Capítulo 23
Os Anjos Vestem Branco - Capítulo 23
No corredor do Hospital Sontag.
-- Sabrina, o doutor Felipe já participou de mais cirurgias que o Fred de jogos no Fluminense - Ricardo estava a meia hora elogiando o cardiologista.
-- Ricardo, só faltou você falar que eu uso cueca de bolinhas e durmo com uma ceroula com a cara do Ursinho Puff - o médico estava irritado.
-- Sério doutor? Que dez - Sabrina bateu palminhas - Que fofo.
-- Agora vamos descer. Lá embaixo tem coisas mais interessantes para a doutora Sabrina conhecer - virou e começou a caminhar em direção ao elevador.
Os dois entraram em desespero. Não teriam outra chance nunca mais.
Doutor Felipe virou-se e ficou olhando para eles de braços cruzados.
-- Estão esperando o que?
-- Não tem jeito Sabrina. Temos que reconhecer que falhamos - falou baixinho.
-- Tenho vontade de sentar no chão e chorar.
Ricardo passou o braço ao redor do pescoço da garota.
-- Vamos.
A porta de uma das salas foi aberta e dela surgiram duas mulheres conversando animadamente.
-- Não acredito. Você precisa me contar essa história direitinho - a ruiva sorria esbanjando simpatia.
-- Vou contar... - Débora parou de falar assim que viu Sabrina, Ricardo e um pouco mais adiante, o doutor Felipe. Como uma atriz experiente, abriu os braços e caminhou na direção de Sabrina.
-- Sabrina, minha linda - abraçou e beijou a garota no rosto - Até que enfim resolveu aceitar o meu convite - virou-se para a outra mulher - Mais tarde converso com você sobre aquele assunto - deu um sorrisinho sacana - Agora vou matar a saudade que estava da minha amiga Sabrina.
Sabrina fazia cara de paisagem.
-- Claro Débora. Nos vemos mais tarde - jogou um beijinho e saiu.
-- Olá Felipe - Débora deu um tchauzinho com a mão - Ricardo pode ir agora, deixa que eu cuido da doutora Sabrina.
-- Obrigado Débora vou descer com o doutor Felipe - passou pelo médico e o chamou - Vamos doutor.
-- Até mais doutor - Sabrina sacudiu a mão no ar.
Débora puxou Sabrina para dentro de sua sala.
-- O que vocês fazem aqui seus malucos?
-- Depois conversamos, doutora Débora. Agora preciso terminar o que vim fazer. Confie em mim - pegou na mão da mulher e pediu: Preciso que vigie o corredor. Pode ser?
-- Claro, pode ir.
Sabrina rapidamente pulou para fora da sala de Débora e entrou na de Nestor.
Na Barra.
-- Sua vagabunda. Fique longe da minha filha - jogava Victória de um lado para outro, desferiu alguns tapas com toda a força pelo seu corpo.
-- Me larga. Eu vou gritar - ameaçava ofegante.
-- Você vai gritar sim - jogou a morena sobre o sofá - Mas de prazer - com agressividade puxou a blusa dela até rasgar.
Victória se debatia, mas não conseguia se livrar de Nestor. E como por milagre a campainha tocou. Fazendo com que o homem pulasse de cima dela com rapidez e ódio.
-- Se você abrir a boca, te mato - e saiu em direção a porta.
Bruna estava ansiosa, as mãos suavam e tremiam levemente. Mal podia aguardar por ela vir lhe atender. Ouviu o barulho da chave na porta e sorriu.
Mas o sorriso morreu em seus lábios quando viu quem atendeu.
-- Bruninha?
-- Pai?
-- O que você faz aqui minha filha? - Estava assustado.
-- Eu vim falar com a Victória - tentou olhar para dentro, mas Nestor impedia com o corpo.
-- Ela...
--BRUNA - Victória berrou e correu até a loirinha, jogando-se em seu pescoço - Bruna - chorava desesperada.
-- O que está acontecendo aqui? - Perguntou olhando diretamente para o pai.
-- Minha filha, eu posso explicar - passou a mão pelos cabelos - Ela me chamou aqui.
Bruna empurrou levemente o pai para que saísse da frente.
-- Que bagunça é essa, pai? -- Olhou ao redor, estava tudo revirado. Almofadas jogadas pelo chão, copo de bebida virado na mesinha de centro.
-- Ela me chamou e tentou me seduzir - olhou para a morena que ainda estava chorando, com a cara metida na cavidade entre o pescoço e o ombro de Bruna - Conta para ela Vic. Fala na minha cara que é mentira, se tiver coragem.
-- Acho melhor o senhor ir embora papai - Bruna apertou Victória contra o seu corpo.
-- Eu não posso crer que você vai ficar do lado dela? Você é minha filha. Essa mulher não pressa Bruna.
-- Senta aqui Vic - colocou a morena sentada no sofá e sentou ao seu lado - Como você está? - Passava a mão nas bochechas dela, secando o rosto encharcado pelas lágrimas.
-- Assustada - respondeu soluçando.
-- Não cai nessa Bruna. Ela está te enganando. Essa mulher é uma vagabunda.
Bruna levantou irada e foi até o pai.
-- Lava essa boca para falar dela - deu de dedo no pai - Até ontem ela era a mulher da sua vida. Ela era tão boa, que trocou a mamãe por ela - respirou fundo - Quem é o mentiroso aqui, hem? Me fala papai - deu uma volta pela sala - Você nos enganou por quanto tempo pai? Dois anos? Não. A mim você enganou uma vida inteira.
-- Você está sendo injusta Bruna - falou de cabeça baixa.
-- Eu te venerava, você era o modelo de perfeição, o meu herói, pai - engoliu em seco, segurou as lágrimas, precisava ser forte.
-- Eu não sou perfeito filha, ninguém é - tentou se aproximar da garota.
Bruna voltou para perto da morena.
-- Eu sei que não. Mas eu te acharia mesmo assim, se tivesse simplesmente me falado a verdade - pegou na mão de Victória.
Nestor colocou a mão sobre o peito fazendo uma careta de dor.
Bruna ameaçou levantar, Victória apertou sua mão e lhe deu um olhar querendo transmitir força.
-- Vai para casa pai - falou com mais calma - Toma um calmante e relaxa. Amanhã nós conversamos.
-- Não vou te deixar aqui com essa mulher - falou firme.
-- Por favor pai. Vai embora antes que baixe o espirito da gaúcha brava na Victória e ela chame a polícia - Bruna falou como um incentivo a morena.
Nestor arregalou os olhos.
-- Você não seria capaz disso - duvidou.
Victória levantou e foi até o telefone.
-- Quer pagar para ver? - Olhou a reação dele -- Então? Já pensou o que vai dizer a polícia quando perguntarem quem rasgou a minha roupa? - Mostrou a blusa completamente destruída.
-- Não vai ser preciso - caminhou até a porta - Te espero em casa Bruninha. Não demora.
Nestor abriu a porta e antes de sair dirigiu um olhar de ódio para a morena. Ah, mas eu vou me vingar, você não perde por esperar dona Victória. Pensou.
Nestor finalmente saiu. Arrastando o pé, sentindo-se exausto e humilhado.
Sabrina já havia revirado todas as gavetas da mesa de Nestor e nada. Era a vez de procurar no armário. Olhou nas gavetas, olhou pasta por pasta da prateleira e não encontrou.
Sentou desanimada. Apoiou a cabeça no encosto da cadeira. Estava triste, não queria decepcionar os amigos. Passou os olhos pela sala e sentiu o coração acelerar. Em cima do armário havia uma pilha de pastas.
Subiu na cadeira e as alcançou. Examinou uma a uma e quando encontrou, a beijou, beijou, beijou e levantou para o alto como um troféu. Olhou no relógio. Não podia perder mais nem um minuto. Prendeu a pasta no cós da calça e ajeitou a blusa por cima. Deu uma arrumada rápida na sala e saiu praticamente correndo dali.
Na Barra.
-- Como você está Vic? - Perguntou com carinho.
-- Agora mais calma - ficou olhando fixamente para ela, querendo matar a saudade que quase a matou nesses últimos dias - Tenho tantas coisas a te falar Bruna. Tantas desculpas a te pedir.
Bruna colocou um dedo sobre os lábios dela pedindo silêncio.
-- Não peça desculpa. Você não me fez nada Vic - passou a mão delicadamente pelo rosto dela fazendo-a fechar os olhos por um instante - Eu te amo tanto, se for para ficar longe de você, eu prefiro morrer. Eu havia decidido sair do caminho de meu pai porque achava que ele iria cuidar de você melhor do que eu - sorriu - passou a mão pela blusa rasgada da morena.
-- Quero você para cuidar de mim - deu um selinho na loirinha -- Eu cuido de você, você cuida de mim.
-- Que delícia - brincou - Vem cá - puxou a morena para sentar em seu colo - Nós não podemos jogar a sujeira para debaixo do tapete e fingir que está tudo bem. Temos muitas coisas a esclarecer. Como por exemplo o que ele estava fazendo aqui hoje? Ele falou que você o chamou.
-- Você confia em mim?
-- Como a mim mesma - Bruna apertou a cintura dela de leve.
-- Então vou te pedir um pouco de paciência, ao menos por hoje. Pode ser?
-- Pode - deu um beijo na morena.
O celular de Victória toca e ela dá um pulo assustada.
-- Preciso atender Brú, é importante - saiu do colo de Bruna e atendeu ansiosa - Oi Ric. Então, como foi lá? Graças a Deus... Claro, claro... Me liga, por favor... Beijo.
-- Vocês estão com muitos segredinhos, para o meu gosto - reclamou.
-- Você prometeu loirinha - sentou no colo dela e enroscou os braços ao redor do pescoço.
-- É verdade, não está mais aqui quem falou.
Ficaram em silêncio se encarando por um tempo. Bruna baixou seus olhos para os lábios de Victória. Seus lábios agora estavam a poucos centímetros da boca dela. Que saudade que estava deles. Eram tão macios e gostosos. Sua boca estava entreaberta e ela respirava profundamente. Estavam tão próximas que podiam sentir o calor do corpo uma da outra.
Victória olhou diretamente para os olhos de Bruna. Aqueles olhos verdes tão lindos que estavam a encarando. Começou a passar sua mão pelo rosto dela, bem devagar. Ela sentiu seu corpo todo se arrepiar. Os lábios dela chamavam. Eles pediam pelos de Victória. Então, abriu um pouco mais sua boca, fechou os olhos e o mais lento que pôde aproximou sua boca. Victória fechou os olhos ao sentir seus lábios finalmente tocando os de Bruna.
Foi um beijo devagar, cheio de saudade, cheio de sentimentos. Foi muito longo, pois quando pararam, tanto Victória quanto Bruna estavam sem ar.
Bruna sorria como nunca. E estava linda sorrindo daquele jeito.
Voltaram a se beijar e foram se beijando e esbarrando nos móveis e enfim chegaram no quarto... Victória trancou a porta e voltou a beijar Bruna.
Quando se afastaram ambas estavam sedentas de desejo. Os olhos verdes de Bruna reluziam como duas pequenas esmeraldas preciosas ...
Victória começou a tirar a camiseta de Bruna e ela também ajudou Victória a se livrar da blusa dela.
A morena começou a despir-se lentamente. Cada peça que tirava, jogava na direção de Bruna. Como se estivesse fazendo um strip tease para ela. E assim despiu-se por inteira.
Bruna correu os olhos admirando a beleza de Victória. Não teve a mesma tranquilidade que ela para tirar a roupa. A sua excitação pedia para ir mais rápido.
Com seus corpos nus, elas se abraçaram e se beijaram sem pressa.
Victória tremia. Como era gostoso sentir o calor daquele corpo junto ao seu. Deitou na cama levando Bruna junto consigo. Tudo era tão novo, tão prazeroso. Sentia pequenas correntes elétricas correrem por seu corpo. Ela clamava por um beijo, clamava pelo corpo de Bruna, clamava pelo toque de suas mãos macias em seus seios.
Bruna viajava por aquele corpo lindo. Percorria as mãos pelos seios, desciam pela barriga e cintura e por cada parte do corpo de Victória.
Victória nunca havia ficado com uma mulher antes e temeu não saber o que fazer. Mas descobriu que com amor é tudo tão fácil. É uma troca maravilhosa de dar e sentir, é doar-se, é sentir prazer em dar prazer. Tudo muito louco.
Aos poucos, Victória e Bruna experimentaram a sensação mais maravilhosa que elas já haviam sentido em toda a sua vida.
Elas entraram num ritmo perfeito, os suores se misturavam e enfim a explosão de orgasmo de ambas chegou.
Victória amava tanto aquela garota que seria capaz de qualquer coisa para vê-la feliz.
-- Eu te amo demais, Bruna.
-- Também te amo meu amor.
Victória fechou os olhos curtindo aquele lugarzinho tão gostoso que era o ombro de Bruna. A morena tinha consciência que a felicidade delas não seria tão fácil de ser alcançada. Nestor não aceitará essa situação de forma alguma e Débora vai surtar quando souber que as duas estão juntas.
Na sala.
-- Eu olhei diversas vezes o Ric para ver se ele não estava todo borrado. Eta bicha covarde - Sabrina contava a aventura para Thiago.
-- Vocês já olharam os exames?
-- Imagina se iriamos... - Sabrina parou de falar e ficou olhando abobada para a pessoa que acabava de chegar na sala, vestindo um short e uma camiseta de Victória.
-- O que você faz aqui Sabrina? - Bruna parou no meio da sala.
-- O que você faz aqui Bruninha? - Sabrina levantou e ficou de frente para Bruna.
-- Ela está com a namorada dela, mas bah tchê - Victória pendurou-se no pescoço dela e beijou a sua boca - Não é tri legal?
-- Vocês voltaram? Assim do nada? - Thiago estava admirado.
-- Como assim do nada Thiago? - Bruna sentou no sofá do lado da pasta que continha os exames de Nestor.
Sabrina arregalou os olhos e fez um sinal para Victória.
-- Brú - Victória foi rápida e sentou em cima da pasta - Que tal se saíssemos para comemorar?
-- É uma ótima ideia - Sabrina levantou - Você pode até ir com essa roupa aí. Está um charme.
-- Gracinha. Também gostei da ideia, mas preciso dar uma passadinha em casa para trocar de roupa e conversar com o papai. Ele deve estar muito mal.
Victória ficou preocupada. Nestor Iria bombardear a cabeça de Bruna com mentiras e acusações falsas sobre ela.
-- Brú, vem comigo - Victória pegou na mão da garota e a arrastou para o quarto.
Sabrina correu e pegou o exame.
-- Preciso entregar essa pasta para a Priscila - deu um sorriso safado - É o meu passaporte para o paraíso.
-- Você é uma pessoa muito interesseira Sabrina. Querendo se beneficiar da situação.
-- É o meu prêmio, Thiago. Você não faz ideia do estresse que foi. Quase fomos pegos no flagra pelo doutor Felipão.
-- O Ric me contou.
Sabrina escondeu a pasta novamente por debaixo da roupa.
No quarto Victória preparava Bruna para a conversa que teria em casa com Nestor.
-- Entendeu Brú?
-- Entendi amor. Não se preocupe. Eu confio em você. Tudo o que papai me falar contarei para você e ouvirei o seu lado da história.
-- Isso mesmo - ajudava a loira a se vestir - Nunca esqueça que eu te amo.
-- Também te amo muito e quem ama confia - deu um beijo na boca da morena - Não se preocupe. Agora tenho que ir amor - puxou-a pela mão até a sala.
-- Até que enfim. Pensei que a gaúcha ia mostrar os pampas para a loira.
-- Pelo jeito a Bruna já conheceu os pampas - Thiago saiu em direção a cozinha.
-- Como você é invejosa Sabrina. Se você está se sentindo sozinha, abandonada, achando que ninguém liga para você...não fica aí azarando o meu namoro, atrase os seus pagamentos, com certeza vai chover pessoas atrás de você.
-- Tem gente que se acha. Até ontem estava trancada no quarto chorando as pitangas. Hoje dá uma de Afrodite, deusa do amor - levantou do sofá - Tem dois capacetes? Vou querer uma carona.
-- Pega o da Vic emprestado. Apesar da sua cabeça ser fora dos padrões da normalidade, acho que cabe.
Em alguns minutos já estavam na rodovia em direção ao Leblon. Bruna fazia zig-zag entre os carros. Sabrina estava morrendo de medo e com isso apertava a cintura de Bruna com tanta força que ela por várias vezes teve que dar um tapa na mão da amiga.
Quando estacionou a moto na garagem do prédio. Achou que Sabrina tinha mumificado.
-- Sabrina, tem certeza que se eu tirar a sua mão da minha cintura ela não vai quebrar?
-- Bruna, minha querida amiga. Seja lá o que eu tenha feito a você, paguei com juros hoje - Sabrina com muito esforço, conseguiu descer da garupa da moto. Examinou a calça - Preciso garantir que não estou mijada. Pensa, eu chegar perto da Priscila cheirando a mijo.
-- Isso foi por ter me enganado. Sua traíra de água salgada.
-- Euuuu? - Apontou com o dedo para si.
-- Você mesma. Pensa que eu não te vi participando de uma reuniãozinha lá na Barra, dona Brina?
Entraram no apartamento e foram direto para a sala. Priscila estava sentada no sofá com as pernas cruzadas e olhar de preocupação. Quando as viu, correu encontra-las.
-- As coisas não estão boas por aqui mana. Papai e mamãe estão discutindo lá no escritório.
-- Vou até lá - jogou o capacete sobre o sofá e seguiu em direção até aonde estavam os pais.
-- Mana - chamou a irmã para que a olhasse - Vai preparada. O assunto... é você.
Bruna respirou fundo. Era a hora da verdade. O momento de colocar todas as cartas sobre a mesa e enfrentar as consequências, sejam elas quais fossem.
Fim do capítulo
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mickah
Em: 12/10/2015
meu deus sera que o pai de bruna vai tentar colocar a filha contra a mae ou sera que a bruna vai conseguir ser feliz em paz com a victoria? so resta esperar os proximos capitulos kkk que alias esta a cada dia ficando mais interessante parabéns vandinha
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