava tarando as pernas de sua namorada. Sem contar que a mão boba dele estava próxima a sua cintura.
-- Eu já volto - saiu em direção aos dois.
-- Com licença. Você poderia tirar essa mão boba da cintura da minha namorada? - o rapaz começou a rir.
-- Duda você não está vendo que estou dançando? - Rafaela continuou a dançar.
-- Cai fora garota. Lugar de criança é na cama - e empurrou a loira.
Eduarda saiu e desapareceu no meio do pessoal que dançavam animadamente.
Alguns minutos depois...
-- É aquele alí - Eduarda apareceu com schwarzenegger ao seu lado.
Quando o rapaz viu o gigante de dois metros a sua frente ficou branco, verde, cor de rosa.
-- Eduarda. Vem comigo - Rafaela saiu puxando a loirinha pelo meio do povo até a varanda que dava de frente para a praia - O que você pensa que está fazendo?
-- Ele estava passando a mão em você. Achei melhor intervir - resmungou.
-- Vem cá meu amor - puxou a loira pelo colarinho da camisa colou a boca em seu ouvido e sussurrou - Costumo pagar tudo na mesma moeda então... - deu uma mordida de leve nos lábios da garota - não apronta - enfiou as mão por debaixo da camisa dela.
Quando Eduarda sentiu o contato daquelas mãos macias com a sua pele sentiu todo o seu corpo se arrepiar. Como era gostoso o cheiro do seu perfume, do seu cabelo.
-- 5 -- 4 -- 3 -- 2 -- 1-- Feliz Ano Novo - todos gritaram juntos e a queima de fogos deu inicio.
-- Feliz Ano Novo - Eduarda beijou Rafaela com carinho.
-- Pra você também - sorriu.
Ficaram alí só as duas admirando o espetáculo e se curtindo. Seriam só 16min. De duração do show pirotécnico e do momento love, mas como dizia Machado de Assis "Não importa ao tempo o minuto que passa, mas o minuto que vem".
Fim do capítulo
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