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Entre Votos e Silencios por anonimo2405

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Palavras: 8638
Acessos: 384   |  Postado em: 19/10/2025

Ela Me Chama, E Eu Atendo

Apartamento Verena  e Silvia — 06h20

O hall do edifício estava mergulhado em silêncio. O segurança da portaria, debruçado sobre o balcão, ergueu os olhos sonolentos quando viu Verena atravessar a porta de vidro. Ela acenou com a cabeça, um cumprimento discreto, e seguiu até o elevador com passos firmes, mas vazios.

As luzes do corredor refletiam nas paredes brancas, tornando o ambiente quase asséptico. Quando a porta do apartamento se abriu, o contraste a atingiu de imediato — o cheiro de lavanda misturado ao perfume de Silvia, a ordem meticulosa da sala, o som distante da cidade dormindo.

Largou as chaves sobre o aparador e ficou ali por um instante, imóvel, observando o próprio reflexo no espelho. A mulher que via — desalinhada, com os cabelos desgrenhados e o olhar perdido — parecia uma estranha. Passou a mão pelo rosto, tentando apagar o cansaço e o resto de tudo o que não conseguia nomear.

Na cozinha, acendeu apenas a luz sobre a pia. A chaleira elétrica estava no mesmo lugar, o bilhete deixado pela esposa preso na geladeira com um ímã de viagem:

“Deixei seu café no forno. Te amo.”

Verena leu em silêncio. O amor, ali, parecia um lembrete frio de tudo o que ela deveria sentir e não conseguia mais ordenar. Serviu-se de um copo d’água, bebeu devagar. O som do líquido descendo pela garganta parecia o único ruído vivo naquela casa.

Deixou os sapatos na entrada, foi até o quarto. O lençol ainda estava esticado, o travesseiro da esposa com a marca funda do último sono. O cheiro dela — discreto, doce — a fez fechar os olhos por um segundo. O corpo pedia descanso, mas a mente não parava.

Sentou-se na beira da cama. O celular piscou em silêncio na mesinha. Nenhuma mensagem. Ainda assim, ela desbloqueou a tela, abriu a conversa que não deveria abrir e ficou ali, olhando para o nome que a consumia: Valentina.

Por um momento, pensou em escrever. “Tá tudo bem?”, talvez. Ou “Desculpa.” Mas os dedos hesitaram sobre o teclado. Sabia que qualquer palavra a empurraria ainda mais para o abismo que jurara evitar.

Encostou-se na cabeceira, o copo vazio nas mãos, o olhar perdido no teto.

— Você precisa parar, Verena… — sussurrou, sem voz.

Mas no fundo, sabia: não iria parar.

Apartamento Verena e Silvia — 06h47

O barulho do chuveiro cessou e o vapor começou a se dissipar. Verena deslizou a mão pela torneira, certificando-se de que estava bem fechada, e puxou a toalha pendurada atrás da porta. Enrolou-a no corpo, depois a usou para secar a pele com calma — primeiro o rosto, depois os ombros, o peito, o abdômen e as pernas. O ar quente do banheiro ainda trazia o cheiro do sabonete e do shampoo.

Abriu a porta, deixando o vapor escapar para o quarto escuro. Caminhou até a cômoda, escolheu uma calcinha boxer branca e uma regata simples. Vestiu-se, sentou-se à beira da cama e passou a toalha nos cabelos só o suficiente para não molhar o travesseiro.

Sentou-se na beira da cama, o celular na mão, o quarto quase às escuras. Só a luz azulada da tela cortava a penumbra, refletindo nas linhas do rosto ainda úmido. Respirou fundo antes de abrir a conversa com Silvia. Digitou devagar, os polegares hesitantes sobre o vidro.

“Já cheguei, amor. Vou tentar dormir um pouco. Qualquer coisa, me liga.”

Ficou olhando para a mensagem enviada, a visualização que não veio. Sentiu o peito apertar — não por ciúme, mas por remorso. Tinha passado a noite num hospital, ao lado da mulher que mais confiava nela no mundo, e agora estava ali, dividida entre o dever e algo que nem sabia nomear.

Deitou-se. O cabelo ainda úmido deixava a pele fria. Olhou para o teto por alguns segundos, buscando o silêncio que não vinha. As imagens da biblioteca voltavam em ondas: o olhar assombrado de Valentina, o toque hesitante das mãos, a respiração curta, os lábios ainda descobrindo o próprio formato do desejo. Tentou afastar — mas quanto mais se obrigava a esquecer, mais nítido o rosto da menina se tornava na escuridão.

Pegou o celular de novo.

A tela acendeu, revelando a última conversa. O “quero te ver” ainda estava ali, seco, direto, quase infantil. Verena passou o polegar sobre a frase, como se o gesto fosse capaz de tocar a menina de novo. O coração disparou; a culpa e a vontade se misturaram em uma dor física.

Sentou-se novamente. Apoiou o cotovelo no joelho, a testa na mão, e ficou assim por um tempo, imóvel, ouvindo apenas o som distante de um carro passando na rua. Pensou em escrever algo simples — um “bom dia”, talvez, algo neutro. Mas o corpo, cansado e carente, traiu o raciocínio.

Começou a digitar:

 “Eu não devia dizer isso, mas sinto falta do seu beijo.”

Ficou olhando para a frase, o cursor piscando lento, hipnótico. A mão tremia levemente. A mente gritava para apagar. Mas o coração, insubordinado, venceu.

Enviou.

O som seco da mensagem enviada soou alto demais no quarto silencioso.

Verena fechou os olhos, o peito subindo e descendo rápido, tentando se convencer de que era só uma recaída, um último erro antes de tentar se endireitar. Mas sabia, no fundo, que tinha acabado de cruzar outra linha — e que o retorno, se existisse, seria ainda mais difícil.

Casa da Família Moraes — Quarto da Valentina, 07h10

O despertador tocou baixo, mas o suficiente para cortar o ar abafado do quarto. Valentina se mexeu sob o lençol, os olhos inchados, o rosto ainda cansado da noite anterior. O corpo parecia mais pesado que o normal — como se o sono tivesse deixado uma pedra no peito.

Virou-se devagar. Isadora, encolhida na outra cama, dormia de lado, o travesseiro quase fora da fronha. O sol filtrava-se pelas frestas da cortina, uma claridade pálida que mal alcançava o chão.

Valentina suspirou e sentou-se na beira da cama, os pés descalços tocando o piso frio. O uniforme já estava dobrado sobre a cadeira, preparado desde a noite anterior. Vestiu a calça devagar, o tecido áspero contra a pele, depois a camiseta branca com o brasão da escola.

Na cômoda, o celular piscava — uma notificação nova. O coração disparou antes mesmo de olhar.

Desbloqueou a tela com as mãos trêmulas. A mensagem estava ali, simples e direta, sem cumprimento, sem disfarce:

“Eu não devia dizer isso, mas sinto falta do seu beijo.”

Por um instante, o quarto desapareceu. Não havia cortina, não havia escola, não havia ninguém. Só aquelas palavras e a lembrança viva dos lábios de Verena, do calor que ela ainda podia jurar sentir na pele.

A garganta apertou. O corpo inteiro pareceu acender e, ao mesmo tempo, congelar. Sentou-se de novo, o celular firme entre os dedos, tentando pensar no que fazer. Apagar? Responder? Fingir que nunca viu?

Lá fora, Ana Paula chamava da cozinha:

— Valentina, o pão tá na mesa, anda logo que vai esfriar!

A voz da mãe a puxou de volta à realidade, mas o rosto continuava em fogo. Olhou para o espelho da cômoda — o reflexo mostrava uma menina assustada, mas com os olhos brilhando de um sentimento que ela não conseguia mais ignorar.

Abaixou a cabeça, tentando respirar. O barulho da irmã virando na cama quebrou o silêncio.

Valentina desligou a tela e guardou o celular no bolso, como quem esconde um segredo perigoso. Depois, respirou fundo e saiu do quarto, o coração martelando no ritmo do erro que sabia que voltaria a cometer.

Casa da Família Moraes — Cozinha, 07h20

O cheiro de café fresco misturava-se ao de pão na chapa, e o som do rádio baixo preenchia a cozinha com uma normalidade que não existia mais. Ana Paula estava de avental, mexendo distraída no bule, enquanto Carlos terminava de ajustar o relógio no pulso, impaciente.

Valentina surgiu no corredor, a mochila pendurada num ombro, o cabelo preso às pressas. Parou por um segundo, observando os pais em silêncio, como se medisse o terreno antes de pisar.

— Bom dia — murmurou, a voz quase inaudível.

— Bom dia — respondeu Ana Paula, sem erguer os olhos. O tom era calmo, mas o cuidado na voz denunciava o esforço para manter a serenidade. Carlos apenas assentiu, tomando um gole do café.

A cadeira arrastou com um som áspero quando Valentina se sentou. O pão já estava no prato, o café com leite ao lado. Ana Paula, de relance, observou a filha: o rosto abatido, os olhos fundos, o uniforme amarrotado nas mangas. O coração apertou, mas ela preferiu o silêncio.

— Dormiu bem? — perguntou, tentando soar natural.

— Uhum. — Valentina respondeu rápido, sem encará-la.

Carlos pigarreou, o barulho seco quebrando a tensão.

— A dor de barriga passou? — perguntou, a voz calma, mas com um fundo de desconfiança.

Valentina hesitou.

— Passou… — respondeu, sem firmeza.

Ana Paula olhou para o marido, pedindo com um gesto que não insistisse.

— Come alguma coisa, filha. Tem prova hoje?

— Não… só aula normal.

A menina pegou o pão, mas não chegou a dar uma mordida. As mãos tremiam levemente, ela disfarçou ajeitando o prato. Ana Paula observava de soslaio, sem coragem de perguntar o que realmente queria: o que se passava por trás daquele olhar perdido, tão distante de si mesma.

Carlos terminou o café e empurrou a cadeira, levantando-se com um suspiro.

— Eu volto mais cedo hoje. — disse, pegando as chaves. — Se sentir alguma coisa de novo, avisa a gente tá?

Valentina apenas assentiu.

O silêncio que restou foi o mesmo da noite anterior — denso, incômodo, cheio de coisas não ditas. Ana Paula recolheu o prato, passou a mão pelos cabelos da filha e forçou um sorriso.

— Vai com Deus, meu amor.

Valentina levantou-se, pendurou a mochila e saiu sem olhar pra trás.

Na sala, o relógio marcava 07h40. O som do portão se fechando ecoou pela casa.

Ana Paula ficou parada por um instante, segurando o pano de prato entre os dedos. Tinha a sensação de que a filha estava indo pra muito mais longe do que a escola.

Rua Bom Pastor — 07h53

O trânsito se arrastava como um animal cansado, e o ruído dos motores era o pano de fundo perfeito para esconder o som da própria respiração. Dentro de um sedã preto, Lilian Nobrega observava em silêncio.

Os vidros escurecidos a protegiam como uma segunda pele. Do lado de fora, Valentina caminhava sozinha pela calçada, os passos curtos, a mochila grande demais para o corpo frágil. Havia algo de estranho na maneira como ela se movia — não era insegurança, era pureza demais. E aquilo incomodava Lilian mais do que queria admitir.

O isqueiro clicou três vezes antes de acender. A fumaça do cigarro desenhou um véu lento diante dos próprios olhos.

— Então é você… — murmurou, com um sorriso curto, cínico. — A santinha que tirou o sono dela.

Ela se inclinou um pouco, o olhar faminto. O reflexo da menina se repetia no espelho lateral: os ombros tensos, a cabeça baixa, os fios de cabelo presos às pressas.

Verena jamais olhara pra ninguém daquele jeito. Lilian sabia — tinha visto o brilho, a fraqueza, a mudança de tom de voz. Sabia reconhecer o amor, ainda que confessado naquelas circunstâncias.

E aquilo a corroía.

Ela puxou outra tragada, os dedos tremendo levemente. O ciúme vinha como uma vertigem, misturado à lembrança da última vez que estivera perto da deputada — o perfume, o sutiã que guardava como uma relíquia, o gosto de algo que nunca chegou a ser.

— O que é que ela viu em você, hein? — sussurrou, quase num riso.

Um ônibus passou devagar, encobrindo por alguns segundos a visão da calçada. Quando o veículo sumiu, Valentina já estava dobrando a esquina.

Lilian apagou o cigarro no painel, ligou o carro e acelerou devagar, mantendo a distância. Não queria ser vista — ainda não.

Mas, pela primeira vez, sentia que tinha algo que Verena queria. E isso era o bastante para continuar.

Apartamento Verena e Silvia — 08h03

O toque do celular rasgou o silêncio do quarto, insistente, vibrando sobre a mesa de cabeceira. Verena levou alguns segundos para reagir. Os olhos ardiam, o corpo pesado de quem dormiu pouco — talvez uma hora, talvez menos. O apartamento estava mergulhado numa penumbra suave, só a luz fria da manhã filtrava-se pelas frestas das cortinas..

Pegou o telefone tateando, sem forças pra erguer a cabeça do travesseiro, meio certa de que fosse Silvia. Mas, quando finalmente conseguiu olhar para a tela, o nome aceso a fez franzir o cenho: Rafaela.

— Droga… — murmurou, a voz rouca de cansaço.

Atendeu com um respiro fundo.

— Oi.

— Finalmente! — a voz da assessora veio do outro lado, apressada, cheia de urgência. — Eu tô te ligando há dez minutos, Verena.

Ela piscou, tentando entender onde estava. O travesseiro ainda guardava o calor do corpo, o lençol embolado na cintura.

— Que horas são?

— Porr* Verena você tá dormindo ainda? São oito horas. E você devia estar a caminho da Assembleia.

Verena suspirou fundo, apoiando o braço na testa.

— Eu não vou hoje.

Silêncio.

Rafaela demorou um segundo para responder.

— Como assim não vai? Você tem reunião da Comissão às nove e meia. O líder do partido já confirmou presença.

— Eu sei. — Ela passou a mão pelo rosto, o cansaço pesando cada sílaba. — Diz que eu tive um imprevisto. Que eu passo aí mais tarde.

— Verena, o que tá acontecendo? — a voz de Rafaela suavizou, mas manteve o tom firme.

Verena se sentou na cama, com as mãos espalmadas no colchão macio. O celular ficou preso entre o ombro e o ouvido, enquanto olhava pro chão, onde o casaco que usara na noite anterior ainda estava jogado. 

Esfregou os olhos, tentando se situar.

— Passei a noite no hospital… o pai da Silvia teve um AVC. — A frase saiu baixa, sem drama, só exaustão.

O silêncio do outro lado quebrou a rigidez de Rafaela por um instante.

— Putz… — suspirou. — Desculpa, eu não sabia. Tá tudo bem com ele?

— Está estável, pelo menos por enquanto. Mas foi um susto. — Verena se apoiou no colchão, o cabelo ainda úmido na nuca, a camisa amarrotada. — Silvia ficou lá com a mãe. Eu vim só pegar umas coisas e tentar dormir um pouco.

— Quer que eu adie sua pauta de hoje? Posso remarcar a Comissão e avisar o conselho.

Verena esfregou os olhos com mais força, a mente voltando aos fragmentos da madrugada: a esposa chorando, a sogra imóvel, o cheiro de hospital, o café frio na máquina do saguão.

— Faz isso, por favor. Eu vou ver se consigo passar aí à tarde.

— Claro. — A voz de Rafaela suavizou. — E… você? Dormiu alguma coisa?

Verena deu um meio sorriso cansado.

— O suficiente pra saber que não devia ter tentado.

— Típico. — Rafaela suspirou. — Então descansa um pouco. E qualquer coisa me liga, tá?

— Tá. Obrigada, Rafa.

Quando desligou, o quarto mergulhou de novo no silêncio. Verena ficou parada por um instante, olhando pro teto, tentando se lembrar de quando foi a última vez que o mundo pareceu menos confuso.

A vontade era de voltar pra cama, apagar tudo por algumas horas. Mas bastou fechar os olhos, e a lembrança veio como um golpe: a pele quente de Valentina, o olhar desesperado… aquela boca.

Apartamento Verena e Silvia — 08h25

O cheiro de café recém-passado preenchia a cozinha silenciosa. Verena apoiou as duas mãos na bancada de mármore, o rosto voltado para a janela. O céu ainda guardava o cinza espesso da madrugada. São Paulo parecia suspensa entre o dia e a noite.

Tomou um gole amargo, sem açúcar, e sentiu o líquido descer arranhando a garganta seca. Estava de moletom e regata branca, os cabelos presos num coque frouxo, tentando parecer alguém que apenas madrugara por trabalho — e não por culpa.

Pegou o celular, hesitou por alguns segundos antes de digitar.

“Amor, acabei de acordar. Vou tomar um banho e voltar pro hospital em menos de uma hora. Como tá o seu pai? E você? Dormiu um pouco?”

Releu a mensagem, suspirou e apertou enviar. Ficou olhando a tela acesa, esperando a visualização que nunca vinham rápido o suficiente.

E antes mesmo de bloquear a tela, o dedo deslizou para a outra conversa. 

Valentina Moraes.

O nome acendeu como uma ferida antiga.

A última mensagem ainda estava ali.

Verena prendeu a respiração, o café esfriando na xícara. Nenhuma resposta. Nenhum sinal de leitura. Só o vazio que ela mesma tinha criado.

Levantou os olhos para o reflexo no vidro da janela — o rosto sem maquiagem, o cabelo preso num coque apressado. Riu, seca.

— Brilhante, Verena… — murmurou. — A menina só sabe chorar e você escreve isso. Imbecil.

Encostou o celular na bancada com força, o som seco ecoando pela cozinha. Por um instante, quis apagar a mensagem, quis desfazer o que já estava feito. Mas ficou ali, imóvel, observando a tela escurecer até o próprio reflexo sumir.

Até que um toque breve de notificação quebrou o silêncio.

Silvia.

“Dormimos um pouco. Ele segue estável, graças a Deus. Vem com calma, tá? Te amo.”

Verena respirou fundo, a garganta apertada.

— Eu também te amo… — disse baixinho, mais para si mesma do que para mensagem.

Deu um último gole no café já morno, passou a mão pelos cabelos e ficou ali, olhando o celular sobre o mármore — como quem observa uma bomba-relógio prestes a estourar.

Apartamento Verena e Silvia — 08h42

Verena apoiou a xícara na pia, respirando fundo antes de subir para o quarto. O silêncio do apartamento era quase ofensivo — o tipo de silêncio que parecia zombar de quem tinha perdido o sono por algo que nem podia ser dito.

Abriu o guarda-roupa e puxou a mala de tecido escuro da última prateleira. O zíper fez um som áspero que quebrou o ar imóvel. A voz de Silvia ainda ecoava na cabeça, nítida, suave, quase doméstica.

Verena pegou a malha dobrada sobre a cadeira, o tecido ainda guardando o cheiro doce de lavanda — o mesmo perfume que a mulher usava desde o início do namoro. Por um instante, o aroma trouxe uma memória breve e cruel: A esposa sorrindo, deitada no sofá, os pés sobre o colo dela, as duas  rindo de nada.

Agora, tudo que restava eram roupas emboladas numa mala e o nó apertado na garganta.

Pegou as roupas, calcinhas, os cremes, o estojo de escova de dentes, os carregadores. O gesto metódico, quase militar, mascarava o turbilhão interno. Dobrava, organizava, fechava o zíper como se fosse possível ordenar o que estava despedaçado por dentro.

Antes de sair, parou em frente ao espelho da penteadeira. Passou a mão pelo rosto, ajeitou os óculos, o cabelo preso e vestiu a jaqueta leve sobre a camisa branca. Olhou-se nos olhos — cansados, fundos, lúcidos — e disse num sussurro irônico, quase imperceptível:

— Uma esposa exemplar, não é, Verena?

Pegou a mala e as chaves, apagou as luzes, e o som do trinco ecoou alto demais no corredor.

O elevador desceu devagar, refletindo no aço escovado o rosto de uma mulher que tentava parecer inteira. Mas dentro dela, a madrugada ainda não tinha acabado.

Hospital Sírio-Libanês - 09h27

A claridade branca do hospital parecia mais fria do que o normal. Verena atravessou o saguão com a mala na mão, os passos firmes contrastando com o olhar cansado. Cada vez que vinha, o cheiro de álcool e café forte a fazia lembrar da noite anterior — dos olhos marejados da esposa, das mãos trêmulas da sogra, do relógio marcando horas demais.

Ao dobrar o corredor, viu Silvia de pé, perto da janela do andar da internação. A mulher parecia menor dentro do casaco azul, o cabelo preso num coque apressado, a expressão partida entre a vigília e o cansaço. Verena parou por um instante. Respirou fundo. E então, antes que pudesse falar qualquer coisa, Silvia a viu.

O olhar dela mudou. Primeiro alívio. Depois, emoção. E por fim, um tremor discreto, quase imperceptível, antes de correr até a esposa.

O abraço veio forte, urgente — um abraço de quem vinha segurando o mundo nos braços e, por fim, o deixava cair. Silvia escondeu o rosto no pescoço de Verena e murmurou num fio de voz:

— Achei que não ia aguentar mais uma hora sem você.

Verena fechou os olhos. As mãos deslizaram pelas costas da esposa, num gesto automático, terno, mas carregado de uma dor muda.

— Eu tô aqui — disse, baixinho, com o tom firme que usava quando precisava parecer invencível. — Tô aqui, meu amor.

Silvia respirou fundo, os ombros afundando um pouco mais no abraço.

— Ele ainda tá na UTI, mas disseram que tá estável. A médica passou há pouco, falou que ele reagiu bem à medicação.

Fez uma pausa curta e olhou pra ela, com um meio-sorriso cansado.

— Obrigada por ter vindo rápido.

Verena a encarou, e o peso daquelas palavras doeu mais do que devia. Não era só pela pressa — era por tudo que havia entre as duas, o amor ainda inteiro e o abismo crescendo no meio.

— Eu nunca deixaria você sozinha. — respondeu, sincera.

E quando Silvia voltou a encostar o rosto no seu ombro, ela fechou os olhos de novo.

Por alguns segundos, deixou-se ficar ali, parada no meio do corredor de piso brilhante, cercada de máquinas, passos apressados e sons metálicos. O corpo de Silvia tremia de leve em seus braços.

E a culpa — aquela culpa que parecia tatuada sob a pele — se espalhou outra vez, fria, silenciosa, devastadora.

Hospital Sírio-Libanês - 09h43

Silvia soltou o abraço devagar, mas manteve os dedos entrelaçados nos de Verena, como se o corpo ainda não tivesse coragem de abrir mão daquele contato.

— Vamos deixar as coisas no quarto — disse, num tom prático, a voz levemente rouca. — Depois a gente sobe pra ver o meu pai.

Verena assentiu e pegou a mala com a outra mão. As duas seguiram pelo corredor de piso encerado, o som abafado dos sapatos baixos de Silvia misturando-se ao zumbido constante do ar-condicionado. A cada passo, Verena sentia o corpo da esposa ligeiramente inclinar-se em sua direção, uma busca silenciosa por estabilidade.

O quarto do acompanhante era pequeno, mas confortável — poltronas reclináveis, cortinas cinzas, uma TV ligada sem som, o cheiro limpo de desinfetante misturado ao perfume floral que parecia vir da própria Silvia.

Verena colocou a mala sobre a poltrona e abriu o zíper.

— Sua mãe tá onde? — perguntou, enquanto tirava as roupas com o mesmo cuidado de quem organiza uma trincheira.

Silvia ajeitou o cabelo atrás da orelha.

— Consegui convencer ela a ir comer alguma coisa. — respondeu, sentando-se na beira da cama. — Tava desde ontem sem levantar daquela cadeira.

— Que bom — disse Verena, sincera. — Pelo menos um pouco de descanso pra ela também.

Silvia suspirou, as mãos apoiadas nas próprias coxas, o olhar perdido por um segundo no chão claro.

— Eu achei que não ia conseguir. — confessou, a voz baixa. — A hora que vi o médico vindo com aquele papel, achei que era… — interrompeu-se, fechando os olhos por um instante. — Mas ele tá reagindo bem.

A parlamentar se aproximou, ajoelhou-se diante da esposa, as mãos sobre os joelhos dela.

— Eu sei. E vai continuar reagindo. — disse, olhando firme. — Ele é forte. E você fez tudo certo.

Silvia assentiu, tentando sorrir, mas os olhos marejaram de novo. Verena esticou o braço e a abraçou ali mesmo, no chão frio do quarto, o rosto encostado nas pernas da mulher. O gesto foi simples, quase infantil, mas carregava um tipo de ternura que nenhuma das duas sabia nomear.

Silvia passou a mão devagar pelos cabelos da esposa, murmurando:

— Você devia descansar um pouco. Tá com uma carinha de quem não dormiu direito. Pelo menos se deita um pouquinho, tá? 

Verena respirou fundo, o rosto ainda apoiado nela.

— Daqui a pouco. Só mais um minuto assim.

E ficou.

Silvia não insistiu.

O relógio de parede marcava 09h49. Lá fora, o movimento dos enfermeiros seguia firme, como se o mundo não tivesse parado dentro daquele quarto.

Hospital Sírio-Libanês - 10h07

A porta abriu-se devagar, e o som do corredor invadiu o quarto por um instante. Dona Lúcia surgiu carregando uma bandeja de isopor — suco, café e um pão partido ao meio. O rosto denunciava o cansaço da noite anterior, mas o olhar se suavizou ao ver a nora ali.

— Ah, minha filha… — suspirou, pousando a bandeja sobre a mesinha. — Que bom que você chegou.

Verena levantou-se, abraçando-a com delicadeza.

— Vim assim que deu. Como ele tá?

— Tá firme, graças a Deus. — respondeu a mulher, ajeitando o lenço floral sobre os ombros. — O médico disse que vai ser um processo lento, mas que o quadro é estável.

Silvia olhou para a mãe com um sorriso cansado.

— Eu falei pra senhora comer direito. — murmurou.

— E eu comi, tá vendo? — rebateu a mais velha, num tom maternal. — Agora é você que vai.

Silvia negou de pronto.

— Não quero sair daqui. O médico pode vir a qualquer hora.

A mulher suspirou, cruzando os braços.

— Tá vendo só como ela é? — disse, virando-se para Verena, com aquele olhar cúmplice que só as sogras experientes têm. — Fala com essa cabecinha dura, minha filha. Vê se convence ela a ir pelo menos lá embaixo, tomar um ar.

Verena deu um meio sorriso, levantando as sobrancelhas.

— Eu? — perguntou, fingindo espanto. — A senhora quer que eu enfrente essa teimosia toda?

— Quem mais conseguiria? — respondeu a mais velha, com ironia leve.

Silvia balançou a cabeça, mas já esboçava um sorriso. Verena se aproximou, parando ao lado da esposa, e baixou o tom da voz:

— Escuta a sua mãe, amor. — disse, tranquila. — Você precisa respirar um pouco. Dez minutos. Eu fico aqui, se o médico aparecer. Prometo que ligo.

Silvia desviou o olhar, relutante.

— Eu não quero deixar vocês sozinhas aqui…

Verena riu de leve.

— Sua mãe é mais responsável do que nós duas juntas. — comentou, e a sogra, rindo, assentiu com orgulho.

Silvia suspirou, rendida, e enfim se levantou.

— Tá bom. Mas é só um café, tá? Dez minutos.

— Quinze. — corrigiu Verena, baixinho, com um sorriso maroto que fez a sogra fingir não notar.

Silvia revirou os olhos, mas acabou sorrindo também. Pegou a bolsa e ajeitou a gola do casaco.

— Se eu for e você se meter a trabalhar no celular, eu volto na mesma hora.

— Prometo que não. — respondeu Verena, erguendo a mão num gesto quase solene.

Quando Silvia saiu, Lúcia olhou para a nora com ternura.

— Você é a única que consegue falar com ela assim. — disse, ajeitando a bandeja. — Obrigada, viu, minha filha?

Verena sorriu, mas por dentro, sentia o peso daquelas palavras despencando no peito.

— É o mínimo, dona Lúcia. — respondeu. — A senhora sabe que pode contar comigo pra tudo.

E ficou ali, em silêncio, observando a mulher mais velha mexer no café, enquanto a culpa, mais uma vez, começava a se enroscar entre os dedos que ainda guardavam o calor do toque da esposa.

Hospital Sírio-Libanês - 10h21

Verena ajeitava a manta sobre o colo da sogra quando o celular vibrou na mesinha de apoio. Um toque curto — discreto — mas suficiente para cortar o ar.

Ela pegou o aparelho devagar, escondendo a tela do campo de visão da mulher. 

Uma mensagem de Silvia.

“Tô no banheiro. Não tô bem.”

O sangue gelou. Verena ergueu o olhar para a sogra, que folheava uma revista velha, alheia. Engoliu em seco. O coração batia alto demais.

— Eu vou pegar um café lá embaixo. — disse, tentando soar leve. — Quer que eu traga alguma coisa?

— Traz só uma água gelada, se tiver — respondeu Lúcia, sem erguer os olhos.

Verena assentiu e assim que atravessou a porta, o disfarce caiu. O corpo inteiro reagiu como quem foge de um incêndio. Os passos ritmados ecoavam pelo corredor branco.

“Banheiro.”

Ela pensava nessa palavra como se fosse um endereço vital. Dobrou à esquerda, depois à direita, atravessando o setor de internação até o corredor mais vazio — o das portas com plaquinhas azuis, onde o som de secadores de mãos se misturava ao pingar contínuo das torneiras.

Empurrou a porta de leve.

Lá estava Silvia, encostada à pia, os ombros curvados, o rosto enterrado nas mãos. A imagem que Verena sempre temeu: a mulher que sustentava o mundo desabando sozinha.

— Amor… — chamou, a voz rouca.

Silvia ergueu o olhar em um sobressalto. O rosto estava banhado de lágrimas, o nariz vermelho.

— Eu tentei me segurar — disse, entre soluços. — Mas não consigo, Vê. Eu entrei aqui pra ninguém ver… mas não consigo parar.

Verena fechou a porta atrás de si, trancando-a com cuidado. Deu dois passos, depois mais um, até que os corpos se encontraram.

— Ei, olha pra mim. — sussurrou, segurando o rosto dela com as duas mãos. — Respira comigo. Devagar.

Silvia balançava a cabeça.

— Ver ele daquele jeito, Verena. Ver meu pai daquele jeito, eu tô com medo dele não conseguir mais se recuperar. Dele não falar mais comigo.

— Ei, amor. Isso não vai acontecer. — respondeu ela, passando o polegar pelas lágrimas. — O médico disse que ele tá reagindo bem.

Silvia chorava mais forte, encostando a testa no ombro da esposa.

— Eu tô com tanto medo…

Verena a envolveu num abraço firme. Sentiu o corpo da mulher estremecer, e segurou mais forte, os olhos fixos no espelho à frente: duas silhuetas coladas, uma buscando força, a outra tentando não desmoronar.

— Ele vai voltar. — disse, quase num sussurro. — Eu prometo que vai.

— Você não pode prometer isso… — respondeu Silvia, a voz embargada, os dedos apertando a camisa da esposa com força.

— Posso — insistiu Verena. — Porque eu acredito. E enquanto ele tá aqui, lutando, a gente tem que lutar também.

O ar cheirava a desinfetante e perfume misturado. O barulho distante de uma maca riscou o corredor.

— Vamos passar por isso juntas. — murmurou Verena, o queixo apoiado na cabeça da esposa. — Mas você precisa respirar e se acalmar. Tá bem?  Eu vou cuidar de você.

Silvia assentiu, soluçando. Verena manteve o abraço, balançando-a devagar, até sentir o ritmo da respiração diminuir. Só então, afastou-se um pouco, pegou papel-toalha e limpou o rosto dela com delicadeza.

— Pronto. — disse, com um sorriso suave. — Agora a gente vai lá fora, tomar um café, e volta pra ver sua mãe. Tá?

Silvia fungou, ainda trêmula.

— Você sempre sabe o que dizer.

Verena sorriu — mas o sorriso doeu. Porque, no fundo, sabia que metade das palavras que dizia já não bastavam pra apagar tudo o que havia feito.

Ela abriu a porta e, antes de sair, ajeitou o cabelo da esposa com um gesto automático, protetor.

— Vem. — disse baixo. — Eu tô com você.

E seguiram juntas pelo corredor branco, de mãos entrelaçadas, como duas mulheres tentando atravessar a noite em pleno dia.

Hospital Sírio-Libanês - Cafeteria, 10h41

O ambiente era amplo, de teto alto e iluminação suave. O aroma de café fresco se misturava ao de pão de queijo assando nas vitrines reluzentes.

Mesas de mármore claro se espalhavam pelo salão, cercadas por poltronas de couro creme. Enfermeiros, acompanhantes e alguns médicos formavam um pequeno mosaico silencioso de gente cansada.

Verena entrou de mãos dadas com Silvia, conduzindo-a até uma mesa próxima à janela, de onde se via parte do jardim interno.

Fez sinal para o garçom antes mesmo de se sentarem.

— Dois cafés com leite e dois pães de queijo, por favor. — disse, num tom gentil, mas que soava quase como uma ordem velada.

Silvia apenas assentiu, os olhos baixos, as mãos trêmulas no colo. Verena observou-a por alguns segundos. O cabelo castanho-claro estava solto, um pouco desalinhado, o rosto, sem maquiagem, revelava toda a exaustão que ela tentava esconder desde a noite anterior.

— Quer que eu pegue água também? — perguntou Verena, pousando a mão sobre a dela.

Silvia negou com um gesto pequeno, mas manteve os dedos entrelaçados nos da esposa, como quem não queria soltar por nada.

— Eu tô tão cansada… — murmurou. — É como se o corpo estivesse bem mais pesado, sabe?

— Eu sei. — respondeu Verena, acariciando o dorso da mão dela com o polegar. — Mas você tá segurando firme. E eu tô aqui, meu amor.

O garçom trouxe os pedidos. O vapor do café subiu entre elas, e Verena usou o guardanapo para ajeitar o pires da esposa, num cuidado quase instintivo. 

Silvia tentou sorrir. Pegou a xícara, mas as mãos vacilaram. Verena, sem dizer nada, segurou-a por cima, guiando o movimento até os lábios dela.

Silvia fechou os olhos ao primeiro gole.

— Obrigada. — sussurrou. — Você sempre cuida de tudo.

Verena forçou um sorriso discreto, mas o peito apertou.

— Eu sempre vou cuidar de você.

Silêncio.

O som dos talheres e das conversas baixas ao redor parecia distante. Por alguns segundos, Silvia apoiou a cabeça no ombro da esposa, esquecendo-se de onde estavam. A deputada passou o braço pelas costas dela, num gesto terno, o polegar desenhando círculos lentos sobre o tecido da blusa.

— Lembra quando eu dizia que você precisava desacelerar? — murmurou Verena, com um sorriso triste. — Acho que o mundo resolveu cobrar tudo de uma vez.

Silvia soltou um riso fraco, sem humor.

— Pois é. E justo quando a gente achou que tava começando a acertar as coisas.

Verena inclinou o rosto, encostando os lábios na testa dela.

— A gente ainda vai acertar. — disse baixo. — Eu prometo.

Silvia respirou fundo, deixando-se acolher naquele abraço discreto, como uma criança exausta depois de um pesadelo. E por um instante — breve, delicado — tudo pareceu se calar.

O mundo, o hospital, os erros, o medo. Só existiam as duas, e o café que esfriava devagar sobre a pedra fria da mesa.

Escola Estadual Prof. Luiz Roberto Pinheiro — 11h42

O ventilador no teto girava preguiçoso, sem fazer diferença nenhuma no calor que grudava no ar. A turma já estava inquieta, batucando com canetas, trocando bilhetes, alguns rindo baixo no fundo.

Valentina tentava se concentrar na explicação da professora de Biologia, mas a cabeça estava em outro lugar — nas palavras que tinha lido no celular antes de sair de casa, repetindo como um eco impossível de calar.

O coração apertou de novo. Era como se aquela frase tivesse atravessado o peito e ficado ali, pulsando sozinha.

— Gente, antes de ir embora — disse a professora, folheando uma pilha de folhas amassadas — vou devolver a provinha de terça, tá? No geral as notas foram boas, mas tivemos algumas notas baixas.

Um coro de reclamações atravessou a sala. Valentina endireitou a postura, sentindo um frio subir pelo estômago.

— Valentina Moraes — chamou a professora, com a voz cansada de fim de turno.

Ela foi até a mesa, pegou o papel sem olhar. Voltou pro lugar. Só quando sentou é que baixou os olhos pro canto da folha.

Nota: 4,0

O número em vermelho pareceu gritar.

O rosto esquentou, o peito travou. Era a pior nota que já tinha tirado aquele ano. 

A professora continuava chamando nomes, mas Valentina não ouvia mais. Tudo que conseguia pensar era: até isso eu tô estragando agora. Dobrou a prova devagar, tentando esconder o tremor das mãos.

Na fileira da frente, Carol virou o rosto, notando a expressão dela.

— O que foi, Valen? — sussurrou, de leve.

Valentina balançou a cabeça, fingindo um sorriso que não veio. O sinal tocou logo em seguida, o barulho alto demais pra quem queria desaparecer.

Escola Estadual Prof. Luiz Roberto Pinheiro —  Banheiro feminino, 11h56 

O corredor ainda estava cheio de vozes, mas no banheiro o som vinha abafado — só o gotejar insistente da torneira quebrada e o zunido de uma descarga recém acionada.

Valentina se trancou na última cabine. Encostou a mochila no chão e ficou ali, parada, olhando pro vazio por alguns segundos. A prova amassada ainda estava na mão. O número vermelho parecia latejar.

Engoliu em seco. Sentiu o estômago se contrair, a garganta arder. Tentou respirar fundo, mas o ar saía curto demais.

Abaixou-se, apoiando os cotovelos nos joelhos. A mente girava entre duas coisas que a esmagavam: o peso daquela nota e a mensagem que continuava sem resposta na tela do celular.

Ela fechou os olhos. O coração disparou de novo, como se a frase estivesse viva dentro dela. As lembranças voltaram todas ao mesmo tempo — o toque, o cheiro, o calor das mãos da deputada.

Valentina sentiu o rosto ferver. Levou as mãos à cabeça, os dedos apertando o couro cabeludo. Queria apagar tudo. Queria lembrar só o suficiente pra não esquecer completamente.

— O que eu faço… — sussurrou, quase sem voz.

O som da descarga de uma cabine ao lado a fez despertar do transe. Endireitou-se, abriu a bolsa, pegou o celular. A tela acendeu. A conversa com Verena ainda aberta. Nenhuma mensagem nova.

O impulso de digitar era mais forte que o medo.

Escreveu “eu também”, mas apagou antes de terminar.

Ficou olhando o campo de texto vazio por longos segundos. No fundo do corredor, o sinal do fim do turno ecoou alto, o eco metálico batendo nas paredes.

Valentina limpou o rosto com o punho da blusa, respirou fundo e destravou a porta devagar. Sabia que Carol devia estar esperando lá fora. Mas não fazia ideia do que dizer — nem pra ela, nem pra si mesma.

Escola Estadual Prof. Luiz Roberto Pinheiro —  Banheiro feminino, 12h03

Valentina saiu da cabine com os olhos ainda vermelhos, o rosto lavado, tentando parecer normal. Jogou um pouco de água fria no rosto, respirou fundo e se abaixou pra pegar a mochila.

Quando virou, deu de cara com Carol parada na porta. Os braços cruzados, o olhar fixo, nada amistoso.

— Tá chorando de novo? — perguntou, direto.

Valentina desviou o rosto. — Claro que não.

— Aham. — Carol entrou, empurrando a porta até o trinco bater. O barulho ecoou no azulejo. — Sua cara tá toda vermelha, Valen.

— É só o calor, Carol. — tentou sorrir, mas a voz falhou.

A amiga deu dois passos pra frente. — Não mente pra mim. — segurou de leve o braço dela, mas a firmeza do gesto fez Valentina estremecer. — Foi ela de novo, não foi?

O silêncio foi a resposta. Valentina engoliu seco, abaixando a cabeça.

— Eu vi sua cara quando olhou pro celular mais cedo — continuou Carol, a voz tremendo entre raiva e desespero. — Você acha que eu não percebo? Você tá se destruindo, Valen.

— Para, por favor. — pediu, baixinho.

Carol riu, sem humor. — Pra quê? Pra ver você chorando todo dia por causa daquela mulher? Uma mulher covarde, que tá te fazendo mal e você não quer enxergar.

Valentina levantou o olhar de repente, o coração disparado.

— Não fala dela assim. — disse, num fio de voz, mas o tom fez Carol congelar.

— Por que não? — Carol deu um meio sorriso nervoso, balançando a cabeça. — Ela te manipula, te deixa assim, chorando trancada no banheiro, e ainda tem que ser tratada como santa?

— Você não entende… — sussurrou Valentina, o rosto ardendo.

A amiga respirou fundo, se arrependendo no mesmo instante.

— Eu só tô tentando te proteger. — murmurou, menos dura. — Essa história vai acabar com você. E eu não sei mais o que fazer pra você parar com isso. Amiga, as coisas estão indo pra um caminho sem volta.

Valentina apertou a alça da mochila, o rosto voltou a corar.

— Eu sei me cuidar.

— Não, não sabe. — Carol deu um passo atrás, balançando a cabeça. — Você acha que sabe, mas não sabe.

O banheiro ficou em silêncio por alguns segundos. Só o barulho da torneira pingando e o som distante dos alunos indo embora.

Valentina respirou fundo.

— Eu preciso ir pra casa.

Carol ficou olhando enquanto ela passava por ela, devagar, sem conseguir dizer mais nada. A porta se fechou. E o eco das palavras, “não fala dela assim” ficou rodando na cabeça das duas, como uma confissão que ninguém queria admitir.

Saída da escola — Rua Bom Pastor, 12h18 

O portão de ferro se fechou atrás dela com um rangido agudo. O sol do meio-dia vinha como lâmina, refletido no asfalto quente. Valentina andava rápido, a mochila batendo nas costas, os olhos fixos no chão.

Sentia o gosto salgado das lágrimas secando no canto da boca.

O coração batia forte demais, como se quisesse sair do peito. Respirou fundo, mas o ar parecia não chegar até o fim.

Na esquina, parou. Tirou o celular do bolso, as mãos tremendo. A conversa com Verena ainda aberta, congelada na mensagem não respondida.

O estômago revirou.

A lembrança do toque, do cheiro, da voz baixa sussurrando seu nome. Quis apagar tudo — mas o dedo se moveu sozinho.

Digitou:

“não tô bem”

E antes que pudesse pensar, enviou.

A tela piscou. O ícone de mensagem entregue apareceu e sentiu o coração quase parar.

Encostou-se ao muro, sentindo as pernas fraquejarem. O barulho dos carros, o cheiro de asfalto quente, tudo pareceu distante. Apenas o celular em sua mão existia.

A tela apagou. E naquele instante, Valentina percebeu o tamanho do abismo em que estava prestes a cair.

Hospital Sírio-Libanês — Quarto 409, 12h23

O ar-condicionado zumbia baixo, misturado ao som contínuo dos monitores cardíacos do quarto ao lado. Silvia conversava em voz baixa com a mãe, que cochilava entre uma frase e outra.

Verena, de pé perto da janela, fingia revisar mensagens do gabinete.

O celular vibrou uma vez. A notificação apareceu com o nome que ela jurou não abrir enquanto estivesse ali: Valentina.

O coração disparou. Um segundo toque — vibração curta, insistente. 

Abriu.

“não tô bem”

O mundo parou. As palavras eram minúsculas, simples, mas ardiam como ferro em brasa. Verena sentiu o sangue sumir do rosto.

Engoliu seco. Guardou o aparelho virado para baixo na palma da mão, como se fosse um objeto proibido. Mas o pulso não parava de latejar.

— Tá tudo bem, amor? — perguntou Silvia, sem levantar muito a voz.

Verena piscou devagar, lutando para disfarçar.

— Tudo… tudo certo. É só coisa do gabinete. — respondeu, com o sorriso ensaiado de sempre.

Silvia assentiu, voltando os olhos para a mãe. Verena, então, se afastou discretamente até a porta, abriu devagar e saiu para o corredor.

O som do hospital era frio: passos apressados, carrinhos de medicação, vozes profissionais. Encostou-se à parede, destravou o telefone e releu a mensagem.

O coração batia nas têmporas.

Pensou em ignorar. Mas a imagem da menina, sozinha, chorando, lhe atravessou o peito.

Digitou:

“Onde você tá?”

Ficou olhando a tela, o polegar pairando sobre o botão de enviar. Uma gota de suor desceu pela nuca. E, por um instante, ela se odiou por saber que iria apertar enviar mesmo assim.

— Maldita covardia… — murmurou, quase sem som.

Rua Visconde de Pirajá — Ipiranga, 12h33

O sol batia forte no asfalto, e o barulho distante dos ônibus misturava-se ao som dos próprios passos. Valentina segurava o celular com as duas mãos, os olhos apertados pela claridade.

A notificação acendeu a tela. O coração disparou antes mesmo de ler.

“Onde você tá?”

Ela parou de andar. O mundo pareceu perder o som por um segundo. O coração batia no pescoço, nas têmporas, nas pontas dos dedos.

Respirou fundo, olhou em volta — a mesma rua de sempre, o mercadinho de fachada verde, o barulho do caminhão de frutas descarregando caixas. Tudo igual, mas ela não.

Aquela mensagem era como um puxão invisível.

Abaixou o olhar e digitou com os dedos trêmulos:

“Perto de casa.”

O polegar hesitou antes de apertar enviar. Mas enviou. E imediatamente sentiu o estômago afundar.

O medo, a culpa e um alívio inexplicável se misturaram. O celular vibrou de novo quase em seguida. O nome dela na tela — Verena.

“Você tá sozinha?”

Valentina mordeu o lábio inferior. Olhou em volta de novo, como se alguém pudesse estar assistindo àquilo. As pernas pareciam de algodão. Respondeu, num sussurro, como se o próprio celular pudesse ouvi-la:

“Tô.”

O vento levantou um pouco o cabelo, o calor queimava a nuca, mas era outra coisa que a fazia suar. A tela voltou a acender.

“Posso te ligar?”

O coração deu um salto. Os dedos congelaram. Olhou pra tela, sem saber se queria isso ou se precisava correr. Mas antes que pensasse em qualquer resposta, o nome de Verena apareceu de novo — dessa vez com o som insistente da ligação.

O polegar tremia. Mas mesmo assim, atendeu.

— Alô… — a voz saiu num sussurro.

Do outro lado, o som veio firme, grave, mas com algo cansado, um eco de ternura que parecia vir de muito longe.

— Oi, meu bem. — Verena falou sem pensar. O apelido escapou, suave, antes que pudesse contê-lo. — Tá tudo bem?

Valentina sentiu o peito apertar. Ninguém nunca a tinha chamado assim daquele jeito — meio doce, com aquela voz rouca e grave. O mundo pareceu parar por um instante. Só o barulho distante de um ônibus e o coração tentando acompanhar aquele timbre.

— Tô… — respondeu, quase sem voz. — Quer dizer… tô tentando.

Do outro lado da linha, Verena ficou em silêncio por alguns segundos. Dava pra ouvir a respiração — um som ritmado, que fazia Valentina apertar ainda mais o celular contra o rosto.

— Eu me preocupei. — disse enfim, num tom baixo. — Quando você mandou aquela mensagem, achei que fosse… algo sério.

— Foi. — Valentina respirou fundo. — Quer dizer, é. Eu só… — a voz falhou. — Fiquei um pouco nervosa, não sabia o que fazer..

— Ei. — A voz de Verena baixou mais. — Olha pra mim. — E percebeu o erro, o reflexo involuntário. Corrigiu com um sorriso que não se ouvia, mas se sentia. — Quer dizer… respira, tá?

Valentina assentiu, mesmo sabendo que ela não podia vê-la.

— Eu respirei o dia inteiro e ainda parece que falta ar.

Do outro lado, Verena ficou quieta. Um tipo de silêncio que dizia mais do que qualquer palavra.

— Vai ficar tudo bem. Você não precisa se explicar agora. — falou, com calma, cada palavra escolhida. — Só queria ouvir a sua voz.

O calor subiu até o rosto, a respiração descompassada. A frase a atravessou como um golpe doce. O rosto ardeu, o chão pareceu se mover sob os pés.

— A minha voz? — murmurou.

— É. — Verena suspirou, um som baixo, íntimo. — Ela tem algo… que me acalma.

Valentina fechou os olhos. Sentia as pernas fraquejarem, o corpo leve e pesado ao mesmo tempo.

— Eu fico nervosa quando você fala assim. — disse, num fio de voz.

Verena sorriu — e o sorriso soou no ar, invisível, mas vivo.

— Desculpa. Não era pra deixar você nervosa. Era pra você saber que eu tô aqui.

Por um momento, nenhuma das duas disse nada. O tempo pareceu se dobrar, a rua se dissolveu, restando apenas o som das respirações trocadas pelo telefone.

— Queria poder te abraçar agora. — Verena murmurou, quase sem perceber o que dizia. — Só isso.

Valentina apertou o celular contra o ouvido.

— Eu também. — respondeu, baixinho.

Verena suspirou profundamente.

— Não pensa em nada agora, tá? Só respira.

A menina assentiu, mesmo sabendo que ela não podia vê-la.

O celular tremia na mão de Valentina, quente como se fosse parte do corpo. Do outro lado da linha, a voz de Verena soava calma, mas havia algo mais — uma hesitação contida, quase um tremor entre sílabas.

— Você ainda tá perto de casa, meu anjo? — perguntou, e só depois pareceu perceber o apelido. A voz suavizou. — Posso ir falando com você até chegar?

Valentina engoliu em seco. O coração batia rápido demais.

— P-pode… — respondeu, e começou a andar, os passos curtos, quase infantis.

A respiração de Verena vinha nítida pelo auto falante, misturada ao ruído abafado da rua, como se o mundo das duas se encaixasse naquele fio invisível.

— E aí, como foi a escola hoje? — perguntou, tentando soar leve, mas a frase saiu incerta, fora do tom.

Valentina apertou a alça da mochila, a cabeça baixa.

— Foi… normal. — mentiu, a voz quase sumindo.

Verena percebeu o esforço, mas não a interrompeu. Ficou alguns segundos em silêncio, ouvindo o som dos passos no cimento, o chiado da respiração curta.

— Tá muito quente aí, né? — disse por fim, como quem se agarra a qualquer assunto pra mantê-la na linha.

— Tá. — Valentina respondeu, o rosto corando. — Eu tô quase chegando.

— Tá bem. — murmurou Verena, baixo. — Só queria ter certeza de que você tava bem mesmo.

Valentina fechou os olhos por um instante, o corpo inteiro pulsando.

— Eu tô. — respondeu, sem convicção.

— Promete? — insistiu, num tom que era mais pedido que cobrança.

A menina respirou fundo.

— Prometo.

Do outro lado, Verena sorriu — um sorriso que ninguém viu, mas que se sentia na voz.

— Então tá bom, meu anjo. Me avise quando chegar.

Valentina andou mais alguns metros, o coração disparado, o som da voz dela ainda ecoando pelo aparelho. Quando finalmente parou diante do portão de casa, ficou alguns segundos muda, até sussurrar:

— Já cheguei.

— Ótimo. — disse Verena, num tom calmo que tentava esconder o alívio. — Agora entra e descansa um pouco, tá? Qualquer coisa me avisa.

A ligação terminou, mas o mundo não voltou ao normal. Valentina ficou ali, parada, com o celular ainda na mão, sentindo o calor do sol e o da voz dela se confundindo dentro do peito.

Hospital Sírio-Libanês — 12h48

O sinal da ligação caiu, e o silêncio que ficou era quase doce. Verena ficou alguns segundos com o celular ainda colado ao ouvido, como se a voz dela pudesse voltar. Os lábios curvados num sorriso discreto, cansado, mas genuíno — o primeiro em dias.

O arrependimento veio logo depois, como um soco lento. O que estava fazendo? Por que insistia em magoar a mulher por quem estava ali, para proteger, cuidar, como havia dito? Por que cruzar linhas que não sabia serem irreversíveis?

Suspirou fundo, levando a mão à testa. Estava prestes a guardar o celular quando sentiu algo mudar no ar.

Virou o rosto devagar.

Silvia estava ali. A poucos metros atrás de si. Braços cruzados, a expressão indecifrável — metade confusão, metade dor contida. O sorriso de Verena morreu devagar, como uma vela engolida pelo vento.

O corpo inteiro pareceu enrijecer. Engoliu em seco, o gosto amargo da culpa subindo pela garganta Por um instante, ninguém falou. O tempo se suspendeu entre as duas, feito uma ponte frágil prestes a ruir.

O celular escorregou dos dedos de Verena e bateu de leve contra a lateral da perna. O som seco ecoou mais alto do que deveria. E ela soube, no mesmo segundo, que talvez estivesse diante de sua ruína.

Fim do capítulo


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Comentários para 34 - Ela Me Chama, E Eu Atendo:
N@ty
N@ty

Em: 21/10/2025

Graças adeus Silvia descobriu( creio)

A Verena tá tão perdida que ela continuaria nessa falsidade e ilusão até ser pega, como foi.

Ainda bem que foi logo no começo

Já é ruim, mas ficaria pior ela mantendo um caso com Valentina e continuando a magoar a mulher foda que Silvia é. Mulherão!

Valentina está sendo testada e levada até o limite

Esse romance é cheio de obstáculos 

Eu quero ver a evolução e transformação que Valentina passará.

 

 


anonimo2405

anonimo2405 Em: 10/11/2025 Autora da história
Oieee!

Chegando um pouquinho atrasada, mas não poderia deixar de te responder!

E concordo com vc. Mesmo sabendo do sofrimento que ela vai passar, é aquele ditado, antes tarde do que nunca né.

Mas a Silvia precisa agir, parar de ceder tanto. Mas parece que a relação dela com a Verena não é tão simples quanto parece. Pq depois de tantos.erros da Verena, e ela sempre perdoa. Enfim, quem sou eu pra julgar né.

E a Valentina, esse sentimento tão forte que ela tá sentindo, de alguma forma vai influenciar na formação dela.


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Zanja45
Zanja45

Em: 20/10/2025

Excelente capítulo, Autora!

Muito bom, mesmo!

S2

Senti falta do recadinho, fiquei procurando as notas iniciais e finais. 

Abr!

P S :  Porém,  já foi suficiente sentir tanta coisa boa na suas palavras. - Que as notas serão relegadas a um segundo plano.


anonimo2405

anonimo2405 Em: 10/11/2025 Autora da história
Ahhh fico muito feliz que tenha gostado viu! :)

Eu tbm sempre gosto de escrever no final, mas tava tão cansadinha que não consegui.

Mas saber que consegui te deixar mais feliz com o capítulo, já valeu!

Abraço! S2


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Zanja45
Zanja45

Em: 20/10/2025

Meu Deus, que final!

Sílvia, ouviu tudo!

Mas vai ser a ruína do que já estava ruindo!

Vai ser uma dor maior pra Silvia, que já está passando por uma situação difícil com o pai e de repente toma uma dessas pela cara. - De uma pessoa que disseram que estaria ali para apoiar lá integralmente. - O arrependimento veio tardiamente, pois quando percebeu já tinha destruído tudo sem nem saber.


anonimo2405

anonimo2405 Em: 10/11/2025 Autora da história
Nossa, nem me fale. Eu sou suspeita pra falar da Silvia, mas gente, ninguém merece passar pelo que ela tá passando. Vontade de dar uns bons tapas na Verena, dar uma sacudida pra Everton se ela toma um mínimo de juízo.


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Zanja45
Zanja45

Em: 20/10/2025

E uma frase que ecou nos meus pensamentos foi " eu queria lembrar não o suficiente para esquecer". - A bichinha sofrendo com a nota baixa e as alguras de um amor não compreendido ainda.  - Mas, resta ainda espaço para lembrar das sensações que teve com Vê.


anonimo2405

anonimo2405 Em: 10/11/2025 Autora da história
Siiim. Na verdade acho que a Valentina já tá num nível em que ela precisa arrumar espaço pra pensar nas outras coisas rsrs.

A Verena já tá morando na mente dela.


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Zanja45
Zanja45

Em: 20/10/2025

Que interlúdio foi esse, de Verena com Valentina?

Kkkk! Tomara que ninguém tenha ouvido ela falar. E do jeito que ela estava melosa e leve - como o sorriso de orelha a orelha, não sei não?


anonimo2405

anonimo2405 Em: 10/11/2025 Autora da história
Kkkkkkkkk, a Verena parece virar outra pessoa com a Valentina. As vezes penso, caso as duas venham a ficar juntas, acho que já sei quem vai mandar na relação rsrsrs


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Zanja45
Zanja45

Em: 20/10/2025

Verena é a negação de tudo que estava vivendo com Silvia. E essa estadia com a esposa no hospital tem servido pra confirmar bem isso, pois a todo instante ela é rodeada pelo sentimento d culpa, porém ela aquiescendo pra não chocar verdades que não batem com as concordâncias dela.


anonimo2405

anonimo2405 Em: 10/11/2025 Autora da história
Exatamente. Até pq seria muita mancada dela chatear a espsoa num momento desses.


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Zanja45
Zanja45

Em: 20/10/2025

A materialização da esposa ex molar que Silvia queria que ela fosse, nas não é. - Foi como ela se viu no espelho.  E ainda desdenhou da imagem refletida.


anonimo2405

anonimo2405 Em: 10/11/2025 Autora da história
Siim. Verena tá cada vez mais perdida entre o que deveria ser e o que quer ser na realidade.


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Zanja45
Zanja45

Em: 20/10/2025

Kkkk! O mundo desmoronando a volta de Verena e ela pensando na boca de Valentina. - Dê um jeito nessa mulher, Autora! 


anonimo2405

anonimo2405 Em: 10/11/2025 Autora da história
Kkkkkkkk

Eu? Difícil, eu até tento, mas já sabe como ela é né? Difícil argumentar. Mas sigo tentando.


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Zanja45
Zanja45

Em: 20/10/2025

Lilian, criou uma obsessão por Verena que está sem limites. E essa agora dela seguir Valentina. 

Ri nessa cena não por maldade, mas o fato dela chamar Valentina de Santinha, não deu pra segurar.


anonimo2405

anonimo2405 Em: 10/11/2025 Autora da história
É, tenho a leve impressão de que a Lilian ainda vai causar muitos problemas. Mais do que já causou. Mas sem spoiler ;)

Kkkkkkkk, santinha é bem o oposto do que ela é né. Talvez seja isso que a incomode tanto


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Zanja45
Zanja45

Em: 20/10/2025

É a última vez, antes de consertar, Verena não tem jeito. E Valentina ao receber a mensagem de Verena? Elas até que tentam ir pra outros caminhos,  mas ao lembrar dos beijos delas, tudo volta aí mesmo ponto. -  É um descontrole que só, e Verena carente da forma que tá.


anonimo2405

anonimo2405 Em: 10/11/2025 Autora da história
Exatamente. Acho que é isso. Essa carência, a paixão que é nova pra Valentina. Tudo acaba servindo como um imã pra elas. Difícil escapar.


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Zanja45
Zanja45

Em: 20/10/2025

O amor, ali, parecia um lembrete frio de tudo o que ela deveria sentir e não conseguia mais ordenar.

 

Essa mulher é poesia pura, extremamente psicológica. E você querendo que a gente manere na dose. - Não tem como, quando você já começa assim.


anonimo2405

anonimo2405 Em: 10/11/2025 Autora da história
Kkkkkkk, sou um pouco suspeita pra falar tbm rsrs. Mas o coração estando em dia, dá pra dar uma exagerada vai rsrs


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HelOliveira
HelOliveira

Em: 20/10/2025

Será que Silvia ouviu tudo, e Verena chegou a sua ruína?

Sem falar que a Jornalista tá na cola da Valentina...

Só resta esperar o próximo capítulo, bem pra arrisca o que vai acontecer 


anonimo2405

anonimo2405 Em: 10/11/2025 Autora da história
Oiee!

Bom, como eu cheguei um pouco atrasada, acho que sua resposta já foi respondida! Rsrs

Mas eu espero que a Silvia tenha ouvido, pq ela não merece isso.

Abraço! S2


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