Capitulo 54
Renata Fontes
Saímos do Porto Santo Antônio de barco. Hoje vamos mergulhar em frente à Praia do Sancho. Flávia está muito empolgada, ela pesquisou tudo sobre o lugar e está louca para ver os golfinhos e as tartarugas marinhas que aparecem naquela região. São apenas alguns minutos até o nosso destino, aproveito para fazer vídeos e tirar fotos das paisagens. Um grupo de turistas está conosco no barco e o guia nos explica sobre os projetos de preservação que a ilha tem. Quando chegamos perto da praia, colocamos nossas roupas de mergulho e nossas máscaras de oxigênio. Entro no mar com a ajuda dos funcionários e, em seguida, ajudo a minha namorada.
Mergulhamos juntas e logo avisto um recife de corais com algumas espécies de peixes coloridos passando por entre a vegetação. Posiciono a câmera e registro o momento. Flávia nada um pouco à minha frente, então consigo capturar algumas imagens. A mais nova tem um espírito aventureiro. Quando vou tirar outra foto dela, uma tartaruga marinha passa ao seu lado. De início ela se assusta, mas logo se acostuma com o magnífico ser e até arrisca uma pose para a foto. Estamos acompanhadas de mergulhadores profissionais, eles nos orientam sobre o que podemos fazer e o que não podemos. Nunca tinha mergulhado antes e a experiência está sendo incrível. Nado até a jornalista e fico ao seu lado para tirar uma selfie nossa. Essa, com certeza vou emoldurar. Fico sem fôlego com a beleza da natureza ao nosso redor, é como uma obra de arte.
Depois do mergulho, vamos até a praia. Flávia segura na minha mão e caminhamos por toda a extensão de terra, explorando o lugar. Por ser um lugar de preservação, a praia não tem estruturas como quiosques, cadeiras e sombreiros. A comida e a água têm que ser trazidas de casa, por isso comprei nossos lanches antes do passeio.
— Aqui é tão lindo. — Flávia não deixou de sorrir desde o momento em que entramos no barco.
— Sim, parece mentira de tão perfeito.
— O que acha da gente sentar ali para comer? — Ela aponta para uma área com algumas vegetações e sombra. O grupo de turistas não está tão longe e, assim como nós, estão aproveitando o lugar.
— Ótimo. Você coloca as toalhas no chão e eu tiro o lanche da bolsa.
Flávia concorda e corre animada até o local que indicou. Arrumamos nossas coisas e finco um sombreiro na terra. Tiro minha camisa e shorts e fico apenas de biquíni. Sento na toalha e como alguns petiscos enquanto observo as pessoas tomando banho no mar.
— Deixa eu passar mais protetor solar em você, bebê. Sua pele é muito sensível. — Flávia fica atrás de mim e começa a passar o produto. No dia anterior, acabei pegando muito sol e ficando com a pele avermelhada, por isso, hoje ela me faz passar o protetor solar a cada hora.
— Queria ter a cor da pele igual à sua. Seu bronzeado está incrível. — Flávia está com a pele brilhosa e hidratada.
— Pois eu adoro a sua cor, floco de neve. — Ela beija o meu rosto. Acho graça do apelido.
— Tenho certeza que vai descascar. — Apontei para os meus ombros que estavam vermelhos, mas Flávia estava com a cara fechada e encarava um grupo de pessoas.
— Aquele idiota não parou de secar você desde que saímos do Porto. — Flávia encara um homem que está passando com alguns amigos um pouco longe de onde estamos. Quando percebe que estou olhando, ele sorri e pisca.
Urgh!
— Vem cá. — Seguro o rosto de Flávia e lhe dou um beijo apaixonado. — Não importa quem me olha, pois eu só tenho olhos para você. Não ligue para ele. — Ela sorri e me beija novamente. O homem dá de ombros, revira os olhos e segue caminho com seus amigos. Muito melhor assim. — Vamos entrar no mar?
— Vamos. Só vou guardar as comidas.
— Eu te ajudo. — Arrumamos nossas coisas e caminhamos até o mar. A água está uma delícia e passamos mais de uma hora brincando e mergulhando. Quando uma onda mais forte se aproxima, pego Flávia pela cintura me jogo com ela em direção à onda. Adoro fazer aquilo e ela morre de rir.
Ontem à noite, as coisas ficaram quentes entre nós. Depois da jacuzzi, fomos para a cama e fizemos amor a noite inteira. Estou nas nuvens com a nossa relação, tenho certeza absoluta de que Flávia é a minha pessoa. Temos um humor parecido, gostamos de ficar juntas, nos comunicamos para resolvermos os problemas que aparecem, ela se interessa pelas coisas que eu gosto, me apoia com os meus projetos, me ajuda nas dificuldades da minha alimentação. Cada vez que descubro algo novo ao seu respeito, me apaixono ainda mais. Eu sempre soube que por baixo de toda aquela barreira que ela construiu, existia uma mulher incrível e cheia de camadas interessantes. E agora que tenho a sua confiança novamente, tenho certeza que ela é ainda mais interessante do que eu imaginei.
Minha namorada, não canso de chamá-la assim.
Quando voltamos para a pousada, já é de tarde. Por conta do cansaço, decidimos dormir um pouco até a hora do jantar.
No início da noite, pegamos um táxi até um restaurante que ficamos interessadas em conhecer. Eles serviam bastante frutos do mar, mas também tinham uma culinária nordestina. Foi indicação de um casal que está hospedado na mesma pousada que a gente.
A decoração do lugar é linda, com pinturas de Noronha ao lado de cada mesa. A iluminação é baixa e cria um clima aconchegante. Pedimos os drinks da casa que tinha maracujá, hortelã, limão e cachaça. Para o jantar, optamos por arroz negro com frutos do mar e legumes. E para a sobremesa, dividimos uma torta de morango.
Depois do jantar, aproveitamos para caminhar pela praça que fica ao lado do restaurante. O céu está repleto de estrelas, cenário perfeito para um passeio romântico. Tiramos mais algumas fotos e sentamos em um banquinho para saborear um sorvete.
— Você gosta do seu apartamento? — Flávia me pergunta. — Quer dizer, gosta de morar lá?
— Gosto, é bem tranquilo. — Não entendo por que do nada ela pergunta aquilo. Mas não questiono.
— Ah. — Ela baixa o olhar até o seu sorvete.
— Por quê? — Toco na sua mão.
— Nada, eu também gosto do seu apartamento. É um lugar legal. — Ela está enrolando para chegar ao ponto da questão. Já conhecia aquele comportamento.
— Você está tentando me dizer alguma coisa?
— Quero te dar algo, mas não sei se vai gostar. Quer dizer, passamos a maior parte do tempo na casa uma da outra...
— Amor, você está dando voltas no assunto. Está tudo bem, pode me dar o que quiser. Se é um presente seu, sei que vou gostar. — Não fazia ideia do que Flávia queria me dar, mas com certeza o que ela tirou do bolso me surpreendeu.
— Não estou querendo apressar nada, só acho que é uma forma de deixar claro que você faz parte da minha vida agora. — Ela colocou um chaveiro na minha mão. Tinha uma foto nossa com o Groot no pequeno porta-retrato que sustentava algumas chaves. — Mandei fazer há algumas semanas.
— Você está me dando as chaves da sua casa? — Eu sabia que eram as chaves da casa dela, mas estava sem acreditar. Aquele gesto é um passo enorme para Flávia.
— É o meu jeito de dizer que confio em você.
— Obrigada por confiar em mim. Não vai se arrepender, meu amor.
— Sei que não. — Beijo a morena.
— Essa foto está linda. Nossa pequena família. — Toco no chaveiro. E então percebo o que falei, mas antes de me retratar, Flávia fala.
— Sim, vocês são a minha família. — Ela descansa a cabeça no meu ombro. Tento me acalmar, mas por dentro estou em completa euforia. Ela concordou. Somos uma família. Quero gritar e pular, mas me contenho e acaricio o seu cabelo com um sorriso bobo estampado na minha cara.
@escritora.kelly
Fim do capítulo
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