Capitulo 30 - Toda mulher gosta de rosas
Olivia
Hoje pela manhã a vida me pregou mais uma peça, quando acordei e olhei meu celular pela primeira vez, havia recomendações de lembranças com fotos, do dia que estávamos no parque e aproveitamos para registrar aqueles momentos.
Me autossabotei e fiquei um tempão olhando aqueles registros, como também a foto da festa da família na escolinha de Theo, e mesmo sabendo que deveria apagá-las, não tive coragem. Covarde como sempre.
Já é sexta feira e desde segunda, algo um pouco inusitado vem acontecendo. Todos os dias, exatamente as 07:00 horas da manhã é entregue em minha casa uma rosa vermelha, sem bilhetes, sem remetentes, sem nada, apenas uma rosa entregue por um entregador mal-humorado.
Se isso for mais uma das proezas de Pietra, juro que além de tacar fogo em todas aquelas flores, ainda vou dar um jeito de prende-la por perturbação.
Mas confesso que quem quer que esteja enviando, pensou em me agradar, e me despertar curiosidade.
Hoje foi a primeira vez depois de muito tempo que Theo deu chilique para não ir para a escola, segundo ele, não precisava mais estudar já que ficar em casa brincando era muito mais divertido. Levei muito tempo para lidar com a situação e enfiá-lo dentro do uniforme e levá-lo na escola.
Minha filha, com a paciência que herdou de mim, já estava a ponto de enfiar uma maçã na boca do irmão para ele parar de gritar.
- Eu não quero ir para escola – Gritou mais uma vez dentro do carro.
- Filho, eu não quero perder a paciência com você e deixá-lo de castigo, mas você não tem motivo para ficar em casa e a mama precisa ir trabalhar, então colabore e pare de gritar.
Olho pelo retrovisor e vejo ele com os bracinhos cruzados e um bico enorme no rosto. Faço uma nota mental de conversar com ele a noite.
Quando chego na escola, Aurora sai do carro com sua maior cara de tédio, e meu filho amado desce da cadeirinha com sua maior cara de afronta.
- Vou procurar a Aninha – Diz pegando sua mochilinha e colocando em suas costas.
Ele tenta sair correndo, mas o seguro pela alça da mochila fazendo-o voltar para trás.
- Você vai esperar sua irmã se não quiser que eu entre nessa escola e te leve até a sala e te coloque sentado na carteira.
- Eu só quero ir ver minha amiguinha.
- Mas não precisa sair correndo igual um louco.
- Nunca posso fazer nada – Cruza os braços novamente.
- A noite conversaremos sobre esse seu comportamento, ok? – Ele não diz nada – Agora me dê um beijo para que eu possa ir trabalhar.
- Tchau mama – Beija meu rosto.
- Tchau meu amor, te amo.
- Também amo a senhola.
- Tchau filha, boa aula e te amo.
Aurora apenas dá um tchau discreto com a mão, ela já está na fase de que qualquer demonstração de afeto em público é uma grande humilhação.
Tenham filhos – Eles disseram.
Cada dia é uma surpresa e uma luta.
Sigo para o restaurante para cumprir meu primeiro turno, mas já sinto que será um dia tão cansativo. Quando começa dando algo errado, normalmente segue assim até eu me deitar na cama para dormir.
Ao entrar em meu escritório, procuro um remédio para dor de cabeça, sendo que as primeiras pontadas já começaram a aparecer. Alguns minutos depois ouço um toque baixinho na porta.
- Entre – Dou permissão.
- Bom dia, Chefinha – Adriana entra.
- Bom dia, tudo certo por aqui?
- Até o presente momento sim, mas preciso resolver uma coisa com você – Inicia se sentando na cadeira a minha frente – Eu não quis tocar no assunto porque era um pouco recente, mas precisamos decidir.
- O que necessariamente?
- Sobre o estágio da Giovana – Me arrepio ao ouvir seu nome – Já faz duas semanas que ela não aparece e nem deu justificativa. Preciso saber se tenho que encerrar a vaga e contratar outra pessoa, ou o que preciso fazer.
Esfrego minhas mãos em meu rosto, tinha esquecido completamente disso, e por mais que eu não queira falar ou pensar nela, preciso resolver isso.
- Você tentou contato com ela? – Pergunto.
- Sim, mas o telefone que tem no cadastro dela está caindo sempre na caixa de mensagem.
- Ok – Respondo frustrada – Vou ser bem sincera, não estou com cabeça para lidar com essa situação hoje, já é sexta feira e as primeiras horas do dia não foram nada fáceis, então poderia te pedir para esperar até segunda? Aí sentamos e vemos o que precisamos fazer.
- Claro – É compreensiva – Como for melhor para você.
- Melhor para mim seria não ter que resolver isso, mas não há jeito.
- Ainda está doendo muito?
Levanto meus olhos para encará-la, ali não é mais minha funcionária falando, mas sim minha amiga.
- Se não se importar, não gostaria de falar sobre isso – Me fecho.
- Tudo bem, mas as vezes falar ajuda a superar.
Nem sei se estou pronta para superar, e nem sei se tem o que superar, afinal não tínhamos nada sério.
- Uma hora tudo isso passa – Digo sem saber o que responder.
- Você é forte, chefinha – Estende sua mão para pegar a minha – Vai dar a volta por cima.
- Claro que vou – Eu não acreditava muito nisso, mas ela não precisava saber.
- Já tem algo programado para hoje à noite? O pessoal tá marcando de se reunir depois do restaurante fechar, se você quiser ir com a gente.
- Adriana, esses encontros são para a equipe poder falar mal do patrão, se eu estiver presente, eles não se sentirão à vontade para isso – Solto uma risada sem humor – Mas obrigada pelo convite. Hoje a Aurora vai para casa da mãe dela, é o fim de semana dela, então ficarei cuidando do meu filho, se eu não jogar ele pela janela até dar meia noite.
Rimos, porque ela sabia muito bem que era apenas uma brincadeira.
- Dificuldades no mundo da maternidade?
- Essa semana ele está bem difícil, reina para tudo e hoje pela manhã resolveu dar um show, e confesso que minha cabeça está tão cheia que acabo perdendo a calma muito rápido.
- Essa fase é complicada.
- Sim, mas hoje à noite vou tentar conversar com ele para entender o que está acontecendo. Ele nunca teve problemas em ir para a escola, mas hoje foi uma tortura.
- Vai ver ele só não está em um dia muito bom.
- Uma semana, você quer dizer, né? – Digo indignada – Eu só queria um dia de paz, um dia sem problemas para resolver.
- É, minha amiga – Diz enquanto se levanta – Até gostosas passam trabalho, então enfrenta tudo isso e tenta não enlouquecer.
- Obrigada pela motivação.
Adriana não sabe muito bem o que dizer as vezes, mas sempre dá um jeito de nos fazer rir, e enfrentar as coisas com mais alegria. Confesso que me faz bem, mas as vezes nem seu humor consegue alegrar meus momentos ácidos.
- Eu vou indo nessa – Avisa – Tenho que conferir as verduras que já devem estar sendo descarregadas.
- Tudo bem, qualquer coisa estarei aqui, é só me chamar.
- Pode deixar.
Sai da sala me deixando sozinha novamente com meus pensamentos, não sei se eles estão sendo uma boa companhia no momento. Mas é o que temos para hoje.
Eu termino o que preciso fazer e sigo para meu segundo turno.
Tenho um total de zero surpresas quando chego na faculdade e dou de cara com Valentina e Paula, conversando. Com o dia de merd* que estou tento, a chance de eu ter que olhar para a cara dessa garota hoje, era de 100%.
- Olá, professora – A voz enjoada já começa a me irritar – Tudo bem com você?
É impressão minha ou ela está cheia de ironia?
- Bom dia, meninas – Respondo tentando ser o mais simpática possível – Tudo bem sim, Paula. Por que eu não estaria?
- Como assim? Sua namorada sumiu no mapa e você ainda me pergunta o porquê?
- Primeiro que ela não era minha namorada – Meu tom de voz já não é tão simpático – E outra, minha vida pessoal não é da sua conta.
- Só estava querendo ser solícita – Ergue as mãos em rendição.
- Não lembro de temos intimidade para isso – Não me controlo mais – E não precisa fingir que sente muito pelo que houve, sei muito bem que você está bem feliz. Mas caso algum dia Giovana volte, pode ficar com ela todinha para você.
- Acho bem difícil ela voltar – Responde com uma cara de quem quer me matar.
- Isso já não me interessa mais e se me derem licença, preciso ir que já está no meu horário.
Não espero que falem nada, saiu o mais rápido possível. Era só o que me faltava ter que ficar aturando essa sem noção.
A tarde se passa como a manhã, completamente um saco, mas pelo menos as horas passaram mais rápido e eu não vejo a hora de chegar na minha casa e sumir do mundo pelo fim de semana todo.
O tempo fechou enquanto estava em sala de aula, agora várias nuvens carregadas tomam conta do céu, sinal que vai vir tempestade.
Busco as crianças na escola e vejo que Theo deu uma trégua nas reinas, e agradeço imensamente, pelo menos um descanso para minha cabeça. Mas com essa trégua, veio o querer estar colado em mim, desde que chegamos em casa ele não desgrudou nem por um segundo.
Sei o que podem pensar, “ué, mas você é mãe dele, tem que aguentar” “a criança só quer colo e você tá reclamando? Tadinho”
E eu só tenho uma coisa a dizer, não é porque sou mãe que não signifique que eu fique cansada, que não queira meu momento sozinha. Quando você tiver filho, entenderá.
Eu auxilio Aurora em arrumar as coisas para passar o fim de semana na casa de Pietra, graças a Deus essa mulher saiu do meu pé, pelo menos por enquanto, mas espero que continue assim.
O relógio marcou exatas 19:00 e a campainha tocou, pelo menos uma vez na vida ela foi pontual. Minha filha se despede da gente e sai em disparada para a porta, apenas gritando um “é ela, estou indo”.
Sobrou apenas eu e meu bebê coala que ainda não desceu do meu colo.
- Filho, vamos assistir alguma coisa?
- Eu estou com soninho, mama – Repousa a cabeça em meu ombro – Quero ir para o meu quarto.
- Tudo bem, então vamos para o seu quarto, que eu leio uma historinha para você.
Subimos e o ajeitei em sua cama, aproveitei que ele estava calmo e nem toquei no assunto das birras, deixo para amanhã.
Pego um de seus livrinhos e começo a ler para ele, e em questão de minutos vejo seus olhinhos piscarem mais pesados. Começo um carinho em seus cabelos e meu filho se entrega ao sono.
Saiu de seu quarto e desço para a sala novamente. Enfim, posso curtir meu momento sozinha.
Me esparramo em meu sofá e ligo a televisão, sem procurar nada em específico, deixo no mesmo canal. Aproveito para responder algumas mensagens de Gabriela, que me enche de perguntas diariamente.
Ao enviar a primeira mensagem, o meu celular começa a tocar.
- Oi – Atendo sem querer atender, mas conhecendo minha amiga, se não o fizesse ela não me deixaria em paz.
- Já estava me preparando para ir à sua casa, sumiu o dia todo – Ela parece irritada.
- Meu dia foi uma merd*, Gabriela – Suspiro – Consegui parar só agora e só porque Theo resolveu dormir cedo.
- O que houve?
- Meu filho resolveu me testar hoje desde o minuto que acordou – Minha cabeça volta a doer.
- Ele deve estar sentindo falta dela – Diz com cautela.
- Não quero falar sobre isso.
- Mas sabe que um dia você vai precisar conversar com ele sobre isso, não sabe?
- Enquanto esse dia não chega, eu vou levando como dá.
- Como você está hoje?
- Além de estressada? – Bufo – Estou como estava em todos os outros dias que você me perguntou.
- E já experimentou trocar as ferraduras hoje? Talvez elas estejam te fazendo calo e por isso que está dando tanta patada assim – Posso imaginá-la revirando os olhos.
- Foi você quem me ligou, então aguenta.
- Além de eu me preocupar com você, você me trata assim.
- Deixa de drama – Digo rindo – Obrigada por ligar, mesmo eu estando um porre.
- Eu sei que as coisas estão difíceis, então não me importo, só acho que você fugir tanto do assunto não vai te fazer esquecer, só vai te fazer sufocar.
- Não há o que falar Gabi, aconteceu o que aconteceu e não quero ficar falando sobre isso, esse é o meu jeito de superar.
- Tá bom, tá bom, não vou mais insistir – Fala contrariada – E as flores? Continua recebendo?
- Sim – Olho para o vaso que está na mesa de centro da minha sala com as rosas dentro – Para cada dia da semana, uma.
- Quem será o admirador secreto? – Solta uma gargalhada.
- Sei lá, e nem quero descobrir no momento.
- Chataaaa – Cantarola.
De repente, um barulho de trovão ecoa pela sala, anunciando que a tempestade que se armou mais cedo, e ele veio acompanhado de uma pancada forte de chuva.
- Liv, vou ter que desligar que vou ir buscar a Val, não quero que ela precise vir de Uber com essa chuvarada.
- Beleza, vai lá, nos falamos amanhã.
- Ok, beijão e aproveita o resto da sua noite.
- Vocês também. Beijos.
Desligo a ligação e volto a ver as mensagens que preciso responder. Entro um pouco em meu Instagram e dou uma olhada em alguns storys e no feed. Mas logo enjoou e desligo a tela.
Sem ter mais nada para fazer, presto atenção na TV que está ligada, está passando o jornal, e tento forçar minha atenção na reportagem que está passando.
“Nessa sexta feira veio à tona um dos maiores escândalos já existente na cidade de Balneário Camboriú. O nome de uma das famílias mais conceituada da cidade, vai parar nos tabloides...”
Me assusto quando a campainha toca, me tirando a atenção do jornal. Quem pode ser a essa hora? com essa chuva toda?
Me levando sem a mínima vontade, e vou até a porta para atender. Meu queixo cai ao abrir a porta e ver a pessoa parada na minha frente.
- Giovana?
Fim do capítulo
Olha quem voltooouuuuuuu..... A autora com mais um capítulo e a nossa Giovana.
O que vocês acham que aconteceu nesse tempo que ela esteve fora?
Espero que a Leitura tenha te feito uma boa companhia. Até breve.
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PriCobra0608
Em: 09/09/2025
Eita q já tava com saudades da Giovana rs...
Acho q o escândalo tem a vê c a família dela neh...
Que b.o que será q rolou rs...
Ansiosa pelo próximo capítulo....
Sem cadastro
Em: 08/09/2025
Bom dia autora!!! Vc para na parte mais importante da história??? É isso mesmo?? Agora fico aqui mega ansiosa
Paloma Matias
Em: 08/09/2025
Autora da história
É isso mesmo, produção? É isso sim kkkkkkkkk logo logo eu voltooooooo
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Socorro
Em: 08/09/2025
sempre na melhor parte termina aff
Paloma Matias
Em: 08/09/2025
Autora da história
Aguentaaaa coração
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