Recomeçar é um spinoff de Escrito em Azul (não sendo necessário lê-lo para entender) focado na personagem Fernanda, primeira paixão de AnnaLú. Espero que gostem de acompanhá-lo tanto quanto estou empolgada em escrevê-lo.
Para quem deseja dar uma passada por Escrito em Azul pode encotrá-lo aqui
https://projetolettera.com.br/viewstory.php?sid=1163
Sintam-se à vontade... Cuidem-se e Há braços!
PRÓLOGO
Prólogo
“Em julgamento presidido pelo juiz Edson Pereira, os jurados, por maioria dos votos, reconheceram que Gustavo Soares Bianchi, 35 anos, praticou tentativa de feminicídio contra a ex esposa, Fernanda Lemos de Alencar Bianchi, 31 anos. Acertando por acidente a empresária Anna Luiza Gracia de 31 anos. O réu também foi acusado de ameaçar a publicitária, Carolina Vandré, 38 anos, que também estava no local. Por ter confessado os crimes, o réu teve a pena inicial reduzida para oito anos e seis meses, a ser cumprida em regime fechado. A decisão acolheu o entendimento do promotor Daniel da Silveira, que sustentou a acusação alegando que o réu cometeu tentativa de homicídio qualificado, em contexto de violência doméstica e pela condição feminina das vítimas.”
A máquina de café chiava e o cheiro forte do grão recém-moído preenchia a cafeteria naquela manhã ensolarada, mas não abafava o gosto amargo de recordar. Sobre a mesa, o jornal dobrado ainda mostrava a matéria que ela lera três vezes, tentando acreditar que aquilo era passado.
“... tentativa de feminicídio contra Fernanda Lemos de Alencar Bianchi...”
Fernanda suspirou ao repetir aquela frase em sua mente outra vez, sentia-se estranha com todas as lembranças e tantas reviravoltas em sua vida. Até dois anos atrás se encontrava casada, sofrendo com os abusos de Gustavo e com muito medo do que poderia acontecer. Um medo nada infundado, já que se concretizara e quase perdera Anna-Lu para sempre. A frase ecoava como um sussurro fantasmagórico. As palavras eram mais pesadas do que qualquer silêncio. Fernanda passou os dedos pela borda da xícara quente. O calor ali era real. Ao contrário da frieza que sentira ao mirar o rosto de Gustavo durante o julgamento — olhos opacos, mandíbula tensa, como se ainda quisesse controlar tudo à sua volta. Controlar Fernanda. Mas não mais.
Revê-lo fora como reviver uma sensação de completa incompetência, pois era assim que se sentia ao pensar nos anos de medo que passara ao lado daquele homem detestável. A única coisa que ganhara com esse casamento fora sua profissão, ainda não sabia como havia conseguido convencê-lo a prestar o vestibular e nem como ele a deixara cursar Agronomia, muito menos como deixara dedicar-se ao projeto de sua graduação junto à comunidade local. Seja qual fora seu motivo, ainda sentia-se agradecida ao menos por esta conquista.
A sineta no alto da porta de entrada reverberou anunciando a chegada de alguém, ao virar-se para a porta, encontrou Anna-Lu vindo em sua direção com seu sorriso impaciente e um óculos de sol mal posicionado sobre os cabelos desarrumados. Atrás, Carolina ajeitava a bolsa e oferecia um bom dia com a voz tranquila que parecia sempre esconder uma ironia suave.
— Fê, pelo amor, não me mata!
— A culpa é dela — disse Carol, apontando teatralmente para Anna-Lu. — Atrasada como sempre — completou, rindo e Anna-Lú revirou os olhos para a reclamação da esposa.
— Sem problemas, bom dia, meninas.
Elas sentaram-se e o café foi servido. Piadas e carinhos entre o casal coloriam o ambiente. Fernanda sorria por fora e se engolia por dentro, tentando manter a compostura diante de um amor que a lembrava do que ainda não sabia se merecia. Restou sorver um pouco de seu café e desviar o olhar, por mais que desejasse e estivesse contente com a felicidade de Anna-Lú, ainda era um tanto desconfortável vê-la a trocar carícias com seu novo amor. De todo jeito não tinha sangue de barata, era humana.
— Fê... — disse Anna-Lu, com a voz mais séria agora. — Eu sei que você quer desaparecer desse lugar. Mas conversei com um amigo que faz a publicidade pra Mendes Agritec. E ele comentou sobre uma Cooperativa de Agricultura Familiar numa vila do Sudeste do estado. Estão procurando alguém com tua especialização em agricultura vertical. A vaga é sua se quiser.
Fernanda encarou a xícara. O vapor subia como névoa sobre suas lembranças. Ela não respondeu de imediato.
— Não paga muito. — Anna-Lu continuou. — É trabalho de campo. Mas sei que você tá estudando isso... e talvez seja uma chance de recomeçar de verdade.
“Recomeçar”, pensou ela. A palavra ficou ali, pendurada entre elas. Um convite. Um desafio. Uma nova estrada que talvez não fosse tão poeirenta quanto todas as outras. Fernanda levantou os olhos. E pela primeira vez naquele dia, encarou o horizonte através da janela aberta.
Fim do capítulo
Uma nova estória na área,
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Zanja45
Em: 15/09/2025
Amei esse início!
Espero que Fernanda seja mais feliz nesse novo lugar. - Porque ficar se remoendo de ciúmes por Anna - Lu não vai adiantar. - E depois do que ela passou com o ex - marido. Vale a pena respirar novos ares.
Abraços!

EriOli
Em: 20/09/2025
Autora da história
Recomeçar, seja o que for, é sempre uma oportunidade para sermos melhores, pra vivermos melhores momentos.
Obrigada ???? por comentar e por tirar um tempo para está leitura.
Há braços!
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EriOli Em: 20/09/2025 Autora da história
Entendemos bem sobre recomeços, não é? Que bom voltar a escrever e ler um comentário teu. :)
Onde iremos parar? Espero que em um lugar onde o conforto nos abrace.
Até mais logo. ;?-?)