Esse capítulo aborda temas delicados, como uso de lícitos (alcool e tabaco), cenas de sexo e nudez explícita, além de ter palavrões.
Caso seja sensível à algum desses assuntos, a leitura não é indicada.
Essa é uma história autoral. Qualquer cópia ou divulgação indevida são proibidas.
Estou em desvantagem I
O forno apita indicando que o que quer que ela tenha colocado lá, está pronto, quebrando o momento, a obrigado a tirar o nariz do meu pescoço.
- Me conta, Clara - pergunto enquanto levo a última garfada do croque-mounsieur belíssimo em minha frente - já sei que é de touro, tem as mãos lindas, cozinha bem pra caralh*… mas não sei o que faz da vida.
- Cara, eu faço tanta coisa…
- Seu sotaque é tão bom… é meio cantado, não sei explicar de onde é, uma delícia.
- Então vamos deixar no mistério - ela responde e me encara - me conta uma história vergonhosa sua.
- Puts… são tantas - tomo um gole de suco - uma vez eu fui pedida em namoro no ano novo, assim que estouraram os fogos de artifício.
- E isso é vergonhoso por….
- Porque eu estava como convidada de uma amiga, nessa chácara com amigos e conhecidos dela e, bom… conhecia essa garota que me pediu em namoro há umas 12 hrs - Clara arregala os olhos me encarando - EEEE…
- Eita, vamos lá!
- Pediu, agora aguenta! - Por um segundo que dura tempo demais, ficamos em silêncio nos encarando, um sorriso cafajeste surge no canto dos meus lábios mas eu continuo - E ela tinha namorada, só tinha brigado com a menina nessa viagem, mas eu não sabia de nada disso, eu só achei que era uma gata, solteira, que não havia resistido aos meus encantos e… bom… acontece que a namorada dela quis se vingar vendo a cena, e pra isso, me puxou pro quarto dentro dessa casa, e nós trans*mos a madrugada toda, foi uma das minhas melhores performances porque a mulher era simplesmente uma deusa.
- Bom - responde jogando o guardanapo de pano que estava em seu colo, no balcão, esticando a mão pra me cumprimentar - meus cumprimentos.
Depois do cumprimento mantendo as poses sérias, caímos em uma gargalhada de perdermos o fôlego. E que som maravilhoso, meus amigues! Que coisa linda é ver ela sorrindo segurando a barriga de tanto esforço, com as bochechas já meio avermelhadas.
Gente! Essa mulher precisa ser proibida por lei… de quê? Sei lá!
Eis que o clima muda e nenhuma das duas disfarça, colocamos os pratos na pia, a sigo pela cozinha,então passamos por um corredor que dá pra sala que estávamos antes e ela se senta no sofá, batendo com a mão ao lado, indicando que eu também ficasse por ali com ela.
A noite se mostra num azul intenso quase negro, lá fora, tudo que eu ouço são as vozes da minha cabeça tecendo comentários indecentes sobre a mulher à minha frente.
- Julia, tá aí?
- Oi - paro de observar parte da pele da barriga dela que se mostra agora que a camiseta subiu um pouco e a encaro - tô!
- Perguntei se você tá com sono.
- Eu tô é com vontade, Clara!
- Tenho que me acostumar com uma pessoa tão direta assim, na minha vida…
- Já fui muito indireta… isso não me trouxe nada bom, se eu quero algo, eu vou e pego! Se eu quero dizer, eu penso e digo.
- Topa jogar um jogo comigo?
Clara tira a bota amarela que usa e se ajusta no sofá, ficando mais confortável sentada totalmente nele, virada de lado pra me encarar. Repito a ação ficando descalça, mas quando vou puxar os pés pra cima do estofado, ela os segura,, colocando os dois em cima de seu colo, enquanto faz algo parecido com uma massagem, pressionando meus pés com as mãos firmes e eu permito, me ajusto nessa posição.
- Agora é sua vez de me contar uma história vergonhosa!
- Oh… - ela deita a cabeça nas costas do sofá mas segue com a massagem leve em meus pés por cima das meias - eu quase fui presa porque bati a noite toda na porta de uma desconhecida, achando que era a casa da minha tia… mas a verdade é que eu tava bêbada demais pra reconhecer que a casa dela nem naquela rua era.
- Gente… quem olha essa sua cara assim, o jeito de menina responsável, não imagina que bebe até perder a noção geográfica…
- Achei que aqui era um “ouvimos e não julgamos” mas entendi…
Rimos juntas num silêncio confortável demais, novamente. Agora abraço a almofada do sofá enquanto ela conta algo sobre a história, onde a polícia foi acionada e chegou na casa da moça, a levaram pra delegacia rindo das músicas que ela cantava no caminho. E que a tia dela morreu de rir quando chegou e viu a cena, pediu desculpas e a levou dali.
- É muito precioso ter em quem confiar dentro de um relacionamento, né? Igual esse que tem com sua tia, é tão valioso! Ter um porto seguro é fundamental, porque ela pra sempre vai ser esse lugar pra você, pelo que dá pra ver.
- E ela é! Aqui dentro de mim, ela quem me traz novamente pra luz quando tô mais trevosa. Todo lugar dessa casa que eu olho, imagino ela feliz, falando que quando tudo isso fosse meu, não desejaria ver uma casa apagada, minimalista e sem vida… que queria ver essa casa sempre cheia, de bugigangas pelas prateleiras, peças de arte onde fosse possível, fotos de nós pela casa.
- Realmente tem bastante fotos pela casa, muitos porta-retratos! É uma memória gostosa de se ter, foi a primeira coisa que reparei quando entrei.
- Quando entrei na sua casa, a primeira coisa que reparei foi o quadro de bilhetes, com muitas marcas de batom e telefones por todo canto.
- Culpada! - Ergo a mão me entregando - Renatinho fala que é meu mural de aviso.
- Ah é? O que ele avisa?
- Ele avisa que tô indisponível pra me relacionar até segunda ordem, segundo ele também avisa que meu coração está em recuperação permanente, como uma instalação de arte.
- Forte, Ju, mas é bom que esteja se recuperando também. O amor encontra portas e janelas em nossa vida.
- Sabe, Clara, eu passei por um último relacionamento muito difícil e ele cutucou feridas muito profundas, criou outras também e isso me fechou… mas enfim, não estamos aqui pra falar sobre tudo isso hoje.
- Eu tô aqui pro que der e vier hoje! Eu gosto de te ouvir, alguma coisa em mim se movimenta pra conhecer mais de você. E sinto muito que alguém um dia tenha conseguido diminuir a luz que tem em você, Julia… chega ser um desacato, um despautério, um crime… calma que eu esqueci mais palavras.
- Uma burrice?
- UMA BURRICE - rimos um pouquinho juntas - mas é sério, sua energia é tão gostosa, sua voz é tão gostosa, seu olhar é tão gostoso, você é tão gostosa!
- Me fala mais - tiro os pés do contato com ela e me aproximo, “cavalamente” me sentando sob o colo dela, que automaticamente coloca a mão em minha cintura pra me segurar, e me observa prendendo o lábio inferior entre os dentes - é sempre bom ouvir como a gente é gostosa.
- O que é foda, é que você tem até o cheiro gostoso, é um perigo tanta coisa junta - nos encaramos perto demais agora - e tanta coisa assim em cima de mim desse jeito… preciso de você na minha cama.
- Antes, isso.
Sem dar tempo pra que ela pense, colo nossos lábios com fome, ela me puxa colando nossos corpos e quando nossos seios se encontram, sinto todo o calor que o corpo dela emana nessa hora e arfo no meio do beijo, dando espaço pra que ela desça com os beijos pelo meu pescoço, encontra o lóbulo da minha orelha e suavemente, coloca a mão segurando meus cabelos desse mesmo lado, quando alcança minha nuca, pressiona ali com um pouco mais de força e nessa hora, automaticamente sinto meu centro de prazer gritando pra mim, “oieeee, adivinha quem acordou?”.
Ela continua, volta pelo mesmo caminho encontrando minha boca, sei que o vestido que uso agora está bem mais curto que antes, quase não cobre minhas coxas e se ela soubesse que nem com calcinha eu to, já teria me colocado pro quarto. Mas por hora, ela só tira minha jaqueta puffer, distribuindo beijos por todo meu colo, ombros, até que me dá mais uma olhada se afastando, com os olhos negros de tesão e eu entendo, preciso me levantar, senão ela me come ali mesmo.
- Eu não reclamaria de te comer aqui mesmo - cerrei os olhos quando ela lê meus pensamentos - mas tem vistas que não quero arriscar dividir com ninguém, então vamos subir.
O caminho até o quarto de Clara é feito rápido, sem nenhuma palavra dita, mas em nenhum momento ela solta minha mão.
Não dou atenção nenhuma pro quarto, que no momento está iluminado somente com luzes indiretas de tonalidades laranjas e amarelas, só a observo colocando alguma playlist pra tocar e me arrepio quando ouço o click da porta fechando, Clara se posiciona atrás de mim e segura meu corpo com força pelo quadril, levanto meu cabelo de um lado e viro o pescoço para que ela siga com as investidas dela, até que percebo que estamos de frente pra um espelho enorme no que julgo ser a porta do guarda-roupas e ela me olha através dele, nos olha.
- Eu vejo que você gosta de mandar, Julia mas olha… que coisa linda é o desejo na sua cara.
Enquanto me entrego aos seus toques profundos, nos encaramos pelo espelho, ela segura meu cabelo firme perto da nuca e inclino meu corpo um pouco pra frente, dando à ela de bandeja a melhor visão da noite, com o vestido verde escuro de camurça já mostrando a poupa da minha bunda e ela aproveita, com a outra mão me puxa ainda mais pro encontro com seu quadril.
- Eu tô há poucos passos de enlouquecer e ainda nem te toquei - declara.
Me afasto um pouco, virando de frente pra ela finalmente e nos beijamos, delicadamente alcanço a barra de sua camiseta e a envolvo nos dedos, puxando pra cima observando a cara de safada de Clara, os lábios levemente inchados e vermelhos me chamando atenção demais e não resisto, volto à eles com fome, enquanto ela mesma termina de tirar a camiseta que usa, exibindo uma lingerie delicada de cor branca, transparente suficiente pra que eu veja tudo que desejo ali.
- Estou em desvantagem - a mulher em minha frente reclama no meio do beijo e a encaro com a sobrancelha levantada.
- Você pode continuar falando ou pode sentar ali - aponto pra poltrona que ela tem em um canto do quarto, ao lado tem uma mesa de suporte e um abajur em cima de alguns livros - e hoje me obedecer é a sua maior vantagem.
Quieta, ela se senta na poltrona, com postura relaxada, um braço apoiado em cada lado, os olhos fissurados em mim enquanto ando lentamente até ela com uma onça que vê a presa, até que chego perto e a encaro de cima pra baixo e abaixo, perto o suficiente do ouvido de Clara pra sentir o cheiro gostoso do perfume dela direto do ponto pulsante em seu pescoço.
-Eu vou dançar uma música pra você - explico com a voz baixa, mas firme - e você vai aproveitar e observar… se até o final você conseguir se controlar e não encostar as mãos em mim, você ganha.
- E o que eu ganho? - Ela me senta de lado em seu colo, com a mão espalmada em minha coxa, buscando o calor do meu pescoço com a ponta do nariz.
- O que você quiser - levanto seu rosto pelo queixo, pra que me encare e continuo - é bom me obedecer, porque eu tenho prazer em mandar… tem muita coisa pra descobrir de mim, me dando poder.
- Quer conhecer o homem, dê poder à ele…
- Mas se quiser comer a mulher, dê poder à ela.
- Já está sendo um prazer te obedecer, Julia - segura minha mão e deixa um beijo no torso - quer alguma música ou eu posso escolher? - Aceno com a cabeça pra que ela escolha - Alexa - "pode falar, Clara”- toca "I C U” da Coco Jones.
Balanço a cabeça positivamente pela escolha e me levanto quando o aparelho começa os primeiros acordes da música, que eu conheço a propósito.
Fim do capítulo
Oiiiiiie!
Obrigada por me acompanharem em mais um capítulo da trama dessas queridas
Sei que ainda não foi aqueeeela cena de pegação por ser interrompida mas quem nunca interrompeu ou teve uma fod* interrompida, não é verdade? hahahahhaha
A música do capítulo é essa aqui: https://www.youtube.com/watch?v=rtfyUvIYaKw
Qualquer dúvida, sugestão, comentário, crítica, elogio, podem deixar aqui nos comentários que a mami lê tudo!
BEIJOS DA JU
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