Estar com a Bia era um sonho, nem de longe imaginava que ela me faria tão feliz, e nem precisava de muito, uma mensagem durante o dia, flores que ela me mandava durante a semana, seu sorriso em minha direção quando buscava e levava Izzie na escola, e ou quando confiava e me pedia para levá-la em casa, apenas para me ver em um dia que ela passara longe. Tudo muito significativo, cada beijo, cada abraço, cada palavra dita com amor.

E quando Izzie colocou no papel como me via na sua vida, aquela criança nem era minha, mas sentia que fazia parte de mim, e sua aceitação em sua vida me emocionava muito. Estar presente em seu crescimento, era muito importante para mim, e a Bia me acolhia com amor, mesmo ainda não tendo dito que me amava, como desejava ouvir dela, mas sabia que ela compensava em gestos e ações que nunca recebi de ninguém, e isso valia mais do que palavras dita a esmo.

– Sabe nem disfarçar a cara de boba apaixonada... – Ana chegou ao meu lado, a Bia tinha acabado de sair, sorri.

– Nem quero disfarçar, minha amiga, o tanto que essa mulher me faz feliz, quero mais é que o mundo saiba disso.

– Olha, já vi você apaixonada, era de dar nojo, mas isso... – fez cara de tédio – isso, é exagero – sorri e ela me acompanhou – sério agora, to muito feliz por vocês, espero de coração que tudo dê certo e que vocês sejam muito felizes.

– Obrigada, Ana, significa muito isso vindo de você... – disse emocionada, de fato, a considerava como da família, e minha amiga do coração.

Aqueles dias foram passando, as férias chegaram, Izzie foi ficar com os avós, já estava com saudades, gostava de ter o nosso “grudinho” conosco, era assim que me referia a ela quando estávamos juntas, não desgrudava.

Dezembro veio e com ele uma surpresa que não esperava, embora desejasse muito. A Bia me levou a loucura com seu jeitinho maroto que escondia um furacão, meu corpo ainda tremia ao toque dela, e ela que dormia serena ao meu lado, cochilei depois que fizemos amor, mas acordei com aquela sensação de que estivesse sonhando, e de fato, estava, mas era um sonho real, ela estava ao meu lado, ela se declarara e me tomou para ela, e para sempre seria.

– Já acordou? – Sussurrou sonolenta, me puxando para seus braços, senti sua respiração em meu pescoço, me fazendo arrepiar.

– Dormi pouco, na verdade, estava aqui olhando você babar.

– Eu babo mesmo, não era para ter visto isso agora... – sorriu preguiçosa, me desarmou.

– Você é linda, sabia?

– Acabei de acordar, como pode achar que sou linda.

– Mas é, e minha palavra conta mais que a sua.

– Sim senhora... – senti sua mão pousar em meu seio, seus lábios explorarem meu pescoço, não demorou muito meu corpo estrou em espasmos contínuos com ela me fazendo goz*r e atingir orgasmos que jamais pensei que pudesse vir a sentir.

Terminamos no banheiro com ela tomando meu corpo, e me levando a loucura inúmeras vezes, sem me deixar espaço para tomar dela, mas quando me recuperasse ela veria, ou não, perder as forças para ela era tudo de bom.

– Amor, posso passar a noite aqui com você?

Estávamos no sofá, saboreando um Yakisoba que ela pedira, a olhei, sorriu faceira.

– Com medo de passar a noite sozinha? – A provoquei.

– Na verdade, não, estava pensando em recuperar o tempo perdido... – arqueou a sobrancelha me provocando, meu corpo reagiu aquilo, incrível o poder que ela tinha sobre mim.

– Nesse caso, posso pensar no seu caso... – colocou o box dela na mesa e veio em minha direção, tomou meus lábios com vontade, me deitando no sofá e se colocando por cima.

– O que eu posso fazer para dizer sim a mim? – Beijou meu pescoço, mordiscando e arrancando gemidos de meus lábios – seu corpo me quer aqui, somos dois contra um.

– Não... não acho justo isso...

– Não tem a ver com justiça, doçura, e sim com desejo, e sei que me quer tanto quanto ou mais que eu.

– Está lendo pensamentos agora? –  Sorri, já entregue.

– Não, só lendo os sinais que a mulher que eu amo está me mandando.

Nem precisa dizer que ela me ganhou com aquilo, né? Me derreti toda, em segundos estava goz*ndo para ela, ali mesmo em meu sofá, deliciosa.

– Amor, quero te mostrar algo...

– O quê? – Disse encaixando seus dedos nos meus, sorri.

– Vem...

Levantei a puxando para mim, e minutos depois estávamos em meu ateliê, abri a porta acendendo a luz, ela entrou primeiro, olhando em volta, meus desenhos espalhados pela sala.

– Nossa... – me aproximei dela, que me olhava encantada. – Você é maravilhosa com as mãos, e falo isso com duplo sentido... – piscou faceira, joguei a cabeça para trás gargalhando.

– Sua boba... – sorriu me puxando para ela. – Mas, o que eu queria mostrar realmente, está aqui...

Abri o armário de trás, peguei os desenhos que fiz dela, espalhando pela mesa, ela se aproximou olhando um por um, estava calada, esperei com receio ela dizer alguma coisa, demorou bem mais que eu imaginava e cada segundo aquela agonia, por fim disse.

– Como eu disse, você é maravilhosa com as mãos, nunca imaginei que pudesse ver meu rosto desenhado de diversas formas, estou sem palavras.

– Não está brava? – Perguntei ainda receosa.

– Amor, porque eu estaria brava? – Ela me puxou para seus braços, beijou meus lábios, dizendo em seguida – obrigada por me mostrar esses desenhos, só contribuem para explodir o que sinto por você dentro de mim.  

Ela conseguiu me emocionar, minhas lágrimas corriam livres pelo meu rosto, e ela pegando cada uma com seus dedos e lábios, quando me acalmei, perguntou interessada.

– Porque perguntou se eu estava brava? – a olhei, dizendo em seguida.

– Fiquei com receio de você achar que era obsessão de minha parte, bobagem eu sei, mas tenho desenhado você desde antes de descobrir que a amava, não tinha controle, quando via já tinha pintado.

– Se soubesse como é maravilhoso saber que a pessoa que eu amo pode me mostrar como me vê com seus olhos, faz ideia de quão raro é isso?

– Amor... – ela me deixara sem graça, sorri. – Se pudesse mesmo ver como a vejo...

– Espero que da mesma maneira como eu a vejo... amo você, Pamela.

Me beijou apaixonada, ficamos mais alguns minutos ali com ela analisando os desenhos, fazendo elogios, arrancando risos com seus comentários jocosos, depois voltamos para a sala, e por fim o quarto onde finalizamos aquele dia maravilhoso, nossa noite foi incrível depois daquele momento, e todas elas depois daquela, e quando não ficávamos juntas, por motivos diversos, apimentávamos em mensagens e vídeos chamadas, ela era meu vício favorito.

As festas do final de ano chegaram, primeiro que passamos juntas, nossas famílias reunidas, meus pais a adoraram, não seria diferente. Na virada de ano brindamos ao nosso amor, o céu foi testemunha da nossa promessa quando trocamos palavras carinhosas e selamos com um beijo apaixonado.

Assim mais um ano entrou, e estava passando muito rápido, agosto chegou e com ele meu aniversário, e caiu no meio da semana, e do amanhecer ao final do dia a Bia me surpreendeu, flores e bombons chegando, mensagens carinhosas, ligações rápidas, ela aparecendo para pegar Izzie e me convidando para passar a noite com elas, como já esperava por aquilo, nem fui trabalhar de carro e já levei minha mochila com algumas peças de roupa.

Quando chegamos, uma surpresa agradável, Lara e Murilo estavam a nossa espera, com um bolo de aniversário e uma “micro” festa nos aguardando. Fiquei emocionada, chorei, claro, não era adapta de festas, mas aquela em especial, me levara as lágrimas, primeira que passava com a Bia ao meu lado.

Em dado momento, estava sentada no sofá com Izzie, meu pensamento fora para Sara, olhei seu retrato na parede, não me sentia insegura mais por conta dela, e com relação aos sentimentos da Bia, porque ela deixava claro todos os dias o quanto me amava e me queria com ela.

– O que está olhando, amor? – Ela se sentou ao meu lado, me abraçando, olhando em direção ao quadro também.

– Estava me perguntando se Sara nos aprovaria como casal?

– Hummm... – ela cogitou por alguns segundos, e disse – acho que ela estaria ou está muito feliz com nossa união.

– Como sabe? – Perguntei interessada.

– Conhecia ela bem mais do que possa imaginar, e antes de partir ela foi taxativa em me fazer prometer que encontraria um novo amor, alguém que estivesse aqui por mim e por Izzie, e tenho certeza que esse alguém é você, amor.

Sorri emocionada, ela causava isso em mim, sempre que podia, e amava quando ela o fazia, meu coração ficava quentinho... beijei seus lábios, sussurrando baixinho o quanto a amava.

– Bom, nós já vamos, já que sobramos aqui – sua irmã disse debochada, Bia sorriu jogando uma almofada nela.

– Obrigada por tudo, Lara, foi muito gentil da parte de vocês prepararem essa festa surpresa.

– E eu também, maninha, não se esqueça, trouxe o bolo... – falou meu irmão enciumado, levantei e fui dar um abraço nele.

– Amo você, seu bobo, sabe disso.

– Começo a perceber que ama mais a Bia do que a mim, mas já me acostumei com isso... – ele falou divertido, abraçando Lara – até porque, não amar essas irmãs, está fora de cogitação.

Beijou a namorada, sorri, Bia veio em nossa direção, nos despedimos deles, logo ficamos sozinhas, Izzie também, acabou dormido cedo, a mãe foi colocá-la na cama, e eu fui juntar a bagunça da criança, Lucy dormia serena em sua caminha, não demorou foi para o quarto da dona, onde sei que dormia com ela em sua cama, as duas eram apegadas ao extremo.

Senti a Bia me abraçar por trás, me virar em seus braços e me beijar docemente, perguntando carinhosa.

– Que tal um banho quente para tirar o cansaço?

– Ótima ideia, amor, preciso na verdade.

– Fica vontade, meu banheiro é todo seu... – beijou meus lábios, dizendo marota – me ofereceria para tomar banho com você, mas isso prolongaria mais seu banho, e a quero com urgência na minha cama.

– Nossaaa... você falando assim me deixa cheio de desejo, sabia?

– Essa é a intenção, amor... – piscou sorrindo, dei um beijo em seus lábios e segui para seu quarto, entrei no banheiro, não demorei, mas aproveitei bem a ducha quentinha, meu corpo pedia cama, precisava descansar, o dia seguinte seria correria de novo.

Mas ao sair do banheiro, tive uma baita surpresa, luz baixa, algumas velas acesas, som ambiente e baixo, a cama cheia de pétalas de rosas, ao lado dela, Bia que vinha em minha direção com um buque maior que ela me entregando, tentei conter as lágrimas, mas era impossível, nunca em toda a minha vida senti tamanha emoção em ser amada como estava sendo naquele momento.

– Biaa... – faltou palavras.

– Queria ter tido mais tempo, mas você foi rápida no banho, então, foi isso que consegui... – entregou as flores e me beijou – feliz aniversário, meu amor, primeiro de tantos que passaremos juntas.

– Você me mata assim, sabia... – disse abanando o rosto evitando que mais lágrimas caíssem, estava emocionada, era um momento único para nós.

– Amo você, Pam, gostaria que soubesse disso, você me completa.

– Acredite, Bia, você está me fazendo a mulher mais feliz desse mundo, agora e sempre... – ela me puxou para seus braços, nos beijamos e ao mesmo tempo em que me guiava para a cama, onde deitei em meio as pétalas, ao centro, um presente, uma caixinha de veludo, abri e dentro tinha uma correntinha com um pingente, duas bonequinhas, mãe e filha.

– Para você usar e lembrar que Izzie e eu sempre estaremos com você, não importa onde esteja.

– Oh, Bia, eu amei, obrigada... – me beijou docemente, me ajudando a colocar.

– Ficou lindo em você...

– Obrigada, por tudo, pelo dia, pela noite... por hoje... por estar na minha vida e ser essa pessoa maravilhosa comigo.  

Sorri a beijando, me colocando por cima e deitando sobre ela, suas mãos protetoras caíram em minhas costas, logo seus dedos passeando em minha pele me fazendo arrepiar, nos entregamos ao momento, minutos depois ela me dava o maior dos presentes aquela noite, seu gozo em meus lábios... que delícia ela era, seu corpo perfeito entregue a mim, em espasmos, me deliciei, ela me deixou comandar, e adorei aquela entrega.

Passava da meia noite quando adormeci em seus braços, ansiosa para o próximo ano e desejando que tudo se repetisse e fosse mil vezes melhor.

Fim do capítulo