SACHA RUSSEL

Estou de volta a minha cidade natal, Moscou, a capital da Rússia, Sempre fui uma criança linda, olhos azuis, cabelos ruivos, rosto oval, branca - Os professores eram fascinados pela minha beleza e inteligência fora do normal, para uma criança de tão pouca idade - queriam a todo custo me levarem para as casas deles. - De tão fascinados que ficavam. Era uma garotinha de beleza estonteante.

 Era uma prodígio, aprendi a ler com dois anos de idade, com três já conseguia escrever, muito curiosa, gostava de biologia, o corpo humano me deslumbrava, instigava, fascinava, principalmente os órgãos de Reprodução tanto feminino quanto masculino, meus pais quando perceberam isso, me estimularam a desenvolver meus talentos. - Eles eram profissionais liberais, advogados, com muito bom poder aquisitivo, tinham acesso a diversos tipos de obras, de autores como Zaratustra, Freud, Nietzsche, Hegel, Marx e inúmeras figuras marcantes. 

Então, muito cedo já tinha um pensamento muito desenvolvido para minha idade, dominava muitos conceitos e era impulsionada nesse sentido. Falava diversas línguas.- Russa, Latim, Inglês, Alemão e Francês.

Fui para os Estados Unidos da América quando tinha apenas 8 anos, meus pais foram transferidos para lá e tive que ir junto, porque eles eram sócios de uma grande firma de advocacia, foram meio que obrigados a abandonar Moscou, para assumir responsabilidades em Indiana.

Chegando na américa, além de ter acesso a diversos autores, unindo a minha curiosidade inata, quanto a biologia, comecei a estudar o corpo humano com bastante afinco e paixão. - Era meu mundo particular, me perdia em meio aos livros e revistas da época. Acabei me formando em Ciências Biológicas, com ênfase no Sistema Reprodutivo Masculino e Feminino.

Depois de passar um bom tempo nos EUA, morando no estado de Washington, cursei Sexologia, Sociologia, psicologia, participei por muitos anos do Programa de Reprodução Humana, liderado pelo meu esposo, ginecologista John Mikhail Kosvalit, pela Universidade de Washington St. Louis, onde nos conhecemos, quando entrei para o curso de Sexologia, trabalhei como assistente pessoal dele, no desenvolvimento de Pesquisa, pela universidade de Washington, pioneira sobre a Resposta Sexual Humana e no tratamento de casos de distúrbios e disfunções sexuais - Iniciamos nosso trabalho de pesquisa a priori pelo Departamento de Ginecologia e Obstetrícia da universidade de St. Louis, e no decorrer dos anos, deixamos o Projeto pela universidade e abrimos uma Fundação sem fins lucrativos chamada Fundação de Reprodução e Pesquisa Biológica.

No Instituto desenvolvemos pesquisas sobre a anatomia e a fisiologia da resposta sexual humana. Serviram de base para análise mulheres e homens. - sendo em sua maioria das mulheres eram prostitutas - que entendiam bastante de sex*.

As sessões geralmente eram assistidas em laboratórios, colocamos monitores para cada indivíduo que se relacionavam, catalogamos os principais pontos a serem analisados.

Na segunda demanda, buscamos mais requintes nas nossas escolhas de cobaias, foram mais casais, pele branca, classe mais abastada da sociedade. 

Observamos a natureza da excitação sexual feminina, como : mecanismos de lubrificação vagin*l que a mulher pode ter orgasmos tanto pela estimulação clitoriana quanto pela vagin*, derrubando conceitos antes vigentes, como as de que a lubrificação da mulher provém do útero.

Nos homens detectamos um espaço de tempo de resposta entre um orgasmo e outro, chamado de período refratário, nos homens, diferentemente das mulheres eles tinham um espaço entre uma ejaculação e outra para ter outro período de excitação, enquanto que as mulheres podiam persistir na excitação e ter múltiplos orgasmos na mesma relação.

Me envolvi com Mikhail, quando estávamos no Centro de Pesquisa, decidimos a princípio ter um relacionamento como parte do estudo sobre sexualidade, mas a exposição a longos tempos juntos no trabalho fez com que tivéssemos algo mais substancial, nos envolvemos emocionalmente, oficializamos nossa união, que mais tarde veio a se desfazer. Entretanto continuamos nossas pesquisas, porque fazíamos parte da Fundação de Biologia direcionados a resposta humana sexual e Inadequação Sexual Humana (distúrbios). 

A minha vida toda, praticamente fora dedicada à pesquisa, desenvolvi um método que ainda está em estado experimental, para mulheres que chegam ao orgasmo se tocando. Priorizamos os estudos em laboratório, como forma de observar as respostas de maneira mais incisiva. Baseado nos quatro estágios: excitação, platô, orgástica e resolução.

Cheguei à Rússia a pouco mais de 6 meses, porém já montei o consultório onde irei atender, numa rua bastante movimentada da capital de Moscou, frequentada por pessoas com alto poder aquisitivo.- Já comecei os atendimentos, porém as pessoas estão um pouco resistentes quanto aos meus métodos que não são nada convencionais para meu país, em pleno século XXI, mas que ainda resguarda as bases de uma sociedade com moldes bem tradicionais. 

Comecei a frequentar uma academia nas proximidades de onde resido, um espaço enorme que abarca todas as práticas de exercícios e esportes. Ultimamente tenho fugido de esportes mais radicais e de força, como CrossFitness, dentro outros, preferindo Yôga, Pilates, voltados para o fortalecimento do espírito e do corpo, mas preferencialmente os que ajudam no fortalecimento da musculatura pélvica - Só que de forma mais leve, até, porque, como Terapeuta Sexual, necessito praticar regularmente, para orientar aos meus pacientes.

Sou uma pessoa que adora animais principalmente, os selvagens, “ tomara que ele não me devorem algum dia” (Rsrsrsrsrs!). Crio uma jibóia, já possuo ela há muito tempo, algumas vezes a levo quando pratico atividades físicas, geralmente em dias que a movimentação de pessoas na academia são bem menores. - Aproveito para distrair meu animal de estimação. - Preferindo malhar em horário de baixa densidade de frequentadores - Na minha época de rebeldia declarei meu amor pelos répteis, imprimindo na minha pele a tatuagem de um animal de uma espécie bem venenosa, uma víbora. - Que quase que toma meu corpo por inteiro - indo desaguar quase nas partes íntimas.

Sou uma mulher a qual me declaro bi, estando na faixa etária de 34 anos de idade. Sinto atração pelos dois sex*s, inclusive já tive um relacionamento duradouro com o sex* oposto. - Foram seis anos de cumplicidade e companheirismo, mas infelizmente resolvemos nos separar por razões de não ter mais os mesmos vínculos emocionais, acabamos decidindo, cada qual indo em sua própria direção. - Eu e ele mantivemos a boa parceria e continuamos a trabalhar conjuntamente nas pesquisas, apenas isso.

Nessas idas frequentes à academia tenho percebido uma mulher muito estranha que me observa de uma forma tão penetrante, como se quisesse me atravessar, por meio dos pensamentos dela. Eu finjo não perceber como ela me despe com aquele olhar cheio de segundas intenções. - Ela pensa que não notei as olhadas que me dá. - Como se quisesse me devorar apenas, através dos pensamentos dela.

Não pretendo constituir relacionamento sex* - afetivo com pessoa alguma, nesse momento, pois para mim o que interessa nesse momento é me firmar como Terapeuta Sexual, aqui em Moscou, apenas isso. - Porém aquela desconhecida tem um jeito tão peculiar de me observar que está conseguindo me tirar um pouco dos meus intentos. - Pode até ser impressão minha, mas é isso que estou pressentindo.- E isso, deveras tem me incomodado bastante.

Fim do capítulo