Capítulo 13
Amanda ficou uns cinco minutos na tentativa de lembrar-se de mais alguma coisa, mas dessa vez seu ato foi frustrado.
-- Bom, já foi um grande avanço. -- Sentou na cama conformada. Estava muito feliz e queria dividir essa felicidade com alguém, rapidamente pensou em Samantha, mas ela não estava no momento. -- Cida? -- Saiu correndo ao encontro da segunda mulher que lhe veio à mente. Logo a encontrou, na cozinha, como quase sempre. -- Cida, Cida? -- Chamava eufórica e Cida assustou-se.
-- O que foi? Porque esse desespero todo? -- Perguntou a olhando preocupada.
-- Cida eu lembrei. -- Abraçou a mulher feliz. -- Lembrei o nome da minha filha. -- Desvencilhou a fitando.
-- Lembrou? Filha? Você tem uma filha? -- Cida articulou confusa.
-- Sim. Cida eu tenho uma filha, o nome dela é Natelly, ela tem dezesseis anos, eu chamo ela de Naty, esse é o apelido. -- Relatou alegre. -- E foi isso. -- Concluiu a fitando.
-- Filha? Eu... -- Estava processando a informação. -- Amanda isso é ótimo! -- Enfim disse contente por ela. -- E o que mais?
-- Só lembrei disso, mas olha, já é um bom começo. -- Sorriu.
-- Ah sim, claro! -- Concordou. -- Dezesseis anos? Adolescente já... Quantos anos você têm?
Amanda estava tão focada na descoberta que ainda não tinha pensado sobre esse caso. Ela tinha uma filha de dezesseis anos...
-- Cida, eu não tinha pensado nisso, ai Jesus, eu tenho uma filha de dezesseis anos... Cida eu sou velha! -- Lembrou aflita olhando, Cida.
-- Que velha que nada, deixa de besteira. -- Cida a repreendeu. -- Já se olhou no espelho?
-- Já!
-- Então mulher! Velha sou eu. Você é linda e vamos combinar, não parece e não é velha! E nem que tem uma filha de dezesseis anos, e se tem, como disse... Menina me ensina esse tônico rejuvenescedor? -- Cida perguntou atrevida.
Amanda gargalhou. -- Ai Cida, você é demais...
-- Vou acordar a Agatha ela tem que se arrumar, logo a Susan chega.
-- Ah é, que horas são? -- Amanda perguntou lembrando que também tinha que arrumar-se.
-- Quinze para Duas. -- Cida respondeu olhando seu relógio.
-- Vai lá acordar a pequena que eu tenho que me arrumar também.
* * * *
-- Samantha? -- Sheila chamou pela terceira vez o nome da amiga, tentando obter a sua atenção.
Depois de seu rompante com a irmã, Samantha não conseguiu parar de pensar no quanto havia sido agressiva com ela, nunca tinha discorrido daquela maneira com Alexsandra. Pensava também em Amanda, em como seria o encontro delas logo a pouco, pensava se Amanda a ouviria e se confiaria em sua explicação... Foi tirada dos seus pensamentos por Sheila, à chamando.
-- Oi. -- Disse a fitando, sentada a sua frente.
-- Sam, te chamei três vezes.
-- Desculpa, Sheila. -- Aspirou cansada. -- Deixa isso pra depois. -- Se referia aos prontuários que tinha que analisar e que, Sheila os segurava.
-- Tudo bem. -- Os colocou de lado. -- São quase duas horas, você não vai fazer mais nada depois do que aconteceu, vai falar com sua irmã...
-- Não Sheila. -- Negou-se.
-- Samantha! Eu sei que você quer isso, você foi grossa com ela, com um pouco de razão, mas você exagerou, nunca tinha à tratado assim... Ela chorou com suas palavras. -- Contou.
-- Chorou? -- Quis saber, estava agora angustiada. -- Droga... Sheila eu não queria isso, mas não vou atrás dela. -- Não dava o braço a torcer.
-- Samantha Christine, quem está sendo infantil agora? -- Sheila falou exaltada.
-- Ahrrr. -- Vociferou olhando a amiga que, riu. – Tá, você tem razão! -- Disse levantando. Pegou sua bolsa. -- Vou falar com ela e depois vou buscar a Amanda. -- Respirou profundamente. -- Reze pelo seu pescoço e pelo meu! -- Disse e Sheila gargalhou.
-- Ok. -- Observou Samantha saindo.
Samantha logo avistou a irmã falando com uma enfermeira e sentiu a tristeza em seu olhar quando Alexsandra a olhou quando se aproximava.
Alexsandra dispensou a enfermeira e entrou em um consultório, tentando evitar a irmã.
-- Alex? -- Samantha chamou ao vê-la entrando na sala, mas Alexsandra não retrocedeu. -- Alex? -- Chamou novamente, entrando na sala. -- Ah, desculpa. --Alexsandra estava com uma paciente.
-- Espera, só vou receitar um remédio e já falo com você. -- Alexsandra disse escrevendo em uma receita sem fitar a irmã.
-- Ok. -- Concordou e saiu da sala...
-- Já sabe dona Helena, tome os remédios direitinho e logo ficará boa. -- Alexsandra falou para a senhora ao saírem da sala.
-- Obrigada doutora. -- Agradeceu e saiu.
-- Entra. -- Alexsandra disse abatida olhando a irmã.
-- Alex eu... -- Respirou esperando a irmã fechar a porta e continuou ao ver que já tinha a atenção dela. -- Eu vim te pedir desculpa pelo modo que falei com você. -- A irmã já tinha os olhos marejados. -- Eu fui grossa, não queria isso, não devia ter te tratado daquele jeito, me desculpa? -- Pediu sorrindo. Alexsandra a olhava agora sem conter as lágrimas, percorreu o pequeno espaço entre elas e abraçou Samantha, forte.
-- Me desculpa também, eu sei que o que eu fiz foi idiota, prometo que não faço mais nada, nem parecido. -- Alex falou durante o abraço delas.
Samantha estava emocionada, mas não dava o “braço a torcer” diante da irmã caçula.
-- Tudo bem, sei que depois dessa você aprende. -- Disse desvencilhando dela. -- Agora para de chorar. -- Disse limpando as lágrimas dela.
-- Tá bom. -- Respondeu sorrindo. -- Obrigada.
-- Que isso, somos irmãs... -- Retribuiu o sorriso. -- Bom deixa eu ir, vou buscar a Amanda, ela tem uma consulta com o Olavo.
-- Sam, eu falei com ela, mas... ela meio que ficou com um pé atrás, desculpa. -- Pediu novamente arrependida.
Samantha respirou com pesar. -- Bem, deixa eu enfrentar a situação, seja ela qual for.
-- Estou na torcida, vai dar tudo certo, ela ama você, e você a ela, então...
-- Minha esperança está nisso, tchau.
-- Tchau.
* * * *
-- Oi Susan, tudo bem? – Amanda cumprimentou a outra mulher chegando à sala ao terminar de arrumar-se.
Susan estava sentada no sofá esperando a afilhada. -- Oi, tudo e você? -- Perguntou lhe dando dois beijos no rosto.
-- Bem. -- Disse sorrindo e fitou Cida que também estava na sala. -- Cida cadê a Agatha? -- Amanda perguntou
-- Aqui. -- Agatha respondeu descendo a escada já arrumada e com a mochila na costa.
-- Demorou. -- Susan disse quando a menina estava a seu lado.
-- Não estava achando meu livro de inglês, mas não fala pra mamãe não, ela briga comigo quando eu pego e não coloco no lugar de volta. -- Agatha falou baixo olhando Susan e Amanda sorrindo.
-- Tá bom. -- Amanda riu e passou os dedos nos lábios como se estivesse fechando. -- Pronto.
-- Vai sair Amanda? -- Susan perguntou ao vê-la arrumada.
-- Vou, tenho uma consulta daqui a pouco, Sam já deve estar chegando.
-- Hum... Vamos mocinha, estamos quase atrasadas o caminho até sua escola é logo e movimentado.
-- Tchau Amanda. -- Disse levantando os braços para abraçar Amanda, que abaixou-se e a envolveu lhe dando um beijo.
-- Tchau linda.
Elas se despediram também de Cida e saíram.
-- Amanda é... -- Cida não sabia se deveria intervir ou não. -- Você não acreditou na história que a Alex insinuou né? -- Resolveu saber.
Amanda sorriu. -- Não Cida... Foi só uma exaltação de momento. Sei que elas são só amigas, e eu agi de forma injusta com a Sam, ao deligar o celular daquele jeito, vou me desculpar com ela por isso.
-- Ah que bom, faça isso, ela te ama e jamais te trairia, ainda mais com a Sheila, nunca! Elas são apenas boas amigas. -- Cida disse tranquila.
-- É sim, e por isso me recrimino por ter pensado besteira de Samantha. -- Amanda disse sentando-se no sofá e logo viram Samantha abrir a porta e entrar.
-- Com licença. -- Cida falou e as deixou sozinhas.
Samantha pousou sua bolsa no sofá do lado em silencio e só então fitou Amanda que a observava ainda sentada.
-- Oi. -- Samantha proferiu sondando o terreno.
Amanda não falou nada, apenas levantou e cursou o pequeno espaço entre elas, e a envolveu em um abraço. Samantha de início ficou surpresa com o ato, mas logo a abarcou correspondendo, feliz. Sentiu o cheiro dela a invadir, lhe causando uma sensação de paz, harmonia, beijou a cabeça de Amanda, e depois repousou seu queixo sobre a mesma, fechou os olhos e sorriu a apertando mais em seu corpo, aproveitando o momento. Amanda também estava feliz, sentia o cheiro de Samantha, o coração dela bater perto do seu, o calor do corpo da mulher que tanto amava. Estava com a cabeça recostada perto do pescoço dela, fechou os olhos ao sentir ser abraçada mais forte... Não precisava de palavras para as duas saberem que o mal entendido não tinha passado disso, um mal entendido.
-- Me desculpa. -- Amanda quebrou o silencio. -- Não queria...
-- Não fala nada. -- Samantha a afastou um pouco para olhá-la. -- Já passou, foi só um desentendimento de hora, não se preocupe, você não teve culpa, ninguém teve. Eu te amo, e nada nem ninguém vai fazer eu trair você! -- Samantha admitiu e a beijou docilmente, com toda paciência e amor que sentia por Amanda, o beijo era calmo, sem pressa, com as duas deleitando o sabor dos lábios uma da outra.
-- Eu também te amo! -- Amanda falou ao encerrarem o beijo.
Samantha sorriu. -- Vamos?
-- Sim... -- Respondeu também sorrindo desvencilhando dela e lembrando sobre as lembranças que teve. -- Tenho uma coisa para te contar, mas no caminho, vamos.
-- Cida estamos saindo. -- Samantha gritou na direção da cozinha.
-- Tá. -- Foi o que Cida respondeu.
Samantha e Amanda saíram, pegaram o elevador, desceram em silencio, apenas entre sorrisos e alguns selinhos, curtindo uma a outra e logo chegaram a garagem.
-- Então, o que tem pra me dizer? -- Samantha perguntou olhando Amanda ao estarem já acomodadas em seu carro.
Amanda a olhava sorrindo. -- Eu lembrei que tenho uma filha. -- Respondeu num misto de felicidade e receio, pois não sabia como Samantha reagiria ante a notícia.
Samantha foi pega de surpresa, Amanda tem um filha? Pensou, mas logo sorriu feliz, por ela lembrar de algo, e uma filha, era maravilhoso. Tirava pela sua, que amava tanto.
-- Amor, isso é ótimo, você está lembrando... -- Sorriu. -- E tem uma filha! --Samantha falou e a puxou para um beijo rápido. -- E o que mais, lembrou?
-- Bom. -- Estava contente. -- O nome dela é Natelly do Vale, e ela tem...
-- Tem? -- Samantha proferiu.
-- Tem dezesseis anos. -- Amanda disse rápido.
-- Dezesseis anos? -- Samantha perguntou sobressaltada. -- Desculpa... é que... ela já é uma adolescente e você não tem cara de que tem uma filha de dezesseis anos. -- Completou sorrindo.
-- Foi o que a Cida disse.
-- Pois é. -- Samantha fez um carinho no rosto dela. -- Tem mais alguma coisa?
-- Só lembrei disso. -- Falou chateada.
-- Tudo bem, você lembrará com mais tempo, precisa de calma. O Olavo pode te ajudar, fala isso pra ele... E por falar nisso, estamos atrasadas.
-- Pois vamos então. -- Sorriu.
Samantha lhe deu um beijou breve e arrancou com o carro.
-- O que você está fazendo, amor? -- Samantha indagou olhando Amanda que mexia no painel do carro e já tinha ligado e desligado as câmeras de estacionamento laterais e os limpadores de para-brisa dianteiros e traseiros.
-- Amor como liga o som dessa coisa? -- Amanda a olhou embravecida e Samantha gargalhou com a cara de indignação dela. -- Não rir, poxa, eu só queria ouvir umas músicas, mas isso tem mais botão que uma nave espacial. -- Fez um bico que, Samantha achou fofo e ao pararem num sinal se aproximou a beijando.
-- Boba... Aqui olha. -- Apertou em um botão mostrando e uma tela pequena apareceu. -- Está no modo aleatório é só você escolher a música e aperta play, aqui na tela mesmo.
-- Ah, melhor, deixa eu ver...
Samantha andou novamente com o carro e sorriu a olhando entretida escolhendo um música.
-- Gosta da música, Palavras ao vento de Cássia Eller? -- Amanda indagou após apertar o play nessa música.
-- Gosto, todas às que conheço dela. -- Samantha respondeu já ouvindo a melodia da música. -- Ando por ai querendo te encontrar, em cada esquina paro, em cada olhar, deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar, que o nosso amor pra sempre viva minha dádiva, quero poder jurar que essa paixão jamais será. Palavras, apenas palavras, pequenas, palavras... -- Samantha cantarolou essa primeira parte, revezando entre olhar Amanda que, lhe sorria boba e, o trânsito a sua frente. Amanda a olhava admirada, sua voz era perfeita, se concentrou apenas em Samantha a cantando, a voz da verdadeira cantora não lhe chamava mais a atenção. E quando a segunda parte começou e Samantha não continuou, Amanda pediu que ela não parasse e Samantha prontamente a atendeu. -- ... em cada esquina paro, em cada olhar, deixo a tristeza e trago a esperança em seu lugar, que o nosso amor pra sempre viva minha dádiva, quero poder jurar que essa paixão jamais será. Palavras, apenas palavras, pequenas, palavras, momento... palavras, palavras, palavras, palavras, palavras ao vento...
Samantha acompanhou a música até o final, sempre que podia olhava Amanda, cantando para ela, que lhe sorria maravilhada.
-- Ai que lindo, amor. Você canta muito bem, fiquei apaixonada, mais ainda! -- Amanda a elogiava feliz lhe fazendo um carinho sobre a perna. -- Quando você traduziu aquele dia, aquela música, você apenas falava, não cantou, canta pra mim ela, em inglês mesmo, canta? -- Pediu. Achou a tradução linda, e a música era muito boa, queria ouvi-la novamente, mas na voz de Samantha, a voz dela tinha um rouco às vezes, gostoso de se ouvir, e ao mesmo tempo uma suavidade incrível.
-- Não tenho ela aqui.
-- Não, não agora. -- Amanda riu provocante. -- Mais tarde, quando estivermos a sós, ai você liga o som, e canta, ou sem o som mesmo, o que quero é ouvir sua voz, no meu ouvido, me fazendo um carinho, me tocando... -- Amanda descrevia ao mesmo tempo em que tocava a coxa de Samantha num carinho provocante, excitante.
Samantha sentia Amanda a tocando ao mesmo tempo que imaginava a cena que ela narrava e isso a estava tirando o raciocínio. Fechou os olhou por um instante, quando Amanda num ato mais ousado, resvalou sua mão da parte de cima da coxa para a interior e aproximou tocando de leve seu sex*.
-- Amanda! -- Samantha freou o carro bruscamente na entrada do estacionamento do hospital. E ao mesmo tempo que puxou o freio de mão, foi logo arrancando seu cinto e depois o de Amanda que, não teve tempo para nada, sentindo apenas os lábios ávidos de Samantha sobre os seus, pedindo passagem com a língua que, cedeu prontamente, para um beijo mais ousado, prazeroso...
Samantha estava fora de si, queria Amanda mais que tudo naquele momento e, num movimento ágil a trouxe para cima de suas pernas, aprofundando o contato e também o beijo, se ainda era possível. Amanda gem*u rouca e isso só atiçou a vontade de Samantha que, desgrudou do beijo e desceu para o pescoço onde começou a ch*par moderadamente enquanto com a mão direita apalpava o bumbum dela e com a outra acariciava um dos seios de Amanda, ainda por cima da blusa.
Amanda estava sentada de frente para Samantha apoiando-se com ajuda dos joelhos nas laterais do corpo dela. Gem*u mais uma vez com as leves ch*padas que Samantha lhe dava e com a pressão que ela aplicava em sua nádega e seio, Sentiu Samantha descer sua mão e a colocar dentro de sua blusa tocando seus seios apenas sobre o sutiã, gem*u de olhos fechado e a puxou para um beijo. Estavam absortas de tudo a sua volta, nem ouviam a música que estava tocando no momento... E quando Samantha começou a desabotoar a calça de Amanda, elas foram despertadas por uma buzina alta, logo atrás do carro de Samantha.
-- Puta que pariu. Eu mato esse infeliz! -- Samantha praguejou irritadíssima e Amanda mesmo muito excitada e assustada pelo som, não pôde conter o riso alto ao ouvir ela dizer isso. Saiu de cima de uma Samantha muito braba, que abaixou o vidro da janela do carro e gritou. -- Passa por cima seu idiota!
-- Samantha! -- Amanda a repreendeu ainda rindo da situação.
Samantha arrancou com o carro sem falar mais nada e rapidamente estacionou em sua vaga. Fechou os olhos e respirou fundo apertando o volante com ambas as mãos.
-- Tudo bem? -- Amanda perguntou e Samantha depois de ter suspirado mais uma vez acalmando-se, a olhou e soltou uma gargalhada que Amanda não pôde deixar de acompanha-la. -- Para de rir Sam, minha barriga já está doendo. -- Amanda pediu a olhando com os olhos marejados de tanto rir.
-- Estou tentando, amor. Espera... -- Disse rindo e respirou tentando parar. -- Ai... Acho que agora sim. -- Disse mais calma. -- Droga, estamos atrasas, linda. -- Falou ao olhar a hora em seu relógio de pulso.
-- Muito?
-- Dez minutos, vamos. -- Samantha disse abrindo a porta do carro para sair.
-- Amor? -- Samantha parou, mas já havia saído. -- Arruma seu cabelo e coloca sua camisa pro lugar, está torta. -- Amanda a avisou rindo.
Samantha olhou-se no espelho retrovisor do carro e riu, estava meio despenteada, arrumou e depois olhou para a camisa sobre a cintura, estava com uma parte fora da calça e para o lado, riu enquanto arrumava. Amanda também se recompôs antes de sair do carro, as duas agradeceram pelo estacionamento está menos movimentado àquela hora.
-- Agora sim, não parecemos mulheres que quase trans*ram dentro do carro no meio da entrada de um estacionamento. -- Amanda relatou e Samantha gargalhou alto novamente. Elas já estavam no elevador...
-- Drª que bom que chegou. -- Uma enfermeira disse assim que a viu saindo do elevador.
-- Algum problema?
-- Sim, ouvi...
-- Só um minuto. -- Interrompeu-a e olhou para Amanda. -- Amor, se importa de ir sozinha até a sala do Olavo?
-- Claro que não, sei onde é, pode ir trabalhar.
-- Ok. -- Samantha não soube como se despedir dela na frente da enfermeira, não sabia se ela gostaria de um beijo na boca ou não, optou por um beijo no rosto, depois falaria com ela sobre isso. -- Te vejo depois. -- Disse sorrindo.
-- Tá bom. -- Sorriu de volta. Sabia que Samantha não a beijou na boca por não saber como reagiria. Mas demonstrou muito amor e que estava tudo bem no beijo que lhe deu no rosto. Observou ela se afastar a passos largos junto com a enfermeira, porém logo lembrou que estava atrasada para a consulta e de dirigiu para lá.
-- O doutor Olavo está? -- Amanda perguntou para a secretária dele.
-- Sim, tem hora marcada? -- Perguntou educada.
-- Sim, e já estou atrasada, era às três.
-- Ah sim, ele perguntou por você agora a pouco, é Amanda né? -- Indagou levantando se sua cadeira e se dirigindo a porta do consultório do médico.
-- Isso. -- A seguiu.
-- Entra. -- Elas entraram. -- Doutor, sua paciente das três. -- Avisou e saiu os deixando a sós.
-- Olá, como vai? -- Olavo a cumprimentou com dois beijos no rosto. Eles haviam criado essa afinidade na primeira consulta.
-- Bem e o senhor? -- Amanda retribuiu o carinho.
-- Que bom, fique à vontade. -- Disse mostrando um sofá e sentando noutro ao lado.
-- Ok. -- Amanda acomodou-se.
-- Bem, comecemos então. -- Ele sorriu. -- Algum progresso desde o nosso último encontro? -- Quis saber.
-- A sim. -- Comentou risonha. -- Lembrei algumas coisas...
-- Ótimo, me conte quais foram. -- Incentivou-a.
-- Como o senhor havia dito, me esforcei um pouco e consegui lembrar que tenho uma filha chamada Natelly do Vale, eu a chamo pelo apelido, Naty.
-- Assim como no sonho que teve... -- Lembrou Olavo.
-- Isso, agora sei que os sonhos eram lembranças, embora não lembre de muita coisa...
-- E o que mais?
-- Bom, ela tem dezesseis anos, e não gosta de acordar cedo. -- Falou rindo.
-- E qual adolescente que gosta? -- Ressaltou rindo também.
-- Ah eu fale para a Cida, a mulher que trabalha na casa da Samantha, que amava o peixe feito com tempero assado ao forno, mas meio que saiu sem pensar, apenas falei, sabe? -- Amanda relatou um outro fato.
-- Hum... Entendo, você sentiu o cheiro? -- Estimulou ela a falar mais.
-- Sim, eu senti e aquilo me era família, senti que gostava de comer e falei.
-- Claro, os sentidos como paladar, tato, olfato, também tem suas memórias e através deles fica mais fácil lembrar, por exemplo, conseguimos saber o nome de uma fruta ou comida, pelo simples fato de sentir seu cheiro, ou gosto, isso claro, se já o provamos ou conhecemos, imediatamente nosso cérebro é despertado e conseguimos associar. Funciona com pessoas também...
-- Ah sim... Quando eu vi o professor de natação da Agatha me senti como se... como se ele me lembrasse alguém, não sei...
-- Isso acontece, talvez ele pareça com alguém que você conviva ou conheça, se você puder pensar nele ou na imagem dele, buscar traços que lhe chame a atenção, possa te ajudar a lembrar quem, exatamente, ele se assemelha na sua vida. Quer tentar?
-- Aqui?
-- Claro, não se sente à vontade?
-- Não, não é isso... e como vamos fazer isso?
-- Deita ai e relaxe. -- Amanda o atendeu e ele continuou. -- Feche os olhos e pense no rapaz. -- Olavo pediu e Amanda pensou no momento em que estava frente a frente com Igor. -- Está o vendo?
-- Sim. -- Amanda respondeu. -- Agora busque traços que lhe chamam a atenção nele, olhos, cor dos cabelos, sobrancelhas... O que mais lhe atentou?
-- Os olhos, e o sorriso, é meio sem vergonha e tímido ao mesmo tempo. -- Amanda disse rindo e Olavo a seguiu.
-- Muito bem, lhe lembra um namorado, talvez... -- Falou e Amanda levantou sentando no sofá de sobressalto.
-- Não! -- Disse convicta assustando o médico a sua frente. -- Ele não lembra um namorado, não quero me lembrar de nenhum namorado! -- Pronunciou o olhando séria.
-- Rum rum. -- O senhor limpou a garganta depois do rompante da mulher a sua frente. -- Calma, era só uma suposição. -- Falou enfim tentando acalmá-la.
-- Desculpa. -- Pediu envergonhada. -- Parece que estava dando certo e eu estraguei, desculpa... -- O encarava. -- Podemos fazer de novo? Mas prefiro que seja com a imagem da minha filha, eu sei como ela é, posso tentar lembrar mais sobre ela, pode ser? -- Perguntou esperançosa.
-- Sendo assim, não vejo problema nenhum. -- Olavo consentiu sorrindo.
-- Deito de novo?
-- Claro, vamos proceder da mesma forma.
Amanda deitou-se novamente e fechou os olhos já pensando na filha, sorriu.
-- Imagino que já à está vendo? -- Ele perguntou ao vê-la sorrir.
-- Sim, ela é linda... -- Confirmou alegre.
-- Descreva-a para mim.
-- Olhos cor de mel o rosto oval, quando sorrir as covinhas aparecem e seu cabelo é ondulado na cor castanho escuro, soltos ele chegam a cintura... -- Era nítido o amor que Amanda demonstrava ao descrever a filha.
Olavo pegou um gravador e o pôs para gravar. -- Você a ama? Descreva como é.
-- Sim, mais que tudo. Quando estou com ela, sinto que posso conquistar qualquer coisa, ela é minha força, faço qualquer coisa para não vê-la triste, e segura. Sinto que ela é a única pessoa que realmente me entende, que me quer feliz, que não importa a decisão que eu tomo ela sempre vai me apoiar, sei que posso contar com ela, para qualquer coisa... -- Riu, Amanda tinha os olhos marejados e deixou as lágrimas correrem livremente ao abrir seus olhos fitando o teto branco da sala. -- Natelly, é mais sensata que eu, às vezes, me dá conselhos incríveis, de tudo que fiz no passado, ela é a única, de que não me arrependo e nunca me arrependerei! -- Amanda fitou Olavo, que também estava emocionado. -- Natelly do Vale Bartovisk, dezesseis anos, nasceu no dia 4 de dezembro de 1998, em Florianópolis, adora cavalgar no trovão, cavalo que eu lhe dei de presente, só ela consegue cavalga-lo. Eu a obriguei a fazer aula de defesa pessoal, ela odiava. -- Riu. -- Mas como sempre me obedeceu, toca violão muito bem, fala inglês, quer ser Advogada e Administradora da empresa, não sei qual... -- E viu Olavo a incentivando continuar. Amanda tocou o cordão que estava em seu pescoço e sorriu. -- Ela quem me deu esse cordão, tinha seis anos... Ela nunca namorou, é a única adolescente que sei que não deu mole para ninguém, ela não é fácil, diz que o menino que realmente a amar lutará por ela, isso é, literalmente, ela sempre chama para um mano a mano. -- Amanda riu alto. -- Eu não sei não, ela é muito boa. Mas também disse que se renderá quando realmente encontrar alguém por quem vale a pena sofrer, ela diz que amar também é sofrer, então... -- Suspirou e voltou a encarar o teto. -- Agora eu a entendo, amar é bom, muito mesmo... Um ato, onde você não pensa mais só em si mesmo, e sim em quem você ama, é capaz de se sacrificar pela felicidade de quem ama, de sofrer quando está pessoa está sofrendo, sorrir quando ela sorrir. Coisas corriqueiras e simples passam a ser notadas, não importa a hora o lugar. Um gesto, um sorriso, um olhar, é o bastante para nos aquecer, arrepiar, e não importa o quanto lutamos contra, no final, o que vence, é o desejo de amar, ser amado, de se entregar, por completo aquela pessoa que amamos, que nos faz sentir coisas que, nem imaginávamos serem possíveis, de ansiar por um toque, por um beijo, um olhar, sempre e mais e mais... e ao mesmo tempo que é proferido é almejado por mais, como se a cada vontade satisfeita, outras brotassem no lugar...
Amanda falava e Olavo anotava algumas coisas, além da gravação. Ao mesmo tempo em que, se emocionava cada vez mais com as palavras dela.
* * * *
-- Doutora precisa de ajudar? -- A mesma enfermeira que abordou Samantha assim que havia chegado, perguntava se podia ajuda-la em um procedimento de sutura em uma paciente que, chegou com um corte na perna, acidente de moto.
-- Não precisa. Como está o outro rapaz? -- Samantha perguntou séria, pelo rapaz que pilotava a moto, os dois foram levado para o hospital, mas o garoto estava pior.
-- Bem, já fiz os curativos, ele está sonolento pelo efeito do remédio, mas não para de perguntar pela moça.
Samantha fazia com facilidade a sutura, e a garota olhava nervosa, entre uma careta e outra.
-- Ok, diga que ela está bem. -- Falou e a enfermeira saiu.
Samantha olhou para a menina a sua frente e sorriu no intuito de acalmá-la. Samantha amava o que fazia, esquecia os problemas quando estava ajudando alguém. E nesse momento já havia esquecido que os dois médicos escalados para a emergência haviam faltado, sem aviso prévio, por isso o desespero e felicidade da enfermeira quando à viu chegar.
-- Doutora, vai ficar muito feia a cicatriz? -- A garota estava preocupada.
-- Não, sou muito boa nisso. -- Riu em satisfação. -- Não vai nem notar quanto cicatrizar, mas tem que seguir à risca algumas recomendações para que isso aconteça.
-- Claro, o que você mandar. -- Riu contente e logo fechou a cara preocupada quando viu uma mulher entrando na sala e Samantha curiosa acompanhou seu olhar.
Fim do capítulo
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