Capítulo 22
Capítulo 22
Rafaela e Roberta saboreavam uma pizza sabor Vegetariana (Molho, mussarela, escarola, tomate, milho, ervilha e orégano) e degustando um bom vinho. Estavam sentadas confortavelmente no chão da sala.
-- Não entendi esse cartão do Kenedy: "Meu amor é eterno, dois anos passam voando. Espere-me. Te amo". Estranho né? - Roberta olhava o cartão sem entender - Será que ele pensa em voltar daqui a dois anos?
-- Foi o que eu entendi e tem mais: Que eu estarei esperando por ele bela e maravilhosa - risos - Sonha - mais risos.
-- Parece que estou vendo a manchete: "A família Dumont assistiu a chegada de 2015 na Varanda Atlântica do Copacabana Beach em uma das mesas exclusivas com vista privilegiada para a queima de fogos". Como eu sou chique Meu Deus - Roberta limpou o cantinho da boca com um guardanapo.
-- Você pediu assim na maior cara de pau? - Rafaela não se acreditava.
-- Claro que não. Foi toda uma preparação - tomou um gole de vinho.
-- Sério? O que você fez? - parou de comer para prestar atenção na irmã.
-- Primeiro coloquei um vestido mais curto que os de costume, sandalinha de salto, maquiagem leve, perfume de mulher fatal, atitude de quem é dona da situação e por fim cruzar as pernas. Pronto. Posso pedir o que quiser.
-- Você não presta Beta - riu da atitude da irmã.
-- Se eu não prestasse já teria ficado com ela - estalou o dedo - Só pensa nas vantagens.
-- Golpe do baú Isso é horrível, não gosto nem de falar. Prefiro morrer pobre Beta.
-- Eu também Rafa, mas enquanto fizer efeito, vou usar o poder das minhas belas pernas pra pequenas causas - muitos risos.
-- A chegada do avião está prevista para as 21h00min, não se atrase, por favor.
-- Não se preocupe. Vou pedir para a Eduarda liberar o Manuel para me trazer - pegou o seu prato e levou para a cozinha.
-- Para isso vai precisar mostrar as pernas? - Rafaela também levantou e foi até a cozinha.
-- Não. Isso ela sempre me oferece.
-- Você não pensa em comprar um carro? - Rafaela secava a louça que Roberta lavava.
-- Penso, mas não quero um carro, quero O CARRO - rodopiou pela cozinha.
-- Louca. Tá ficando muito na companhia da Eduarda - foi obrigada a rir da irmã.
-- Vocês não deveriam ter fechado a boate - Eduarda estava sentada em sua bicicleta conversando com Jorge.
-- E você acha que tínhamos animo para isso Duda? - Jorge estava sentado em uma cadeira no jardim - Claudia só chorava e eu estava deprimido.
-- Claudia é um amor mesmo. Espera um pouco - saiu pedalando, deu uma volta pelo jardim e voltou.
-- A Roberta não vem hoje?
-- Está atrasada novamente. Acho que vou ter que dar um carro de presente para ela. Roberta é muito elegante pra ficar andando de ônibus - saiu para mais uma volta pelo jardim.
Eduarda viu Roberta entrando na propriedade, acelerou a bicicleta e freou bem próximo à morena.
-- Que susto sua branquela - a garota deu um pulo.
-- Ei morena gostosa quer dar uma volta no meu possante? Senta aqui no ferro, senta - Roberta resolveu aceitar a carona.
-- Vamos ver se é potente mesmo.
Eduarda levou a secretária até onde Jorge estava sentado.
-- Suas malucas. Vão se machucar - Jorge levantou e foi até as duas.
-- Sou fera Jorge - jogou a bicicleta na grama e agarrou Roberta pela cintura - Semana que vem vamos começar a planejar a inauguração da boate. Vamos concentrar toda a nossa atenção nisso - deu uma mordida no pescoço da morena - e a Roberta vai pra lá com a gente.
-- Vai lá tomar um banho Duda, você tem consulta médica agendada para as 10h00min - passou a mão pelo rosto suado da garota.
-- Estou indo. Olha só uma coisa Beta - saiu correndo para dentro da mansão.
Jorge e Roberta se olharam incrédulos.
-- Não dá muita confiança para ela Roberta. Eduarda é muito abusada e totalmente sem noção - Jorge voltou a sentar na cadeira.
-- Não se preocupe eu sei controlar a fera - sentou na cadeira ao lado de Jorge para esperar Eduarda.
No consultório médico...
-- Você teve uma recuperação surpreendente Eduarda - Dr. Braz analisava o resultado dos exames de Eduarda - Na parte física nenhum problema de movimento, dificuldades na coordenação motora e equilíbrio, não há diminuição de força nem lentidão nos movimentos corporais. Não há também sinal de cansaço, fadiga e perdas de energia ou perda de sensações (sensibilidade ao toque, olfato, visão) - olhou para ela e sorriu - Perfeito. Parabéns está liberada.
-- Hu, Hu - Eduarda comemorou abraçando Roberta -- Posso beber todas no Réveillon. Em sua homenagem Dr. Braz:
-- Um cara chegou ao trabalho todo de porre e trançando as pernas, o chefe dele chegou e falou pra ele:
-- Porr* que estória é esta que te aconteceu pra você estar neste estado?...
-- E o bêbado respondia:
-- A culpa é do Doutor... Foi o Doutor que fez isso...
-- Mas como assim? O médico?
-- Eu fui ao doutor, e ele me examinou, e disse pra eu comprar uns negócios... Escreveu num papel... Eu não entendi muita coisa... era uma letra ruim... Mas li lá embaixo... dos garranchos... E pinga três vezes ao dia... -- Eduarda beijou o médico no rosto e saiu feliz da vida.
-- Feliz Ano Novo Doutor - Roberta sacudiu a cabeça e foi atrás da garota.
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Rafaela e Roberta chegaram ao aeroporto as 21h00min em ponto. O avião pra variar atrasou. As Rs já estavam impacientes.
-- Final de ano é um saco. Aeroporto lotado, avião que atrasa... - Rafaela tomava um suco na lanchonete.
-- Não sei como os Dumont conseguiram passagem? - Roberta olhava a pista pelo vidro da lanchonete.
-- Como você acha que papai e mamãe vão reagir diante de Eduarda, Jorge e os outros? - a arquiteta estava preocupada com algum tipo de comentário homofóbico dos pais.
-- Sabe que também estive pensando a esse respeito. Mas vou te adiantando, caso haja algum conflito entre eles ficarei do lado dos nossos amigos. Eles são a minha família agora. A Duda foi a melhor coisa que me aconteceu até hoje. Que ninguém se atreva a magoar ela - bufou.
-- Caramba que discurso inflamado - riu - Que poder essa garota tem sobre vocês hein?
-- Um dia você vai conhecer a verdadeira Duda Rafa - nesse momento perceberam a movimentação no setor de desembarque - vamos até lá?
-- Vamos - abraçou a irmã e foram em busca dos familiares.
No caminho para o Leblon...
-- Sinceridade. Eu não botava a menor fé em vocês duas - Milton, pai das Rs, analisava toda a limusine - Agora vejo que realmente se deram bem.
-- Pai a limusine pertence à família Jeser eles cederam para vir buscar vocês - Rafaela não estava reconhecendo o pai.
-- Essa família é muito poderosa, é muito importante que vocês façam parte do circulo de amizade deles - Milton olhava sério para as duas filhas.
-- Pai nós trabalhamos para eles e a nossa amizade é sincera. Não temos outros interesses - Roberta estava decepcionada.
-- Pensem no nosso futuro. Ou querem voltar pra Joinville com uma mão na frente outra atrás? - foi incisivo.
Rafaela bufou.
-- O que você acha desse Jorge? - Eduarda escolhia um carro para presentear Roberta.
-- Você é maluca ou está querendo comprar a garota? Esse carro custa uns 200.000 - Jorge encostou-se no Lexus NX200 2.0 Turbo 238 cv.
-- Nem uma coisa nem outra bicha pão duro. Só estou demonstrando carinho - chamou o vendedor com um aceno - Por outro lado, pensa; Se ela de ônibus vai trabalhar com um vestido daquele imagina de carro? E tem outra, não quero nenhum marmanjo passando a mão nas minhas meninas.
-- Meu Deus Duda que machismo horroroso - o vendedor se aproximou.
-- Embrulha esse pra presente - o vendedor olhou pra garota de calça rasgada e uma camiseta com a estampa: Ele é gay→.
Eduarda entregou o cartão de crédito ao vendedor.
-- Débito ou crédito? - perguntou debochado.
-- Débito - o rapaz saiu rindo.
-- Você não vai falar nada? Ele está debochando de você loira.
-- Jorge você tem que se acostumar a ser julgado pela sua aparência, afinal de contas seu caráter não está estampado na sua testa - Eduarda não estava nem aí para o vendedor.
Dentro do escritório os funcionários conversavam entre si:
-- Cara como eu iria imaginar que a menina teria dinheiro pra comprar um carro desse a vista?
-- Te vira. Agora vai lá e contorna a situação. Ela é filha do Sr. Jeser. Se ele sonha que você riu da garota nós estamos perdidos - o vendedor foi ao encontro de Eduarda e Jorge completamente envergonhado.
-- Tudo certo dona Eduarda. Quando podemos entrega-lo? - foi só gentileza.
-- Agora - Eduarda saiu caminhando pela loja.
-- Mas é impossível - o vendedor entrou em desespero.
-- O homem não teria alcançado o possível se, repetidas vezes, não tivesse tentado o impossível. Toca aqui Jorge - bateram mão com mão.
-- Essa foi boa sapinha.
-- Max Weber. Conhece? - perguntou para o vendedor, que fez que não com a cabeça - Logo imaginei.
Eduarda foi até o escritório pegou uma caneta e um papel e anotou o endereço de Roberta.
-- Daqui três horas... - olhou no relógio de parede - Estarei nesse endereço esperando - estendeu o papel para ele -- Se não estiverem lá cancelo a compra. Ouviu? - o rapaz fez que sim com a cabeça - Ótimo.
Eduarda já estava fora do escritório quando lembrou de algo e voltou.
-- Mas uma coisa:
"Julgar pela aparência é como olhar um cacto. Não se percebe a água contida em seu interior, nem a beleza de suas flores".
Denise Severgnini
Abraçou Jorge e saíram pulando da loja deixando o vendedor com cara de boboca.
No apartamento de Rafaela...
-- Esse apartamento está pequeno para o tamanho de sua competência minha filha. Você praticamente comanda aquela empresa - Milton continuava a provocar a filha.
-- Está pequeno para o tamanho de sua ganância - Rafaela perdeu a paciência com o pai - Para mim está ótimo.
-- Não se chateie com seu pai minha filha, ele está assim por causa da doença. A cirurgia dele vai demorar ainda uns dois anos. Ele está na fila do SUS aguardando - Dona Maria, mãe das Rs não suportava mais o mau humor do marido.
-- Eu já prometi para ele que eu e a Roberta vamos pagar essa cirurgia. De fevereiro não passa - Rafaela foi para a cozinha pegar algo para eles beberem.
-- Mana que maneiro o seu ap - Rogério irmão mais novo de Rafaela entrou na cozinha - Que vista linda.
-- Obrigada maninho - serviu Coca-Cola para todos.
O interfone tocou:
-- Pois não Moacir - Rafaela quem atendeu.
-- Dona Rafaela tem um presente para a dona Roberta aqui na portaria.
-- Vou avisar ela Moacir. Muito obrigada - Roberta estava logo atrás de Rafaela e ouviu a conversa.
-- O que será? - estava achando estranho. Quem lhe enviaria um presente?
-- Desce e descubra oras - seu pai revirou os olhos.
Roberta pegou o elevador e em minutos estava na portaria.
-- Onde está seu Moacir? - encostou-se no balcão da guarita.
-- Ali - apontou para a rua.
O carro estava estacionado no outro lado da rua, com um laço rosa gigante.
-- Deve haver algum engano seu Moacir -- Roberta não acreditou.
-- Engano nenhum minha filha. Olha aqui - o porteiro lhe estendeu um cartão enorme escrito:
De Duda para Roberta.
"A garota mais bonita que eu conheço simplesmente sorri,
E, quando sorri, ela é a garota mais linda do mundo"
Augusto Branco
Roberta sorriu quem mais seria tão louco para isso?
-- E, quando sorri, ela é a garota mais linda do mundo! Sábias palavras - Eduarda abraçou Roberta por trás.
-- Sua pirada - beijou o rosto da garota.
-- Não gostou? Nem foi olhar de perto.
-- Vem comigo - Roberta puxou Eduarda pela mão até o carro - É um sonho - beijou a menina por todo o rosto - Eu te amo sábia?
-- Sábia. Agora só falta demonstrar esse amor - Roberta pulou no seu pescoço e deu um beijo na boca de Eduarda.
Roberta estava demorando tanto que Rafaela resolveu ir atrás.
-- Onde está a Beta seu Moacir?
-- Acho que a dona Roberta ganhou um presente da namorada e está agradecendo lá no meio da rua - apontou com a cabeça.
Rafaela não acreditou no que viu. Roberta aos beijos com Eduarda. Encostou-se na guarita, suas pernas fraquejaram. Sentiu de tudo um pouco: surpresa, raiva, preocupação, ciúme. Não ciúme jamais. Saiu correndo de volta para o apartamento nem deu ouvidos ao que seu Moacir falou.
-- Passa a maionese Rogério - Milton preparava o seu prato.
-- Pai vai querer tomar vinho ou refrigerante? - Rafaela servia as bebidas.
-- Vinho. Por favor, filha. A Roberta foi buscar o presente na portaria ou na China?
-- Ela já deve estar subindo - Rafaela não quis continuar o assunto.
Todos almoçavam tranquilamente quando Roberta entrou na cozinha com Eduarda a seguindo.
-- Família essa aqui é a Eduarda nossa amiga - Roberta a puxou para perto.
-- Prazer - Eduarda sorriu simpática.
Surpreendentemente seu Milton levantou da mesa foi até Eduarda e a abraçou forte. Rafaela e Roberta se olharam admiradas não entendendo nada. O pai nunca fora dado a grandes demonstrações de afeto com os filhos, imagina com estranhos.
-- Que bela garota hein mulher? - Maria sorriu e também foi abraçar Eduarda.
-- Caramba que show te conhecer. Sou fã de você desde dezembro de 2013 quando você ganhou o Festival de surf feminino no Floripa Surf Club na Praia Mole. Eu tenho um pôster gigante seu lá no meu bar em Floripa - Rogério estava todo derretido - Nossa mais você é muito gata - Eduarda só sorria. Estava sem palavras.
-- Rafaela prepara um prato pra menina - puxou Eduarda pela mão e a colocou sentada do lado da arquiteta.
-- Você não deveria sentar lá do lado da Roberta? - usou de ironia.
-- Não entendi, alias, não estou entendendo nada. É uma pegadinha? - olhou para Roberta.
-- Não sei de nada - Roberta serviu-se e começou a comer. Estava tão feliz com o presente que nem se importaria com a família.
Eduarda conversava com seu Milton no sofá. Volta e meia o homem dava uma gargalhada.
-- Alguém sequestrou o nosso pai e colocou uma réplica no lugar - Rafaela observava os dois conversando como velhos conhecidos.
-- Eu sei que é difícil alguém não se apaixonar pelo jeitinho meigo da Eduarda, mas assim tão rápido?
-- O que você está querendo dizer com difícil não se apaixonar? - Rafaela jogou a isca.
-- Que todos se encantam com esse jeito desencanado e sem preocupação dela. Acho que é isso que encanta.
-- Roberta, Roberta. Se orienta - foi para a varanda tomar um ar.
Eduarda continuava contando piadas para o seu Milton.
-- Ao chegar mais cedo em casa o marido encontra sua esposa nua, deitada na cama e respirando ofegantemente.
-- O que houve querida? Você está passando mal?
-- Acho que estou tendo um ataque cardíaco.
O marido corre como um louco para pegar o telefone e chamar a ambulância. Enquanto tentava desesperadamente discar o filho diz:
-- Papai tem um fantasma no banheiro.
O marido vai até o banheiro, abre a porta e encontra uma pessoa coberta por um lençol. Ele puxa o pano e dá de cara com seu melhor amigo. Indignado o marido diz:
-- Pelo amor de Deus, Ricardo! Minha mulher tendo um infarto e você fica aí assustando as crianças.
Seu Milton caia na gargalhada.
Fim do capítulo
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