Capítulo 12
Capitulo 12
-- Até que enfim hein sapinha - Jorge nem precisou levantar a cabeça para saber que era Eduarda. Sabia só pelo perfume.
-- Estava trabalhando em casa - sentou em cima da mesa.
-- Em que? - Jorge levantou a cabeça para olha-la.
-- trabalhando o meu lado emocional que não anda nada bem.
-- Há tá - Jorge voltou a digitar.
-- Jorge estive pensando.
-- Fala - levantou os olhos novamente. Quando Duda falava assim, lá vinha bomba.
-- Acho que chegou o grande momento - esfregou as mãos em um gesto típico de quando planeja fazer alguma maldade.
-- Duda te orienta garota.
-- Vem me ajudar Jorge - pulou da mesa e pegou um dos anjinhos da Rafaela de cima da prateleira.
-- O que você vai fazer? - Jorge levantou e foi até ela.
-- Vou tocar terror, vou fazer guerra de nervos.
-- Duda você parece o pica-pau fazendo maldades.
-- Segura o anjinho de cabeça pra baixo que eu tiro fotos - colocou o anjinho na mão de Jorge.
-- Ela vai reconhecer a minha mão - segurou o anjinho pelas pontinhas dos dedos.
-- Vai nada, mão de bicha é tudo igual.
-- Assim tá fraquinho Duda, melhor assim - sacudiu o coitado violentamente.
-- Puxa a cabeça Jorge - mais violência - Sequestro com requintes de crueldade. KKK...
-- Assim Duda? Aiiiiiiiiii... MEU DEUS!!! - o anjinho voou bateu na parede e caiu no chão sem cabeça.
-- Hiiii, fodeu!!! - Eduarda colocou as mãos nos olhos.
-- São Jorge, Santo Expedito, São longuinho me protejam de todos os males que a Rafaela possa nos fazer. Olhe o que você me fez fazer sua sapa desprovida de cérebro - choro sem lágrimas.
-- A culpa foi sua, seu mão de alface - Eduarda procurava a cabeça decapitada do anjo.
-- Controle, controle, foco, foco - Jorge buscava uma luz.
-- Vamos pensar Jorge. Senta aqui - Eduarda estava com a cabeça do anjo na mão.
-- Acho melhor você esconder essa cabeça pra Claudia não ver. Você bem sabe como as mulheres são fofoqueiras - olharam-se por alguns segundos - Bem não todas.
-- Jorge pega a cola vamos tentar consertar.
-- Essa cola é bagaça. Vamos ter que comprar cola Super bonder.
-- Bom dia meus amores! - Claudia entra de surpresa no escritório. Eduarda e Jorge estão com os olhos arregalados - O que houve aqui?
-- Foi o Jorge Claudia - Eduarda aponta para Jorge.
-- O que você fez Jorge? - Claudia estava assustada.
-- O que NÓS fizemos né Duda? Mostra pra ela.
Eduarda mostrou a cabeça do anjinho. Claudia quase desmaiou.
-- Vocês são malucos é? A Rafaela vai acabar com vocês. Jorge você conhece ela quando está com raiva, como foi deixar isso acontecer? Tenho pena de vocês dois.
-- Vou sair pra comprar cola - Eduarda baixou a cabeça e saiu.
-- Jorge, não estou te reconhecendo. A Duda até entendo, mas você. Está regredindo é? - Jorge só escutava calado.
Depois de muito, mais muito mesmo, blá, blá, blá, de Claudia. Os dois retornaram ao trabalho.
Na construtora Rafaela tentava em vão concentrar-se no trabalho.
-- Rafaela tudo bem? Estou te chamando já algum tempo e você não escuta - Heitor queria saber a opinião de Rafaela sobre o projeto da zona sul.
-- Um pouco de dor de cabeça. Só isso - passou as mãos pelo rosto.
-- Fazemos o seguinte então, volto mais tarde quando você estiver melhor ok? - Heitor foi compreensivo.
-- Obrigada Heitor, assim é melhor - Heitor saiu.
Na verdade Rafaela estava confusa. Desde o sábado da festa que não pensava em outra coisa que não fosse o maldito beijo. Tinha que se abrir com alguém se não enlouqueceria. Mas quem? Jorge era bem capaz de pegar um megafone e sair espalhando para todo o Rio. Claudia havia mudado muito depois que conheceu a pestinha e não seria uma boa conselheira. Talvez a irmã, mas esse tipo de assunto não dava para conversar por telefone e a irmã só viria para o Rio no final de semana.
Camila bateu na porta e entrou com uma caixa na mão.
-- Pra você - estendeu a caixa para Rafaela.
-- De quem? - pegou a caixa e olhou para Camila.
-- O sequestrador desconhecido dos seus anjinhos - revirou os olhos.
Na caixa estava escrito: Para Rafaela. Assinado o sequestrador.
-- Eu sabia que ela ficaria com medo e devolveria os anjos - comemorou a vitória.
Abriu a caixa cuidadosamente e seu sorriso morreu quando viu uma pedra enrolada em um papel e algumas fotos.
-- Isso não vai ficar assim - levantou com a caixa na mão e saiu da sala como um furacão. Passou direto pela mesa da secretária de Eduardo bateu em sua porta e entrou.
-- Rafaela que bom que você veio. Ia pedir para Débora lhe chamar agora mesmo - Eduardo levantou foi até Rafaela e beijou-a no rosto.
Rafaela ficou sem ação.
-- Que caixa é essa? - Eduardo perguntou curioso.
-- Sapato - respondeu no automático.
-- Claro a paixão das mulheres - falou sorridente - senta.
-- Algo importante para me passar? - sentou-se com a caixa no colo.
-- Muito. Sábado opa Sven estará completando anos e realizará uma mega festa de aniversário em sua mansão em Teresópolis. Gostaria que fosse com seu namorado.
Enquanto Eduardo falava Rafaela só conseguia pensar em: É a oportunidade, vou mata-la envenenada com uma empadinha, vou afoga-la na pia do banheiro, joga-la da sacada da mansão.
-- Claro que irei - sorriso maldoso -- Será um enorme prazer fazer parte dessa data tão marcante para a família - sorriso sínico.
-- Que maravilha. Opa ficará imensamente feliz com sua presença.
Na casa de Fabi:
-- O que você tanto procura Duda? - todas as fotos da festa estavam gravadas em um cd que Eduarda já havia visto umas três vezes.
-- Estou procurando uma pessoa posso? - Eduarda procurava a misteriosa Julieta de pernas lindas, mas a única que viu em mais de cem fotos foi a Julieta de pernas finas - Você sempre fica desfilando prá lá e prá cá na frente das câmeras?
-- Marketing pessoal querida -Fabi levantou já de saco cheio.
-- Não esquece hoje à noite. Reunião secreta lá em casa - desistiu de procurar.
-- O que vai ter lá? - as reuniões na casa de Eduarda eram sempre animadas com muita bebida e comida.
-- Suruba. Leva fio dental. Convida aquelas meninas do curso de psicologia lá da facu.
-- Vou convidar.
-- Tô indo. Tenho que passar lá na boate ainda - beijou Fabi e saiu.
Mais tarde na boate.
-- Trouxe a cola Jorge - Jorge e Claudia encerravam as atividades do dia quando Eduarda chegou.
-- Me deixa ver a situação do coitado - Claudia pegou o anjinho e analisou - Acho que vai dar pra colar.
Eduarda segurava o anjinho para que Claudia colasse.
-- Ficou perfeito a mulher cogumelo venenoso não vai nem perceber - Eduarda comemorou o resultado da restauração da peça.
-- Porque mulher cogumelo venenoso? - Claudia teve que perguntar.
-- Comeu tá fudido. Salvamos você Jorge. Diga obrigado - sentou em cima da mesa.
-- Não tenho nada haver com isso. Você que se entenda com a Rafaela - Jorge não queria mais saber dessa história de anjinhos sequestrados.
-- Que pena Jorge estava contando com você nessa aventura.
-- Desde quando apanhar com toalha molhada da Rafaela é aventura - Jorge falou emburrado.
-- Isso mesmo Jorge fique fora disso - Claudia aconselhou.
-- Então tá né - Eduarda falou assoprando o anjinho para que secasse logo.
Na construtora:
-- Eu não acredito Camila!!! Até Jorge. Olha só essas fotos.
As fotos mostravam Jorge em todos os ângulos espancando o anjinho.
-- Esses dois vão me deixar maluca - teve que rir.
-- Duas crianças. Vai ao aniversário do Opa?
-- Vou, ele é muito querido. Todas as vezes que veio aqui foi super simpático comigo.
-- O dinheiro nunca subiu a cabeça dessa família. São todos uns amores.
-- Até a Eduarda?
-- Principalmente ela. Nem parece que é tão rica.
Eduarda e Jorge estavam sentados na areia da praia do Leblon.
O surfe no Leblon pode não ser da melhor qualidade, mas, como todo o lugar tem o seu dia, Eduarda iria tentar pegar alguns tubos.
-- Ondinha mixuruca né Duda - Jorge fazia pose com a prancha de Eduarda.
-- Dá pro gasto. Só quero exercitar mesmo. Ultimamente as crises de asma estão aparecendo com mais frequência.
-- Que chato Dudinha. Você deveria ter mais cuidado isso não é brincadeira - Jorge se mostrou preocupado.
-- Vou tomar. Vai ficar por aí? Vou entrar no mar - levantou e pegou a prancha.
-- Vou subir. Eddie daqui a pouco está aí - levantou e bateu a areia do calção - Se quiser vai lá depois.
-- Talvez - beijou o amigo e foi em direção as ondas.
Jorge seguia em direção ao seu prédio quando deu de cara com Rafaela.
-- Mona que surpresa! - Rafaela estava com cara de poucos amigos.
-- Vim te devolver isso - entregou as fotos para Jorge.
-- Meu Deus!!! - olhou assustado para a arquiteta com a mão sobre o peito.
-- O que você tem a me dizer? - cruzou os braços.
-- Não tive culpa minha deusa. A Duda me induziu a isso - choro sem lágrimas - fui praticamente obrigado a isso.
-- Cansei de vocês dois Jorge. Mais uma gracinha e eu processo os dois - falou séria.
-- Porque não fala isso pra ela pessoalmente. Ela está lá - apontou para o mar.
-- Aonde? - olhou na direção que Jorge apontava, mas havia muita gente na praia.
-- Aquela deusa surfista com roupa de borracha preta - apontou novamente.
-- Estou vendo - estava muito longe e não conseguiu ver muito bem.
-- Vai lá amor. Quem sabe vocês não entram em um acordo com relação ao resgate - Rafaela deu um olhar tão fulminante pra ele que o rapaz saiu correndo.
Rafaela caminhou em direção a areia da praia. O sol estava se pondo. O por do sol mais lindo do mundo. Sempre pensava assim quando estava no seu lar. O seu lar era o Leblon. Não o seu apartamento no Leblon, mas a praia do Leblon.
Sentou na areia. A praia era o seu confessionário então aproveitou que estava ali e de cabeça baixa confessou as suas angustias e temores.
Quando levantou a cabeça o sol bateu em seus olhos os obrigando a fechar, quando os abriu novamente havia uma sombra. Essa sombra permitiu- lhe abrir bem os olhos.
Eduarda ajoelhou - se na frente de Rafaela. Seus cabelos loiros molhados e o frescor de sua pele molhada deixaram Rafaela nas nuvens. Seus olhos verdes pareciam incendiados pelo sol. Gotas de água escorriam pelo seu rosto deixando o seu sorriso ainda mais lindo.
-- O sol foi feito para todos, mas a praia só pra quem merece - Eduarda falou.
-- Quem diria - Rafaela estava em transe.
-- Te procurei tanto naquele dia, mas você havia sumido como por encanto.
-- Esqueceu que havia um Romeu com a calça rasgada? - risos.
-- É verdade - sentou ao lado de Rafaela - Vocês são casados?
-- Namorados - Rafaela sentia desconforto pela situação.
-- Dessa vez não vou deixar você fugir Julieta.
-- Como sabe tanto sobre Romeu e Julieta?
-- Minha mãe amava o romance - sempre que falava da mãe sentia uma pontada de tristeza e Rafaela percebendo isso mudou de assunto.
-- Faz outra coisa além de surfar? - fingiu não saber.
-- Sou dona de uma boate GLS.
-- Interessante - foi só o que Rafaela falou.
-- Havia uma fala do romance que gostaria de ter-te dito naquele dia. Posso falar hoje?
-- Fala - Rafaela a olhou interessada
-- "Este amor em botão, depois de amadurecer com o hálito do verão, pode se mostrar uma bela flor quando nos encontrarmos novamente".
-- E eu te responderei: "Meu único amor, nascido de meu único ódio! Cedo demais o vi, ignorando-lhe o nome, e tarde demais fiquei sabendo quem é". - Rafaela levantou para ir embora.
-- Espera - Eduarda também levantou e segurou o braço de Rafaela - Vai embora assim sem me dizer o seu nome e como posso te encontrar?
-- Me chamo Julieta e eu sei aonde te encontrar -- soltou-se de Eduarda e foi embora.
Eduarda ficou olhando a sua Julieta ir embora novamente. Não havia entendido suas ultimas palavras e nem como ela saberia lhe encontrar, mas não podia forçar a barra ela era uma mulher comprometida e talvez amasse o namorado. Esperaria ela lhe procurar. Pegou a prancha e foi para casa.
Fim do capítulo
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jake
Em: 06/10/2015
Eitha ... o amor e o odio ...mais uma vez juntos....Rafaela agora tera um grande problema nao para de pensar num beijo que ganhou por acaso da namorada da sua amiga....que por sinal...eh a que sequestrou seus anjinhos....pra piorar eh filha do seu chefe ...nossaaaa nao queria estar na pele da Rafa ...parabens autora ansiosa pelas proximas emocoes......
Resposta do autor:
Beijo Jake. Até.
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