Capitulo 22
RENATA FONTES
Flávia chorou durante muito tempo. Entramos em sua casa e ela adormeceu na cama. Deixei ela descansando e fui até a cozinha preparar um chá de camomila. Precisava me acalmar um pouco. Aquela noite estava sendo longa, ainda não acreditava em tudo o que tinha acontecido. Flávia tinha conhecido a minha família e, não só isso, eles gostaram dela. Minha mãe e Rute eram as únicas que sabiam dos meus sentimentos por ela. De início, achei que Rute estava querendo me provocar, mas tudo o que ela fez só me ajudou. Durante o jantar, minha cunhada me garantiu que Flávia estava com ciúmes de mim. Não duvidava do olhar perspicaz de Rute, ela era muito boa em ler as pessoas.
Mesmo que estivesse chateada, resolvi deixar o meu orgulho de lado e aproveitar a companhia de Flávia, não conseguia ficar irritada com ela por muito tempo. A jornalista parecia tão feliz ao redor da minha família. Desejei inúmeras vezes que ela fizesse parte da vida das pessoas que eu tanto amava, mas nunca imaginei que meu desejo se realizaria tão rápido.
Flashback on
Quando chegamos no jantar, mamãe me puxou para a cozinha com a desculpa de que precisava da minha ajuda. Dona Estela era muito curiosa.
— Vocês se acertaram? — Ela perguntou.
— Não, mãe, foi a Rute que a convidou. A Flávia é cliente dela. Estou tão surpresa quanto você. Nunca imaginei que ela aceitaria ficar no mesmo lugar que eu, ainda mais depois do nosso último desentendimento.
— Eu vi como ela te olha, talvez ela só esteja com medo. Vocês deveriam encontrar uma forma de fazer as pazes.
— Queria que fosse fácil, mãe. Mas eu não sei como chegar até ela. Quando acho que consegui, ela foge de mim. — Falei vencida.
— Só seja você mesma. Ninguém em sã consciência deixaria você escapar, meu amor. Renata, você é gentil e paciente, se tem alguém que pode resolver essa situação é você.
— Você acha que devo continuar tentando?
— Sim. Não diria isso se aquela mulher lá fora não gostasse de você. Mas ela está aqui, isso deve significar alguma coisa. Tenha um pouco mais de paciência. Como sempre falo, o amor não é um mar de rosas.
Flashback off
Minha mãe estava certa, eu precisava continuar tentando. Não somente pela Flávia, mas por mim também. Não queria me arrepender de não ter feito tudo que estava ao meu alcance para conquistá-la. E hoje, foi a primeira vez que vi Flávia tão vulnerável. De alguma forma, ela estava me deixando entrar na sua vida novamente. Mas dessa vez, eu não iria perder a sua confiança.
— Renata? — Ela me chamou.
— Estou aqui. — Entrei no quarto e sentei ao seu lado.
— Eu dormi por muito tempo? — Seu rosto estava adorável, com algumas marcas do travesseiro.
— Só por uma hora. Não se preocupe. — Acariciei o seu cabelo.
— Desculpa ter chorado. Não sou de fazer isso na frente das pessoas.
— Não peça desculpas, não quero que esconda os seus sentimentos de mim. — Brincava com uma mecha do seu cabelo.
— Você quer deitar um pouco? — Me surpreendi com a sua pergunta. Era óbvio que queria, mas e se ela ficasse assustada? Não queria deixá-la desconfortável.
— Eu quero, mas não quero te deixar desconfortável.
— Não estou desconfortável. Vem, deita aqui comigo.
Deitei ao lado de Flávia, meu coração estava para sair pela boca. Nem acreditava que estávamos deitadas na sua cama. Ela virou de costas para mim.
— Você pode ficar mais perto se quiser.
Coloquei a minha mão em sua cintura, mas mantive a distância entre os nossos corpos. Só que Flávia tinha outros planos, ela se aproximou até que o seu corpo se encaixasse no meu. Prendi a respiração, era difícil me controlar com aquele monumento de mulher tão próxima a mim.
— Sei que fui imprevisível com você e te deixei insegura, sinto muito. Estou tentando melhorar. — Me surpreendi com as suas palavras. — Nunca deixei ninguém se aproximar de mim, antes. Sou fechada para inúmeras coisas que envolvem uma relação amorosa.
— Está tudo bem. Eu entendo e não quero que faça nada que lhe deixe desconfortável.
A mais nova ficou de frente para mim. Ela não me olhou nos olhos, as suas bochechas estavam ruborizadas.
— Preciso que me ensine. — Ela era fofa quando estava envergonhada. Segurei o seu queixo e fiz ela me encarar.
— O que você quer que eu te ensine?
— As coisas que as pessoas fazem quando estão numa relação amorosa. — Ela estava finalmente se abrindo para mim.
— Quer que eu te ensine a fazer safadezas? — Brinquei.
— Não! — Ela deu um leve empurrão em meu ombro, mas não conseguiu disfarçar o sorriso. Amava fazê-la sorrir.
— Se você não falar abertamente, não vou saber o que você quer de mim.
Flávia respirou fundo e disse.
— Preciso que me ensine a namorar, eu não sei como é.
— Você é adorável, sabia. — Beijei a ponta do seu nariz. Ela me olhou com estranheza.
— Namoradas beijam o nariz uma da outra? — Estava a ponto de rir. Mas sabia que ela estava falando sério.
— Sim, isso com certeza é o tipo de coisa que namoradas fazem.
— Por quê?
— Porque é fofo e divertido.
Ela pareceu avaliar se o que eu tinha dito fazia sentido. Então, Flávia se aproximou e depositou um beijo delicado na ponta do meu nariz. Aquilo estava ficando muito interessante, não sabia que ela podia ser tão fofa.
— Você tem razão, é divertido.
Não consegui me conter e a puxei para um abraço. Beijei a curva do seu pescoço e inspirei o aroma doce que ela tinha.
— Isso faz cócegas. — Ela reclamou.
Mas não deixei ela se afastar e continuei a brincar com as partes sensíveis em seu pescoço de uma forma afobada. Fazendo com que Flávia sentisse mais cócegas.
— Para, por favor. — Ela implorou.
— Mas namoradas também fazem isso. Estou apenas lhe mostrando para que aprenda. — Provoquei.
Ela cerrou os olhos em minha direção. Sem que eu estivesse esperando, Flávia sentou em minha cintura e prendeu as minhas mãos contra o colchão. Fiquei surpresa com a sua atitude. Depois ela beijou a curva do meu pescoço, da mesma maneira que eu tinha feito com ela. Aquilo estava me deixando louca.
— Estou machucando o seu pulso?
— O quê? — Estava confusa. Do que ela estava falando.
— Seu pulso está doendo? — Foi então que lembrei da torção.
— Não dói mais, estou recuperada. — Me livrei do seu agarre e sentei, envolvendo o seu corpo com meus braços. Agora ela estava sentada em meu colo. — Já consigo fazer tudo o que preciso com a minha mão. — Provoquei. Flávia olhou para a minha boca e depois para a abertura da minha camisa, que estava desabotoada na parte de cima. A morena passou um bom tempo me secando, depois voltou a olhar em meus olhos. Ela segurou a minha nuca e me puxou para perto do seu rosto.
— Podemos apenas nos beijar, esta noite? — Flávia perguntou.
— É claro.
— Não é que eu não queria trans*r com você. Eu quero muito. Só... quero ir devagar. — Ela desviou o seu olhar.
— Ei? — Toquei em seu rosto e ajeitei os fios rebeldes em sua franja. — Você não precisa se justificar. Além do mais, eu quero que a nossa primeira vez seja especial. Você merece ser tratada como uma princesa e é exatamente o que vou fazer.
Flávia sorriu e me puxou para um beijo longo e delicado. Só queria aproveitar cada segundo do nosso contato, então deixei com que ela guiasse o beijo. Aquilo tudo ainda parecia um sonho. A morena acariciou a minha costa e depois os meus ombros. Ela deslizou seus dedos por cada parte dos meus braços e depois, descansou suas mãos em minha cintura. Aquele era o beijo mais gostoso que eu já tinha compartilhado com alguém. Era intenso e ao mesmo tempo calmo. Estava me segurando para não passar dos limites, então mantive as minhas mãos, paradas em cima das coxas de Flávia. Ela fez uma trilha de beijos pelo meu pescoço e clavícula, como se quisesse explorar os detalhes do meu corpo. Era impossível segurar alguns gemidos baixinhos.
— Princesa, com você fazendo essas coisas, fica difícil me segurar. — Avisei. Ela sorriu por causa do apelido carinhoso.
— Você tem razão, é melhor ficarmos apenas abraçadas.
Deitei e Flávia se aconchegou em meus braços. Minha respiração estava um pouco acelerada, não conseguia acreditar que os meus desejos estavam se realizando. Tinha medo de dormir e descobrir que tudo aquilo não passou de um sonho. Apertei o corpo da pequena mulher, contra o meu, em busca de conforto para a minha mente agitada. Não sabia como seria a vida a partir dali. Mas de uma coisa eu tinha certeza, iria lutar para que Flávia continuasse segura em meus braços.
@escritora.kelly
Fim do capítulo
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