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Segredos no Mar por Raquel Santiago

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Palavras: 3807
Acessos: 396   |  Postado em: 14/10/2025

Capitulo 34

O Queen Seas já cortava as águas profundas do mar de Bering, longe da linha da costa. Ao redor, apenas a vastidão cinzenta e gélida. O vento uivava, carregando consigo pequenas agulhas de gelo que batiam contra as janelas da casa do leme como se o próprio oceano testasse a resistência do barco. O convés já começava a acumular placas brancas que estalavam sob as botas dos homens, denunciando o frio cortante.

A tripulação acordara cedo, sonolenta ainda, mas com os rostos já marcados pela primeira batalha: vencer o clima. Cada respiração virava vapor diante dos olhos, cada movimento parecia mais lento do que deveria ser. O frio dava o tom da temporada, um lembrete cruel de que a vida no mar não perdoava descuidos.

No alto, Heather permanecia com a mão no manete do leme. O olhar fixo no horizonte, o maxilar travado. Não era apenas a responsabilidade do primeiro dia que pesava sobre seus ombros; havia uma tensão mais íntima, mais silenciosa. Seus dedos apertavam o controle do leme como se buscassem firmeza em algo além do mar. Ela já estava sentindo falta das conversas com Mei, da intimidade que elas tinham.

E então, como um reflexo inevitável, a memória veio. Ela se lembrou da primeira vez de Mei no Queen Seas: a engenheira tentando se adaptar à rotina exaustiva, as mãos tremendo de frio, o corpo pequeno encolhido debaixo das camadas de roupa pesada, a expressão exausta mas teimosa, recusando-se a ceder. Heather quase acreditara que ela não resistiria. Mas resistiu e salvou a todos diversas vezes. Tanta coisa aconteceu entre as temporadas que Heather sentia como se tivesse vivido um ano em poucos meses.

Agora, ao contrário daquela primeira temporada, Mei parecia mais reclusa, embora ainda determinada. Não havia fragilidade nos gestos dela. E mesmo assim, Heather sabia que por trás daquela força havia algo quebrado, algo que ela mesma havia causado.

Uma dor fina atravessou seu peito. Heather pensava em Mei constantemente, mas ali, diante do oceano, a saudade se tornava insuportável. Sentia falta dos beijos, do calor suave da engenheira contra sua pele, da forma como Mei sempre conversava com ela depois de um dia longo no convés. Imaginava-a na cabine com ela agora, deitadas juntas sob um cobertor grosso, rindo baixinho antes de se perderem uma na outra.

Mas a fantasia era esmagada pela lembrança amarga. Heather fechou os olhos por um segundo e tudo que conseguia ver era a expressão de Mei: os olhos outrora cheios de adoração, agora marcados pela mágoa. Elas não tiham trocado uma palavra desde que deixaram Dutch Harbo e Heather começava a se questionar se conseguiria cruzar a barreira que Mei estabeleceu. A capitã ainda não podia soltar o Leme e Mei não chegava nem perto da cabine.

Heather inspirou fundo, deixando que o cheiro de sal e óleo do leme a trouxesse de volta ao presente. Sabia que precisava manter a mente no mar, na tripulação, no trabalho. Mas o silêncio entre ela e Mei pesava tanto quanto o gelo que se acumulava no convés.

(---)

O rugido metálico da máquina ecoava pelo convés enquanto os homens se movimentavam, ainda pesados de sono e roupas grossas. O frio queimava o rosto, os dedos ficavam rígidos dentro das luvas, mas ninguém tinha o luxo de reclamar. O primeiro dia no mar sempre era o mais difícil: o corpo ainda se acostumava ao ritmo e o frio era intenso.

— Vamos, rápido! — Boris ergueu a voz firme, ressoando sobre o barulho do vento e do motor. O chefe do convés, com o casaco encharcado de neve fina, mantinha a mesma expressão dura de sempre. — Quero a primeira fileira no mar antes que esse gelo nos enterre aqui mesmo!

O olhar dele varreu os homens. Victor e Hans estavam lado a lado, marretas em mãos, quebrando as placas de gelo que já grudavam nos covos empilhados.

— Ei, Victor, se bater mais devagar que isso, vai parecer que tá acariciando o gelo! — Hans zombou, arqueando a sobrancelha.

Victor revirou os olhos e rebateu.

— Melhor acariciar do que quebrar o convés inteiro com essa tua mão pesada.

Alguns risos curtos escaparam da tripulação, abafados pelo vento. Mas logo Boris interveio, cortando o humor antes que se espalhasse. Ele estava mais ranzinza do que o normal naquela temporada. O gelo deixava ele assim.

— Menos palhaçada, mais força! Esse gelo não vai sair sozinho. — Ele apontou com o queixo para a pilha branca que começava a cobrir parte das gaiolas. — Se deixarmos acumular, o barco pode afundar.

Mei surgiu em silêncio, com a caixa de ferramentas em mãos. O passo dela era firme, os olhos atentos. Sem trocar palavra, ajoelhou-se diante do guincho hidráulico e começou a inspecionar os tubos e válvulas. O ar em torno dela parecia mais sério, mais concentrado, como se o frio não tivesse poder sobre seus movimentos. Ela estava anestesiada desde a briga com Heather. Nas últimas horas mal conseguiu dormir, contendo a vontade de ir até a sala do Leme e conversar com Heather. Mas ela estava cansada de correr atrás. Estava cansada de ser a única que queria lutar por aquela relação. Por isso, ela nem ousava trocar olhares com a capitã, tinha medo de vacilar.

Igor, de pé próximo aos outros, notou a presença de Mei. O semblante dele carregava um misto de curiosidade e contenção. Antes, ele teria feito alguma piada, talvez até arriscado um comentário ousado para arrancar um sorriso da engenheira. Agora, mantinha distância, observando em silêncio, como se tivesse medo de cruzar a linha invisível que separava o convívio comum da autoridade da capitã. Mas Mei era uma mulher divertida e ele adorava conversar com ela, não sabia quanto tempo ficaria sem provocá-la.

Victor inclinou-se para Hans e murmurou baixo, sem desgrudar os olhos de Mei.

— A Mei tá bem séria. Ela trabalha como se fosse feita pra isso.

Hans concordou com um aceno breve.

— E Boris sabe. Só não admite porque é orgulhoso demais.

A postura da tripulação deixava claro, mesmo com o clima pesado entre Mei e Heather, ninguém ali tinha dúvidas de que a engenheira sabia exatamente o que fazia. Mei tinha provado a todos na última temporada que era a melhor no seu trabalho. Ela se movia com uma confiança que não precisava de explicações.

Muitos ali tinham anos de Queen Seas e nunca tinham presenciado um conflito pessoal da capitã. Mas era justificável, Heather nunca tinha se apaixonado, e eles até se questionavam se ela era humana. Fazia sentido que a engenheira fosse a primeira a tirar a capitã do controle.

Quando uma válvula chiou alto, liberando vapor frio, Boris se virou de imediato. Antes que ele pudesse soltar uma bronca, Mei já estava com a chave inglesa em mãos, ajustando o encaixe. O som cessou em segundos.

Ela limpou a neve do joelho da calça, fechou a caixa de ferramentas e disse apenas:

— Está pronto.

O silêncio que se seguiu foi eloquente. Boris pigarreou, coçando a barba.

— Muito bem. — O reconhecimento saiu seco, mas estava lá. — Agora vamos lançar esses malditos covos e ganhar dinheiro.

O convés voltou a ganhar vida, Heather controlando o guindaste com o covo, os homens empurrando a gaiolas em direção à borda, os cabos sendo organizados com pressa. O frio castigava, o mar rugia, mas havia uma nova firmeza nos olhares. Mei não precisava de aplausos, sua presença, profissional e precisa, já dizia tudo. Agora a tripulação confiava plenamente nela. Mesmo com a tristeza em não ter Heather, Mei estava feliz por ter conquistado o seu lugar no Queen Seas.

Mas antes do primeiro corvo ser lançado, o barulho metálico do guincho soou mais alto do que deveria, seguido de um estalo seco e um jorro de óleo que respingou no convés. O silêncio durou apenas um segundo antes de ser quebrado pela voz de Boris.

— Droga! Não agora! — ele rugiu, chutando a base congelada de um covo. — Se isso parar, estamos ferrados!

Porr*, Heather pensou. Ela precisava trocar aquele guicho assim que fosse possível.

Victor e Hans olharam um para o outro, tensos. O convés inteiro pareceu prender a respiração. O gelo continuava a se acumular, mais rápido do que conseguiam quebrar. Cada minuto perdido era peso extra no barco.

— Se não lançarmos logo, esse convés vira um caixão! — Boris voltou a gritar, a barba coberta de cristais de gelo. — Vamos perder um tempo precioso!

Antes que Heather pudesse falar, Mei se adiantou. Ajoelhou-se no convés sem hesitar, a caixa de ferramentas aberta ao lado. As mãos dela tremiam levemente pelo frio, mas o olhar era preciso.

— Preciso de espaço, parem de resmungar. — disse firme, sem levantar a voz.

A tripulação recuou alguns passos, sem questionar.

Mei prendeu os cabelos sob o gorro, apoiou o corpo sobre os joelhos e começou a desmontar a válvula principal do sistema hidráulico. O vapor escapava em rajadas, congelando no ar. O metal estava gelado a ponto de queimar a pele, mas ela não parava.

Heather, observando do vidro da cabine, sentiu o peito apertar. O jeito como Mei se movia, calculando cada gesto, cada ajuste, a deixava hipnotizada. Orgulho e desejo se misturavam. As mãos da engenheira, rápidas e firmes sobre o metal, a fizeram lembrar de outra cena, dedos igualmente habilidosos percorrendo sua pele na escuridão de um quarto. O calor daquela lembrança contrastava com o frio cortante ao redor.

Ela fechou os olhos por um instante, tentando afastar o pensamento, mas era impossível. Mei, mesmo distante, ainda a incendiava.

No convés, a engenheira encaixou uma nova válvula, ajustou a pressão da linha e bateu duas vezes na lateral do guincho. O sistema respondeu com um ronco grave e, em seguida, voltou a girar com força renovada.

A tripulação soltou o ar em um murmúrio coletivo de alívio.

Heather ligou o rádio e disse:

— Bom trabalho, Mei.

Ninguém contestou. Mei não demonstrou expressão ao elogio da capitã. Ela estava fazendo apenas o seu trabalho. Deixou a caixa de ferramenta e voltou a sua posição no convés. Heather, atrás do vidro, ficou frustrada em não receber uma reação da engenheira. Ela sentia falta do sorriso doce de Mei.

A tripulação finalmente começou a jogar os covos no mar, com sorte eles voltariam cheios.

(---)

Depois de lançar todas as gaiolas no mar, o Queen Seas roncava constante, embalando a espera silenciosa. Do lado de fora, o mar era uma imensidão escura, e o vento soprava contra as janelas como se quisesse invadir a cabine. Victor tinha assumido o leme, o olhar sério, mas relaxado o suficiente para permitir que Heather deixasse a cabine pela primeira vez em horas.

No corredor estreito, o cheiro forte de óleo diesel misturava-se a um aroma inesperado: caldo quente, temperos simples e um pouco de alho. Heather seguiu o cheiro até a cozinha.

Mei estava de costas, mexendo uma panela com movimentos calmos. O gorro estava jogado de lado, metade do macacão preso na cintura, alguns fios de cabelo úmidos escapavam do seu coque. Apesar da dureza do dia, havia algo de acolhedor na cena. Heather se pegou imaginando como seria dividir uma casa com Mei.

— Cheira bem — Heather disse, a voz suave..

Mei não se virou de imediato. Apenas murmurou:

— É só uma sopa. Nada demais.

Heather deu alguns passos, parando ao lado da mesa de metal. O clima era pesado, denso como a maresia lá fora. Ela não estava acostumada com essa versão da engenheira. Mei sempre foi doce e falante.

— Mesmo assim... vai fazer bem pra todo mundo.

Mei serviu uma tigela para si mesma, sentou e começou a comer em silêncio. Depois de alguns segundos, levantou o olhar.

— Se a capitã quiser, pode se servir também.

A palavra soou como um golpe. Capitã. Nada de Hattie. Nada do tom doce de antes. Apenas a formalidade gelada que criava uma distância maior do que todo o oceano ao redor.

Heather se sentou devagar, observando-a. Os lábios de Mei estavam vermelhos pelo calor da sopa, o vapor subia entre elas como uma barreira invisível. Heather, num impulso, estendeu a mão por cima da mesa.Os dedos tocaram os de Mei, frios no início, mas que não recuaram de imediato. Durante alguns segundos, os olhares se encontraram, e foi como se todo o barulho do barco, o vento, o mar, desaparecessem. Heather queria conversar, mas logo Mei retirou a mão, pousando a colher de volta na tigela.

— Preciso ir descansar. — disse apenas, a voz baixa, sem encará-la.

Heather ficou imóvel, sentindo a ausência do toque como se fosse física, dolorosa. Teve vontade de puxá-la para um abraço, de apagar aquela mágoa com beijos, mas não queria irritar a mais nova.

— Que bom que decidiu vir com a gente. — Heather soltou tentando um diálogo mais íntimo com Mei.

— É o meu trabalho. Não podia faltar com a minha palavra tão em cima da hora. Mas não se preocupe, capitã. Na próxima temporada vou achar uma vaga em outro barco. — Mei soltou a notícia e se levantou. Heather segurou o seu braço.

— Mei.

— Cuidado capitã, alguém pode aparecer, não quero que fique envergonhada. — A engenheira libertou a seu braço e saiu da cozinha. Heather respirou fundo, passou a mão do rosto e se odiou por ter sido tão idiota a ponto de ligar para a opinião do outros. Agora Mei a tratava com frieza e ironia.

(---)

Horas depois, o descanso acabou. O alarme soou para todos voltarem ao convés. O frio tinha se intensificado, e camadas de gelo se acumulavam rapidamente nas bordas, no guindaste e até no corrimão. O convés estava escorregadio e traiçoeiro. A noite seria longa.

— Atenção! Primeiros covos vindo! — Boris gritou, a voz rasgando o vento.

O guindaste gem*u pesado, puxando o cabo enrijecido pelo gelo. O rangido metálico misturava-se ao mar revolto. A tripulação se espalhou em posições, cada um preparado para quando a primeira gaiola rompesse a superfície.

Quando o covo surgiu, estava repleto de caranguejos-das-neves, o convés explodiu em animação. Victor assobiou alto, Igor deu um grito de vitória. Até Hans, sempre calado, esboçou um sorriso.

Mas a alegria durou pouco. O gelo acumulado no convés estava pesando demais.

— Se não quebrarmos isso logo, vamos afundar com o barco! — Boris berrou.

Marretas e barras de ferro foram distribuídas, e o barulho das pancadas contra o gelo logo ecoou no ar gélido. Estalos secos, respirações pesadas que viravam nuvens brancas.

Mei estava entre eles, sem hesitar, batendo contra as placas congeladas até que fragmentos escorregassem pelo convés e caíssem no mar. O rosto corado pelo frio, os olhos semicerrados contra o vento cortante. Tossiu algumas vezes, mas não recuou.

Do leme, Heather observava tudo. O peito se apertou ao ver Mei entre os homens, ofegante, mas incansável. Uma mistura de orgulho e preocupação a invadiu. Orgulho por ver a engenheira ganhar respeito no convés, por não recuar diante de nada. Preocupação por temer que aquele corpo frágil, que ela conhecia tão intimamente, ficasse doente.

Quando a segunda e a terceira gaiola emergiram, também abarrotadas, o cansaço deu lugar à euforia. A primeira leva de covos começara promissora.

E Heather, em silêncio, permitiu-se sorrir. Mei estava coberta de gelo, exausta, mas ainda de pé. Sua doce garota era uma lutadora.

(---)

Quando todas as gaiolas estavam empilhadas no convés, o barulho das correntes do guincho se acalmaram, mas o frio permanecia implacável, fazendo o vapor da respiração de todos subir em nuvens grossas. Heather desceu da cabine e caminhou entre os homens, as botas batendo forte no piso congelado.

— Bom trabalho até aqui. — disse, erguendo a voz contra o vento. — Mas não podemos baixar a guarda. O gelo está se acumulando rápido, e se deixarmos, o barco vai pesar demais. Mesmo durante as horas de descanso, precisamos manter o convés livre do gelo..

A tripulação assentiu, alguns bufando cansados. Heather continuou.

— Vamos fazer turnos em duplas para quebrar o gelo. Cada dupla fica de olho durante duas horas, depois troca.

Foi então que Igor ergueu a mão, um sorriso meio atrevido nos lábios.

— Eu fico com a Mei.

Heather sentiu um frio diferente atravessar o estômago. Não era o vento, nem o cansaço, era ciúme, puro e ácido. Os olhos dela pousaram em Mei, esperando uma reação. Mas a engenheira apenas deu de ombros.

— Tanto faz. — respondeu, simples, ajustando o gorro.

Esse desprendimento doeu ainda mais em Heather do que se Mei tivesse protestado. O olhar da capitã se cruzou rapidamente com o da engenheira. Um instante breve, carregado de tensão, antes de ambas se afastarem.

A tripulação começou a se dispersar, cada um procurando um canto para descansar. Heather permaneceu ali por um momento, observando enquanto Mei pegava uma marreta e se dirigia para a popa ao lado de Igor.

O marinheiro olhou para ela e soltou, em tom divertido:

— Impressionante. Quem diria que você aguentaria esse ritmo, Mei? Tem muito homem aqui que já estaria pedindo arrego.

Ela riu de leve, balançando a cabeça.

— Não exagere, Igor. Ainda tenho dez dedos funcionando. Quando eles congelarem, aí sim vai ser problema.

Ele gargalhou, batendo a marreta contra o gelo com força.

— Dez dedos? Sorte dos motores, azar do gelo.

Mei riu de novo, o som claro e inesperado em meio ao vento cortante.

Heather observava de longe, os braços cruzados. O sorriso de Mei, aquele que ela conhecia tão bem, agora era oferecido a outro. O sangue ferveu em suas veias.

Subiu de volta para a casa de leme com passos duros, contrariada. Precisava manter o Queen Seas no rumo certo, levá-los ao ponto onde lançariam a próxima fileira de covos. Mas a cada vez que olhava pelo vidro e via Igor arrancando risadas de Mei, a raiva latej*v* dentro dela.

Lembrou-se da ameaça feita em tom de excitação na última noite que dormiram juntas. "Da próxima vez que você sorrir para as piadas idiotas dele, eu vou te castigar de novo."

Agora, vendo Mei rir de, Heather não teve mais dúvidas: a engenheira teria muito a pagar quando estivessem sozinhas.

(---)

O Sol estava se pondo atrás do horizonte, tingindo o mar de laranja e cinza. Mas um dia tinha se passado e os covos foram lançados ao Mar. O convés estava coberto por um fino manto de gelo que a tripulação havia quebrado e retirado ao longo do dia. O cansaço se refletia nos ombros curvados, nas mãos calejadas e nos rostos suados de todos. Os primeiros tanques começaram a se encher com caranguejos-das-neves, e o Queen Seas rangia satisfeito ao navegar entre as ondas geladas.

Heather permaneceu no convés por alguns instantes, observando cada membro da equipe recolher ferramentas e organizar o equipamento. Mas seus olhos estavam fixos em Mei. A engenheira se movia com naturalidade, o cabelo bagunçado pelo vento, o corpo ainda mostrando sinais do esforço, e mesmo cansada, carregava uma força e uma beleza que Heather sentia cortante, quase dolorosa. Ela não estava mais aguentando ficar longe da garota e o ciúme ainda a corroía.

Sem perceber o convés ficou silencioso. A tripulação recolhera-se para descansar, e o Queen Seas parecia mergulhado no vento frio e no som distante das ondas. Heather esperou, coração disparado, observando Mei passar pela escada que levava à casa do Leme.

Sem pensar, Heather estendeu a mão e segurou a engenheira pelo braço, puxando-a para a casa do Leme, subindo as escadas sem recuar. Mei parou abruptamente, surpresa.

— Capitã... o que você...? — começou, mas foi interrompida pelo beijo urgente de Heather.

O beijo era intenso, carregado de desejo contido, de tensão acumulado por dias. Mei tentou recuar, mas o calor que sentia no peito a fez ceder por alguns segundos, permitindo que os lábios se encontrassem. Quando se afastou, o rosto dela estava tingido de confusão e raiva, mas também de algo mais profundo, impossível de negar.

Heather avançou, bloqueando qualquer fuga.

— O que pensa que está fazendo? — Mei falou exasperada.

— Eu te avisei — Heather murmurou, firme, com a voz baixa e rouca — da próxima vez que você risse das piadas de Igor, eu iria te castigar.

Mei estremeceu, lembrando da ameaça, sentindo o corpo reagir mesmo contra a vontade. Mas ela ficou em silêncio. A engenheira queria ver até onde Heather iria.

Heather segurou as mãos de Mei acima da cabeça, encostando-a contra a parede. Cada gesto era carregado de tensão, cada suspiro contido. Os corpos se aproximavam, os olhares se cruzavam intensos, cheios de desejo, provocação e necessidade silenciosa.

O beijo voltou, mais lento agora, profundo e faminto. O toque de Heather percorreu os ombros e braços de Mei, o calor da proximidade era quase insuportável. A mão de Heather se infiltrou por dentro da camisa da mais nova e acariciou o seio esquerdo, apertando levemente o botão enrijecido. Mei arqueou-se levemente, sentindo a pressão e o controle de Heather, a mistura de raiva e excitação. Os beijos eram cada vez mais carregados de desejo e pura necessidade.

Heather desceu a mão e abriu o ziper da calça de Mei. Invadiu a sua calcinha e encontrou o seu centro molhado. Mei tentou conter um gemido. Ela estava com raiva, mas cheia de tesão. Tentou fechar as pernas em busca de alívio, mas Heather colocou o joelho entre as pernas de Mei, impedindo o movimento. Seus dedos ágeis e habilidosos levaram Mei à beira da loucura. Mas sem deixar que ela atingisse o orgasmo.

— É assim que meninas teimosas são castigadas.

Mei olhou para a capitã com os olhos em chamas, ela queria empurrar Heather e sair dali, mas queria muito mais que ela terminasse o que estava fazendo. Como se ouvisse os seus pensamentos, Heather colocou um dedo dentro da sua umidade e pressionou o seu clit*ris. O ritmo era perfeito. Quando o orgasmo veio, Mei mordeu os lábios para não gritar. Heather descansou a cabeça nos ombros de Mei, liberou as suas mãos e a abraçou. Como ela estava com saudades. As duas respiravam com dificuldade. E Heather quis que aquele momento durasse para sempre.

Quando finalmente se separaram, ambas respiravam pesadamente. Heather queria segurá-la junto, levá-la para a cabine, para continuar perto, para sentir Mei mais uma vez.

— Vamos... — disse, suavizando a voz, aproximando o rosto do dela.

Mas para o choque da capitã, Mei recuou.

— Você já tomou o que queria. Agora estou saindo. — Os olhos de Mei eram uma mistura de tesão e mágoa.

Heather ficou parada, surpresa e confusa, vendo Mei sair da casa do Leme. O ar ainda parecia carregado de eletricidade que pairava entre elas. Então ela se deu conta do que tinha feito. Era para Heather ajeitar as coisas, conversar com Mei e não fazer com que a mulher se sentisse usada. Mas a saudade, o ciúme, nublou toda a sua razão. A culpa chegou pesada em seu peito, tudo o que ela queria era ter Mei em seus braços novamente, mas não conseguia pensar quando estava ao seu redor. Aquela temporada seria mais difícil do que ela imaginava.


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