Com dois meses de nascido Gabriel já era o xodó da casa. O menino era ruivo, claro, gordinho e pasmem, tinha os olhos verdes acinzentados. Era a fusão perfeita dos Pires Paiva com os Mantovanni. Andressa tinha os olhos esverdeados e a coronel com os olhos azuis acinzentados, só podia ter o menino saído com essa cor de olhos. O nome fora escolhido pelos irmãos que travaram uma guerra familiar, fazendo com que todos se divertissem e dessem risada.

Porém, um mês depois que o caçulinha dos Mantovanni estava oficialmente em um almoço na casa do avô, as crianças resolveram fazer uma votação. Isso tudo é claro, veio da cabeça de Cláudia a madrinha de Celina. Amanda, Tales, Cláudio, Lorena, Ângela e os irmãos de Gabriel estavam todos na bagunça. Os pais, tios e avós se divertiam com a matreiragem dos pequenos. O pequeno percebia a bagunça e dava muitas risadas, principalmente com Celina e Nicola que eram os que mais aprontavam com o menino.

-- Bom senhoras, senhores e crianças vamos dar início à votação do nome para o mais novo Mantovanni? Perguntou Cláudia.

-- Oba, eu vou ser o primeiro! Disse André.

-- Não, eu é que vou ser o primeiro! Disse Nicola e logo começou uma pequena confusão entre os irmãos ao qual a coronel teve que intervir dizendo:

-- Nicola Augusto e André Roberto se isso continuar eu vou colocar os dois de castigo no quarto e só irão sair de lá para almoçar. Estamos entendidos?

-- Sim mamãe, desculpa!

Os convidados que estavam na casa do coronel ficaram só olhando. Marieta quis protestar e Márcia respondeu:

-- Marieta eu sei o que estou fazendo. Eu crio gente e não galos de briga, não vou admitir isso entre meus filhos. Respeito é respeito e já falei que se eu e o papai tivéssemos sido mais duros com o Nicola, ele não teria feito tanta besteira e estaria vivo.

Dona Carlota e a tia de Márcia dona Juanita viram que o clima ia esquentar e resolveram colocar panos quentes. Mas foi o tio da coronel quem disse:

-- Marieta, a Márcia tem que colocar limites nesses meninos!

-- Mas tio Giovanne ela é muito radical em certos assuntos!

-- Os filhos são dela e não seus!

Giovanne Enrico Mantovanni era o irmão caçula do pai de Márcia. Era tenente coronel do exército e logo estaria aposentado. Tinha muito carinho pelo irmão e pelos sobrinhos. Era mais sério e fechado do que o coronel, mas via o mundo de maneira diferente. Era reacionário, mas liberal. Respeitava a opção da sobrinha a quem nunca ousou desafiar. No começo ele foi contra e achava que Márcia deveria ser expulsa de casa pelo pai, mas com o tempo aprendeu a aceitar e hoje tinha a sobrinha na maior consideração.

-- Bom o assunto está encerrado e agora vamos a eleição do nome que as crianças vão escolher para essa fofura da vovó.

Dona Severina acabou com a conversa e a votação começou. As meninas escolheram três nomes: Pedro, Gabriel e Igor. Já os meninos estavam entre Henrique, Sérgio e Glauber. As meninas começaram a rir dos nomes e Cláudio reclamou com uma das mães.

-- Mamãe Solange, a Celina fica tirando sarro!

Cláudia que era a madrinha de Celina e viu a cena repreendeu a afilhada e as meninas não acharam outra opção a não ser pedir desculpas aos meninos. Márcia aplaudiu a atitude da comadre e falou:

-- E eu é que sou radical?

De acordo que o tempo passava, todos estavam loucos para saber qual o nome escolhido. Thesca foi até o saco onde estavam os nomes e começou a sortear. De acordo com que o nome era lido, os meninos se divertiam. No final os nomes que mais saíram foram Gabriel, Henrique e Glauber.

-- E agora qual nome daremos ao pequeno? Perguntou Carmela que estava com o baixote no colo.

-- Eu gosto de Glauber. Disse Andressa.

André o cunhado da coronel respondeu:

-- Eu prefiro Henrique, é mais forte! -- E você Márcia o que acha? Perguntou.

-- Eu sempre gostei de Gabriel, inclusive se a Andressa não tivesse escolhido o nome do Nicola, com certeza esse porcaria ia se chamar Gabriel.

Quando ninguém mais esperava, uma voz muito fofa falou:

-- Tia Márcia porque a senhora não põe o nome dele de Gabriel Henrique?

A autora da frase era Lorena, que até então estava quieta, resolveu se manifestar. Todos ficaram olhando para a menina e Laura concordou com a filha.

-- É mesmo Márcia, o menino poderia ter esse nome, já que foram os que mais saíram!

A coronel olhou para os filhos e perguntou:

-- E ai seus monstrinhos, vocês gostaram da sugestão da Lorena?

Os filhos depois de se reunirem, deram a resposta.

-- Sim mamãe, nós aceitamos o nome! Disse Antônia que era a mais tranquila de todos.

A coronel foi até Andressa e pegando no colo o filho que acabara de mamar, levantou o menino no alto e falou:

-- Então a partir de hoje, você se chamará Gabriel Henrique Pires Paiva Mantovanni. Seja bem vindo meu pequeno e saiba que você será muito amado por todos nós.

O menino sorriu para a mãe como se entendesse o que ela falava. Uma parte da missão estava cumprida. A outra era o batizado. E parece que o pensamento da coronel foi ouvido por alguém que falou:

-- Porque o Genaro e a Gênova não batizam o pequeno? Falou Samir cunhado de Márcia e marido de Thesca.

Todos ficaram olhando para o libanês e tanto dona Carlota como dona Severina, acharam a ideia ótima. Tanto Márcia como Andressa gostaram da ideia e agora restava perguntar aos irmãos se eles aceitavam. Foi Andressa que perguntou:

-- Gênova você aceita batizar o Gabriel?

A irmã caçula da coronel pegou o sobrinho que estava dormindo nos braços e respondeu:

-- Claro que eu aceito cunhada. Esse é um presente de Deus que não tem preço! – Obrigada minha irmã. Disse abraçando a coronel.

-- E você Genaro? Perguntou Márcia ao irmão que ficou todo prosa.

-- E você ainda pergunta? -- É lógico que eu aceito batizar esse porcaria. Por mim já batizava ele amanhã. Disse sorrindo com a felicidade que sentia.

-- Então está decidido, os padrinhos do Gabriel serão Gênova e Genaro! Falou o pai de Márcia.

Todos aplaudiram e mais uma vez a felicidade estava presente no lar dos Mantovanni. Agora com tudo resolvido e em paz, Márcia teria outra tarefa pela frente, enfrentar Neguinho Tresoitão e sua turma.

Fim do capítulo