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Segredos no Mar por Raquel Santiago

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Palavras: 3093
Acessos: 439   |  Postado em: 05/10/2025

Capitulo 29

A porta da frente rangeu quando Andrew Collins entrou carregando duas sacolas do mercado. O ar frio entrou junto com ele e se dissolveu no aconchego aquecido da casa. Ele bateu as botas no carpete, tirou o gorro de lã e, ao levantar os olhos, estacou.

Na sala, Heather e Mei estavam sentadas no sofá, abraçadas. Não era um abraço rápido; era daquele tipo que segura o mundo no lugar. A cabeça de Mei repousava no ombro de Heather, e as mãos da capitã envolviam a mais nova com um cuidado que Andrew reconhecia desde a infância da filha, o mesmo cuidado que ela tinha ao proteger o que não queria perder.

Heather percebeu o pai e, num reflexo, afastou-se um pouco. Mei limpou discretamente o rosto; os olhos ainda úmidos denunciavam a tempestade recente. O silêncio de segundos pareceu comprido demais.

— Bom dia... — Andrew quebrou o gelo, sereno, apoiando as sacolas no aparador. — Pelo visto, alguém colocou o meu conselho em prática, hein? — A brincadeira era para que Mei se sentisse melhor, e funcionou

Mei abriu um meio sorriso, cúmplice. Heather franziu de leve a testa, sem entender, e olhou de um para o outro. Ela limpou o rosto, secando as lágrimas que deixou escapar. O Pai tinha mania de brincar sempre que a via chorando. Mesmo que as vezes parecesse fora de hora, funcionava.

— Que conselho? — perguntou, tentando soar casual.

— Ah, papo velho de mecânicos. — Andrew respondeu, piscando para Mei. — Sobre como às vezes a gente conserta o motor... mas tem dificuldade de consertar o coração.

Mei assentiu, as bochechas corando de leve. Heather ainda parecia perdida, mas a tensão inicial cedeu um pouco. Pelo visto ela não entenderia o que estava acontecendo ali, mas precisava falar com o pai. Mesmo que Mei não tivesse pedido, ela queria poder cuidar dela até que a mais nova decidisse o que iria fazer.

— Pai... — ela tomou a frente, voz firme mas suave. — A Mei vai ficar aqui alguns dias. Tudo bem?

Andrew estudou o rosto das duas por um momento: a rigidez protetora de Heather, o cansaço nos olhos de Mei. Ele não perguntou "por quê" de primeira. Trocou o gorro da mão para a outra, ajeitou as sacolas, e só então falou, com gentileza.

— Claro que está. Fique o tempo que precisar, querida. — ele sorriu de canto. — Se quiser, eu faço panquecas que são famosas por deixar tudo melhor.

Mei respirou um pouco melhor. Olhou para Heather, buscando permissão, e a capitã fez um gesto pequeno com a cabeça: "pode". A jovem então endireitou a postura, as mãos entrelaçadas no colo.

— Eu... briguei com o meu pai — a voz dela falhou no começo, mas encontrou firmeza. — Ele ficou furioso porque eu dormi fora. Disse coisas duras, e... quando eu contei que gosto de mulheres, ele me deu um tapa, me expulsou. Disse que eu não era mais filha dele.

Andrew ficou imóvel por um segundo. Só os olhos mudaram: ficaram mais fundos, atentos. Ele não exclamou, não dramatizou. A raiva que passou por ele foi discreta, mas real. Deixou as sacolas de lado, aproximou-se, e sentou-se numa poltrona de frente para as duas, abaixando-se um pouco para ficar na altura de Mei. Toda essa confusão porque duas pessoas se gostavam, tinham passado a noite fora. Apesar de ser novo, ver a sua filha apaixonada por uma mulher, ele a apoiava, porque ela parecia feliz.

— Ele te bateu? — perguntou baixo.

Mei assentiu, tocando de leve a marca já menos viva no rosto. Heather, ao lado, cerrava o maxilar; os dedos dela haviam se fechado num punho sobre a própria coxa, como se ainda quisesse interpor o corpo entre Mei e o mundo. Andrew percebeu, e isso lhe disse tudo o que precisava saber sobre o quanto Mei era importante para a filha.

— Sinto muito, Mei — falou, sincero. — Não pelo que você é. Mas pelo que o seu pai não conseguiu ser, hoje.

O ar na sala pareceu soltar um nó. Mei apertou os lábios, emocionada. Heather desviou o olhar por um instante, entre alívio e insegurança. O seu pai estava tranquilo, isso significava que ele não se importava com o fato de Mei gostar de mulheres. Será que com ela seria ele gentil também?

Andrew continuou, calmo.

— O senhor Cheng é um homem de convicções. Convicções podem virar paredes quando a raiva sobe. O meu conselho? — ele colocou os cotovelos nos joelhos, corpo inclinado para frente — Deixa a poeira assentar. Quando a maré baixar, tenta uma conversa com ele. Leva tempo, e talvez doam mais algumas vezes. Mas você não precisa decidir tudo agora.

Mei assentiu, enxugando discretamente um canto do olho, pois as lágrimas insistiam em descer novamente. Andrew prosseguiu.

— Outra coisa, você já é adulta. Pode escolher seu caminho. Esta casa é sua casa pelo tempo que precisar. Sem perguntas, sem prazos. Você é próxima da nossa família há muitos anos, nós amamos você.

Ele então voltou o olhar para Heather. Não havia julgamento, só um sorriso de quem conhecia a filha melhor do que ela gostaria.

— E, Heather... — o tom veio leve, mas cheio de significado — você sempre cuidou bem do que é importante para você. Continua assim. O resto a gente dá um jeito.

Heather sustentou o olhar do pai. Por um segundo, a armadura de capitã vacilou, revelando a mulher que ainda tremia por dentro. Ela assentiu, devagar. Seu pai entendeu rápido demais o que estava acontecendo ali. Mas ele sempre foi observador e não seria diferente nessa situação. Ela precisava conversar melhor com ele depois.

— Obrigada, pai.

— Bom. — Andrew bateu as mãos nas coxas, levantando-se. — Vou guardar essas compras antes que a hora do almoço chegue. Alguém aceita café? Ou... panquecas de emergência?

— Pai, nós já comemos...

— Eu aceito — Mei disse, com um sorriso tímido, ela não queria fazer desfeita.

— Então é isso — Andrew sorriu. — Panquecas de emergência. Mei... fique à vontade. 

Ele se virou para a cozinha. No caminho, tocou o ombro de Heather com um gesto breve e cheio de afeto, um "eu estou aqui" silencioso. Antes de sumir na porta, lançou mais uma olhada para Mei.

— Ah, e moça inteligente... — ele ergueu a sobrancelha, brincando. — Às vezes a gente só precisa ter paciência. Você está indo bem.

Mei baixou os olhos, sorrindo, cúmplice. Heather a encarou, meio intrigada, meio divertida.

Quando ficaram novamente a sós, Heather soltou um fôlego que nem sabia estar prendendo. Tocou de leve a mão de Mei, gesto instintivo, protetor.

— Você está segura aqui. — disse, simples.

— Eu sei. — Mei entrelaçou os dedos nos dela.

Da cozinha, o som de gavetas, louças e a voz de Andrew assobiando baixinho trouxe uma normalidade doce para dentro da sala. 

(---)

O vento soprava mais gelado naquele fim de tarde quando Heather e Mei chegaram ao porto. O Queen Seas estava atracado firme, mas parecia inquieto, como se também soubesse que daqui dois dias cortaria o mar rumo a uma temporada perigosa. No convés, os rapazes já trabalhavam: Boris ajustava cabos, Hans martelava reforços nas gaiolas, Igor organizava caixas de mantimentos. O barulho metálico das grades se misturava ao som ritmado dos pés batendo na madeira.

Victor, de joelhos, dava os últimos reparos em uma das armadilhas. Quando viu Mei se aproximou, levantou a cabeça e acenou com um sorriso largo.

— Aí está a engenheira que vai salvar a nossa temporada. — Ele bateu na gaiola com a palma da mão. — Vem cá, Mei, me ajuda com esse encaixe.

Mei deixou o casaco na amurada e se ajoelhou ao lado dele, pegando as ferramentas. Heather, que observava de perto, deu algumas instruções rápidas à tripulação e subiu ao convés superior, de onde podia ter uma visão geral do trabalho, e de Mei. A sua Mei, não estava falando muito, como sempre falava e isso deixava Heather preocupada. 

Enquanto ajustavam o ferro, Victor falou em tom mais baixo, para que apenas a novata ouvisse.

— Primeira vez no caranguejo das neves, né? É diferente do real.

— Diferente como? — Mei perguntou, enquanto seguia Heather com o olhar, até ela entrar na casa do leme.

Victor sorriu, gostando da curiosidade.

— Com o caranguejo-real a gente tem precisa encontrá-los e ter paciência. Temporada puxada, mas o mar não está tão fechado. Já o caranguejo-das- neves... — ele apontou para o horizonte cinzento. — É mil vezes mais desafiador. É um jogo de paciência e resistência. O gelo pesa nas gaiolas, se acumula no convés, deixa o barco escorregadio. Temos que tirar o gelo do barco o tempo inteiro. Qualquer descuido e a gente perde um homem pro mar. Ou pro frio.

Mei engoliu seco. Victor notou e riu baixinho, tentando aliviar.

— Mas não se assusta, não. Com a Heather no comando, a gente atravessa até tempestade de gelo. Você só precisa confiar na equipe.

Mei forçou um sorriso, mas a cabeça estava longe. Não era o mar que a assustava. Era a lembrança da porta de sua casa batendo atrás de si naquela manhã, as palavras cortantes do pai ecoando como uma maré gelada. O peito apertava, não pela temporada que se aproximava, mas pelo vazio de não ter mais um lar para voltar. A sua primeira vez com Heather tinha sido perfeita, ela só queria ficar mais tempo com o amor da sua vida antes que a realidade se colocasse entre elas. Mas agora, tudo tinha desmoronado e ela estava morando de favor na casa de Heather. Mei queria que a capitã sentisse saudade dela e não que a sua presença fosse imposta daquela maneira. Ela não queria mesmo incomodar. Heather era o tipo de mulher discreta em suas relações, sempre foi assim e Mei sabia disso. Nunca viu um homem estranho saindo da casa da mais velha. Ela nem sabia se Heather já tinha levado alguém para lá. Devia ser muito desconfortável para ela ter Mei no seu espaço o tempo todo. Talvez a capitã só tivesse oferecido abrigo porque achava que era a sua obrigação.

Victor a observou em silêncio por alguns segundos, interpretando o olhar distante. Achou que fosse medo do mar.

— Ei... — disse, com suavidade. — O segredo é respirar fundo e lembrar que você não está sozinha. Aqui, cada um segura o outro. Sempre. Assim como te defendemos no bar, vamos te defender no mar. 

— Obrigada por me defenderem naquele dia.

Mei estava agradecida pelo cuidado, mas falou pouco. Era mais fácil deixar Victor pensar que a sua tensão era só por conta do frio ou da temporada que se aproximava. Ela não queria conversar e estava muito cansada mentalmente para pensar demais.

Heather observava Mei o tempo inteiro. Vez ou outra dava ordens firmes, a voz projetada para todos ouvirem. Mas os olhos, mesmo que discretos, voltavam sempre para Mei. Ela estava tão preocupada com ela, só queria pegar Mei, se aninhar com ela em sua cama e prometer que tudo ficaria bem. Mas não podia, não com uma tripulação e clientes dependendo dela. Só que a capitã não conseguiu se manter totalmente impacial durante o dia de trabalho. O modo como ela ajeitava uma corda para não escorregar em Mei, como oferecia a mão para ajudá-la a levantar, como se demorava um pouco mais perto do que com qualquer outro tripulante. Eram gestos pequenos, quase imperceptíveis, mas não para Andrew, se estivesse ali. Nem para qualquer um que olhasse fundo o suficiente. Seu pai, ele com certeza já desconfiava dos sentimentos que ela sentia por Mei. Sentimentos estes que ela mesma ainda estava tentando entender. Ao mesmo tempo em que tinha medo do quão fortes poderiam ser, se sentia eufórica por sentir algo realmente completo pela primeira vez em sua vida.

A capitã respirava fundo, tentando se lembrar do que havia prometido a si mesma: no Queen Seas, Mei era tripulante. Só isso. A bordo, não podia se deixar levar pelo instinto de protegê-la além do necessário. Só que a cada vez que via a expressão distante no rosto de Mei, a cada marca de dor escondida sob o sorriso, era como se nada mais existisse além da garota que tinha tomado o seu coração.

Boris interrompeu o pensamento quando chegou com uma caixa de mantimentos.

— Capitã, já conferimos os suprimentos de higiene e cozinha. Só falta revisar os rádios e o aquecimento da cabine.

— Certo, Boris. Termine isso ainda hoje. — Heather respondeu firme, mas logo depois, sem se dar conta, deixou o olhar deslizar até Mei novamente.

Mei, ajoelhada ao lado de Victor, ajeitava o último pino da gaiola. As luvas grossas não escondiam o tremor pequeno nas mãos, não de frio, mas de tudo que carregava dentro de si. Quando levantou, Heather instintivamente desceu dois degraus, pronta para ajudar caso ela escorregasse.

Victor percebeu. Deu de ombros, disfarçando um sorriso. A capitã podia tentar parecer imparcial, mas aquele cuidado escapava por entre as brechas de qualquer disciplina. Talvez fosse porque Mei era amiga antiga da capitã, o tripulante pensou.

O sol começou a baixar, tingindo de dourado o casco do Queen Seas. O barco parecia respirar junto com eles, como um gigante adormecido prestes a despertar para os dias de mar congelado que os esperavam. A temporada estava logo ali, batendo à porta. E junto dela, perguntas sem resposta: sobre família, sobre lar, sobre amor escondido.

Heather deu o comando final do dia.

— Por hoje chega. Amanhã cedo, terminamos os preparativos. Quero todos descansados.

A tripulação se dispersou, rindo, trocando piadas sobre frio, gelo e "quem vai cair primeiro na água". Mei ficou para trás, recolhendo algumas ferramentas. Heather se aproximou, hesitou por um segundo, e tocou de leve na cintura dela.

— Como você está? — perguntou, em voz baixa, quase um sussurro que o vento carregava.

Mei não respondeu de imediato. Só olhou para o mar, que já se cobria de sombras. Depois, finalmente, murmurou.

— Só preciso de um bom banho e de você . 

Heather queria dizer tantas coisas. Queria prometer que não deixaria nada nem ninguém machucá-la de novo, que Mei podia tê-la quantas vezes precisasse. Mas a capitã respirou fundo, engolindo as palavras, e apenas assentiu.

— Então vamos para casa. Prometo que vou cuidar de você. — a capitão beijou a sua bochecha.

Mei olhou para ela, surpresa, e um sorriso breve iluminou seu rosto cansado.

O Queen Seas rangeu sob o peso da maré, como se aprovasse a promessa silenciosa.

(---)

A casa dos Collins estava silenciosa quando Heather e Mei chegaram. O cheiro de café fresco ainda pairava no ar, sinal de que Andrew havia deixado a cafeteira ligada para elas. As duas entraram, tirando os casacos pesados. Mei suspirou fundo, exausta, mas também com a mente turbulenta desde o momento em que pisara no barco. Ela não ficaria bem até que estivesse sozinha com Heather em seu quarto.

— Vou tomar um banho rápido... — disse Mei, tentando sorrir. — Preciso tirar esse cheiro de mar.

Heather assentiu, tocando de leve a mão dela antes que subisse as escadas. Foi um gesto breve, mas suficiente para que Mei entendesse que ela estava ali por ela.

Quando o som do chuveiro começou a ecoar pelo andar de cima, Andrew apareceu na cozinha, enxugando as mãos em um pano. Olhou para a filha e ergueu uma sobrancelha com aquele jeito calmo que usava quando sabia mais do que deixava transparecer.

— Longo dia? — perguntou, servindo-se de um café. Na casa deles e no Queen Seas nunca podia faltar café.

— Como sempre. — Heather forçou um sorriso, mas Andrew não deixou passar.

Ele se aproximou, oferecendo-lhe uma caneca. Heather aceitou, sentando-se à mesa. O silêncio inicial pesou, até que Andrew quebrou o clima.

— Como mei está, ela vai ficar aqui, certo?

Heather desviou o olhar para o vapor que subia do café. 

— Sim, mas imagino que ela acha que está incomodando.

Andrew cruzou os braços, estudando o rosto da filha. 

— E como você se sente com isso?

Heather respirou fundo, passando a mão pelos cabelos ainda úmidos do sereno do mar. 

— A presença da Mei nunca vai me incomodar. Eu... só quero que ela fique bem. Que se sinta segura.

Andrew sorriu de leve, com ternura.

— Sabe, eu sempre gostei da Mei. Desde que você trouxe ela aqui da primeira vez, parecia claro que havia uma conexão muito forte entre vocês. E agora, essa conexão se transformou em algo muito maior. Não precisa ter medo, Heather. Eu vejo como você olha para ela.

Heather congelou, o coração acelerando. Tentou se defender.

— Pai, não é...

— Não precisa negar. — Andrew interrompeu suavemente. — Eu sou seu pai. E eu sei quando minha filha está lutando contra os próprios sentimentos. Só quero que saiba que não precisa. Eu apoio você. Apoio vocês duas.

Heather engoliu em seco. O alívio era imenso, mas o medo ainda rondava como sombra. 

— E se os outros não aceitarem?

Andrew estendeu a mão sobre a mesa, cobrindo a dela.

— Então que não aceitem. Você não precisa da aprovação dos outros. Só precisa viver de um jeito que faça sentido para você.

Heather sentiu os olhos marejarem, mas respirou fundo para se recompor. O pai tinha razão, mas ela ainda não conseguia deixar todas as opiniões de lado. Principalmente a de Xiao, ele não iria reagir bem quando soubesse, ela tinha certeza. O barulho do chuveiro cessou no andar de cima, indicando que Mei logo voltaria. Antes que pudesse responder, um som inesperado ecoou: três batidas firmes na porta da frente.

Heather e Andrew trocaram olhares imediatos. Quem apareceria tão tarde?

Heather se levantou, foi até a porta e a abriu.

Do outro lado, estava a Sra. Wang, os olhos vermelhos e o rosto cansado. O coração de Heather disparou. A mulher estava com uma mochila nas mãos.

— Boa noite, Heather... — disse a mãe de Mei, a voz embargada. — Eu... eu preciso falar com a minha filha. Vi quando vocês chegaram juntas.

Heather congelou, sentindo o peso da noite ficar ainda mais denso. Andrew se aproximou devagar, como apoio silencioso. Lá em cima, passos leves soaram: Mei descendo as escadas, sem imaginar o que a esperava.

A sala da família Collins, que minutos antes parecia um abrigo seguro, agora se transformava no palco de uma nova tensão.


Fim do capítulo

Notas finais:

LIVRO EM PDF DISPONÍVEL PARA COMPRA. MANDE MESAGEM PARA O INSTAGRAM: escritora.kelly


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