Capítulo 14
Os Anjos Vestem Branco - Capítulo 14
-- Bruna, tem certeza que essa coisa aí não tem perigo de cair? - Sabrina ficava de longe observando Bruna e Priscila colocando a moto em cima da Pick Up.
-- Sabrina, se chamar a minha moto de coisa mais uma vez, você fica.
-- Desculpa, desculpa. Não sabia que ela era tão sentimental assim.
-- Sabrina ao invés de ficar aí falando você poderia ajudar - Priscila falava enquanto prendia a moto.
-- Deixa ela mana. É uma folgada.
-- Vou buscar a minha mochila, já volto - Priscila pulou da Pick Up e saiu.
-- Bruna, olha só o que eu trouxe - Sabrina mostrou duas caixinhas de madeira.
-- Pra que isso? - Bruna pegou uma das caixinhas na mão e examinou.
-- Para colocar as pererecas uai - revirou os olhos.
-- As pererecas? Pensei que fosse uma - devolveu a caixinha para Sabrina.
-- Bruna sua lesada. Vai que a perereca tenha uma contusão, um problema psicológico ou até mesmo morra de desgosto - guardou as caixinhas na mochila - Temos que ter uma suplente, uma substituta. Entendeu?
-- Sei não - a loira não estava convencida.
-- Mas, tudo bem, se você não estiver mais a fim... - chutou uma pedrinha.
-- Estou. Tudo bem - resolveu deixar pra lá - Vamos colocar as coisas no carro.
Na Tijuca Victória e Thiago também se preparavam para o final de semana em Niterói.
-- Vic e se ele estiver a fim de mim?
-- Há, Thiago, você não é nenhum menino virgem. Pára com isso - colocou as bolsas próximo a porta - E tem mais, o Ric é um amor de pessoa, vale a pena investir.
-- Tenho medo de me machucar.
-- "Nunca tenha medo de morrer de amor, mas sim de morrer, sem ao menos ter amado". Oswaldo Grimaldi.
-- Você tem razão gaúcha. Vou deixar rolar - E esse coraçãozinho como está? - bateu com a ponta do dedo no peito da amiga.
-- Se eu te contar uma coisa você jura que não vai rir de mim? - sentou no sofá e levou Thiago junto.
-- Claro que não minha linda. Pode falar - segurou as mãos de Victória com força.
-- Acho que estou apaixonada -- pausou para um longo respirar - Eu não sei o que aconteceu comigo, mas estou apaixonada pela Bruna.
Thiago ergueu a sobrancelha e arregalou os olhos.
-- Me ajude por favor, aceito qualquer conselho que traga um pouco de paz ao meu coração -- olhava com a expressão, como de quem está perdida.
O amigo se aproximou e a puxou para um abraço carinhoso.
-- A primeira coisa a fazer é conversar com ela Vic. A Bruna é um doce, e, sinto que ela também sente algo por você.
-- Porque nos apaixonamos por uma pessoa mesmo sabendo que ela é errada? -- uma lágrima rolou embora ela sorrisse - Mas, mesmo assim eu me apaixonaria por ela quantas vezes fosse preciso.
-- Porque pensar que ela é a pessoa errada? Ela pode ser a pessoa que você está esperando desde o início.
-- Coração maluco esse meu - falou com pesar.
-- "E quem um dia irá dizer que existe razão nas coisas feitas pelo coração?" Vai falar com ela?
-- Não, primeiro vou terminar com o Mô. A Bruna não merece ficar no meio dessa relação amorosa conturbada como é a minha. Depois converso com ela.
-- Vic, só te peço uma coisa; Não machuca a Bruna, tá legal? Ela é uma menina super gente boa.
-- Não se preocupe Thiago, longe de mim falar ou fazer alguma coisa que venha a magoá-la.
-- Você merece ser feliz e tenho certeza que ela é a pessoa certa, mona - deu vários beijinhos no rosto da amiga.
-- Tá bom, chega, chega... - levantou se desvencilhando dos braços de Thiago -- Agora vamos descer que eles já devem estar chegando.
-- Hú, hú...
Minutos depois...
Assim que parou o carro, Bruna abriu a porta e saiu correndo ajudar Victória que vinha com duas bolsas.
-- Minha irmã parece uma bobona apaixonada - Priscila fez uma careta feia.
-- Quando a gente gosta. É claro que a gente cuida... - Sabrina cantou, mandou um beijo para ela e saiu ajudar Bruna a guardar as coisas no carro.
Priscila ficou olhando Sabrina se afastar. Achava ela uma fofa. Adorava o jeito dela ficar o tempo todo a cercando, paquerando, jogando indiretas e negando quando era pressionada.
Não achava estranho esse gostar. As mulheres, em sua maioria, gostam de ser paqueradas, se sentem importantes e desejadas. Mesmo que seja por outra mulher.
-- Olá - Victória cumprimentou Priscila com entusiasmo.
-- Oi, tudo bem Vic? - foi simpática.
-- Vamos pessoal - Bruna entrou no carro com Victória ao seu lado - O Thiago vai com o Ric, ele conhece a localização. A pousada fica a apenas 100 metros da praia de Itacoatiara em Niterói. O acesso pode ser feito pela Ponte Rio - Niterói na Rodovia Amaral Peixoto - BR 101.
-- Quantas horas de viagem Bruna? - Victória estava ansiosa em conhecer a praia.
-- Hoje, com esse trânsito todo, levaremos umas três horas para chegar na praia, em um dia sem trânsito, o tempo é de uma hora e meia em média.
Após alguns minutos, estavam atravessando a ponte.
-- Olhando a ponte Rio-Niterói de onde estamos agora, parece que não tem fim né gente? - Sabrina virou a aba do boné de Bruna para trás.
-- Também essa ponte tem 13,29 km. Vamos levar meia hora para fazer a travessia - olhou para Victória e sorriu - Parece que todo o Rio resolveu ir para Niterói.
Em fluxos normais, o movimento médio atinge 140 mil veículos/dia. O tráfego da Rio-Niterói tem um acréscimo considerável em vésperas e finais de feriados prolongados, uma vez que ela é o caminho para ir da cidade do Rio de Janeiro para as rodovias que dão acesso às praias da Região dos Lagos, região turística do estado do Rio de Janeiro.
Bruna dirigia calmamente, sentindo a brisa leve que entrava pelas janelas do carro. Colocou um cd da Adriana Calcanhotto para tocar e como adoravam estragar músicas bonitas, Bruna e Sabrina cantavam juntas com a cantora:
"Eu não existo longe de você e a solidão é o meu pior castigo.
Eu conto as horas pra poder te ver mas o relógio tá de mal comigo
Por quê? Por quê?"
Fico Assim Sem Você
Adriana Calcanhotto
Como Bruna havia previsto levaram três horas para chegar a Pousada Praia de Itacoatiara. Ricardo e Thiago chegaram logo em seguida.
Foram recepcionados pela dona da pousada, muito simpática e atenciosa, que os conduziu aos chalés.
-- Todas as acomodações dispõem de ar-condicionado, TV, frigobar e banheiro privativo - a jovem senhora caminhava na frente.
-- Isso é muito bom. Banheiro privativo - Sabrina falou próxima ao ouvido de Bruna, que só olhou de cara feia para ela.
-- Algumas são maiores e contam com varanda e banheira de hidromassagem - olhou para Bruna - Você já conhece né - deu um sorrisinho torto.
-- Conheço - Bruna olhou para Victória se denunciando - E achei o máximo.
-- Deve ter achado mesmo. Ainda mais se a companhia era uma bela e gostosa chinoca.
Victória falou brava e todos olharam para ela.
-- Dona patroa, não liga não, é que rolou um clima aqui - Sabrina colocou a mão sobre o ombro da dona da pousada - Vamos continuar?
No chalé de Bruna e Victória...
-- O que achou Vic? Não é lindo? - perguntou toda sorridente abrindo os braços e mostrando ao redor.
Victória não respondeu, passou por Bruna como um furacão e foi em direção ao banheiro.
-- Mas bah tchê... Que prenda mais nervosinha! - pegou a mochila e começou a guardar a roupa no armário.
Victória saiu do banheiro, pegou a bolsa e foi fazer o mesmo que Bruna.
-- O que foi? - cruzou os braços e olhou para a morena emburrada.
-- Nada, só fui conhecer a banheira de hidromassagem - falou sem tirar os olhos do que estava fazendo.
Bruna sentou na cama e puxou Victória, fazendo-a sentar em seu colo. A morena resmungou algo mas não recusou o carinho.
-- Desculpa. Te chateei né? -- afagou os cabelos negros da gaúcha.
Victória não resistiu a carinha de filhote de Yorkshire que ela fez.
-- Tudo bem. É que eu estou mais assustada... que ... cachorro em canoa.
-- Assustada com o que minha marrentinha?
Victória fez um carinho gostoso no rosto de Bruna que a fez fechar os olhos brevemente.
-- Estou... - batidas na porta interromperam a fala de Victória e a fez pular rapidamente do colo de Bruna.
-- Já volto Vic.
Assim que Bruna abriu a porta, Sabrina a puxou para fora do chalé.
-- O que é isso sua louca? Quase arrancou a minha camiseta - se afastou ajeitando a roupa.
-- Vamos? - falou baixinho.
-- Vamos aonde? - ergueu a sobrancelha e arregalou os olhos.
-- Como aonde Bruninha? - levantou as caixinhas no ar.
-- Sei não. Acho que não quero mais - estava com medo.
Sabrina fez uma cara de maldade e começou a cantar alto.
-- Perereca suicida, se joga e quica, se mata e quica / Perereca suicida, se joga e quica, se joga e quica / Perereca suicida, se joga e quica, se mata e quica...
-- Tá bom, tá bom. Eu vou, eu vou - tapou a boca de Sabrina com uma das mãos.
Victória apareceu na porta assustada com a cantoria de Sabrina.
-- Aconteceu alguma coisa?
-- NÃO - Bruna respondeu rápido - Vic, eu e a Sabrina vamos resolver alguns assuntos pendentes sobre o aluguel dos chalés. Tudo bem?
-- Tudo bem Bruna. Só não demora tá - falou dengosa.
-- É rapidinho. Eu juro - beijou o rosto da morena e saiu puxando Sabrina pelo braço.
No chalé de Ricardo e Thiago...
-- Thiago você está a mais de uma hora arrumando as suas roupas. Essa sua bolsa tem fundo? - abriu a bolsa e olhou dentro - Daqui a pouco vai sair daqui de dentro uma pombinha, um coelho...
-- Como você é abusado. Simplesmente gosto das minhas roupas bem arrumadinhas.
-- Você tem TOC? - sentou na cama e olhou sério para Tiago.
-- Claro que não Ric - ficou nervoso, bateu na pilha de roupa que estava dobradinha sobre a cama e a fez cair, espalhando tudo pelo chão.
-- NÃO - Ric se desesperou - Agora serão mais uma hora de dobra dobra - levantou nervoso - Eu não mereço. Vou tomar banho.
Thiago recolheu toda a roupa que havia caído no chão, jogou de qualquer jeito dentro do armário e foi expiar o que Ricardo estava fazendo.
Ricardo estava de costas decorando a banheira. Colocava velas em torno da mesma. Colocou em cima da mesinha, uma taça com morangos e uma com uvas vermelhas. Verificou a temperatura da água e começou a tirar a roupa.
Thiago acompanhou o strip tease completo de boca aberta.
Ricardo ligou a hidro antes de entrar, apenas para espalhar os sais de banho e fazer espuma.
Desligou e entrou, ficando só com a cabeça de fora. Pegou um morango, colocou na boca, serviu-se de champanhe e após tomar um gole elegantemente, chamou em voz alta:
-- Thiaguinhoooo... venha ver uma coisaaaa...
Thiago foi tomado por um inexplicável sentimento de pânico e saiu correndo porta a fora completamente fora de si. Quando se deu conta estava batendo na porta do chalé em que Victória estava hospedada.
Enquanto isso, no meio do mato...
-- Bruna, é a segunda perereca que você deixa escapar, sua lerda.
-- Há há há - riu irônica - Eu estou me acabando de tanto lutar com uma perereca e você fica aí só dando as coordenadas.
-- Esqueceu que as pererecas são para você engraçadinha? - falou de braços cruzados de cima de um barranco - Bruna, lá tem uma - apontou na direção do anfíbio.
-- Tá de brincadeira né? Olha o brejo - falou irritada.
-- Meu Deus Bruna, que falta de empenho. Estou começando a achar que você não merece a morena gostosona - pegou a lanterna e iluminou o local aonde estava a perereca.
Bruna olhou para ela, levantou as mãos juntas para o céu, como se fizesse uma oração e foi capturar o bichinho gosmento.
No chalé de Priscila e Sabrina...
-- Kkkkkk - Priscila falava ao celular e dava gargalhadas altas -- Sério? Essa foi demais Ric. Só não vou até aí rir de você pessoalmente, porque já estou de toalha a caminho do banheiro, se não... Kkkkkk...
Ricardo desligou. Tinha alguém batendo na porta. Com certeza Thiago havia retornado da sua fuga desesperada.
Na penumbra da noite...
-- Cara você está mais interessada no plano que eu. Porque?
Caminhavam pelo mato retornando da caçada.
-- Quero te ver feliz minha amiga sapinha - foi para colocar o braço ao redor do pescoço de Bruna mas, desistiu. Ela estava suja demais - Eu sei que o sucesso desse plano é muito importante para você.
-- Nem tanto. Esse tempo que eu perdi capturando pererecas, podia estar curtindo com ela lá no chalé.
Pararam em frente ao chalé de Bruna.
-- Se ela já tomou banho, guardo a perereca para amanhã, ou desisto do plano. Depende da coragem do momento.
-- Chorona. Vai lá e seja feliz - entregou uma caixinha para Bruna.
-- E a perereca suplente? - Bruna tentou pegar a outra caixinha da mão de Sabrina.
-- Não, não - levantou para o alto - Essa fica em meu poder. Caso você precise, me chama e eu venho correndo.
-- Há tá. Então tá bom - olhou para o chalé - Vou lá - beijou a caixinha - Torça por mim.
-- Estarei torcendo amiguinha. Toca aqui - bateram a mão lá no alto e cada uma foi para o seu chalé.
No chalé de Sabrina...
O silencio dominava o ambiente, ouvia-se tão somente o barulho da água do chuveiro caindo no piso.
Sabrina entrou pé por pé. A porta estava apenas encostada. Respirava fundo, suava, se fosse pega seria o seu fim. Entrou no banheiro e quase teve um infarto quando Priscila começou a cantar. Bate Coração de Elba Ramalho.
‘Oi, tum, tum, bate coração
Oi, tum, coração pode bater
Oi, tum, tum, tum, bate coração
Que eu morro de amor com muito prazer'
Colocou a mão no peito que também fazia tum, tum, tum. Suspirou fundo, criou coragem e abriu a caixinha tremendo.
Meu Deus que monstro. Tinha pavor de perereca. Afastou um pouquinho a porta do box, sacudiu a caixinha para a bichinha sair e saiu correndo dali... Iria ficar anos tendo pesadelos com pererecas.
No chalé de Bruna...
A situação não era diferente, tirando o fato de que a loira não tinha medo dos bichinhos verdinhos, o medo de ser pega a fazia tremer tanto que mal conseguia segurar a caixa que servia de cárcere para o grudento.
Pensou em desistir uma, duas, três vezes, mas quando pensava na possibilidade de ver aquela deusa nua correndo para os seus braços, retornava ao plano malvado.
Foi de joelhos até a porta do box, deu uma espiadinha, mas o vapor que estava lá dentro a impediu de enxergar qualquer coisa. Pela quantidade de fumaça parecia que Victória estava no banho a horas, ou estava se escaldando. Vai saber.
Abriu a caixa, jogou a sua aliada para dentro do box e saiu de joelhos para fora do banheiro.
Quando chegou na sala estava uma pilha. Levantou e correu até a cozinha se limpar um pouco. Quando a morena corresse pedindo ajuda a ela queria estar ao menos apresentável.
Retornou e se posicionou de pé no centro da sala. Pronto agora era só esperar de braços abertos. Deu um sorrisinho safado.
Fim do capítulo
Comentar este capítulo:
Srta Petrova
Em: 08/10/2015
kkkkkkkkk essas duas não é mole não kkkk
morrendo de rir aqui com a musiquinha da perereca kkkk
muito boa essa história, amando cada dia mais.
Resposta do autor:
Legal que esteja gostando Siflima. Fica na luz. Bjs.
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gleice
Em: 08/10/2015
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk isso vai da merda kkkkkkk, ou não kkkkkkkkkkkkkkk
muito boooom, adorando a história, será que vai da certo pra Sabrina tbm?!!! eeeesperando.. posta mais!!!
Resposta do autor:
Valeu Gleice. Postando de dois em dois capítulos. Bjã querida.
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