O celular, agora de volta à mesa de centro, parecia vibrar com o eco das mentiras que Chloe acabara de proferir. O alívio momentâneo da consulta com a Dra. Márcia havia se desfeito como fumaça, substituído por uma ansiedade crescente que a sufocava. Como ela continuaria com aquilo? A ideia de ter os pais no seu apartamento, com Meire por perto, os medicamentos na bancada e seu próprio corpo ainda em recuperação, era um cenário de terror. Seria impossível sustentar a farsa ali.

Um suspiro pesado escapou de seus lábios. O preço de sua independência e da imagem de perfeição que ela tanto zelava parecia cada vez mais alto. E no meio de tudo isso, estava Lara. Havia um incômodo genuíno, uma pontada de culpa. Lara estava sendo paciente, compreensiva, entregando-se àquele namoro de fachada que agora, para Chloe, tornara-se real. Usá-la, mesmo que indiretamente, como escudo para suas mentiras, doía. Chloe precisava começar a pensar em uma forma de contar toda a verdade aos pais.

O cheiro de comida fresca vindo da cozinha trouxe Chloe de volta à realidade. Meire, alheia ao turbilhão interno de sua patroa, estava diligentemente preparando o jantar, seguindo as novas e mais variadas instruções da nutricionista. Chloe se levantou, sentindo a pontada familiar em seu abdômen, um lembrete constante de sua fragilidade oculta. Ela se dirigiu à cozinha, o semblante tentando parecer casual.

— Cheira bem, Meire. A nutricionista realmente liberou umas coisas boas dessa vez. — Meire sorriu, virando-se do fogão.

— Sim, Sra. Chloe. É um bom sinal, não é? Sua recuperação está indo muito bem.

— Será que posso te ajudar? Quero ocupar um pouco a mente.

— Pode sim, você pode cortar aqueles legumes. — Meire apontou para o balcão. Chloe lavou as mãos e começou a cortar a comida.

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Mais tarde, enquanto o sol pintava o céu em tons de laranja e roxo, Lara chegou ao apartamento. Seu sorriso iluminou a sala, e Chloe sentiu seu coração se aquecer, uma pequena fresta de luz em sua escuridão. Lara se aproximou, abraçando-a com a familiaridade que já não era mais encenação.

— Nossa, que cheiro bom.

— Ajudei a Meire a preparar o jantar. — Chloe sussurrou para Lara.

— Isso é ótimo, comandante. A Meire me disse que você teve uma boa consulta hoje. E que agora pode comer comidas mais sólidas! Ainda bem, porque eu não aguentava mais olhar para aquele purê de bebê. — Lara brincou, beijando o topo da cabeça de Chloe.

Chloe sorriu e se permitiu relaxar um pouco nos braços de Lara. Era impressionante que a mais nova só precisava tocar nela para desmoronar qualquer pensamento ruim que a ex-piloto estivesse tendo. 

— Sim, a Dra. Márcia liberou algumas coisas. Estou indo bem. — Ela sorriu, um leve rubor subindo ao seu pescoço ao lembrar da última pergunta no consultório. A perspectiva de explorar essa nova intimidade com Lara era um dos poucos faróis em sua nevasca particular. Ela sentia tanta falta dos poucos momentos íntimos que elas puderam compartilhar antes da cirurgia.

— Essa notícia é maravilhosa, vamos jantar e você me conta todos os detalhes.

Elas se sentaram para jantar. Meire serviu um peixe grelhado com legumes cozidos no vapor, um banquete comparado à dieta anterior. Enquanto comiam, Chloe contou a Lara os detalhes da consulta, omitindo apenas o telefonema para o pai. Falou sobre a dieta, a fisioterapia, o retorno ao trabalho administrativo.

— E sobre voltar a pilotar... — Chloe disse, sua voz perdendo um pouco do brilho. — Ainda não. A quimio e a rádio continuam. Mas a Dra. Márcia foi otimista. Disse que, com tempo e recuperação, é possível.

Lara apertou sua mão sobre a mesa.

— Um passo de cada vez, comandante. Você já está fazendo muito. E vai voltar a voar, tenho certeza. Você é a pessoa mais determinada que eu conheço. Mas ainda temos um longo caminho pela frente, então vamos focar no agora.

Chloe olhou para ela, a mulher que entrou em sua vida como uma fachada, mas que se tornou seu pilar, sua esperança. Como poderia arriscar a perder isso? Como poderia contar a ela a verdade mais sombria por trás de sua aceitação do namoro falso? A verdade de que, para Chloe, ela fora, acima de tudo, uma distração elaborada para que seus pais não descobrissem sobre a sua doença. Mas Chloe estava tentando melhorar e não podia esconder esse tipo de coisa de Lara.

— Liguei para o meu pai hoje. — Chloe começou insegura.

— E como foi? — Lara segurou nas mãos de Chloe.

— Sobre o trabalho, ele aceitou a carga horária de meio período. Eu disse que precisa de um tempo para o nosso relacionamento e isso o convenceu. Mas depois ele sugeriu uma visita ao meu apartamento.

Lara ficou em alerta. Uma visita agora complicaria tudo. O apartamento de Chloe estava repleto de objetos e adaptações para facilitar a sua recuperação. Seria difícil esconder tudo. Elas ainda nem sabiam como esconderiam as mudanças no corpo de Chloe para que ela pudesse trabalhar sem levantar suspeitas.

— E o que você disse?

— Que iríamos sair para passear pela cidade. — O semblante de Chloe ficou triste. — Me desculpe por envolver o seu nome, você já faz tanto por mim. Fiquei sem saber o que falar.

— Está tudo bem, amor. Estamos juntas nessa. Nós duas concordamos com os termos do namoro de fachada. Não se culpe sozinha. — Lara levantou e se abaixou ao lado de Chloe. A confirmação de Lara foi um lembrete incomodo e dolorido de que ela não sabia de todas as intenções de Chloe quando elas começaram a namorar.

O beijo de Lara veio suave, carregado de promessas e uma ternura que fez Chloe esquecer por um instante o peso de suas mentiras. Naquele abraço, Chloe se permitiu sentir uma felicidade rara, quase proibida. A intimidade com Lara era real, crescendo a cada dia, e era a única coisa que importava agora. Mas a sombra do reencontro com seus pais, pairava como uma ameaça velada sobre essa bolha de felicidade.

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Meire se despediu, hoje e amanhã ela teria folga. Lara iria ficar com Chloe. As duas lavaram as louças do jantar. Depois, Chloe tomou banho lentamente, ela já conseguia fazer aquela tarefa sozinha, quando Meire não estava por perto. Quando já estava seca e vestida, foi a vez de Lara tomar banho. Chloe acendeu algumas velas aromatizadas e apagou a luz do quarto. Ela não conseguia mais esperar, estava em chamas por Lara já tinha muitos dias.

Quando Lara saiu do banho, ainda enrolada em sua toalha, notou o ambiente romântico e acolhedor que Chloe tinha preparado. Ela pensou que o clima estava perigoso para quem não podia avançar o sinal. O que Chloe estava tramando?

Um silêncio carregado de possibilidades pairou sobre o quarto, que agora parecia envolvido em uma aura morna de cumplicidade. Chloe estendeu a mão para Lara, que a aceitou sem hesitação, os dedos se entrelaçando. Um olhar profundo bastou para selar a intenção. Lara puxou Chloe para um abraço suave, metade da sua toalha caiu, a pele contra a camisola da mais velha já lhe chamando. Chloe inalou o perfume de Lara, uma mistura inebriante de lavanda e Lara. A médica sentiu uma onda de segurança e um convite silencioso para se entregar.

— Não podemos, Chloe. — Lara sussurrou. Sua pele estava toda arrepiada.

— Conversei com a Dra. Márcia. Está tudo bem se fizermos com cuidado.

— Você está bem? Mesmo? — Lara sussurrou, a voz carregada de uma doçura que fez o coração de Chloe palpitar. Seus olhos vasculhavam o rosto de Chloe em busca de qualquer sinal de desconforto, um cuidado que não passou despercebido.

Chloe apenas assentiu, incapaz de proferir uma palavra. Aquele era um território novo e vulnerável para ela, a controladora por natureza. Mas com Lara, ela sentia uma confiança inabalável, uma permissão para simplesmente ser, para despir-se não apenas de suas roupas, mas de suas defesas.

— Serei muito gentil. — Lara sussurrou.

Os beijos começaram leves, explorando cada curva dos lábios, um balé sensual de toques suaves que se aprofundavam com uma promessa silenciosa. As mãos de Lara, inicialmente hesitantes sobre a cintura de Chloe, moveram-se com uma delicadeza quase reverente, tirando a camisola de Chloe. O tecido escorregou suavemente pelos ombros, revelando a pele pálida, e por fim, a cicatriz que marcava o abdômen. Lara traçou a linha fina da incisão com a ponta do dedo, um toque tão leve que mal era perceptível, mas que carregava todo o carinho e a aceitação do mundo. Chloe teve receio, mas permitiu o toque.

— Perfeita. — Lara murmurou, seus olhos azuis fixos na marca da batalha de Chloe, transbordando admiração.

Um beijo suave pousou na pele logo acima da cicatriz, um gesto de reverência que fez Chloe arfar, lágrimas silenciosas e quentes brotarem em seus olhos. Aquele beijo, em sua vulnerabilidade mais íntima, significava mais do que mil palavras.

Chloe sentiu-se completamente desarmada, a mente se esvaziando de todas as preocupações, dores e medos. Era apenas ela e Lara. Os dedos de Lara deslizaram para o fecho do sutiã de Chloe, liberando seus seios. Lara inclinou-se, beijando o vale entre eles, depois explorando cada um com a boca, um convite sutil para o prazer. As sensações eram elétricas, enviando arrepios por todo o corpo de Chloe.

Lara desceu, beijando o caminho até o umbigo, sua respiração quente acariciando a pele sensível. As mãos de Chloe se enroscaram nos cabelos de Lara, uma súplica silenciosa enquanto Lara explorava suas coxas, seus beijos mais ousados, mais profundos. O corpo de Chloe tremia em antecipação, um zumbido constante de prazer crescendo dentro dela.

Com um cuidado extremo, Lara afastou a calcinha de Chloe, revelando sua intimidade. Ela se posicionou delicadamente, seu olhar em Chloe, buscando permissão silenciosa. Chloe abriu ligeiramente as pernas, um convite. Lara começou com toques leves, provocando, atiçando o fogo que já ardia. Seus dedos eram habilidosos, explorando cada curva, cada ponto sensível, com uma precisão que demonstrava total atenção. Chloe gem*u, o som rouco e excitado se espalhando pelo quarto.

O ritmo aumentou, e Lara se inclinou, sua boca encontrando o centro da excitação de Chloe. O prazer explodiu, intenso e imediato. Chloe arqueou-se, as costas se curvando, as mãos cravadas nos ombros de Lara, puxando-a para mais perto. A boca de Lara era um inferno e um paraíso, seu toque, uma tortura doce que a levava à beira do abismo. A respiração de Chloe se tornou um sussurro ofegante, uma melodia quebrada de puro prazer. Ela balbuciou o nome de Lara, uma súplica, uma entrega. Cada movimento era um suspiro de deleite, uma confirmação de que estava completamente à mercê daquela mulher que a estava desvendando, cuidando e amando de uma forma que ela jamais imaginou. Era um prazer que a consumia, levando-a para uma dimensão onde a dor e a mentira não existiam.

O clímax veio como uma onda poderosa, percorrendo cada fibra do seu ser, uma explosão de sensações que a deixou sem fôlego. O nome de Lara foi um gemido final, carregado de todo o amor e gratidão que Chloe sentia, enquanto seu corpo se contorcia em êxtase e depois relaxava, exausto e satisfeito.

A intensidade do clímax deixou Chloe ofegante, o corpo vibrando em ondas de prazer residual. Lentamente, com cuidado para não perturbar a serenidade que se instalara entre elas, Lara deitou ao lado de Chloe, o rosto ainda corado, os lábios entreabertos. Seus olhos encontraram os de Chloe, um brilho de satisfação e um convite silencioso dançando neles.

Chloe sorriu, um sorriso terno que irradiava o amor que sentia. Com a ponta dos dedos, deslizou suavemente pela clavícula de Lara, descendo pelo pescoço delicado até alcançar o ombro macio. Seus toques eram agora mais confiantes, guiados pela intimidade e pela crescente paixão que elas estavam cultivando a cada dia.

Lara suspirou quando os dedos de Chloe começaram a explorar as curvas de seu corpo, sentindo a textura de sua pele com uma atenção meticulosa. A mais velha percorreu a lateral de seu tronco, a cintura estreita, até alcançar a curva do quadril, onde seus dedos se demoraram, acendendo um novo fogo. Chloe tirou a toalha do seu caminho e gentilmente colocou a sua mão entre as pernas de Lara. Seu centro estava úmido e quente. O que fez Chloe suspirar.

Enquanto suas mãos habilidosas despertavam novas ondas de prazer no corpo de Lara, os lábios de Chloe encontraram os dela novamente. Era um beijo faminto, urgente, mas também carregado de uma ternura profunda. Suas línguas dançavam em um ritmo sensual, explorando cada canto da boca uma da outra, o sabor doce da excitação pairando no ar.

Os gemidos suaves de Lara começaram a ecoar pelo quarto, intensificando-se à medida que os dedos de Chloe encontravam o ponto exato de seu desejo. O corpo de Lara se contorcia levemente sob o toque, os quadris elevando-se em busca de mais. Chloe observava cada reação, cada tremor, e o espetáculo da entrega de Lara intensificava seu próprio prazer.

Os beijos não cessavam, a boca de Chloe devorando a de Lara com uma intensidade apaixonada, enquanto suas mãos trabalhavam com maestria, guiando Lara cada vez mais perto do ápice. O ritmo se acelerou, os suspiros se transformando em exclamações roucas, até que o corpo de Lara se enrijeceu, tomado por espasmos de puro prazer. Um grito abafado escapou de seus lábios enquanto ela alcançava o clímax, a onda de êxtase percorrendo seu corpo e se irradiando para Chloe, que sentia a pulsação quente contra seus dedos.

Quando a tensão diminuiu e a respiração de Lara se acalmou, Chloe continuou a beijá-la suavemente, seus lábios roçando nos dela com carinho. Ela a abraçou apertado, sentindo o corpo ainda trêmulo de Lara contra o seu. O silêncio que se seguiu era carregado de uma intimidade profunda, um laço que ia além das palavras.

Depois de um tempo, Lara se aconchegou ainda mais perto, sua respiração se tornando lenta e regular, o sono a embalando nos braços de Chloe. Com um cuidado extremo para não perturbá-la, Chloe deslizou um dos braços para se apoiar, usando o dedo indicador para traçar o contorno do rosto de Lara na penumbra suave do quarto.

Ela começou pela testa suave, passando pelas sobrancelhas delicadamente arqueadas, descendo para a ponte do nariz perfeito. Seu dedo contornou as maçãs do rosto de Lara, a suavidade da pele, sentindo a curvatura dos lábios que a haviam beijado com tanta paixão e ternura, lábios que ainda guardavam o leve inchaço do prazer. Desceu para o queixo, a linha da mandíbula, o pescoço, onde podia sentir a pulsação de Lara, lenta e constante, um ritmo que agora era tão familiar quanto o seu próprio.

Cada detalhe, cada linha, era gravado na sua memória, no seu seu coração. Lara era mais que uma parceira; era o mapa da sua redescoberta, a personificação da gentileza, da força e da luz. Era por ela que Chloe queria lutar, que queria viver, que queria ser honesta, custasse o que custasse. O coração de Chloe transbordava de um amor tão avassalador que a assustava e a preenchia ao mesmo tempo, um amor tão puro que doía. Naquele momento, observando a mulher que se entregava a ela com tanta doçura, Chloe soube, com uma certeza inabalável, que Lara era seu novo Norte. E ela faria de tudo para protegê-la.

Fim do capítulo