Capitulo 9 - Ela vai me enlouquecer
Samanta
Não vou negar que trabalhar perto de Clara tem mexido ainda mais com minha sanidade, é inevitável não ver ela e admirar sua beleza, seu jeito. A semana passou voando e depois de eu levá-la em casa não nos falamos mais.
No dia seguinte, vi ela discutindo com o rapaz que a levava no trabalho, e depois disso não os vi mais juntos. E também não a vi mais aqui em casa, durante a semana toda é Liz quem tem levado Nico até o apartamento deles, fazendo com que a mais nova não frequente a residência Vasconcelos.
Ontem, Liz e ela saíram juntas para levar Nicolas para o shopping, e confesso que gostaria de ter sido convidada, mas jamais seria, pois é o momento delas.
Agora estou com minha irmã no jardim da nossa casa, viemos pegar um pouco de sol depois do maravilhoso almoço de domingo, eu estou lendo um livro e ela mexendo em seu celular.
A olho, criando coragem para entrar no assunto sem que ela perceba, mas desisto no segundo seguinte.
— Desembucha — Diz sem tirar o rosto do celular — Ou vai ficar aí me encarando até amanhã?
— Do que você está falando? — Me faço de desentendida.
— Do fato que você está me encarando a cada dois segundos com cara de quem quer me falar algo — Por fim me olha.
— Você sabe quem é o rapaz com quem a Clara está ficando? — Falo em um folego só.
Liz me olha como se eu tivesse 7 cabeças e se não me reconhecesse e eu me sinto bem julgada pelo seu olhar, mas não é para menos, sendo que eu não deveria ter abordado o tema.
— Claro que eu conheço, por que a pergunta? — Me analisa mais uma vez.
— Por nada, apenas perguntando, vi que ela não tem mais chegado ao clube com ele — Agora que comecei vou tentar tirar o máximo de informações possíveis.
— Eles não estão mais juntos, parece que ela está interessada em outra pessoa.
— Outra pessoa? — Minha voz sai mais alta do que pretendia.
— Sim, então ela achou melhor terminar o rolo que tinha com Mateus.
“Mateus” gravo esse nome em minha mente, e ela fez o certo em terminar, já que ele não parecia ser uma pessoa boa para ela.
— E você conhece essa outra pessoa? — Falo como quem não está nem um pouco interessada na informação — Ela te falou?
— Qual seu problema? — Liz deixa nítido sua confusão com minhas perguntas — Que interesse é esse em quem está com Clara?
— Estou apenas atrás de uma boa fofoca, minha vida anda muito parada — Volto a abrir o livro e tento disfarçar o máximo possível.
— E por que não entra em algum site de fofoca? Lá terá bastante.
— Não quero ter notícias desagradáveis — Dou de ombros.
— Verdade, corre o risco de você dar de cara com alguma notícia sobre sua ex — Ri.
— Não quero falar sobre ela, Liz — Fecho meu livro mais uma vez e me levanto melhor na espreguiçadeira a encarando — Não vai me contar em quem a Clara está interessada?
— Eu não sei — Move os ombros para cima e para baixo — Ela não quis me contar.
— Vocês não são amigas?
— Somos, mas sei que no momento certo ela me contará, então eu não forço a barra.
— Merda — Deixo escapar.
— E você não vai me contar o verdadeiro motivo desse interesse?
— Não é interesse, só fiquei pensando que ela não deve ficar com qualquer um, ela tem um filho, imagina o que o menino vai pensar ao ver a mãe em cada semana com uma pessoa diferente?
— Para início de conversa — Liz também se ajeita melhor também, me encarando — Clara é bem responsável na criação do Nico e ninguém tem nada o que falar sobre isso — Ela parece bem brava defendendo a amiga — Ela nunca levou homem para dentro de casa e muito menos fica com qualquer um e troca de pessoa toda semana, então não fale o que você não sabe, Samanta.
— Eu não falei por mal — Tento me defender um pouco — Foi só uma preocupação, mas você a conhece bem melhor que eu, se diz que ela é responsável com ele, é porque ela é.
É obvio que ela é, o jeito que cria aquele menino é espetacular, mas eu precisava inventar algo para o meu súbito interesse nela.
— Essa conversa me irritou — Minha irmã diz já se levantando — Vou entrar para esperar o Marcos.
Ela sai do jardim me deixando sozinha com meus pensamentos. Que droga eu estou fazendo da minha vida?
******
Chego no clube pronta para iniciar uma nova semana, e hoje eu inicio o meu expediente mais tarde porque sairei mais tarde também. Hoje começa uma nova turma de alunos de natação, mas dessa vez será para adultos, então meus horários de segunda e quinta feira foram mudados.
Passo pela recepção e vejo Clara de cabeça baixa, apenas a cumprimento.
— Bom dia — Ela me encara.
— Bom dia — responde com um sorriso singelo.
Não tenho muito tempo para conversar, então sigo para as piscinas para iniciar meus trabalhos. Vitor é pontual e tem me ajudado bastante com as turminhas.
Quando volto do horário do almoço, tenho uma surpresa na próxima turma de crianças, ao encarar todos, encontro um pequeno de olhinhos puxados e com um entusiasmo fora do comum. Nico sorri de orelha a orelha.
— Boa tarde, peixinhos — Cumprimento a turma e todos respondem em conjunto.
Olho ao meu redor para ver se encontro Clara, já que é a primeira aula que seu filho está fazendo imagino que ela queira estar presente, mas ela está em um atendimento na recepção.
— Bom, crianças — Início — Hoje temos um amiguinho novo na turma, que tal darmos as boas-vindas para ele?
As crianças procuram entre si quem é a pessoa nova, e encontram Nicolas mais atrás. Chamo ele para que venha até onde estou, e ele vem um pouco tímido.
— Esse é o Nicolas, digam oi para ele.
— Oi, Nicolas — As outras 7 crianças falaram.
Depois de quebrar um pouco o gelo conversando com eles, vou até onde Vitor está arrumando os apetrechos para iniciarmos a aula.
— Vitor — Chamo sua atenção e ele me olha — Você poderia começar a aula com as crianças enquanto eu faço a adaptação com o Nico? Acredito que ele vai se sentir mais confortável comigo.
— Claro, hoje veio só alguns alunos, dá de eu iniciar a aula tranquilamente.
— Obrigada, Vitor.
Volto para perto do Nico e o chamo para a outra ponta da piscina para poder ensinar algumas coisas básicas.
— E aí, garotão — Ele sorri quando vê que minha atenção é toda dele — Estou muito feliz de ver você aqui.
— E eu estou muito feliz de estar aqui, a madrinha convenceu a mamãe a deixar eu fazer aula com a senhora.
— Na verdade — Ouço a voz dela vindo de trás de nós — Foi recomendação médica. Olá, Samanta.
— Olá — A cumprimento pela segunda vez no dia — Até estranhei o Nico estar aqui e você não.
— Tive um atendimento na recepção, e não posso ficar muito tempo fora do meu lugar, mas quis vir para ver ser precisa mais de algo ou se ele já está com tudo.
— Tudo bem, então serei breve — Digo e ela me encara — Nico tem alguma noção de natação?
— Nenhuma — Responde aflita.
— Não tem problema, eu vou fazer a adaptação dele e começaremos aos poucos, pode ter certeza de que seu filho estará seguro.
— Tentarei ficar tranquila.
— Qualquer coisa você estará ali do lado — Aponto para onde fica o lugar dela — Verá tudo. Ele tem algum outro problema de saúde além da asma?
— Não, mas o médico recomendou a natação, para fortalecer os pulmões dele.
— Perfeito, vai ajudar muito — Nesse momento me viro para o menino — Garotão, a tia Sam vai estar com você e te ensinar a ter confiança em estar na água, mas você precisa me obedecer e entender tudo direitinho, qualquer coisa que você não entender, pode me perguntar quantas vezes quiser, combinado?
— Combinado, agora posso entrar?
— Ihhhhhh, estou vendo que tenho um apressadinho na minha frente — Brinco com ele e ele sorri.
— Eu quero começar, tia Sam — Pula na minha frente.
— Ok, vamos começar então — Vejo Clara se afastar um pouquinho para nos dar espaço — Eu vou entrar na piscina e você vai se sentar aqui na borda para eu te dar as orientações, ok?
Ele apenas balança a cabeça e eu faço o que disse, entro na piscina que a água bate na minha cintura mais ou menos, e ele se senta na borda.
— Nico, hoje a gente vai fazer alguns exercícios de como você vai entrar e sair da piscina.
— Mas eu quero nada igual a senhora, não podemos já nadar?
— Não, temos que aprender todos os passos, eu também tive que aprender assim como você, mas prometo que até o fim da aula você vai nadar um pouquinho. Primeiro de tudo, você precisa entender que não pode correr perto da piscina, se não pode cair e se machucar, e que só pode entrar na água se tiver algum adulto junto, combinado?
— Combinado, nada de correr perto da piscina e nada de entrar sozinho.
— Bom garoto — Ele será um ótimo aluno — Agora você pode colocar seus óculos — O ajudo nisso e percebo o olhar de Clara em nós dois antes de ter que voltar para seu lugar — Agora eu quero que você entenda eu vou estar perto de você o tempo todo, você tem medo de estar na água?
— Não, tia, eu gosto de piscina.
— Ok, então eu vou contar até três e você vai pular na água segurando a minha mão, vamos tentar?
— Sim.
— 1, 2, 3 — Ele pula na água e eu não deixo que ele afunde a cabeça, e sinto ele segurar minha mão forte, procurando apoio — Estou aqui Nico, te segurando, respira fundo, a tia Sam está aqui.
Aos poucos ele foi criando um pouquinho mais de confiança, repetimos esse exercício, e o ensinei a sair pela escada. Ele presta atenção em tudo que falo e não me desobedece em nenhum momento.
— Agora, a gente vai fazer um novo exercício e vamos fazer uma brincadeira — O seguro pelas mãos e flexiono meu joelho me enfiando mais dentro d’água e o incentivo a apoiar os pés na minha perna — Então a gente vai assoprar velinhas imaginárias, quando eu falar já, a gente vai assoprar uma velinha igual se fosse seu aniversário, mas com a boca dentro d’água, assim.
Demonstro para ele ver, coloco minha boca, sem que meu nariz alcance a piscina e sopro o ar, fazendo várias bolhinhas. Ele ri quando vê as bolhas.
— Agora é sua vez, quando eu falar já é sinal de que a velinha foi acessa — Ele sorri e se prepara — Já.
E nós dois fazemos o exercício juntos por algum tempo, até que percebo que ele está um pouco cansado, o que já é esperado por ele ter asma.
— Você está se saindo muito bem, Nico — Ele fica muito feliz ao me ouvir — Agora vamos nadar um pouquinho.
— Ebaaaaaa — Ele comemora.
— A tia Sam vai te segurar por baixo do braço e você vai deixar seu corpo todo esticado na água e bater suas perninhas, combinado?
— Combinado.
E assim fazemos até ele se acostumar um pouquinho com o movimento.
— Lembra do exercício da velinha? — Ele faz sinal de positivo com a cabeça — Então agora você vai bater as pernas e assoprar as velinhas sem colocar o nariz na água.
Ele realmente é bem esperto, em nenhum momento puxou o ar em vez de soprar, o que é bem comum para as crianças inicialmente.
Assim, me arrisco a tentar algo mais avançado e o ensino a soltar o ar pelo nariz e depois de colocar a cabeça toda dentro da água, sei que teremos que praticar por algum tempo, mas ele está indo muito bem.
Depois disso, nos juntamos ao grupo para participar de outras atividades simples, e me alegro em ver sua felicidade. No fim da aula, ajudo ele a sair da piscina e noto que sua respiração está mais pesada, mas sei que isso é normal para um primeiro dia.
— Eu fui bem, tia Sam? — Ele me pergunta entusiasmado.
— Você foi muito bem, Nico, gostei de ver.
Depois disso ele segue com as outras crianças para o vestiário para tomarem banho e se trocarem. Nesse momento as mães já estão aqui para ajudarem os filhos, e percebo que quem ajuda o Nicolas é Liz, provavelmente ela que o levará para casa.
Depois dessa turma eu tive apenas mais uma, até chegar o horário da turma de adultos. Aproveito os minutinhos que tenho para nadar um pouco, vou para a piscina mais funda e longa e me preparo.
Salto na piscina e sinto meu corpo ganhar vida, a natação me move, faz eu me senti viva, então começo a dar as braçadas e a sentir a água. Mantenho a velocidade e minhas técnicas, e dou o melhor de mim. Dou quatro voltas na piscina e quando paro, vejo que a turma já está ali me encarando.
Saio da piscina e olho o rosto dos meus novos alunos, e mais uma surpresa para o meu dia quando encontro Liz e Clara no meio dos rostos desconhecidos.
— Boa tarde ou Boa noite a todos — Resolvo brincar para quebrar o gelo com eles, sendo que já estamos no início da noite, e o clube já se encontra fechado e agora eu sei o porquê as aulas ficaram para mais tarde, caso contrário não teríamos recepcionista — Sejam todos bem-vindos ao curso de natação para iniciantes, eu sou Samanta e vou ajudar a vocês a aprenderem a nadar.
Pelo que contei por cima, há 6 pessoas na turma, 2 homens e 4 mulheres e todos já estão com o maiô e sungas adequadas para a aula.
— Hoje faremos exercícios que sejam simples, mas que é essencial para aprenderem a nadar — Explico — Alguém tem algum problema de saúde que eu precise saber? Ou alguma dúvida?
— Eu tenho — Uma das garotas levanta a mão e continua quando dou sinal para prosseguir — Você vai saber ensinar a gente? Não é por nada — Joga seus cabelos por cima do ombro em sinal de descaso — Mas não quero colocar minha preciosa vida em risco — Encara as unhas.
Tenho vontade de não responder, e ouço uma risada sarcástica vindo do fundo da turma, e percebo que é Liz quem está sem acreditar nas palavras da mulher.
— Acredito que se o clube me confiou esse trabalho é porque tenho qualidades suficientes para desempenhar esse papel — Tento controlar minha voz — Pelo jeito você nunca me viu, mas eu sou Samanta Vasconcelos, nadadora profissional.
Seu olhar se arregala quando ouve meu nome, provavelmente se dando conta de quem sou.
— Vamos começar então, alguém já tem noção básica de natação?
Vejo quase todos se manifestarem, apenas minha irmã e sua amiga ficam com as mãos abaixadas. Então precisarei ter uma dinâmica um pouco diferente, já que elas terão que ter mais atenção.
— O Grupo que levantou a mão, pode seguir para o lado direito da piscina e as duas que não levantaram, sigam para o lado esquerdo. O grupo maior vai treinar já algumas coisas, vou passar os exercícios e o Vitor vai ficar de olho em vocês enquanto eu ficarei com as duas.
Assim fazemos, passo alguns exercícios bem simples para eles irem se adaptando ao nado, como treinar só as pernadas usando flutuador, e Vitor ficará responsável em ensinar a parte da respiração.
Sigo com minha irmã e com a sua amiga para a primeira raia da piscina ao lado esquerdo.
— Alguma de vocês tem medo de entrar na piscina? — Sei que Liz não tem medo, apenas não sabe nadar, e vejo Clara ficar apreensiva ao olhar em direção a piscina, então já entendo — Ok, vamos fazer o seguinte, eu vou entrar com a Liz e passar alguns exercícios para ela e depois volto para te auxiliar, tudo bem?
Ela apenas faz sinal positivo com a cabeça, e eu entro com minha irmã. Liz realmente não tem medo e nem interesse em aprender, já que tudo que explico para ela, ela retruca. Respiro ainda mais fundo para não afogar minha própria irmã. Mas depois de alguns minutos consigo passar um exercício para ela iniciar.
Volto para fora da piscina e vejo Clara tremer um pouco.
— Hoje vamos começar com algo para que você consiga ganhar confiança, tudo bem?
— E se eu não conseguir? — Seus olhos permanecem fixos na piscina.
— Você não precisa extrapolar seus limites, mas eu estarei ao seu lado, você não vai estar sozinha — Sua atenção se volta para mim — E se você sentir medo, me avisa que damos um tempo, combinado?
Novamente ela não responde verbalmente, apenas com a cabeça, então entro novamente na piscina e vejo que ela paralisa antes de entrar também.
— Pode confiar em mim, estou aqui — Estico a mão em sua direção.
— É muito funda — Sua voz não passa de um sussurro.
— Não é tanto, a água não bate nem no meu peito, você vai conseguir ficar de pé — Falo calmamente para ela sentir confiança.
— Mas você é gigante, vai ser fundo para mim.
Ela não fala isso de modo agressivo, é apenas seu medo dando voz a tudo. Olho para minha irmã e vejo que ela está mandando bem nos exercícios.
— Liz — A chamo e ela para o que está fazendo e me olha — Você consegue ficar aqui sozinha por um tempo? Ou prefere se juntar aos outros? Vou precisar fazer outro exercício com Clara.
— Vou ir com os outros, isso aqui tá muito chato — Diz já se preparando para sair.
Faço o mesmo, e faço sinal para Clara me acompanha, e seguimos para a piscina mais baixa, que bate em minha cintura, a mesma que fiz as aulas com Nico.
— Essa bate na minha cintura, você acha que consegue entrar?
— Posso tentar.
Entro novamente na água e estendo a mão para ela, que mesmo relutante se esforça para entrar. Ela segura em minha mão, e sinto que ainda está tremendo.
Quando Clara está dentro da piscina, a mantenho perto de mim para passar segurança.
— Olha para mim — A faço que me olhe quando vejo que está entrando em pânico — Respira fundo, a água não pode te fazer mal, eu estou aqui com você.
A menor puxa o ar com um pouco mais de força e não baixa o olhar.
— Agora quero que você passe a sua mão livre pela água, sinta que ela não é sua inimiga, você consegue?
Clara reluta novamente, mas aos poucos começa a mexer sua mão, sentindo que não há perigo, sei que seu cérebro começa a receber informações que a ameaça está apenas nele.
— Muito bem, agora vamos tentar mais uma coisa — Enquanto falo, caminho para que ficamos mais perto da borda lateral, eu ficando a sua frente ainda — Você consegue estender sua mão livre para a direita e se segurar na borda?
Seu corpo alivia um pouco da tensão quando sua mão encosta na base, enquanto ainda seguro a sua mão esquerda.
— Muito bem — Vou falando palavras de afirmação — Agora você acha que consegue dar alguns passinhos dentro da piscina? Eu estarei bem na sua frente, pronta para te ajudar no que for preciso.
— P-posso tentar — Gagueja.
— Perfeito. Então vamos tentar, um pé após o outro.
Começamos com leves passos, em ritmo lento, ela precisa ganhar confiança com o ambiente aquático, então caminhar dentro da piscina vai lhe fazer perceber que está segura.
— A água não é sua inimiga, Clara — Repito enquanto caminhamos — Ela é sua aliada para nadar, vocês serão uma só equipe, e ela não te fará mal.
— E se eu me afogar de novo? — Seu olhar vacila e ela encara a água, mas não mais com tanto pânico, apenas com medo.
— Tentaremos que isso não aconteça mais, você aprenderá a nadar para poder ser amiga das águas, e assim ela não te fará mais mal — A vejo suspirar, e peço para que ela pare de caminhar — Você me permite tentar uma nova coisa?
Mais uma vez ela apenas concorda com a cabeça, então seguro sua mão direita e a tiro da borda, colocando suas duas mãos em meus ombros para lhe dar suporte, e seguro em sua cintura. Mas no mesmo instante me arrependo, não é bom eu estar tão próxima dela, não quando ela não desaparece de meus pensamentos, porém já que começamos, preciso terminar.
— Consegue flexionar os joelhos para colocar o corpo um pouco mais dentro da piscina? — A sinto tremer um pouco mais — Eu estou aqui, eu vou te segurar, confia em mim.
Espero alguns minutos até ela conseguir fazer o que eu pedi, não a pressiono para não a assustar ainda mais. Quando ela completa o ato, percebo que estamos perto demais, nossos olhares fixos um no outro. Ela é tão linda, e por estar com a touca de natação, seu rosto fica ainda mais exposto, me permitindo ver todas suas linhas de expressões e seus detalhes. Simplesmente perfeita.
— Podemos andar na piscina? — Digo em um fio de voz, mas tentando manter a lucidez.
— Podemos.
Dou um passo para trás, a incentivando a dar um para frente. Cada passo dado, é um é ato de confiança a mais.
— Posso segurar suas mãos, ou prefere que eu permaneça ainda perto?
Vejo o medo em seu rosto, e ela não responde, apenas tira uma mão de meu ombro e me estende, e eu faço o mesmo, tiro uma mão de sua cintura e seguro a sua estendida, depois fazemos isso com a outra, e eu agradeço mentalmente de ela aceitar trocar a posição, consigo pensar melhor estando longe.
— Maravilha, você está indo muito bem — Percebo um leve sorriso em seus lábios — Veja a sua volta, você está conseguindo, a água está sendo sua amiga.
Clara consegue olhar ao seu redor e sorri ao ver que está conseguindo andar e que nada está acontecendo.
— Samanta.
Ouvimos uma voz me chamar, e Clara se assusta, fazendo com que pule em meu colo, seus braços rodeiam meu pescoço, fazendo-me segurá-la firme para não deixar que afunde na agua e se apavore.
Droga.
Droga.
E novamente, droga.
Muito perto novamente, e dessa vez ela também parece abalada, seus olhos descem para minha boca e logo sobem para meus olhos. Lentamente, deixo minhas pernas retas dentro d’água, fazendo que nossos corpos fiquem em pé novamente, e posso sentir seu corpo colado ao meu, e aos poucos vou afrouxando o aperto, permitindo que ela tenha estabilidade até que se sinta segura para se equilibrar e ficar em pé sozinha.
— Sam — Ouço novamente a voz, porém agora mais perto.
— Oi — Respondo saindo do transe e puxando Clara para a borda novamente.
— A aula acabou tem 10 minutos, o pessoal já seguiu para os chuveiros — Vitor me comunica.
— Oh — Exclamo — Não vi o tempo passar, mas já vamos sair.
— Tudo bem, só queria avisar que já guardei os equipamentos e já estou indo também.
— Tudo bem. Obrigada por comandar a aula hoje.
— Não precisa agradecer, é bom quando dividimos o trabalho, me sinto mais útil — Ele sorri.
— Faremos isso mais vezes então — Garanto.
Vejo Vitor se afastar e conduzo Clara até a escada, para sairmos da piscina, o que não foi uma boa ideia também, sendo que para ela sair, preciso ficar próxima ao seu corpo, e ao subir, tenho a visão privilegiada de sua bunda. Deixo um suspiro sair de meus lábios.
Balanço a cabeça para espantar pensamentos impróprios, estou no trabalho, preciso me controlar.
— Obrigada pela aula e pela paciência — Ela recupera a voz ao estar em chão firme.
— Não precisa agradecer, mas acredito que precisaremos fazer mais exercícios assim até você ter confiança.
— Tudo bem — Respira fundo ainda me encarando como se quisesse dizer algo, e eu apenas espero que diga — Bom, eu vou indo trocar de roupa.
— Ok, eu vou conferir se está tudo certo e vou indo também — O silencio reina novamente entre a gente, mas eu arrisco a falar novamente — Você quer carona até em casa?
Ela parece surpresa com meu convite, mas sua expressão confessa que ela lembrou de algo ou alguém.
— Não precisa, eu combinei de ir com a Liz — Explica.
— Verdade, ela está aqui também — Me lembro da minha irmã.
— Nos vemos, Samanta — Ela começa dar uns passos para trás ainda me encarando.
— Nos vemos, Clara.
A assisto se afastar de vez, me deixando mais uma vez cheia de pensamentos.
Fim do capítulo
Oiiii gente...
Sei que vocês estão loucas que o beijo dessas duas aconteça, mas confesso que alguns caminhos precisam ser trilhados, mas vai acontecer, um dia vai kkkkkkkk Pode, com tudo, todavia, prometo que teremos mais interações delas....
Acho que Sam não está sabendo ser discreta em sua curiosidade sobre a vida de Clara, alguem mais concorda? hahahaha
E o que foi as aulas de hoje, hem? Primeiro o nosso Nico virando um peixinho, depois a Big Shark ajudando Clara a perder o medo. O que acharam.
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Não esqueçam de votar e comentar no capitulo, se tiver bastante comentários eu volto mais breve do que o breve que pretendo voltar hahaha
Espero que a leitura tenha te feito uma boa companhia. Até breve!
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Pantera
Em: 03/09/2025
Aiiiii, quero mais quero mais, amei o capítulo, arrasando autora.

Paloma Matias
Em: 03/09/2025
Autora da história
Oiiii eu volto logooo… Amando saber que está gostando
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Paloma Matias Em: 05/09/2025 Autora da história
Quem você acha que dará? hahahaha