Capítulo 16
Capítulo 16
Eduarda descia correndo as escadas da mansão, quando ouviu alguém chamar.
-- Ei alemoa - Roberta estava parada no pé da escada.
-- Fala -- Eduarda olhou desconfiada para ela.
-- Vou ser curta e grossa - olhava para as unhas - Você está a fim de minha irmã.
-- EU? - Eduarda levou um susto - Você está maluca garota?
-- Não está? Que pena - virou-se para sair.
-- Espera - foi até Roberta - Continua.
-- Estou disposta a te ajudar - olhou a sua imagem que refletia em uma peça de prata na estante.
-- Em troca de que você me ajudaria? - colocou as mãos no bolso da bermuda.
-- Em troca de uma pequena ajudinha sua - foi até a janela e olhou para fora.
-- Você quer dinheiro? - olhou decepcionada para a garota.
-- Claro que não, tá pensando que sou o que? - falou irritada.
-- Que alivio - havia se simpatizado com a garota, seria uma grande decepção se ela fosse desse tipo de pessoa que só pensava em usurpar o dinheiro dos outros.
-- Quero vir morar aqui no Rio, mas preciso de um emprego. Não quero viver à custa da Rafaela como o namorado dela vive - virou-- se para Eduarda.
-- Ele vive à custa dela? Quando o homem beija o chão que a mulher pisa provavelmente ele sabe que o pai dela é dono do terreno.
-- Sem mais informações. Topas ou não? - cruzou os braços e ficou aguardando a resposta.
-- Tudo bem, isso é moleza - lugar para a garota trabalhar é que não faltaria, era só ela escolher.
-- Logo imaginei. Então vamos começar já - acenou para que Eduarda a seguisse até a porta de saída da mansão - Rafaela está lá, próximo àquela estufa. Confessou-me estar louca para ver de perto aquele lago com uma ponte suspensa lá na entrada da propriedade.
-- Entendi - Eduarda sorriu e saiu correndo feito louca pegar o carro para ir atrás da morena.
-- Maluca. Vai ter que crescer muito pra conseguir algo com a Rafaela - riu sozinha.
Rafaela estava embebecida admirando o jardim florido. Era lindo. Havia roseiras de muitas espécies que diversificavam em cores e tamanho.
-- Na escola aprendi um pequeno poema da minha conterrânea Cecília Meireles que me encanta até hoje. A professora falou que é o resumo de uma cosmologia, uma teologia condensada, a revelação do nosso lugar e do nosso destino. Queres ouvir? - Eduarda perguntou para Rafaela.
-- Quero - Rafaela sentou em um banco colocado embaixo de uma árvore.
Eduarda deu uma tossidinha e recitou:
"No mistério do Sem-Fim, equilibra-se um planeta".
E, no planeta, um jardim, e, no jardim, um canteiro:
No canteiro, urna violeta, e, sobre ela, o dia inteiro,
"Entre o planeta e o Sem-fim, a asa de urna borboleta.".
-- É muito bonito. Como tudo que Cecilia Meireles escreveu - sorriu.
-- Esse jardim é o preferido da oma - sentou no banco ao lado de Rafaela - ela própria que cuida dele.
-- Ela tem jeito com as flores. Estão lindas - Eduarda a encarou com os olhos verdes brilhantes, deixando Rafaela sem jeito.
-- Eduarda... - voltou a falar - Você por um acaso está me seguindo?
-- Claro que não... - pensou rápido - Estava passando a caminho do lago e percebi que havia alguém aqui. Então resolvi parar - saiu-se bem, Rafaela acreditou.
-- Há tá. Você está indo para o lago?
-- Estou, alias, já vou indo - levantou.
-- Posso ir com você? - Rafaela pediu e Eduarda vibrou como se fosse um gol do Fluminense aos 45 minutos do segundo tempo. Internamente lógico.
-- Não vejo problema nenhum - fez charme.
Na mansão:
-- Alguém viu a Duda? - Claudia já havia procurado a garota por toda a mansão.
-- Ela e a Rafaela saíram para dar uma volta pela propriedade - Roberta que passava no momento falou para Claudia.
Jorge, Eddie e as meninas estavam sentados à beira da piscina.
-- As duas se odiavam até ontem, hoje estão dando voltinhas por aí - Aline arrumava seu fio dental antes de mergulhar.
-- Quero comunicar a todos que a partir de segunda serei a secretaria para Assuntos Aleatórios da Eduarda - Roberta fez o comunicado em alto e bom tom.
Todos se entreolharam sem entender. Jorge deu uma gargalhada.
-- Agora a Duda fará maluquices devidamente orientadas por uma especialista - risos - Não entendo como a Rafaela concordou com isso. Permitir que a irmão se juntasse a um legumino como a Duda.
-- Muito engraçadinho Jorge - Roberta estava com um biquíni minúsculo.
-- Com esse biquíni aí você vai ser promovida antes de começar a trabalhar - Eddie rebolou imitando Roberta e caiu na piscina, sendo seguido por Jorge e Sheila.
Claudia encarou Roberta desconfiada. Esse arroz tá cheirando queimado. Pensou.
Enquanto isso na Pavuna, bairro suburbano do Rio de Janeiro, mas também conhecido como portão do inferno:
-- O chefe passou essa missão pra nós mano. Não pode ter falha.
-- Caralh* mano, a grana é alta demais. Dá até pra comprar uma Ferrari - risos.
-- Só levamos se o resultado for 100% -- o mais velho foi até uma caixa e tirou de dentro um fuzil FAL calibre 7.62 e ergueu ao alto.
-- Quando vai ser? - quis saber o menor.
-- O chefe vai informar o melhor momento. Até lá é pra gente só esperar - guardou a arma novamente na caixa.
Eduarda estava sentada em uma pedra batendo com os pés na água para espirrar em Rafaela.
-- Dá pra sossegar um pouquinho? Você por um acaso é hiperativa? - Rafaela secava a água que molhava seus braços e suas pernas.
Eduarda nem respondeu. Continuou a bater os pés na água.
-- Vamos tomar um banho? - levantou e ficou de frente para Rafaela, mas ainda dentro da água.
-- Tá louca. Não trouxe roupa de banho - sacudiu a cabeça e jogou uma pedrinha na água.
-- Pra que roupa de banho? Estamos só nós duas aqui - não deu a mínima para a presença da arquiteta.
Eduarda não estava fazendo um strip, mas quando ela começou a tirar a camiseta Rafaela jurou estar ouvindo David Guetta - Sexy Chick. Ela não tinha pressa, foi tirando a camiseta calmamente, e Rafaela percebia todos os detalhes do seu corpo. Tirou de costas e foi virando lentamente... Jogou a peça nela e a morena sentiu o perfume maravilhoso. Eduarda tinha duas tatuagens. Uma era na altura da escápula, abaixo do ombro e era de uma mulher de cabelos longos e loiros a outra era no meio das costas próxima a cintura. Era o desenho de um cachorrinho lindo com a língua de fora escrito logo abaixo Dudinhas. Abriu o botão da bermuda e logo baixou o zíper, tirou a bermuda e depois a calcinha. Deu um sorriso safado para Rafaela depois mergulhou.
Rafaela tão acostumada ao namorado com seu corpo peludo e a bunda que não dava um bolinho de carne, sentiu vontade de cair naquela água para tentar apagar aquele fogo que insistia em queima-la por inteiro.
-- Rafa vem... - Eduarda mergulhava e cada vez que vinha a tona berrava - Rafa vem... - mergulhava - Rafa vem... - Era uma criançona mesmo. Pensou. Rafaela teve que rir.
-- Nem morta Eduarda - nunca entraria naquele lago nua com aquela garota safada.
A loirinha ficou mais algum tempo na água até que resolveu sair.
-- Você é tão estraga prazer Rafaela - pegou a roupa e vestiu com o corpo molhado mesmo.
-- Só se estraguei o seu prazer, por que o meu prazer foi ver você congelando lá na água.
-- Confessa que estava aqui se masturbando - pronto foi o que bastou pra Rafaela surtar e dar um empurrão em Eduarda a fazendo mergulhar novamente no lago de roupa e tudo.
Rafaela aproveitou que a garota ainda estava abobada com a sua reação, foi correndo até o carro. Pra sua sorte a chave estava na ignição. Lutou um pouco com o veículo super moderno, mas enfim conseguiu arrancar e dirigir até a mansão.
-- A Dudinha não estava com você Rafaela? - Eduardo esperava a filha na porta da mansão.
-- Está vindo logo atrás. Estava molhada e não quis molhar o banco do carro.
-- Eduarda se importando com o carro? Estranho, nunca ligou para isso. Preocupo-me com ela andando por aí. Essa asma não escolhe o momento pra atacar.
Rafaela gelou e se no caminho de volta acontecesse algo com a garota. Nunca se perdoaria por isso. Procurou por Claudia e a encontrou sentada em uma espreguiçadeira ao lado da piscina. Pediu para que ela fosse de carro ao encontro da loirinha.
À noite os convidados retornaram para dar continuidade aos festejos de aniversário do opa Sven. Novamente a festa estava animada, muita gente dançando, comendo e bebendo ao redor da piscina.
Rafaela estranhou o sumiço de Eduarda. Desde o ocorrido pela manhã não tinha mais visto a garota.
-- Rafa, tenho uma novidade para te contar - Roberta estava ensaiando desde cedo uma maneira de conversar com a irmã sobre a sua vinda para o Rio.
-- Conta então. Está me cercando o dia inteiro e não desembucha - Rafaela sabia que coisa boa não deveria ser.
-- Arrumei um emprego aqui no Rio e estou vindo morar aqui - esperou Rafaela explodir.
-- Emprego de que Beta?
-- Secretária. Emprego decente e salário muito bom. Poderei até continuar os estudos.
-- Quero o nome da empresa para me certificar se é um lugar confiável mesmo - Rafaela não confiava muito na irmã iria ficar de olhos bem abertos.
-- Segunda te passo todos os detalhes mana - até lá teria tempo de combinar tudo com a garota.
Eduarda não se sentia bem. Para o pai e o opa falou ser culpa da asma. Mas na verdade era uma sensação estranha que lhe dominava o peito. Sentimento de despedida. Sentia vontade de conversar com os parentes, amigos, conhecidos, abraçar e beijar como se fosse à última vez.
Ficou mais triste ainda com a ligação do amigo Perebinha. Ele estava passando por dificuldades financeira. Não se perdoava por não ter percebido isso. O amigo estava perdendo o barzinho para o banco por causa de uma merreca.
Eduarda era madrinha dos quatro filhos do surfista. Cada vez que a mulher ficava gravida ela praticamente obrigava o amigo a leva-la como madrinha. Nunca deixou faltar nada para os barrigudinhos, pagava os estudos, a creche, a alimentação e tudo mais que precisavam. Pagaria a hipoteca do imóvel assim que botasse os pés no Rio, não queria ver o seu professor e amigo passando por esse constrangimento.
Desceu para o jardim e sentou em um banco. Olhava para as pessoas, todas pareciam em câmera lenta. Jorge que em tão pouco tempo tornou-se seu grande amigo e irmão, Claudia que estava sempre cuidando dela e Rafaela, não conseguia entender, mas Rafaela parecia em seus pressentimentos ser alguém tão importante.
Foi arrancada de seus pensamentos pela presença do pai ao seu lado.
-- O que está acontecendo minha filha? - Eduardo estava preocupado com a filha.
-- Pai antes de mamãe morrer ela despediu-se de todos não é?
-- Foi uma coincidência Duda.
-- Mas ela veio até aqui despedir-se do opa e da oma pai.
-- Dudinha, sua mãe era adepta da Doutrina Espírita e acreditava em muitas coisas que nós não acreditamos.
-- Pai eu não acho que seja o meu momento, mas estou sentindo algo estranho aqui dentro - mostrou o peito para o pai - E eu não sei te dizer, mas ela... - apontou para Rafaela - É protagonista e não uma simples coadjuvante em minha vida.
Eduardo riu com gosto.
-- Não vá se apaixonar por ela Dudinha. A Rafaela é uma fera e não combina com esse seu jeito galinha.
-- Pai - falou manhosa.
-- É verdade filha. Você iria apanhar todos os dias - risos - Agora vai se divertir e deixa de ficar pensando besteiras. Seus amigos estão ficando preocupados contigo.
-- Tá certo coroa. Vou lá com eles - beijou o pai e foi para junto dos amigos.
-- Tá borocoxô Duda - Jorge não perdeu tempo.
-- Tive uma crise de asma hoje - mentiu e olhou para Rafaela.
-- Água fria faz mal sábia? - a morena provocou.
-- Tô sabendo - não estava a fim de discursão, então saiu de junto dos amigos.
-- Eduarda - Rafaela foi atrás dela.
-- Oi? - virou-se para atendê-la.
-- Sobre hoje, me desculpe. Nunca passaria pela minha cabeça que você sofre de asma.
-- Se eu não tivesse asma poderia andar a pé até aqui molhada?
-- Você mereceu - falou bicuda.
-- Não tenho culpa se você é toda recatada e nunca se masturbou.
-- Nunca precisei. Tenho um namorado bonito, sarado e fogoso - sorriu debochada.
-- De que adianta ter barriga de tanquinho se a torneira é pequena? - Eduarda apelou.
-- Pequeno ou não ele tem e eu adoro - a discursão estava cada vez mais quente.
-- Pelo seu mau humor é muito pouco usado não é?
-- Sabe de uma coisa? Da próxima vez além de te deixar a pé trago sua bombinha junto. Quem sabe tenho sorte - Rafaela tinha sempre que dar a última palavra. Deixou Eduarda parada ali e saiu. Quando estava um pouco mais distante olhou para trás e viu a garota de cabeça baixa. Sentiu tristeza, pensou em voltar, mas não voltou, não adiantaria, discutiriam novamente. Era sempre assim não podiam ficar perto uma da outra por muito tempo.
A festa rolou animada até de manhã. Rafaela e Eduarda evitaram o máximo algum tipo de contato, apenas respondiam um ou outro comentário dos amigos e foi só. Em um acordo silencioso resolveram se aturar até o fim da festa, depois cada uma iria para um lado e a vida seguiria normalmente.
No domingo todos acordaram próximo da hora do almoço. Era o momento de pegar a estrada.
-- Duda, papai vai ter que ficar um pouco mais com o opa - Eduarda terminava de colocar as bolsas que Jorge e Eddie traziam no porta malas do carro.
-- Por mim tudo bem - encostou-se no carro.
-- Rafaela e Roberta vão com vocês - As duas saiam da mansão naquele momento.
-- Eu vou com as meninas no outro carro Duda - a secretária para assuntos aleatórios da Eduarda comunicou.
-- Saindo garoto você vai com o vovô -- Eduarda abriu a porta para Hund sair.
-- Por mim tudo bem. Ele pode ir no carro conosco - Rafaela não havia gostado nada, nada da atitude da irmã já haviam combinado que ela que iria no carro com as meninas.
-- Mas por ele não... - iriam começar a discutir, mas Jorge interviu.
-- Meninas vamos logo - bateu palminhas -- Tenho que descansar para a noite ir à boate. Aquilo lá deve estar uma chatice sem a minha presença - entrou no carro.
O carro de Eduarda ia na frente. Mantinha uma velocidade razoável para que o carro em que estavam às meninas pudesse lhe acompanhar.
Trafegavam tranquilamente pela Rodovia sentido Teresópolis - Rio já no trecho das serras. Pista livre, tempo bom, no aparelho de som o DVD da Demi Lovato tocando alto. No banco de trás Jorge fazendo coreografias e batendo com o cotovelo na cabeça de Eddie e Rafaela.
Eduarda olhava para Rafaela pelo espelho retrovisor. Quando os olhos se encontravam ambas disfarçavam e viravam o rosto.
Quando estavam próximos a Baixada Fluminense Eduarda avistou pelo retrovisor um carro vindo em alta velocidade. Já havia ultrapassado o carro das meninas e estava bem próximo da Pajero. Eduarda berrou para os amigos:
-- ABAIXEM... ABAIXEM...
Fim do capítulo
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gleice
Em: 09/10/2015
Haaa meu deuzo, o que vai acontecer? pq o mal presentimento da Duda em relação a Rafa??? perguntas sem resposta né autora....so com os proximos capitulos :/
proximos capitulos urgente...please!!!
bjooooos!!
Resposta do autor:
Olá meu anjo. Amanhã tem mais dois. Bjã.
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Nana2014
Em: 09/10/2015
Cada dia mais apaixonada pelos romances.... Lindos... Mais uma vez meus parabéns pela delicadeza da escrita....
Bjz e poste mais....
Resposta do autor:
Olá Nana. Obrigada por acompanhar os meus romances. Fico muito feliz que esteja gostando, foi escrito para vocês. Bjã e continue...
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