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RECOMEÇAR por EriOli

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Palavras: 1929
Acessos: 175   |  Postado em: 14/09/2025

Capítulo 1 — Chegada

Deixar para trás tudo o que você já conheceu na vida era para Fernanda, ao mesmo tempo reconfortante e assustador. Uma cortina espessa subia conforme a caminhonete avançava pela ponte empoeirada que ligava a cidade ao pequeno vilarejo de San Juan Diego, na outra margem do rio. Uma música qualquer tocava na única rádio que ela conseguira sintonizar, dona Lourdes, sua mãe, ressonava tranquilamente no banco do passageiro. Era admirável e irritante o fato de o chacoalhar do veículo não a incomodar, era como se toda aquela movimentação na verdade a embalasse. Logo, a tarefa de sentir o corpo formigar em expectativa sobrara para Fernanda, sequer conseguira prestar atenção a paisagem do rio além da ponte. As mãos suavam a medida em que seu destino tomava forma a sua frente. Destino, riu-se para a ironia da palavra, não sabia se acreditava em tal coisa, apenas cria que as escolhas é que faziam seu caminho e bom, ela já havia extrapolado sua cota de escolhas ruins. Só esperava que essa não fosse mais uma.

O vilarejo começou a se revelar entre curvas suaves e árvores tortas, assim que a ponte terminou com um rangido quase tímido sob os pneus, como quem anuncia a chegada de um estranho e realmente, ela era uma completa estranha. Casas de telhado baixo se alinhavam como expectadoras silenciosas de sua chegada. Um cachorro caramelo cruzou a estrada sem pressa, ignorando o motor da camionete como quem dá pouca importância ao vaivém dos forasteiros. Fernanda apertou os olhos. Avançou mais alguns metros e uma praça com um coreto de madeira e bancos descascados apareceu à direita. Uma espécie de café com uma varanda enfeitada por vasos pendentes de flores desbotadas e a igreja de San Juan Diego, que dava nome ao vilarejo erguiam-se lado a lado, emoldurando os arredores daquela praça. Pessoas caminhavam devagar — ninguém parecia ter pressa ali, e isso a inquietou mais do que gostaria.

— Já estamos chegando? — murmurou dona Lourdes, despertando.

— Já...  — Fernanda respondeu, mas sua voz parecia não ter saído completamente do peito.

O vilarejo parecia pequeno demais para tudo o que ela carregava e não era sobre algo material e sim sobre o que carregava dentro de si. Porém, ainda assim, havia algo naquele lugar — talvez na poeira suspensa, no ritmo desacelerado, ou no cheiro de mato molhado — que lembrava que mesmo uma árvore cortada pode reencontrar o solo e brotar novamente. E era esse pensamento que a movia, mais do que uma chance, reencontrar-se era uma necessidade.

A camionete avançou pelas pequenas ruas de paralelepípedo deixando a praça para trás. Parou em frente a uma casa de fachada simples, com pintura pálida e um jardim maltratado pelo abandono.

— Espere aqui, está bem.

Fernanda desceu devagar, como se quisesse que o chão confirmasse que não era um sonho — ou um erro. O calor abraçou seu corpo com a urgência de quem espera há muito por companhia.

— Oi, você deve ser a senhora Fernanda Bianchi?

Um jovem rapaz a cumprimentou saindo pelo portão. Estendeu a mão e Fernanda a apertou.

— Alencar, na verdade — ela logo o corrigiu, embora o divórcio só saísse nos próximo dias, ela esperava nunca mais usar aquele sobrenome. — Ou melhor, me chame apenas de Fernanda. Tudo bem?

— Está bem, eu sou o Rafael, presidente da Cooperativa, o louco por trás da ideia de contratar uma Engenheira Agrónoma.

Ele lhe sorriu afetuosamente e Fernanda não conseguiu ser indiferente, retribuiu.

— Bom, é um prazer, eu sou a engenheira louca que aceitou o desafio.

Sorriram.

— Nos entenderemos bem então. — Rafael emendou antes de estender as chaves da casa para Fernanda. — Aqui estão as chaves e se precisar de ajuda estou por aqui, posso ficar para descarregar as caixas.

— Ah não é necessário, como a casa já é mobiliada, são apenas algumas malas e caixas, dou conta por aqui, mas obrigada assim mesmo. Aqui tem a chave do portão maior?

— Ah, sim, são essas — ele separou-as. — Ok, eu já vou, você tem meus números, se precisar é só ligar. E se quiser conhecer um pouco mais do vilarejo também posso te apresentar alguns lugares, não temos muitos, mas conheço os melhores. Inclusive temos um bar, que é o número único, mas o melhor da região.

— Pode deixar, talvez eu te ligue para irmos até lá, então.

Despediram-se e Fernanda abriu o portão maior, voltou para a camionete e estacionou na lateral da casa.

— É aqui? — perguntou Dona Lourdes, ajeitando os óculos enquanto saía do carro. O sol desenhava linhas profundas em seu rosto sereno.

Fernanda assentiu. A casa era alugada por indicação da cooperativa. Dois quartos, um pequeno quintal e uma varanda que rangia mesmo sem vento. Lugar suficiente para esperar o tempo passar sem pedir licença.

— Tem cheiro de coisa velha — resmungou sua mãe, entrando sem cerimônia.

Fernanda sorriu. Não por graça, mas por reconhecimento. Velho era mesmo aquilo tudo — paredes, portas e também os sentimentos que tentava calar desde que se despediu de sua cidade natal. Mas ali, entre plantas secas e móveis gastos, talvez houvesse espaço para reconstruir com menos peso e mais verdade. Suspirou tentando preencher o próprio espírito com boas vibrações.

Mais tarde, enquanto ajeitava as algumas coisas no armário do quarto, encontrou uma foto esquecida entre papéis. Era do tempo da escola. Ela estava rodeada por colegas e abraçava Anna-Lú com um sorriso tímido e um brilho no olhar que parecia estrangeiro agora.

“Quem era aquela?”, pensou. “Será que ainda existia algo daquela Fernanda em mim?”

Do lado de fora, o barulho de um sino vindo da igreja da praça ecoou pelo vilarejo. Um chamado suave, quase espiritual. Um lembrete. Fernanda deixou-se cair na cama, exausta, mas alerta. O corpo cansado, a mente inquieta. Amanhã seria o primeiro dia na cooperativa. Primeira reunião. Primeira impressão. Primeira chance real de fazer algo que não envolvesse correr — ou esconder-se. E, quem sabe, primeiro passo rumo a algo que ela ainda não sabia nomear. Já passava das 18h quando finalmente terminara de desencaixotar as últimas coisas, ainda faltava uma organização melhor, mas por hora estava de bom tamanho. Ansiosa pelo dia seguinte decidiu que o convite de Rafael parecia uma boa ideia, precisava mesmo desanuviar a mente. Ligou e marcou de encontrá-lo na praça as 20h.

O Bar do Coreto ficava numa esquina silenciosa da praça principal, as margens da via que se alongava formando uma espécie de orla e de frente para o coreto encardido e a banca de jornal que fechava antes do pôr do sol. Dentro, luzes amareladas pendiam por fios tortos, e o cheiro de madeira molhada se misturava ao aroma insistente de cachaça local. A maioria das mesas era ocupada por moradores já conhecidos entre si — vozes graves, risos abafados e a lentidão de quem já não esperava surpresas da vida.

Fernanda entrou com Rafael e imediatamente sentiu o peso dos olhares não por curiosidade, mas por costume: ali, toda chegada era registrada, catalogada e comentada.

— Não liga, é sempre assim nas primeiras vezes — murmurou Rafael, guiando-a até uma mesa no canto. — Depois você vira invisível.

Ela sorriu sem graça, tirando o casaco com um gesto automático. Estava quente ali dentro, abafado, quase apertado demais. O ambiente lembrava os bares universitários que frequentava as escondidas de seu ex-marido e de quando ainda acreditava que liberdade não era uma conquista alcançável, não para ela.

Foi então que viu.

Num canto oposto, perto do balcão, uma mulher de postura imponente inclinava-se para falar com outra, enquanto mexia lentamente sua bebida com o canudo. Os cabelos castanhos estavam presos num coque despretensioso, e os olhos — intensos e vivos — pareciam estar em todo lugar ao mesmo tempo. Inclusive nela.

Isabela Corrêa Mendes não sorria. Observava.

Fernanda baixou os olhos primeiro. Sentiu o peito apertar, como se tivesse respirado fundo num momento errado. Não sabia dizer por que aquele olhar a deixara assim — nem se queria descobrir.

Rafael seguiu falando sobre o projeto da cooperativa, sobre os desafios com os produtores mais velhos, mas Fernanda apenas assentia, as palavras dele parecendo ecos distantes atrás do som do copo que Isabela acabara de pousar sobre o balcão.

Do outro lado, Isabela mantinha sua expressão inalterada. A amiga ao lado ria alto de algo que ela acabara de dizer, mas Isabela não acompanhava o humor. Apenas lançava olhares curtos, quase estudiosos, para o outro lado da sala. Ali, entre mesas de madeira rústica e conversas arrastadas, as duas mulheres compartilharam um silêncio que dizia mais do que qualquer frase ensaiada.

Quando Rafael chamou o garçom, Fernanda se virou ligeiramente para ajeitar o cabelo, e seus olhos se cruzaram novamente com os de Isabela — rápidos, certeiros, e cheios de uma curiosidade que ainda não sabia se era ameaça ou atração. Depois de Anna-Lú não havia muitas mulheres por quem tivesse se atraído, mas não era como se reservasse algum momento para pensar nisso, os problemas em seu casamento lhe tomavam tempo demais. Mas as sensações que o olhar perscrutador que a desconhecida lhe lançava revirou algo em si a muito não sentido, algo que em sua adolescência demorara para entender, mas agora no alto de seus 30 anos não era tão difícil reconhecer nas sinapses de seu corpo.

Naquela noite, o bar não teve música ao vivo. Mas para Fernanda, o som do encontro já tinha começado. A conversa com Rafael seguia entre goles de cerveja artesanal e risadas discretas sobre a burocracia da cooperativa. Fernanda tentava se concentrar, mas os olhos de Isabela ainda dançavam na memória como reflexo de um ponto luz quando encontra a água.

— E aquela mulher no balcão... — disse ela, fingindo casualidade ao mexer na borda do copo e finalmente dando vazão a sua curiosidade. — Ela é daqui?

Rafael ergueu as sobrancelhas, surpreso com a pergunta.

— Isabela? — ele falou baixo, como se o nome tivesse peso ou algo proíbido. — Filha dos Mendes. Dona da Mendes Agritec. Conversamos por e-mail sobre a Agritec, uma das empresas que receberam nosso projeto, como possível investidora.

Fernanda tentou esconder a reação, mas algo se acomodou em seu peito. Aquela presença marcante, o olhar firme, quase duro, mas ao mesmo tempo sedutor — tudo fazia sentido agora.

— Não sabia que ela vinha a lugares assim — comentou, tentando soar neutra.

— Ninguém sabe muito dela, na verdade. Aparece quando quer, fala pouco, mas tem presença e quem já teve contato sabe que ela costuma ser, digamos que implacável. A verdade é que muitos dos agricultores que trabalhavam para ela, agora fazem parte da cooperativa, então não se espante se ela te afrontar. Na cabeça dela somos o inimigo. E a fazenda dela... bom, dizem que está passando por mudanças. Alguns falam em sustentabilidade, outros em falência disfarçada.

Rafael deu uma risadinha abafada, mas Fernanda não acompanhou. A palavra “sustentabilidade” parecia sussurrar algo entre passado e futuro. Olhou de relance novamente para Isabela. Ela agora ouvia sua amiga com os olhos semicerrados, como quem escutava mais do que era dito. O copo em sua mão girava lentamente, e uma mecha solta do cabelo tocava a bochecha com delicadeza — um contraste com a postura quase de comando. Sentiu-se arrepiar, mesmo e apesar da noite continuar comum. Mas Fernanda já sabia que aquele bar não era apenas o cenário de um fim de dia: era o início silencioso de uma transformação que ela ainda não entendia — mas que já sentia.

Fim do capítulo


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Comentários para 2 - Capítulo 1 — Chegada:
MirAlexia
MirAlexia

Em: 19/09/2025

Já se sabe o que diz a ciência... Os opostos se atraem. :) 


EriOli

EriOli Em: 20/09/2025 Autora da história
Sabes que os estudos das relações interpessoais e psicológicos recentes discordam, não é? :D Acham que é um mito.
Eu, digo apenas que, às vezes se gosta do oposto, mas no fim descobre-se que se tem mais coisas em comum do que se imagina. ,;)


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Zanja45
Zanja45

Em: 15/09/2025

Eita, Fernanda já encontrou alguém que tem ideais semelhantes ,além de mexer com as emoções dela.


EriOli

EriOli Em: 20/09/2025 Autora da história
Eita! Que outras emoções podem surgir desse encontro, não é? Acompanhe nos próximos episódios kkkk
Há braços!!


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