Capitulo 48
A manhã em Fairbanks chegou silenciosa, a neve ainda acumulada sobre as árvores do lado de fora da janela. A luz suave entrava pelas cortinas entreabertas, iluminando o quarto de Heather.
Mei abriu os olhos devagar, espreguiçando-se sob os lençóis amassados da noite anterior. A cama estava morna, mas ao seu lado o espaço estava vazio.
— Hattie? — chamou, a voz rouca de sono.
Não obteve resposta.
Ainda sonolenta, puxou o lençol consigo e o enrolou ao corpo nu. Os pés descalços tocaram o piso frio, obrigando-a a se mover rápido até o tapete felpudo. A cada passo, Mei observava os detalhes que ainda não tinha notado: os quadros discretos na parede, a prateleira com livros de navegação misturados a romances policiais, a colcha dobrada com perfeição no canto da cama. O quarto tinha a organização prática de Heather, mas também um calor inesperado, quase acolhedor.
Curiosa, abriu a porta do closet. O que viu a fez arregalar os olhos.
Cabides alinhados exibiam jaquetas de couro, casacos longos de lã, vestidos de grife, botas impecáveis, perfumes caros alinhados como soldados. Mei não conseguiu segurar o riso.
— Fora do mar, a minha capitã gosta de gastar em conforto e elegância... — murmurou sozinha, mordendo o lábio com divertimento. Mei estava adorando conhecer um outro lado de Heather, a sua versão mais velha, a pessoa que Heather se tornou nos oito anos em que estiveram longe. E pela organização de tudo, a capitã frequentava aquela casa mais do que uma vez por ano. Aqui tinha a verdadeira identidade de Heather, não na casa do seu pai.
No canto, encontrou sua própria mala. Pegou algumas roupas: uma calça justa, uma blusa de lã bege e meias grossas. Antes de se trocar, foi até o banheiro. Escovou os dentes, lavou o rosto, penteou os cabelos negros que ainda estavam bagunçados da noite passada. Viu algumas marcas em seu corpo e flashes da noite anterior voltaram a sua mente tranzendo sensações deliciosas em sua pele, Depois de alguns minutos que usou para se recompor, finalmente, vestiu-se.
O cheiro vindo da cozinha a guiou pelo corredor. Um aroma doce, misturado com algo ligeiramente queimado. Mei ergueu as sobrancelhas, curiosa.
Quando entrou na cozinha, encontrou Heather de pé diante da bancada, franzindo o cenho enquanto tentava dominar a máquina de waffles. O avental improvisado parecia deslocado em seu corpo atlético, e a bandeja já exibia dois waffles meio tortos, um deles claramente ressecado demais.
Mei encostou no batente da porta, rindo baixo.
— Você não sabe o quanto está sexy com esse avental.
Heather girou a cabeça devagar, semicerrando os olhos, mas não conseguiu esconder o rubor leve nas bochechas.
— Não ria. Estou tentando fazer o café da manhã perfeito.
— E está conseguindo... de um jeito bem divertido. — Mei atravessou a cozinha, contornou a bancada e, sem pedir licença, abraçou Heather por trás, envolvendo sua cintura. — Deixa eu te ajudar.
Heather suspirou, relaxando nos braços dela.
— Achei que você ia dormir até tarde depois de ontem.
— Não consegui. — Mei apoiou o queixo no ombro dela, sorrindo. — A cama estava vazia e fria sem você ao meu lado.
— Prometo que amanhã vamos ficar na cama até a hora que você quiser.
Heather virou um pouco o rosto, roçando os lábios nos dela num beijo rápido, antes de ceder espaço. Juntas, preparam mais waffles, dessa vez dourados, fofinhos, perfeitos.
Pouco depois, a mesa estava posta: waffles quentinhos com calda de maple, café forte, um pote de frutas vermelhas. Mei sentou-se primeiro, puxando Heather pelo braço para que se acomodasse ao seu lado.
— Isso parece uma cena de filme. — Mei comentou, mordendo um pedaço do waffle. — A gente aqui, a neve lá fora... eu poderia me acostumar com isso.
Heather, que sempre comia de forma prática e rápida, se permitiu desacelerar. Olhou para a namorada com um sorriso pequeno, mas sincero.
— Eu queria exatamente isso. Um tempo só nosso, sem o mar, sem a pressão do trabalho e sem o conflitos familiares.
— E o que você planejou para hoje, capitã? — Mei perguntou, divertida, apoiando o queixo na mão.
Heather tomou um gole de café antes de responder:
— Primeiro, quero te levar até o centro da cidade. Tem algumas lojinhas locais que você vai adorar. Depois, talvez a gente passe na padaria, eles têm a melhor torta de frutas que já comi. À noite... pensei em acender a lareira, abrir um vinho e... — fez uma pausa, o olhar carregado de intenções. — deixar a noite nos guiar.
Mei riu, corando, e estendeu a mão para entrelaçar os dedos nos dela.
— Parece perfeito. Mas eu também quero ver as estrelas daqui. Aposto que o céu de Fairbanks é maravilhoso.
— É. — Heather concordou, apertando de leve a mão dela. — Se o tempo abrir, talvez até tenhamos sorte de ver a aurora.
Mei piscou, surpresa.
— Sério? Aurora boreal?
— Sim. — Heather sorriu com o encanto nos olhos da mais nova. — Mas mesmo que não apareça... a minha vista favorita já está bem na minha frente.
— Que galanteadora, você está se saindo melhor que a encomenda. — Mei brincou.
— Eu tento.
Entre, flertes, risadas e olhares cúmplices, a cozinha da casa em Arthor Ct se encheu de algo que nenhuma das duas estava acostumada: paz.
E, enquanto a neve caía lenta lá fora, ambas sabiam que aquela semana seria cheia de memórias doces e divertidas. Principalmente Heather que já tinha planejado tudo para surpreender Mei.
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Quando chegaram ao centro da cidade, a manhã estava fria, mas clara. O tipo de luz que corta o céu e deixa tudo mais nítido, como se o ar tivesse sido lavado durante a noite. Heather caminhava à frente com seu passo firme, as mãos enluvadas segurando as de Mei. A engenheira olhava em volta como quem estava prestes a memorizar cada detalhe: vitrines, fachadas antigas, letreiros iluminados. O lugar era um verdadeiro deleite para pessoas amantes de história.
— Primeiro ponto do tour — disse Heather, parando diante de um prédio baixo de janelas largas. — Morris Thompson Cultural & Visitors Center.
— Parece importante. — Mei arqueou as sobrancelhas, curiosa.
— É o museu. Tem História, cultura... e um café decente, que é o que realmente importa. — Heather sorriu de canto e puxou a porta para ela.
O interior tinha cheiro de madeira encerada. Painéis e maquetes se espalhavam pelo espaço. Mei se aproximou de um mapa antigo das cadeias de montanhas e ficou ali, concentrada, como se pudesse decifrar algo escondido. Heather a observou em silêncio, orgulhosa de ver aquele brilho curioso nos olhos da namorada.
— Você sempre teve um caso sério com mapas, não é? — Heather comentou lembrando de como Mei se empolgava quando Andrew levava alguns mapas para ensinar Heather a navegar. Enquanto Heather estudava para se tornar capitã, Mei fazia diversas perguntas com entusiasmo.
Mei riu baixo, mordendo o lábio.
— Gosto de imaginar os caminhos que alguém já percorreu.
Heather se inclinou, quase roçando o nariz no dela.
— E eu gosto de imaginar os que ainda vamos percorrer. — Heather estava definitivamente mais leve e romântica desde que a temporada terminou, pensou Mei.
— Posso garantir que com você, quero explorar todas as possibilidade. — A morena piscou e arrancou uma risada solta de Heather.
A visita demorou mais do que o esperado. Heather explicava um detalhe ou outro, mas era Mei quem se deixava prender pelas histórias, arrastando Heather junto. Quando saíram, o frio pareceu até bem-vindo depois do calor do saguão.
Seguiram pela Main Street. As lojas exibiam casacos de lã grossa, botas resistentes ao gelo, lembranças artesanais. Heather parava aqui e ali, apresentando cafés escondidos ou antiquários cheios de memórias. Numa vitrine, Mei se apaixonou por uma jaqueta forrada de lã.
— Tá linda em você. — Heather disse com naturalidade, apoiando-se no batente da porta. — Acho que devia levar.
Mei corou, ajeitando o capuz.
— Amor, se depender de você, vou levar todas as roupas que experimentei.
— Não tenho culpa se você fica linda em todas elas. — Heather riu, e a puxou colando os lábios. — Vamos pagar, ainda quero que conheça mais da cidade.
Mei foi saltitante até o caixa com as mãos carregadas de roupas e sapatos.
De volta as ruas de Fairbanks, foram até a margem do rio Chena. A água refletia a luz como um espelho. Mei encostou o rosto no ombro de Heather, sentindo a respiração dela contra a própria pele.
— É bonito. — murmurou.
— E ainda não viu nada. Na primavera, quando o gelo começa a derreter tem uma parte do rio que vira uma sauna ao ar livre.
— Essa cidade é encantadora. Quero muito voltar outras vezes.
— E nós vamos.
— Vou adorar, será que é possível que eu ainda me surpreenda mais com você durante essas férias?
Heather respondeu, levando-a até a entrada de uma trilha aberta.
— Esse lugar... sempre me dá paz. Creamer's Field. Na época da migração, milhares de aves param aqui. Parece que o céu inteiro ganha asas.
Mei fechou os olhos por um instante, tentando imaginar.
— Com certeza vamos voltar em outra época do ano. — Mei beijou o rosto da capitã.
Heather lhe abraçou em resposta.
Mais tarde, atravessaram praças e chegaram ao Pioneer Park. O espaço parecia um pedaço de outra época, com casinhas antigas, pequenos museus e brinquedos que lembravam feiras antigas. Heather contava lembranças rápidas: festas de verão, festivais, tardes de risadas. Mei andava devagar, absorvendo cada detalhe como quem coleciona memórias novas.
Já no fim do passeio, o frio começava a adormecer os dedos delas. Heather então conduziu a namorada até uma padaria aconchegante de esquina. O cheiro de manteiga e canela tomou conta do ar. Mei não resistiu e encheu uma caixa com tortas pequenas, maçã e frutas vermelhas, além de alguns pães rústicos. Heather escolheu o vinho.
Quando saíram, Mei carregava os pacotes como quem guardava tesouros.
— Esse passeio foi tão memorável. — disse, rindo. — Estamos voltando com meio mercado nas mãos.
Heather passou o braço pelos ombros dela.
— Eu só queria que você conhecesse um pouco do meu mundo.
Mei encostou o rosto no peito dela, com um sorriso calado.
— Obrigada por isso. De verdade.
— Obrigada por vir. — Heather respondeu, com a voz rouca, carregada de significado.
Voltaram para o carro com as sacolas cheias e os dedos entrelaçados. O sol já começava a descer, tingindo Fairbanks com um brilho de vidro e fogo. E as duas seguiram de volta para a casa, onde as esperava a promessa de um bom vinho sob as estrelas.
O retorno foi silencioso, mas confortável. O motor ronronava baixo, a neve rangia sob os pneus e, no banco do passageiro, Mei brincava com a borda do gorro, perdida nos pensamentos. Heather, ao volante, espiava de vez em quando, aquele sorriso que só aparecia quando ela estava genuinamente feliz.
Na garagem, deixaram as compras. Heather entrou primeiro, acendendo as luzes quentes da sala. Mei seguiu, equilibrando a caixa com tortas.
— Vai tomar banho? — Heather perguntou, já abrindo a porta da varanda para varrer a neve acumulada.
— Uhum. — Mei deixou a caixa sobre a bancada. — E você... não demore aí fora, estou te esperando.
Heather sorriu, louca para terminar de limpar a varanda e se juntar a sua namorada no banho.
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Quando Heather terminou de varrer a varanda, sacudiu a neve das luvas e entrou em casa. O calor bateu no rosto como um convite. Ela seguiu o corredor, ouvindo o som leve da água correndo no banheiro. Sorriu sozinha: Mei tinha mesmo se adiantado.
Quando abriu a porta, o vapor a envolveu, doce e quente, e ali estava Mei, já mergulhada na banheira. O cabelo escuro preso num coque improvisado, algumas mechas soltas colando na pele úmida. A espuma cobria parte dos ombros, mas não o suficiente para esconder o brilho molhado da pele.
Heather encostou no batente, braços cruzados, e deixou o olhar percorrer cada detalhe.
— Você sempre soube como me deixar sem palavras. — murmurou.
Mei virou o rosto, um sorriso preguiçoso nos lábios.
— Pare de me provocar e entra aqui. Não gosto de tomar banho sozinha.
Heather desatou os botões do casaco, um a um, em movimentos lentos demais para não serem calculados. A cada peça que caía, o casaco grosso, a blusa de lã, a calça justa, o olhar de Mei se tornava mais faminto. Quando ficou apenas de lingerie preta, Heather se inclinou para tirar as meias, e ouviu o suspiro de Mei escapar.
— Você está me olhando como se fosse me devorar. — Heather provocou, a voz grave.
— É exatamente o que estou pensando. — Mei respondeu sem disfarçar.
O sutiã deslizou pelos braços, a calcinha caiu no chão, e então Heather entrou devagar na banheira, sentando-se atrás de Mei. A água quente arrepiou sua pele, mas o corpo macio de Mei contra o dela foi o que realmente incendiou.
— Vem cá. — Heather murmurou, puxando-a ainda mais, fazendo Mei se acomodar entre suas pernas.
As mãos da capitã mergulharam na espuma e começaram a deslizar pelo corpo da namorada. Primeiro, pelos ombros tensos, massageando devagar; depois, descendo pelos braços até segurar os pulsos com firmeza, como se testasse o quanto Mei estava entregue.
Mei fechou os olhos, respirando fundo.
Heather pegou um punhado de espuma e espalhou pelo colo de Mei, os dedos roçando propositalmente sobre os seios, pressionando os mamilos até arrancar um gemido baixo.
— Hattie... — Mei suspirou, arqueando levemente as costas.
— Só estou te deixando limpa. — Heather respondeu com um sorriso que ela não podia ver, a voz carregada de malícia.
As mãos desceram pela barriga, pelo ventre macio, até encontrar o quadril. Heather se demorou ali, esfregando com calma, como quem marca território.
Mei abriu as pernas sem perceber, entregue ao toque, e Heather aproveitou para ensaboar as coxas com movimentos lentos, de fora para dentro, subindo até quase roçar o sex*.
— Você está brincando comigo. — Mei murmurou, entreabindo os olhos.
Heather não respondeu de imediato. Passou a palma da mão perto demais da região sensível, só para sentir o corpo de Mei estremecer.
Então, quando a ponta dos dedos estava prestes a deslizar para onde o corpo pedia, Mei segurou a mão dela com força.
— Se continuar desse jeito... — Mei arfou, o rosto corado pelo calor e pela excitação. — Não vamos sair daqui tão cedo.
Heather inclinou-se para morder de leve a curva do pescoço dela, sorrindo contra a pele úmida.
— Então vou ter que me controlar. — sussurrou. — Ainda quero te levar para a varanda.
Ela retirou a mão devagar, como quem devolve um doce que ainda vai saborear mais tarde. Continuou passando espuma pelas pernas de Mei, pelas panturrilhas, até os pés, cuidando de cada detalhe, cada centímetro, como se o próprio ato de lavar fosse um ritual de posse e carinho.
Mei relaxou de novo, mas o corpo inteiro estava em chamas, implorando por mais.
— Você é cruel, capitã. — provocou.
— Não. — Heather respondeu, apertando a cintura dela contra si. — Só estou guardando o melhor para depois.
A espuma estalava suave, o vapor cobria o ar, e dentro da banheira a tensão crescia como um fio esticado. Heather a beijou atrás da orelha, lenta, antes de encostar a boca no ouvido dela:
— Hoje à noite... você não vai ter descanso.
Mei sorriu, olhos fechados, corpo entregue.
— Vou esperar ansiosa.
E as duas ficaram ali, imersas, entre beijos molhados e provocações contidas, alongando o banho como um jogo de paciência, onde cada carícia tinha segundas intenções.
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Na varanda, a noite estava límpida, um céu preto salpicado de estrelas, tão abundantes que pareciam cair sobre o quintal. Mei abraçou a taça de vinho com as duas mãos, encolhida contra Heather, que a mantinha protegida sob o braço.
— Sabe o que me lembra? — disse Mei, olhando para cima. — As noites que eu passava no telhado do meu dormitório em Stanford. Eu ficava lá fingindo que estava estudando, mas na verdade tentava achar constelações.
Heather riu baixo.
— Aposto que acertava todas.
— Não... — Mei negou, mordendo o lábio. — Eu inventava as minhas. Ligava as estrelas do jeito que queria e dava nomes ridículos. Uma vez criei a "constelação do caranguejo fujão".
Heather gargalhou, o som ecoando na varanda.
— Agora faz sentido, você estava com saudades de casa?
— É estranho se eu disser que não sentia tanta falta de casa, mas sim de memórias nossas.
— Como assim? — Heather sempre achou que Mei logo fosse esquecer dela quando chegasse na cidade grande e conhecesse novos amigos. Ela era uma adolescente, e adolescentes faziam essas coisas. Enquanto Heather já tinha 22 anos, cuidava do negócio da família e era apenas uma ouvinte atenta das histórias que Mei contava sobre a escola local. Elas não tinham mais tanto tempo juntas naquela época.
— Eu sei que a nossa relação era completamente diferente antes de eu ir estudar fora, mas aqueles momentos com você foram e são muito importantes para mim. Você sabe que eu não tinha amigos e a minha família era muito rígida. Quando eu ia para a sua casa e passávamos horas conversando sobre as coisas que eu gostava, era o melhor momento do meu dia. Senti muito a sua falta, principalmente nos primeiros anos. Mas era difícil entrar em contato sem um celular. Só recebia chamadas da minha família e quando Xiao ligava, aproveitava para perguntar sobre você. Quando fiz 18 anos, meus pais me deram um telefone, só que já tinha se passado tanta tempo que fiquei com vergonha de pedir o seu número para o meu irmão. Achava que você nem lembrava mais de mim.
A capitã ficou surpresa com aquela revelação. Ela já sabia que Mei era apaixonada por ela desde os 14 anos, mas isso foi porque a engenheira lhe contou há pouco tempo. Mas saber todos os detalhes de como Mei se sentia enquanto esteve longe, fazia o seu coração doer. Porque ela também não entrou em contato, mesmo que tivesse tido oportunidade. Para Heather, Mei estava aproveitando os amigos, a faculdade. A liberdade de estar longe para fazer o que tivesse vontade. Ela imaginava que Mei estava entretida demais para querer falar com uma amiga da família.
— Eu sinto muito, Mei. Em nenhum momento esqueci de você. Só que conforme os anos foram passando, tentei me convencer de que você nem lembrava mais de mim. Que se eu te ligasse, seria um incomodo. Então apenas ficava feliz quando Xiao contava sobre você.
Mei apoiou o queixo no ombro dela, sorrindo.
— Talvez ainda não fosse o momento certo pra gente se reaproximar. Eu ainda ia ficar mais quatro anos fora. E nesse tempo, acabei explorando os meus gostos. Beijei algumas meninas, foi bom, mas não quis ir além com nenhuma. Depois, me dediquei integralmente aos estudos, algo me dizia que quando voltasse para casa, encontraria todas as respostas.
— E você encontrou?
— Quando te vi, naquela rua escura, sendo importunada por Connor, sabia que precisava te proteger. E a nossa conversa foi tão natural, como se nunca tivesse existido um tempo em que eu estive longe. O sentimentos que eu tinha por você, começaram a reacender naquela noite.
— Comigo aconteceu o mesmo, só que ali, eu comecei a sentir coisas que nunca tinha me permitido sentir por você. E quanto mais a gente se via e conversava, mas ficava difícil de esconder todos os sentimentos que você estava despertando em mim. — Mei tocou no rosto da capitã e beijou os seus lábios. Mei deslizou os dedos pela mão dela, entrelaçando-os.
— Que bom que nos reencontramos, então sim, eu tive todas as minhas resposta desde a primeira vez que coloquei meus okhos em você de novo, Hattie.
O beijo se tornou mais profundo e apaixonada. Cada célula do corpo de Heather era de Mei e a mais nova sabia disso. Assim com cada parte do seu corpo, era da capitã também. O sabor do vinho se misturava ao desejo de se entregar de corpo e alma aquela relação. A noite mágica embalava o momento especial e reforçava o amor que elas compartilhavam.
Em certo momento, Mei se levantou e foi até o balanço no quintal, os cabelos escuros brilhando sob a luz da varanda. Sentou-se e olhou para Heather.
— Tira uma foto minha? Quero guardar esse momento.
Heather pegou o celular e obedeceu, mas não se contentou com uma só. Se aproximou, puxou Mei pelo braço e se sentou ao lado dela, o balanço rangendo levemente sob o peso das duas. Apertou o rosto contra o dela e tirou mais uma foto, dessa vez com as duas sorrindo como adolescentes.
— Essa vai ficar guardada — Heather disse, olhando a tela.
Mei encostou a testa na dela.
— Quero uma vida cheia dessas pequenas coisas com você. Fotos bobas, noites frias, vinho e risadas.
— Prometo que vamos ter tudo que você sonhou desde a adolescência e só agora posso realizar. — Heather respondeu, e a beijou outra vez.
O resto da noite foi só delas: conversas interrompidas por beijos, risadas abafadas pelo som do fogo da lareira, as estrelas testemunhando o amor que crescia cada vez mais íntimo. Heather se deixou afundar nos braços de Mei, e Mei descobriu que, naquele quintal nevado, havia encontrado o lugar mais seguro do mundo. Depois elas entraram para o acochego da sala e se permitiram descobrir mais ainda sobre seus próprios corpos e como eles poderiam se amar incansavelmente.
Fim do capítulo
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