As Cores do Paraíso - Capítulo 52

Larissa e Gabriela aproveitaram os quatro dias que faltavam para a inauguração da exposição, para passear por Paris.

Larissa fez questão de mostrar um pouco da beleza da cidade mais romântica do mundo, para Gabriela.

Paris é muito grande, com muitas atrações acabaram andando muito e ficaram muito cansadas. Mas valeu a pena. Paris é apaixonante.

O Kléber Terrace é um dos maiores terraços ao ar livre de Paris. O L'Oiseau Blanc, restaurante, bar e terraço da cobertura do hotel, serve culinária francesa contemporânea. Com uma decoração de inspiração em estilo ópera chinesa e ocidental, o restaurante chinês do hotel serve cozinha cantonesa.

No último dia de turismo foram ao Eurodisney que fica a 32 km de Paris. Para chegar lá utilizaram o trem. O tempo de viagem de trem que se interliga com as estações de metrô é de aproximadamente 40 minutos.

O meio de transporte mais usado por elas foi o metrô. Apesar de enorme e à primeira vista confuso, se deram muito bem e conseguiram se locomover para todos os lugares.

Retornaram ao hotel ao anoitecer, mas acreditem se quiser, em quatro dias não conseguiram ver nem a metade dos pontos turísticos.

Após 20 minutos debaixo da água quente, Larissa saiu enrolada na toalha. No quarto secou-se, colocou as roupas íntimas e após, uma camisola preta com bordados brancos que havia comprado especialmente para aquela ocasião.

-- Então o que achou? - Deu uma voltinha e colocou as mãos na cintura.

Gabriela assoviou.

-- Uma deusa! A minha deusa do amor e da beleza - Gabriela abriu os braços para recebê-la, Larissa se jogou neles e entrelaçou os braços ao pescoço. Ela a pegou forte, sustentando-a com firmeza ao redor da cintura.

-- Amanhã será um dia memorável, a grande pintura Gabriela Hoyer estará inaugurando a sua primeira exposição internacional - deu um selinho - A primeira de muitas, muitas, muitas... - outro selinho.

-- Estou tão nervosa que não me reconheço - segurou o rosto dela com as duas mãos, e olhou profundamente em seus olhos verdes - Amanhã não sai de perto de mim nem um instante, escutou?

Larissa deu uma gargalhada, à qual Gabriela respondeu com outra.

-- Que feio né...pareço uma menina boba - Gabriela falou sem jeito - Sempre fui tão confiante, agora estou aqui querendo me esconder atrás de você.

-- Você não vai se esconder atrás de mim. Porque eu vou estar o tempo todo do seu lado.

-- Ouvir isso me faz um bem danado, você me faz tão bem...

-- E ela me faz tão bem, e ela me faz tão bem, que eu também quero fazer isso por ela...  - Larissa cantou.

E Gabriela completou sorrindo:

-- Ela me encontrou eu tava por aí num estado emocional tão ruim

Me sentindo muito mal, cansado, perdido, fudido

Errando de bar em bar procurando não achar

Oh! Yeh! Yeh!

-- O teu sorriso é um arco-íris sobre o mar.

-- Não fala assim que eu me apaixono mais ainda e te amar mais do que eu te amo, já é doença.

-- Não tem problema, eu cuido de você.

-- Então eu quero - disse enquanto puxava o rosto dela para um beijo. O cheiro de Larissa era simplesmente embriagante, a envolveu por inteiro ascendendo os seus sentidos.

Aos poucos o beijo calmo foi se intensificando, o calor se tornou tão intenso que as roupas foram arrancadas e jogadas em um canto do quarto.

Gabriela corria as pontas dos dedos pela lateral da cintura de Larissa. Esse toque deixou a ruiva completamente arrepiada.

-- Olha só - mostrou os pelos do braço todo ouriçado.

-- Que delícia! - Mordeu a pontinha da orelha dela - Acho que teremos que fazer amor por horas seguida. Só isso irá me fazer dormir gostoso depois. Esqueço do mundo quando faço amor com você.

-- Não precisa pedir duas vezes, amor - sentou sobre a cintura da loira - Quem vai pedir água primeiro? - Perguntou com um sorriso safado.

-- Valendo um sorvete gigante lá no O L'Oiseau Blanc.

-- Apostado! - Larissa concordou, começando uma sequência de beijinhos carinhosos por todo o corpo de Gabriela.

A Galeria de Artes Carrousel do Louvre era a maior e melhor entre as galerias de artes e de leilões particulares de Paris. O famoso nome dominava a fachada de entrada sobre a ampla porta de vidro de entrada do magnifico prédio. A placa com letras douradas reluzia ao reflexo dos raios de sol.

As portas de correr se abriram automaticamente assim que Gabriela e Larissa pararam diante dela.

Larissa segurou forte a mão gelada da loira.

-- Está nervosa, Gabi?

-- Estou, amor. Continua segurando a minha mão, pelo amor de Deus.

-- Respira fundo, levanta a cabeça e vamos - olhou para ela e sorriu carinhosamente - Você é a estrela aqui. Já está tudo pronto, agora é só colher os frutos do que você com o seu talento plantou.

Gabriela deu um sorriso tímido para ela e apertou a sua mão com mais força ainda.

Avançaram com passos firmes e determinados até o grandioso hall de entrada.

-- Senhorita Gabriela Hoyer?

As duas se viraram para olhar a recepcionista que estava sentada detrás de uma elegante mesa marrom que combinava com o restante do hall.

Os móveis estavam dispostos simetricamente, delicadas vitrines verticais protegiam os inestimáveis objetos de arte.

-- Sim, sou eu -- Gabriela endireitou os ombros determinada a não se deixar intimidar pela sofisticação do lugar, ou ao menos não demonstrar.

-- Sou Lorraine -- a mulher saiu de trás da mesa e caminhou pelo hall, com o som dos saltos altos ecoando pelo chão de mármore e parando em frente as duas -- Por favor senhorita, queira me seguir até o salão principal. Cerca de 150 pessoas estão reunidas, entre autoridades, parceiros, imprensa e convidados para a inauguração oficial da sua exposição.

Lorraine parou diante de portas duplas e sorrindo as empurrou. Gabriela fechou os olhos e respirou fundo.

-- Então vamos...

Praia do Encanto

As máquinas já trabalhavam a todo vapor no local. Caminhões iam e vinham levando ou trazendo material de construção. A praia do Encanto havia se transformado em um grande canteiro de obras e acabou mudando a rotina de todos os moradores. Até mesmo Tobias havia deixado de roubar celulares, controles remotos, tênis, calcinhas da Talita e passou a roubar, capacete, protetor de ouvido, óculos de proteção, todo tipo de EPIs que ele achava interessante para a sua coleção.

Talita e Alice estavam sentadas no banco de vime da varanda. Olhavam os homens trabalhando. Eles trabalham ao ar livre, livres também das quatro paredes dos escritórios. Mas, no verão, o sol escaldante e as altas temperaturas de Recife lhes queimava a pele.

-- Acho que qualquer dia desses vou acordar e ver que a casa desapareceu - Talita tinha uma expressão triste no olhar.

Sentia que o seu pequeno mundo estava desabando. Gabriela não tinha culpa, ela tinha que seguir a sua vida.

Alice percebendo o sofrimento da noiva a abraçou com carinho.

-- Não consigo acreditar que a Gabi vai simplesmente construir aqui um condomínio luxuoso como esse, almejando tão somente lucro e ostentação. Não é do feitio dela agir assim.

-- Não sei, talvez ela esteja pensando no conforto e segurança da família...sei lá...só sei te dizer que estou muito triste. Eu amo isso aqui.

Alice viu lagrimas nos olhos da garota. Tinha vontade de ligar para Gabriela naquele momento e falar umas boas para ela. Mas, não faria isso, confiava no amor de Gabriela pela amiga-irmã.

Assim que Gabriela entrou no salão luxuoso do Carrousel do Louvre, Munique segurou a sua mão.

-- Esse era o destino que por covardia, eu abri mão e hoje entrego para você, Gabriela. O seu sucesso é merecido perante a Deus.  "O mundo é a oficina. O corpo é a ferramenta. A existência é a oportunidade. O dever a executar é a missão a cumprir". (Emmanuel). Vai lá e cumpre a sua missão.

E esse dia, foi a última vez que Munique falou ao coração de Gabriela.

A exposição de Gabriela foi um sucesso. Todos os jornais deram grande destaque ao acontecimento.

"Muitos gestos, muitas cores e muita declaração de amor dessa jovem artista. E é um prazer descobrir que ainda existe a pintura ´de sempre´, que não é antiga nem recente, e sim acima das contingências do momento".

"Suas cores são escuras e densas, mas, paradoxalmente, não são trágicas, sombrias".

"Esta é a pintura praticada pelos que poderíamos chamar de ´resistentes´. Artistas que acreditaram com força em seu talento e em sua linguagem e ousaram não se submeter aos modismos e pressões a seu redor. Um desses resistentes é certamente a brasileira Gabriela Hoyer".

"A tua mão, pintor, e a fúria tua pincelando meu rosto, a tua mão, pintor, e os olhos teus em fúria pincelando morros e casas dentro do meu rosto, a tua fúria, pintor, e eu em tuas mãos, em teus morros, casas, portões e rosto.

Eu nunca tinha visto, só nos livros e filmes. Um tal arrebatamento de artista:

Parecias um Quixote com lanças, pincéis e as pás. Dos teus moinhos movendo a tinta das noites

O alvoroço dos teus gestos iluminava a criação no mês de agosto

Sim, numa tela de agosto nos revemos pintando na conversa as cores da remota infância.

Na moldura deste agosto agora nos expomos: há fúria e espanto na face do poeta e do pintor ante o que somos"

Uma garrafa de champanhe foi estourada no maior terraço ao ar livre de Paris.

-- NÓS VAMOS SER MAMÃES!!! - Gabriela berrou e sua voz ecoou por toda Paris - EU SOU A PESSOA MAIS FELIZ DO MUNDO!!!

-- Gabi, desce daí sua maluca - Laura a puxou pela calça.

Gabriela desceu e levantou Larissa no colo.

Elas já amavam intensamente, mesmo sem ter visto o rostinho ou ter tocado nesse serzinho que Larissa carregava em seu ventre e que ainda não lhe foi apresentado, mas que já tinham grande amor por ela.

Ser mãe, é isso, esperar nove meses por uma pessoinha, com a certeza que ela veio para te fazer muito, muito feliz. É você vibrar há cada sorriso, há cada gesto novo que essa pessoinha virá a fazer, que para você será um momento mágico.

Fim do capítulo