Renata Fontes

Será que é possível explodir de felicidade? Estou começando a acreditar que sim.

Depois da despedida de solteira das nossas amigas, voltei à minha rotina normal de trabalho e Flávia passou a maior parte do tempo na emissora. Hoje, iríamos nos encontrar e eu estava super ansiosa.

— Merda! — Corro para a cozinha quando sinto um cheiro forte de queimado. Mexo na panela para tentar salvar alguma coisa, mas já é tarde demais. Pensei que conseguiria preparar um jantar especial, mas sou um desastre cozinhando. O que iria fazer agora? Flávia já estava chegando.

Sento no sofá e mando mensagem para um restaurante que fica perto do meu prédio. Groot deita ao meu lado. Ele já comeu e está distraído com seu urso de pelúcia.

O restaurante não me responde.

Que ótimo!

Ouço a campainha tocar, deve ser a Flávia. Corro e abro a porta. Estou decepcionada comigo mesma.

— Oi, amor. — Ela me abraça. — Nossa, que cheiro é esse?

— Oi. Eu queimei o nosso jantar. — Estou a ponto de chorar. — Só queria fazer algo especial, mas estraguei tudo.

— Ei, está tudo bem. — Ela acaricia a minha bochecha. — Você não estragou nada. — Flá me beija. — Desfaça esse biquinho lindo e vem me ajudar. — Foi quando notei uma sacola de supermercado na sua mão.

— Você é maravilhosa! — Falo, empolgada, pegando a sacola das suas mãos e fechando a porta.

— Oi, grandão. — Flávia faz carinho na cabeça de Groot e ele a segue até a cozinha. — Imaginei que você fosse precisar de ajuda.

— Como pode me conhecer tão bem? — Brinco. Coloco a sacola de mantimentos no balcão.

— Vamos ver se acertei. — Flávia tira uma garrafa de vinho da sacola e pega duas taças no armário, que ela já está familiarizada. Ela serve um pouco da bebida em cada taça.

— Você acertou demais. — Falo depois de provar o vinho. Beijo mais uma vez os seus lábios deliciosos.

— Agora, meu amor, você vai sentar essa bunda maravilhosa aqui. — Ela me pega de surpresa e me coloca na bancada. — E vai me contar como foi o seu dia enquanto faço o jantar. — Enlaço a mais nova com as pernas no seu quadril, impedindo que ela saia de perto de mim.

— Que mandona. — Seguro o seu rosto e beijo o seu pescoço. — Você fica tão sexy quando manda em mim.

— Ah é? Porque posso fazer isso a noite inteira. — Ela aperta o meu bumbum e beija os meus lábios. Dessa vez com necessidade. Demoramos alguns segundos só aproveitando aquele momento.

— Senti saudade, princesa.

— Eu também. — A jornalista me dá um selinho e vai até a pia lavar as suas mãos.

Enquanto Flávia fazia o jantar, conversamos sobre o nosso dia. O estresse que comecei a sentir antes, se dissipou rapidamente. Observei cada movimento da mais nova, ela cozinhava com muita habilidade. Ainda não tinha caído a minha ficha de que agora éramos um casal, tudo era muito surreal. No início tivemos tantos desentendimentos, cheguei a pensar que não daria certo. Só que com o tempo, conseguimos superar os nossos conflitos e agora estamos cada dia mais próximas.

— Agora eu vou lavar essa louça. Quem cozinha não lava. — Falei quando terminamos de comer.

— Gostei dessa regra. — Ela deu um leve tapa na minha bunda.

Enquanto lavava a louça, Flávia passava as opções de filmes na televisão. Groot estava deitado no colo dela. Não sabia se me concentrava na louça ou na cena fofa dos dois brincando. Por fim, consegui terminar de lavar os pratos e corri para me juntar a eles.

Deitei no sofá e Flávia se aconchegou do meu lado. Ela tinha escolhido uma comédia romântica.

Durante o filme, passei a maior parte do tempo beijando e acariciando o seu corpo.

— Assim fica impossível de me concentrar no filme. — Ela se virou para mim e sorriu.

— Desculpa, é que não resisto.

— Estou brincando, você pode me tocar o quanto quiser.

— Verdade?

— Claro que sim.

— Então vamos para o quarto?

— Quero muito, mas antes... Preciso que me ajude com uma coisa. — Ela escondeu o seu rosto no meu peito. Não entendi a sua vergonha.

— Não precisa se sentir envergonhada, você pode me pedir qualquer coisa. — Já estava imaginando vários fetiches que a mais nova gostaria de tentar.

— O casamento das meninas tá chegando e eu ainda não aprendi a coreografia de dança. — Então era aquilo. Como minha mente estava poluída.

— Eu te ensino, você vai ver. No dia, vamos arrasar.

— Tomara, isso tá me deixando tão insegura. — Percebi que ela falava sério.

— Vamos fazer assim, todos os dias vamos praticar. Quer saber, vamos praticar agora. — Me levantei levando a minha namorada comigo até o centro da sala.

— Agora?

— Sim, e sabe o que mais? Nós vamos praticar, mas tenho certeza que as meninas só querem que a gente faça parte da felicidade delas. Só vamos relaxar, tá bom?

— Obrigada, Rê.

— De nada.

— Você tem sido a minha calma, sabia? — Me surpreendi com suas palavras.

— Só quero cuidar de você. — Falei.

— Quando estamos juntas, todas as minhas preocupações ficam menores. Como consegue fazer isso?

— Não sei, só estou sendo eu mesma. Te amo tanto que quero transformar os seus dias nos melhores que já teve. — Flávia tocou no meu rosto e beijou os meus lábios delicadamente. A nossa conexão estava crescendo cada vez mais.

Ficamos ensaiando os passos da coreografia durante alguns minutos. Flávia ainda estava com dificuldade, mas com a repetição ela foi melhorando os seus movimentos. Às vezes ficava irritada consigo mesma, mas eu lhe incentivava a não desistir. Apesar de parecer algo bobo para algumas pessoas, sabia que era importante para ela. A jornalista não gostava de errar e já tinha percebido aquilo há muito tempo.

Depois de um banho relaxante, deitamos na cama.

— Falei com o investigador. — Ela soltou de repente. Me virei para ela, curiosa.

— Como foi?

— Foi bom. Marquei um encontro com a Sueli através dele. Acho melhor que seja assim, agora no início.

— Entendo. Quando vocês vão se encontrar?

— Amanhã.

— Sério? E você está bem?

— Estou muito nervosa, mas o detetive disse que a Sueli está muito ansiosa e que só estavam aguardando a minha decisão. Parece que ela quer mesmo me conhecer.

— Vocês duas foram vítimas dessa história, amor. Eu não conheço a Sueli há tanto tempo, mas ela parece uma boa pessoa. Ela deve ter sofrido muito todo esse tempo.

— Penso nisso com frequência. Espero de verdade, que tudo dê certo.

— Vai dar sim. — Abracei a minha namorada. — Fica tranquila, não vou sair do seu lado.

@escritora.kelly

Fim do capítulo