Entre linhas por CarolF
Capitulo 8 - Culpa
Visão de Dani
Acordei antes do sol nascer.
A luz do abajur ainda estava acesa, lançando sombras suaves nas paredes e Cris dormia ao meu lado, o rosto tranquilo, os lábios entreabertos, um braço jogado sobre minha cintura, ainda dava pra sentir seu perfume misturado ao suor e ao cheiro do nosso prazer.
E por um instante, eu quis congelar aquele momento e quis me perder pra sempre ali com ela, mas o peito começou a apertar.
Primeiro, uma pontada leve, depois, o peso familiar da culpa, do medo, do pânico.
O que eu fiz?
Engoli seco o lençol subia e descia com a respiração dela, e eu tive vontade de chorar como algo que parecia tão certo ontem podia parecer tão errado agora?
Tentei levantar sem acordá-la, mas sua mão deslizou para minha pele, e ela murmurou, sonolenta:
— Fica mais um pouco…
Fechei os olhos com força. Minha garganta travou.
— Preciso ir pra casa… minha mãe vai me perguntar onde dormir — menti.
Cris abriu os olhos devagar, ainda sonolenta, mas sorriu.
— Posso te levar.
Balancei a cabeça.
— Não precisa.
Peguei minhas roupas no chão, uma a uma o sutiã, a calcinha, o short cada peça era como um lembrete do que tínhamos feito da entrega, da verdade, da coragem que eu tive por algumas horas e que agora parecia ter sumido.
Me vesti em silêncio… Quando me virei pra sair do quarto, ela estava sentada na cama, abraçando os próprios joelhos.
— Foi real pra você? — ela perguntou.
Parei na porta e não consegui responder de imediato, senti as lágrimas ameaçaram, mas não deixei cair.
— Foi. Mas eu não consigo lidar com isso.
Ela não disse mais nada nem eu só saí.
O caminho pra casa foi sufocante, cada passo, cada esquina conhecida, parecia me gritar: covarde, mas o que eu ia fazer? Dizer pra minha mãe que dormir com uma garota? Contar pro Leandro que trai ele com alguém do time? Admitir que o que sinto pela Cris é mais verdadeiro do que qualquer beijo que dei em um homem?
Cheguei em casa com o rosto inchado de tanto segurar o choro.
Me tranquei no quarto, me encolhi na cama o meu corpo ainda doía de prazer, mas agora o prazer tinha gosto de veneno.
Peguei o celular tinha uma mensagem da Cris:
> “Me avise quando chegar e obrigada por confiar em mim <3”
Joguei o celular no travesseiro.
Não respondi.
Na segunda-feira, no treino, fingir normalidade, fingir que não via Cris me olhando, fingir que meu corpo não lembrava de cada toque dela mas estava tudo ali cada centímetro meu lembrava e ela também lembrava eu via no jeito que ela segurava a bola, como se quisesse jogá-la em mim como se a mágoa estivesse prestes a vazar pelos olhos.
Eu só queria fugir, só que agora não dava mais pra fingir que aquilo não existia.
O problema era: eu existia no mundo errado, na família errada, com o namorado errado com a coragem errada e a Cris... ela era a única coisa certa que existia nesse meu mundo.
Parte 2 (Cris)
Ela não respondeu minha mensagem.
Esperei por horas deitada na cama, ainda com o travesseiro impregnado com o cheiro dela revivi cada segundo da noite passada como quem tenta segurar um sonho que escapa pelos dedos, mas o celular permaneceu mudo.
Na manhã seguinte, ainda tive esperança, talvez ela tivesse só dormido, talvez o celular tivesse descarregado. Talvez... talvez...
No treino de segunda, tudo ficou claro.
Ela chegou com o cabelo preso num coque mais firme que o normal, a mochila jogada no ombro, a cara fechada e não me olhou, não veio falar comigo e apenas cumprimentou as meninas com um sorriso mecânico e foi direto pro aquecimento, sem sequer me dirigir um olhar.
Isso doeu!
Mais do qualquer tapa na cara, mais do que qualquer lesão que eu já tenha sofrido, doeu porque eu não esperava não depois da forma como ela gem*u meu nome, como me olhou e como me amou.
Na hora do coletivo, eu errava passes fáceis, a bola escapava dos meus pés e as meninas começaram a comentar baixinho, e o treinador me chamou num canto.
— Você tá aqui hoje, Cris? Ou deixou sua cabeça em outro lugar?
Engoli a raiva e o nó na garganta apenas assenti com a cabeça.
— Tô aqui.
Mais pura mentira, parte de mim ainda estava naquela cama com ela no instante em que achei que o mundo finalmente ia fazer sentido.
Quando o treino acabou, corri pro vestiário antes dela precisava de um tempo pra chorar sozinha para tentar entender o que tinha acontecido por que ela me pediu para levá-la pra casa porque aceitou entrar comigo porque disse que não queria mais fugir… e agora estava fugindo de mim. Me tranquei no banheiro, joguei água no rosto, respirei fundo, mas não adiantou.
Ela entrou minutos depois eu a ouvi o jeito leve dos passos, o zíper da mochila sendo aberto e o silêncio incômodo.
Saí do boxe e a vi encostada no armário, mexendo no celular fingi que não doía fingir que não a amava.
Ela não olhou pra mim.
Não disse "oi".
E eu não consegui me segurar.
— É isso, então?
Ela levantou os olhos devagar, e o que vi ali me desmontou: medo, culpa e uma tristeza que doía mais do que qualquer rejeição.
— Cris, eu...
— Não precisa dizer nada — interrompi. — Já entendi.
— Você não entende.
— Entendo, sim você teve medo se arrependeu e agora tá tentando fingir que não aconteceu.
Ela fechou os olhos, encostou a cabeça no armário.
— Eu não me arrependo.
— Jura? Porque parece exatamente isso.
— Eu só… — a voz dela falhou. — Eu não sei como lidar com tudo isso, eu nunca me senti assim antes e tem o Leandro, minha mãe desconfia de tudo, eu cresci ouvindo que isso era errado, que era pecado e aí… vem você com esse jeito de me olhar, de me tocar, de me fazer sentir inteira. E eu… eu não sei o que fazer com isso, Cristiane.
Eu quis abraçá-la. dizer que tudo ia ficar bem, mas as palavras morreram antes de sair.
— Você só precisava ter me dito — sussurrei. — Só isso.
Ela deu um passo na minha direção, mas eu recuei.
— Eu não sou seu erro, Dani. Só que você me trata como se fosse.
— Você não é um erro.
— Então para de fugir.
Ela abriu a boca, mas fechou de novo sem resposta.
Saí do vestiário antes que ela pudesse me ver desabar de novo.
Naquela noite, deitei sozinha a cama parecia grande demais, o travesseiro frio, o corpo vazio e a única coisa que ecoava na minha cabeça era a voz dela sussurrando: "Isso não foi só sex*."
Mas agora... parecia que era tudo o que tinha sido.
Na manhã de quarta-feira, o Junior entrou no vestiário com a prancheta debaixo do braço e um sorriso que não via fazia semanas.
— Meninas, é oficial. O campeonato regional começa no próximo sábado. O primeiro jogo é fora de casa, viagem curta, ida e volta no mesmo dia, mas a convocação vai ser feita hoje, então quero foco total no treino.
Um burburinho tomou conta do vestiário. Algumas vibraram, outras já começaram a falar dos adversários. Eu só assenti com a cabeça, tentando manter a compostura.
No sábado.
Odiava a ideia de viajar com ela de passar horas no mesmo ônibus, no mesmo vestiário, dividindo o aquecimento e fingindo que não existia mais nada entre nós porque ainda existia cada vez que eu olhava para Dani, meu corpo lembrava, meu coração doía e a raiva lutava com o amor, sem trégua.
O treinador começou a listar as titulares e reservas para o jogo.
— No gol: Erica; Fixa: Ana Paula; Pivô:Júlia e nas Alas: Cris e Dani.
Meu nome é o nome dela na mesma formação, quase a mesma sincronia — só que agora, sem confiança.
Nos treinos táticos, a gente ainda se encontrava em passes, tabelas e olhares rápidos, o entrosamento em quadra ainda existia, mas o resto… era só silêncio e isso me corroía por dentro.
O ônibus partiu às sete da manhã, eu me sentei na janela, fones de ouvido, olhar perdido na estrada e a Dani entrou por último, como de costume, e se sentou duas fileiras atrás. conversava baixo com a Ana Paula, rindo de alguma piada sem graça mas os olhos quando se cruzaram com os meus, vacilaram.
Ela sabia que eu ainda estava magoada.
E ela também estava.
Mas ninguém dizia nada.
Chegamos no ginásio da cidade vizinha com tempo justo para alongamento e reconhecimento da quadra, o piso escorregadio, as linhas mal pintadas, o cheiro de desinfetante misturado com pipoca típico de ginásio pequeno de interior a torcida local já começavam a entrar, uniformes caseiros nas arquibancadas.
Vesti meu uniforme com meu número favorito 7, amarrei as chuteiras com força, e tentei me lembrar de quem eu era antes dela.
Antes de amar, antes de quebrar.
O treinador reuniu o time no centro da quadra.
— Primeiro jogo, time não é hora de deixar o emocional interferir, vocês sabem o que fazer. Você, Cris — olhou pra mim com firmeza —, segura essa linha de frente, essa marcação pressão como sempre segurou.
Assenti.
Dani estava ao meu lado, a poucos centímetros o braço encostou no meu, ela não disse nada só respirou fundo, como se tentasse se manter inteira.
O apito soou... O jogo começou.
Os primeiros minutos foram truncados e o time adversário jogava fechado, apostando em contra-ataques rápidos, eu corria mais do que devia tentava me manter concentrada, mas meu coração batia fora de ritmo.
Dani se aproximou numa jogada e me passou a bola com precisão, nossos olhos se cruzaram por um segundo — e naquele instante, tudo que existia era o toque entre nós como antes como sempre.
Dominei, cortei a marcação e chutei com força.
Gooooooooooooool…
Explosão da torcida as meninas vieram me abraçar até Dani um abraço rápido, contido um toque de palma, um sussurro:
— Boa, Cris.
Meu corpo se arrepiou inteiro não pelo gol, mas por ela.
O jogo terminou 3x1 para nós.
Na volta pro vestiário, o clima era de euforia, o treinador elogiou, as meninas gritavam e eu fui até o banco, me sentei sozinha, bebendo água devagar tentando recuperar o fôlego.
Dani veio por trás, hesitou por um instante, e então se sentou ao meu lado.
— A gente jogou bem, né?
Assenti.
— A gente sempre joga bem — respondi, sem olhar diretamente pra ela.
— Eu sinto sua falta — ela disse, quase num sussurro.
Fiquei em silêncio.
— Não só do que a gente fez, mas de você dá gente antes disso. Eu... tô tentando ser corajosa, Cris, mas ainda tenho muito medo.
Me virei para encará-la.
— Eu sei, mas você precisa decidir logo se vai viver com medo… ou se vai viver de verdade.
Ela mordeu o lábio inferior, os olhos brilhando.
— Você ainda me quer?
— Todo dia mesmo quando você me ignora.
Ela encostou a cabeça no meu ombro.
— Então me espera só mais um pouco.
Fechei os olhos. Suspirei.
— Mas não demora, Dani eu também tenho limites.
O ônibus voltou pra casa com o time comemorando, mas no fundo, no banco de trás, duas garotas sentadas lado a lado, em silêncio, sabiam que a verdadeira batalha ainda estava por vir. O campeonato tinha começado, mas, a guerra dentro da gente… essa ainda não tinha apito final.
Depois do jogo, ninguém queria voltar direto pra casa, a vitória, a adrenalina e o calor da cidade vizinha pareciam pedir mais algumas horas juntas. A Júlia, animada como sempre, sugeriu:
— Bora pra aquele barzinho na praça central? Tem música ao vivo a gente pode comemorar um pouco nossa vitória.
Em quinze minutos, descemos em frente a um lugar simples, com mesas de madeira, luzes penduradas entre as árvores e um palco improvisado no canto.
Sentamo-nos em duas mesas juntas, as meninas pediram refrigerante, porções e suco com cara de caipirinha sem álcool, risadas, brincadeiras, provocações sobre os gols e os lances errados eu fingia leveza. Dani também, mas de vez em quando, nossos olhares se encontravam no reflexo dos copos, nas pausas entre as conversas e era como se estivéssemos vivendo tudo de novo — só que agora diante de todo mundo.
No canto, um homem guardava o violão e o show já tinha acabado.
— Aí, Cris! — Ana Paula gritou. — Toca uma pra gente! Vai, não se faz de rogada!
— Ah não — protestei, rindo. — Hoje não…
— Só uma! — Bianca implorou. — A gente ganhou! Isso merece trilha sonora!
— Tem violão aqui — uma das funcionárias falou, sorrindo. — Pode usar, se quiser.
O grupo inteiro começou a bater palmas, gritando meu nome enquanto isso a Dani me olhava em silêncio um meio sorriso nos lábios, como se soubesse que eu ia ceder.
E cedi.
Peguei o violão com cuidado, sentei-me numa cadeira um pouco mais afastada da mesa e testei as cordas.
— Qual música? — perguntei, encarando o grupo.
— Deslizes! — Dani disse, quase sem pensar.
Foi instintivo.
A mesa ficou em silêncio por um instante eu a encarei, surpresa ela desviou o olhar
“Deslizes”, do Fagner que relata um amor complexo e doloroso, uma música que doía. Que falava de nós.
Respirei fundo.
Toquei os primeiros acordes.
> “Não sei por que insisto tanto em te querer
Se você sempre faz de mim o que bem quer
Se ao teu lado sei tão pouco de você
É pelos outros que eu sei quem você é…”
Minha voz saiu suave no começo, depois ganhou firmeza e ao bar aos poucos silenciou as mesas ao redor pararam para ouvir as meninas me olhavam com um misto de admiração e espanto.
Mas foi o olhar de Dani quem me atravessou inteira. Ela me olhava como se não existisse mais ninguém ali como se a música fosse só pra ela.
E era.
> “Nós somos cúmplices, nós dois somos culpados
No mesmo instante em que teu corpo toca o meu
Já não existe nem o certo, nem errado
Só o amor que por encanto aconteceu
E é só assim que eu perdoo os teus deslizes
E é assim o nosso jeito de viver
Em outros braços, tu resolves tuas crises
Em outras bocas, não consigo te esquecer.”
A letra pesava no ar.
Meus olhos marejaram, mas continuei tocando até o último acorde quando terminei, houve alguns aplausos tímidos a mesa do time vibrou, gritou, mas eu mal ouvi. Porque, na calçada, parado de braços cruzados, estava Leandro.
Me encarando com uma expressão que eu nunca tinha visto antes um misto de dúvida, alerta e algo mais sombrio os olhos dele saltavam entre mim e Dani, que agora estava de cabeça baixa, mexendo no celular com dedos nervosos.
Ele se aproximou devagar.
— Cris — ele disse, quase em tom neutro. — Bela música.
— Valeu — respondi, tentando soar normal.
— Não sabia que o time fazia serenata agora…
As meninas riram, mas havia um peso estranho no ar e Dani se encolheu na cadeira e Leandro a encarou por um segundo longo demais.
— Você tá bem, amor?
Ela apenas assentiu.
— Só cansada.
— Uhum — ele disse, mas o olhar dele não era o de quem acreditava.
Leandro puxou uma cadeira, sentou-se entre Dani e Julia, mas não tirou os olhos de mim por um bom tempo. E naquele momento, eu soube que ele sabia que alguma coisa tinha mudado e talvez não soubesse ainda o quê, mas o cheiro da verdade já estava no ar.
Na segunda-feira, a ressaca emocional da noite no barzinho ainda pesava no meu corpo, o treino era leve, regenerativo, mas meu coração estava longe dali a cada toque na bola parecia mais difícil, cada palavra trocada com Dani, mais fria.
Desde sábado, ela vinha evitando ficar sozinha comigo, mas o olhar do Leandro na noite da música não saiu da minha cabeça. Ele viu, ele sentiu e agora, ele só precisava de uma desculpa para agir e foi no fim da tarde, quando eu estava de saída sozinha do ginásio, que aconteceu eu empurrava o portão de ferro já trancando a mochila quando escutei:
— Cris
Me virei.
Leandro estava encostado no portão de entrada, braços cruzados, o maxilar travado a luz do fim do dia deixava o rosto dele meio sombreado, o que só acentua o ar ameaçador.
— Oi — respondi, cautelosa.
— A gente pode conversar?
Assenti. Ele deu um passo à frente e eu fiquei onde estava.
— Vou ser direto. — A voz dele era tensa. — Você está ficando com a Dani?
Senti o estômago afundar ele se quer não rodeou não deixou espaço para desvio pensei em mentir e dizer que ele estava maluco, que era coisa da cabeça de que a gente era só amiga, que nunca aconteceu nada, mas cansei de mentiras.
Encarei ele nos olhos.
— Isso é uma coisa que você devia perguntar pra ela, não pra mim.
O silêncio entre nós foi imediato. Denso.
— Então é verdade? — ele disse, a voz mais baixa, como se não acreditasse no que ouvia.
— Eu não disse isso.
— Mas também não negou.
— Porque não vou te dar o conforto de uma mentira.
Leandro bufou, passou as mãos no cabelo, deu uma volta em si mesmo como se tentasse controlar o próprio corpo.
— Como você teve coragem? — rosnou. — Eu confiei em você, ela… ela confiou em você.
— Eu nunca fiz nada pelas costas de ninguém e muito menos à força ela me procurou, Leandro ela quis estar comigo.
Ele veio mais perto, olhos vermelhos, quase furioso.
— Você destruiu tudo, ela não é assim, você confundiu a cabeça dela.
— Não. Eu só mostrei quem ela é quando ninguém tava olhando.
Ele pareceu engolir aquilo como veneno.
— Isso é errado.. Vocês… Isso tudo é errado.
— Errado pra quem? Pra você? Pra sua masculinidade frágil?
— Ela é MINHA namorada.
— Ela não é de ninguém, Leandro! Ela tá presa numa relação que não faz mais sentido e você sabe disso ela só não teve coragem ainda de dizer.
— E você é quem vai salvar ela agora, é isso? Vai ser a heroína da história?
— Eu não quero nada além de verdade na vida dela. Só isso.
Por um segundo, achei que ele fosse me bater o olhar dele raivoso, o punho se fechava, mas ele respirou fundo, deu um passo pra trás e sorriu — aquele sorriso frio, de quem perdeu o controle.
— Isso vai dar merd* para vocês duas. Pode escrever.
Virou as costas e saiu andando, mãos no bolso, chutando o chão. Enquanto fiquei parada por um tempo, o coração acelerado não de medo, mas de raiva de exaustão.
Fim do capítulo
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