Capítulo 15
Os Anjos Vestem Branco - Capítulo 15
No chalé de Sabrina e Priscila...
Quando o barulho de água caindo no piso do banheiro cessou, Sabrina levantou rápida de onde estava sentada e postou-se próxima a porta do banheiro. Agora não iria demorar, o momento mais esperado de sua vida estava para acontecer.
Ouviu alguns ruídos não identificados, barulho de algo caindo, mas, nenhum grito histérico, choro ou desmaio, naturais de quando uma mulher se encontra frente a frente com uma barata, perereca, camundongo e outros bichos assustadores.
Não aguentou a ansiedade, estava demorando demais, algo havia dado errado. Entrou com tudo no banheiro e deu de cara com Priscila já vestida com um roupão e com a saboneteira na mão.
-- Sabrina, olha só quem veio nos visitar... - estendeu a saboneteira para ela - Uma pererécaaa... - a coisinha nojenta empinou a cabecinha e colocou a linguinha pra fora.
Sabrina ficou pálida, sentiu uma tontura, fraqueza nas pernas, a vista ficou turva, cambaleou... E desmaiou.
No chalé de Bruna e Victória...
Victória abriu a porta do chalé e entrou pensando em como Thiago é complicado. Ric é um cara super legal, boa pinta... Cessou os pensamentos e os passos quando viu Bruna parada no meio da sala com a cara mais safada do mundo.
-- O que você faz parada aí?
-- JESUS... - a garota levou um susto tão grande que ficou paralisada, não conseguia mexer um músculo sequer - Victória? Você estava no banheiro...
-- Não estava não, quem estava...
-- HAAAAAAAAAAA... SOCORRO!!!!!
Ouviram um grito de horror vindo do banheiro. Bruna correu em direção a porta e esbarrou com Thiago.
A cena que presenciou de Thiago correndo pelado com o pinto balançando de um lado para o outro e as mãozinhas para cima. Com certeza ficaria gravada em sua memória pelo resto de sua vida. Foi a visão do inferno.
-- Socorro Bruna. Tem uma perereca no banheiro - agarrou a loira pelo pescoço - Me salva, me salva... - berrava descontrolado.
-- Me solta... Por favor Victória me livra disso - empurrou o rapaz, tapou os olhos com as mãos e correu para o banheiro.
Victória pegou uma toalha e entregou para Thiago que tremia mais que vara verde.
-- Enrola essa toalha em você - Victória segurava o riso.
Bruna saiu do banheiro com a perereca enroladinha em um papel.
-- Ela está assustada - olhou para a verdinha e mandou um beijinho - Tadinha.
-- HAAAAAAA... - Thiago gritou e saiu correndo só de toalha porta a fora.
-- Bruna... Coloca isso lá fora - mandou fingindo estar brava.
Bruna caminhou até um matinho próximo ao chalé.
-- Desculpa aí - soltou o anfíbio - Foi mal hem - voltou para o chalé.
No chalé de Sabrina e Priscila.
-- Tá melhor Sabrina? - Priscila fazia carinho nos cabelos da garota que estava deitada em seu colo - Fiquei tão preocupada.
-- Ainda não. Acho que vai demorar até eu me recuperar do desmaio - passou a mão pela testa fingindo tontura.
-- Desculpa. Não imaginei que você tivesse tanto medo de perereca - falou carinhosa.
-- Tudo bem. Não foi culpa sua. Como uma pousada tão renomada como essa deixa isso acontecer, meu Deus - fechou os olhos - Nunca mais serei a mesma - espiou com um olho - Serão noites e noites de pesadelos terríveis.
-- Calma, calma. Deita aqui, vou cuidar de você - Priscila deitou na cama e chamou a amiga.
Sabrina deitou sobre o peito de Priscila e aconchegou-se gostoso. Apesar de sentir verdadeiro pavor da gosmentinha, nesse momento sentiu vontade de beija-la na boca. AFF. Que nojo!!!
No chalé de Ricardo e Thiago...
-- Não fica assim meu anjo - Ricardo consolava Thiago que chorava muito - Vai passar.
-- Porque justo comigo? Porque tudo que é ruim acontece comigo? Eu sou um azarado mesmo - se lamentava.
-- Thiago, foi só uma perereca. Do jeito que você está falando parece que foi atacado por um enxame de abelhas africanas. Credo.
Ricardo levantou, foi até a sala e trouxe consigo morangos e champanhe.
-- Vou cuidar de você direitinho - encheu as taças com a bebida - Logo, logo a perereca vai ser uma simples lembrança engraçada da nossa feliz estadia aqui em Niterói - entregou uma taça para o rapaz chorão -- Brinde?
Vic tinha razão. Ricardo era um verdadeiro gentleman. No fundo, no fundo, até que valeu a pena todo o horror causado pela nojenta verde. Agora estava alí, sendo mimado, por um bofe lindo e maravilhoso.
No chalé de Bruna com Victória...
-- Kkkkkk... Foi muito engraçado - Bruna e Victória riam juntas sentadas na varanda.
-- Tadinho Bruna. Ele estava tão assustado que nem lembrou que estava pelado - Victória estava com pena, mas mesmo assim ria muito do amigo.
-- Que bonitinho as mãozinhas dele para o alto. Assim hó - Bruna imitava os gestos feito por Thiago.
-- Pára Bruna... - A morena estava com dores na barriga de tanto rir.
Bruna ficou parada olhando para Victória como se estivesse analisando as expressões da morena. Ela ficou séria de repente fazendo com que Victória também ficasse.
-- Acho lindo o seu sorriso -- Passou suavemente as costas dos seus dedos pelo lado do rosto dela -- Seu sorriso é o mais lindo desse mundo sabia?
Os olhos de Victória brilharam, ela ficou completamente sem reação diante do elogio e com o sorriso reprimido.
-- Para ser sincera, nunca vi uma mulher mais linda! - falou e ficou um tanto quanto ruborizada, envergonhada com a situação.
-- Mesmo achando não ser merecedora, obrigada pelo elogio - falou ela, com sua voz quente e delicada.
-- Nenhum elogio feito a você é exagero... Eu realmente acho.
Por instantes se olharam nos olhos, corações aos saltos, respiração acelerada, bocas entreabertas que estavam a centímetros do beijo.
Bruna segurou o rosto de Victória com as duas mãos e beijou aqueles lábios macios e doces como se não existisse nada no mundo mais gostosos que eles. Era um beijo terno, calmo, suave, tão cheio de sentimentos, de... amor.
Bruna afastou-se, depois de alguns minutos de muitos beijos, e a encarou.
-- Te amo... Te amo desde o dia em que esteve com Thiago lá no hospital da Barra.
Victória abriu a boca para falar algo, mas Bruna a calou com outro beijo.
-- Não fala nada, por favor - colocou um dedo sobre os lábios da morena - Não me acorda, deixa eu continuar sonhando.
Victória sorriu entre outro beijo.
-- Sonho que se sonha só / É só um sonho que se sonha só / Mas sonho que se sonha junto é realidade... (Raul Seixas).
Bruna deu um sorriso lindo de felicidade.
-- Sério? Sério mesmo? -- ela não acreditava no que estava ouvindo.
-- Sério. Sério mesmo - riu do jeitinho fofo da garota - O meu amor não foi assim. Ele foi nascendo aos poucos, a cada dia uns centímetros a mais - sorriu - Até que ficou tão grande que não coube mais dentro de mim. Eu relutei muito porque sabia que ao me apaixonar por você causaria uma verdadeira revolução em minha vida.
-- Revoluções as vezes são necessárias para melhorar as coisas que não estão indo bem - apertou a morena pela cintura.
-- Demorei para criar coragem, mais criei - ela a olhava com os olhos molhados, cheios de amor - Às vezes é bom você relutar um pouco para mais tarde cair de cabeça tendo certeza do que sente.
-- É tão bom ouvir isso amor. Sofri muito por antecipação achando que esse amor seria impossível.
Bruna a beijou com desejo e começou a subir e descer a mão pelo corpo de Victória, enquanto o beijo continuava faminto.
-- Péraí, Péraí - Victória ficou de pé - Temos regras.
-- Temos? - Bruna continuou sentada no lugar.
-- Eu tenho assuntos a serem resolvidos Bruna. Tenho um namoro a terminar, uma vida para colocar nos eixos - ajoelhou-se na frente da loira e segurou o seu rosto - não quero começar a nossa relação trazendo lixos da relação passada. Quero vida nova, casa nova, louça nova - sorriu - Amor novo. Me deixa fazer isso?
-- Posso participar? - perguntou ansiosa - Quero te ajudar, estar ao seu lado.
-- A sua participação e ajuda vai ser me enchendo de amor, carinho, compreensão, paciência, respeito, sinceridade e muitos, muitos beijinhos - deu um beijo na boca da garota.
-- Isso é fácil. Não precisava nem pedir - puxou Victória para o colo.
Abraçaram-se e trocaram vários beijos calientes.
-- Vamos dormir Bruna. Você vai competir amanhã - levantou e puxou a loira pela mão.
-- Só dormir? - fez cara de safada.
-- Temos regras, lembra? E a primeira é; Vamos com calma - fez cara de tímida - Sou tão inexperiente - deu uma gargalhada gostosa.
Pela manhã reuniram-se à beira da piscina para o café. Victória contou para Priscila e Sabrina o ocorrido da noite anterior.
-- Que estranho - Priscila parou de passar a manteiga no pão e olhou para Victória - Ontem também recebemos a visita de uma perereca no banheiro.
Bruna quase afogou-se com o suco de laranja.
-- Caramba. Então perereca no banheiro é mais comum do que imaginava. Que horror - Sabrina evitava olhar para Bruna.
-- Horror mesmo. Agora cada vez que for entrar no banheiro chamo o Ric para dar uma geral - Thiago presenteou Ricardo com um sorriso aberto.
-- E eu vou com todo prazer - jogou um beijo em troca.
-- Sabrina chegou a desmaiar de medo - Priscila passou a mão pelo ombro da amiga.
-- Kkkkkk - Bruna só faltou se jogar no chão de tanto rir.
-- Bruninha - Victória chamou a sua atenção - Não ria do medo dos outros.
-- Mas amor, é muito engraçado...
Todos olharam para Bruna.
-- O que foi? - estou suja de geleia? - passou a mão pelo rosto.
-- AMOR? - perguntaram em uníssono.
-- Que história é essa de amor? - Priscila não gostou nada, nada da novidade.
-- Eu e a Vic estamos namorando mana - pegou na mão da morena e fez um carinho com o polegar.
-- Bruna, ela já tem namorado. Esqueceu? - falou brava olhando para Bruna depois para Victória.
-- Isso não será problema Pri. Daqui a alguns dias terminarei com meu namorado - a morena anunciou a todos da mesa.
-- Ouviu mana? Sem problemas - Bruna complementou feliz.
-- Sem problemas? Vai sonhando - Priscila levantou da mesa e saiu em direção ao chalé.
Sabrina ameaçou segui-la, mas foi impedida por Bruna.
-- Deixa que eu vou conversar com ela - virou-se para Victória e sorriu - Não esquenta. A Priscila cisma com todas as minhas namoradas - falou e saiu correndo atrás da irmã.
Quando Bruna alcançou Priscila, ela já estava entrando no chalé.
-- Mana, espera - se aproximou e pegou no braço da irmã - Não faz assim mana.
-- Você conhece o namorado dela Bruna? E se ele for um bandido, um machista inconformado que não aceite de forma alguma ser trocado por uma mulher?
-- Pode ser que sim, pode ser que não. Como poderei saber? - passou a mão pelo rosto da irmã - Eu a amo Pri e não desistirei dela por nada. Não fica contra a gente mana, ter você ao meu lado é muito importante.
O coração de Priscila amoleceu. Como não atender a um pedido feito assim desse jeitinho tão doce.
-- Olha Bruna, eu continuo achando esse seu namoro com a Vic uma grande furada - entrou no chalé, foi até o frigobar pegou uma garrafinha de água e serviu-se - Vem cá - chamou a irmã para um abraço - Sua bobinha, por mais que eu ache essa Vic uma tremenda chave de cadeia, nunca vou deixar de te apoiar meu amor - beijou a irmã na pontinha do nariz.
-- Eu tinha certeza disso mana - abraçou Priscila pela cintura e mordeu o pescoço dela.
-- Pára sua louca. Vai deixar marca - empurrou a irmã - Vai se arrumar, você tem uma prova a disputar e eu não aceito nada menos que o primeiro lugar.
-- Já vou, já vou... - saiu sorrindo.
No caminho para o seu chalé Bruna encontrou-se com Sabrina.
-- Opa - Sabrina acenou com a mão e continuou a caminhar.
Bruna bufou, deu meia volta nos calcanhares e a chamou.
-- Ei, ei - deu uma corridinha e segurou Sabrina pela roupa - Tá fugindo dona Brina?
-- Euuu... Fugindo? Capaz - colocou as mãos nos bolsos.
-- Sua safada - deu um tapa no ombro da amiga - Sem vergonha - deu um tapa na cabeça da garota - Que história é essa de usar a perereca reserva para assustar a minha irmã?
-- Eu não fiz isso. A perereca fugiu e foi pulando até o banheiro - apertou os olhos com os dedos - Como você pode pensar isso de mim Bruninha? A Priscila é como uma irmã para mim.
-- Tá me achando com cara de Débi ou de Lóide Sabrina?
Sabrina a olhou pensativa.
-- Você está reclamando de que? O plano pode não ter saído do jeito que a gente planejou, mas, você conseguiu a morena e eu... - parou no meio da frase - Estou explodindo de felicidade por você amiguinha.
-- Vou te bater tanto Sabrina - apontou para os próprios olhos e depois para a amiga - Tô de olho em você hem.
Sabrina deu de ombros. Tipo assim: Tô nem aí, tô nem aí.
Logo após o almoço a galera dirigiu-se ao local em que seria realizado o enduro.
-- Bruninha, promete que vai se cuidar? - Victória ajudava Bruna a fechar o zíper do macacão.
-- Não se preocupe eu conheço bem essa trilha... Me dá um beijo de boa sorte amor - Fechou os olhos e fez um biquinho.
Victória olhou para os lados e viu muita gente ao redor.
-- O que foi? - Bruna perguntou preocupada.
-- Tem muita gente aqui Bruna - falou passando as mãos pelo ombro da garota - Desculpa, mas ainda não estou preparada para essas intimidades em público.
-- Tudo bem - estava decepcionada, mas esforçou-se em ser compreensiva - Eu espero o seu tempo.
Uma menina apareceu ao lado da moto com um sorrisinho malicioso nos lábios.
-- Bruninha, vim te desejar boa sorte - a garota praticamente agarrou e beijou Bruna na frente de Victoria.
A morena ficou olhando a cena confusa. Sentiu vontade de fazer a vez da mulher traída e meter a mão na cara da abusada, chegou a se preparar para isso, mas travou quando viu Priscila se aproximar da irmã.
-- Oi Pitanga - Priscila mostrou a sua melhor cara de poucos amigos.
A garota olhou Priscila de alto a baixo e a ignorou.
-- Bruninha, nos vemos depois, na festa de comemoração.
-- Claro Pitanga, nos vemos lá - Bruna respondeu sem dar muita importância.
Pitanga virou o rosto para trás e deu um olhar de desdém para Priscila e Victória e foi se afastando.
Priscila estendeu uma folha para a loira, enquanto Victória fazia a maior cara de hã hã, me aguarde.
-- Bruna está aqui a planilha. Tome cuidado quando estiver lendo para não se distrair da estrada. Se você estiver atrasada não tenta descontar o tempo acelerando tudo, procura pilotar rápido, mas sem perder a suavidade, assim cansa menos e evita outros atrasos - Priscila dava os mesmos conselhos de sempre - Não esquece meu amor que o importante é participar, vencer é lucro!!! - beijou a irmã no rosto com carinho - Se alguma coisa acontecer de errado mantenha a calma. Não se desespere, procure avaliar a situação da melhor maneira possível antes de tomar qualquer decisão.
Victória escutava Priscila dar todas aquelas instruções para a irmã com uma expressão assustada e ficou ainda mais desesperada com a frase seguinte.
-- Nós vamos ficar na pick ap, se você não aparecer no horário previsto, vamos atrás - deu um soquinho carinhoso no ombro da irmã.
Bruna começava a colocar o capacete quando foi impedida por Victória. E sem que ela esperasse a morena pulou em seu pescoço abraçando-a e tacando-lhe um baita de um beijo na boca.
-- E as pessoas? - Bruna sorriu feliz.
-- Que se danem as pessoas... - e tacou-lhe outro beijo apaixonado.
Fim do capítulo
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