Capítulo 51
As Cores do Paraíso - Capítulo 51
Os DJs contratados por Samanta mantiveram a pista de dança animada o tempo inteiro, com uma seleção de músicas dos anos 70, 80.
Já era madrugada de domingo, quando a festa de casamento chegou ao final. Só deram uma pausa no agito na hora das noivas cortarem o bolo e fazerem o brinde com champanhe.
-- Que droga! Dancei tanto que a minha calça está caindo.
-- Se você falar mais uma vez nessa calça, eu arranco ela e te deixo só de calcinha. Que saco! - Fernanda encostou-se na parede, cruzou os braços e ficou observando Laura, que conversava alegremente com Gabriela, Larissa e Alice.
-- Que mau humor, hein?
-- Por sua causa, ou melhor, por sua calça, a Laura está de mal comigo.
-- Péraí, se me lembro bem, a discursão foi por causa da viagem à França e o seu ciumezinho bobo dela com a Gabi -- encostou-se na parede, ao lado dela, com as mãos enfiadas nos bolsos - Escutou o que o juiz de paz falou? Em boca fechada bem-te-vi não faz ninho.
-- Ele não falou isso...
-- Eu resumi... hô cabeça nordestina - Talita viu alguém e ia saindo.
-- Aonde você vai?
-- Vou falar com o juiz de paz. Faço questão de contar para ele que a minha calça está larga.
-- Quanta besteira, meu Deus! - Resmungou mau humorada.
De repente Fernanda sentiu uma pontinha de raiva ou pior ainda, arrependimento. Passou os dedos sob os olhos e olhou para Gabi e Larissa. Elas estavam tão felizes. O salão parecia sorrir em torno delas, e ela parada alí, sabendo que a sua felicidade estava tão próxima e ela perdendo tempo com coisinhas tão bobas. Deixou seu orgulho de lado e foi falar com Laura.
Parou ao lado dela e tocou o seu ombro com receio. Laura simplesmente olhou esperando que ela falasse algo.
-- Preciso conversar com você - falou gaguejando.
-- Fala -- a resposta foi curta, sem ser grossa.
-- Aqui?
-- Porque não? A Gabi e a Larissa são nossas amigas. Qual é o problema?
Fernanda olhou para Gabriela que lançou aquele sorriso debochado que ela não suportava. Ela respirou fundo e então disse bem baixinho:
-- Sou uma idiota -- disse, embaraçada -- Não tencionava te ofender ou chatear. Desculpa. Sou uma idiota por estar perdendo tempo brigando com a pessoa que tanto amo.
-- Você tem a cabeça tão grande né, Ceará, mas o cérebro é do tamanho de um amendoim.
-- GABI! - Larissa sacudiu a cabeça - Não se mete amor. Vamos embora, quase todos os convidados já foram - Larissa pegou no braço da loira e a puxou - Vocês almoçam com a gente hoje?
-- Claro. Estaremos lá - Laura olhou para Gabriela e Larissa e sorriu - Se a Fernanda estiver a fim de ir, é lógico.
-- Com certeza...com certeza - respondeu rápida, baixando a cabeça de modo a ocultar a felicidade.
-- Larissa! - Talita chamou a amiga e parou em sua frente - Posso levar um pedaço do bolo?
-- Claro que pode Talita - Gabriela abraçou a amiga - Pode levar alguns salgadinhos também. Quer um potinho?
-- Quero.
-- Vem com a mana então...
No dia seguinte, pouco depois das nove horas, elas chegaram a Paris. Foram recepcionadas no aeroporto por membros da Galeria em que Gabriela realizaria a exposição. Eles gentilmente as levaram até o hotel e as acomodaram, prometendo retornar mais tarde para busca-las.
Paris é uma das capitais mais famosas para lua de mel, é encantadora. A cidade é recheada de charme e romance.
Se hospedaram em um hotel a apenas 400 m do Arco do Triunfo. Todos os 200 quartos e suítes eram decorados com obras de arte e móveis elegantes.
Todas as acomodações possuíam um closet amplo separado com maleiro grande e guarda-roupa. Os banheiros revestidos em mármore eram espaçosos e apresentavam chuveiro separado com efeito de chuva e banheira de imersão.
-- Olha amor, que maravilha! -- Gabriela disse enquanto pulava e dançava em cima da cama -- Vem...
Larissa jogou a cabeça para trás e riu com gosto, Gabriela parecia uma criança grande.
-- Diane e Laura se prontificaram em organizar a exposição, para que nós possamos aproveitar um pouco mais a nossa lua de mel... desce aqui, Gabi... -- Larissa deu a mão para ela -- Sossega um pouco.
-- Você já esteve aqui antes? -- sentou na cama e esperou a resposta.
-- Estive umas duas vezes, a negócio. Conheço alguns lugares bem legais. A famosa cidade luz é realmente inspiradora! A cidade respira história e isso muito me impressiona. É maravilhoso entrar em lugares que de alguma forma foram importantes na história francesa e mundial -- Larissa falou empolgada.
-- Você nunca veio com um namorado? Afinal, Paris é uma cidade tão romântica -- fez uma careta e caiu para trás jogando-se de costas na cama -- Não me sinto bem imaginando isso. Me dá um nó no estômago. Me desculpe a sinceridade.
Larissa sentou na cama e passou a mão pela barriga da loira.
-- Eu entendo -- Larissa não sabia o que era mais engraçado: Gabriela contando piadas, ou Gabriela falando sério -- Você está com ciúmes amor?
-- Acho o ciúme um sentimento tão egoísta que só dificulta a relação. Como posso amar alguém, se não permito que essa pessoa tenha sua própria individualidade? Se não permito o seu desenvolvimento pessoal? Não é uma situação de egoísmo?
-- Quando existe o desejo de posse, o desejo de que o parceiro seja só seu, esteja somente com você, preencha todas as suas expectativas, então, acredito que não há amor. Definir amor é algo muito difícil e demorado, assim vamos ficar com as sensações: podemos perceber que quando estamos amando, sentimos nosso ser irradiando alegria, paz, sentimo-nos leves e com a sensação de plenitude. Certo?
-- Certo. Eu te amo. E agora? O que eu faço com o meu ciúme?
-- Ciúme exagerado é coisa de quem é insegura em relação a sua companheira, mas até que de vez em quando dá um temperinho especial...não deixa o relacionamento virar amizade colorida... e o seu é tão fofo, tão inofensivo, que eu até quero mais -- Larissa deitou por cima dela -- Vou te encher de beijinhos -- as duas enrolaram-se pela cama na maior brincadeira.
Gabriela ficou com o olhar perdido por instantes.
-- O que foi guti-guti? -- perguntou beijando a barriga da loirinha.
-- Sabia que faltam oito dias, vinte e duas horas, quarenta e dois minutos e trinta segundos para a gente saber se você está gravida ou não?
Larissa caiu na gargalhada e deitou ao lado dela na cama.
-- Você está contando os minutos Gabi?
-- Os segundos...
-- Que lindo!
-- Eu quero tanto essa criança, miau...você não faz ideia do quanto.
Larissa ficou de lado na cama apoiada em seu cotovelo. Ela olhava atenta para Gabriela, as suas palavras pareciam ser repetitivas. Tinha a impressão de ter ouvido tantas vezes, que ficaram gravadas na sua alma.
-- Porque sinto que já tivemos essa conversa antes?
-- Porque já tivemos. Pode ser difícil para você entender, mas reencarnamos juntas para evoluirmos juntas. Reencarnação, é um mecanismo necessário ao nosso desenvolvimento! É como se a vida fosse uma peça de teatro, encontramo-nos apenas num ato e ao terminar esse ato, devemos recolher-nos para avaliar, programar e decidir (desencarne), voltar de novo ou não à aprendizagem terrena!
-- Quando isso vai acabar?
-- Não se pode precisar o número de reencarnações que uma pessoa já teve, pois isso depende do estado evolutivo em que se encontra o Espírito. Uns evoluem mais rápido por seu maior esforço, portanto necessitam de passar menor número de vezes na carne, outros são mais lentos permanecendo mais tempo no mundo de sofrimentos. Tudo dependerá de nós. Pode ser a última vez que eu faça essa viagem, talvez você não... quem sabe?
Larissa segurou a mão de Gabriela e implorou:
-- Não me deixe nunca.
-- Eu nunca vou te deixar e você vai entender isso. Quanto mais rápido progredirmos moral e intelectualmente, menos encarnações teremos que sofrer. Quando nosso Espírito tiver alcançado todos os graus de evolução moral e intelectual, seremos Espíritos puros. Um exemplo de Espírito puro é o Mestre Jesus.
-- Eu quero progredir junto com você.
Gabriela sorriu compreensiva.
-- Podemos tentar juntas, que tal?
Larissa balançou a cabeça concordando.
-- Você vai ser mãe Lari, e ser mãe é algo divino sem explicação, é doar-se, é assumir de Deus o dom da criação, da doação e do amor incondicional. Ser mãe é encarnar a divindade na Terra... e agora só faltam oito dias, vinte e duas horas, treze minutos e sete, seis, cinco... segundos.
Larissa queria dar uma caprichada e colocar algo romântico no roteiro. Depois de muita pesquisa resolveram que iriam jantar no Restaurant 58 Tour Eiffel, sim, o restaurante que fica na Torre Eiffel.
Depois de decidirem, fizeram as reservas. Não podiam correr o risco de não ter vagas! Escolheram o horário e o menu. Havia várias opções de menus, com ou sem bebida alcoólica com taça ou garrafa e incluía uma entrada, prato principal, sobremesa e uma taça de champanhe.
Escolheram o horário do pôr do sol, como era início do verão, o sol estava se pondo após as 22:00.
Chegaram uns vinte minutos antes do horário. Havia vários quiosques embaixo da torre onde são conferidas as reservas e onde se compra também o ingresso para a torre. Logo após comprarem os ingressos uma pessoa as levaram para um elevador (sem fila) e logo chegaram ao restaurante.
A comida, como uma boa francesa, teve a apresentação impecável. Como entrada veio uma sopa de milho gelada. Gabriela odiou.
-- Sopa e gelo. Que horror! - Fez uma careta de nojo.
O prato principal era um filé de frango com uma espécie de purê de batata, super saboroso.
-- Isso sim é um purê de batata não aquilo que a Talita tenta fazer.
Já de sobremesa comeram uma bomba de chocolate e uma tartelle de limão.
-- Caramba miau é difícil dizer qual que está mais gostosa... Humm!!!
Larissa se divertia com as palhaçadas de Gabriela.
-- Como está o seu inglês, Gabi? Você vai precisar. Aqui em Paris é a segunda língua, a maioria das pessoas vão se dirigir a você falando esse idioma.
-- Estou craque amor escuta só: -- This is a book, my pencil, umbrela... sei até uma frase de efeito: -- ET Phone Home.
E, como não podia ser diferente, Gabriela e Larissa se apaixonaram pelo pôr do sol.
-- Pôr do sol já é um evento romântico por natureza. E daqui, do alto da Torre Eiffel então... é perfeito.
-- Pois eu te digo uma coisa Lari, contigo eu assistiria ao pôr do sol lá da pracinha de Pomerode e acharia perfeito do mesmo jeito.
Larissa deu um selinho nela, segurou firme sua mão e virou-se para continuar a admirar a festa da natureza.
As vezes para expressar o amor e a felicidade que sentimos não precisamos de palavras, basta um olhar e um sorriso sincero.
Fim do capítulo
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lucy
Em: 26/01/2016
Perfect novamente e adorei o inglês perfeito.com frase de efeito
Kkkkkkkkkkkkkkkkkk essa Gaby é uma figuraaaaça e eu concordo
com ela eeeeca sopa gelada , não róla de modo.algum
Bjs
Ah esqueci de mencionar capítulo passado
Adorei Nanda e Laura se acertarem ...torci
pela.união dessas duas e ficaria triste com a separação
Xaaaaau
Lekanto
Em: 15/10/2015
Já lhe disse, mas vou repetir. Acho muito legal você trazer o espiritismo para dentro dos seus contos. E a Gabi é um ser de alma boa.
Agora, lua de mel em Paris, sem a tiradas da Gabi, não seria a mesma coisa. kkkk
Fique com Deus.
Resposta do autor:
Olá Lekanto. Independente de crenças, religião ou doutrina somos todos irmãos fraternos e afinal o que importa é o amor, não é mesmo? Bjã meu anjo. Fique com Deus.
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