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Consultorio da doutora Sacha Russel
Alexa Leboc
Alexa já estava atrasada para a tão sonhada consulta com a doutora que veio de fora da Rússia, para aplicar métodos inovadores na forma de detectar e tratar pessoas com diferentes disfunções sexuais. - Não sei se seria esse o meu caso, mas com certeza descobriria em breve.
Pela mensagem enviada para o meu GPS - Sistema de Posicionamento Global. O endereço em que ficava localizada a tal clínica era nas proximidades.
Ao chegar em frente ao prédio, indicado pelo sistema de localização, entrei, solicitei o elevador que me levaria até o andar em que funcionava o consultório, que por sinal, ficava na cobertura - muito bem localizado - com vista panorâmica, de frente para um lago artificial, que abarcava toda a área central.
A parte interna era decorada no estilo minimalista, com poucos móveis, porém acolhedor. Na recepção podia-se ver a atendente. - Ela era uma jovem, com a pele extremamente clara, cabelos num tom bem grisalhos, olhos azuis, estatura mediana. Quando ela me vê parada em frente a recepção, pergunta - Em que posso ajudá - lá, senhora?
Encarei ela por um momento e respondi de forma clara e objetiva.
Tenho uma consulta agendada com a Dra Sacha Russel.
A recepcionista para por um instante, me analisa um pouco, desvia o olhar para o Notebook e de maneira o mais profissional possível, requere minha identificação. Logo em seguida, depois de certificar - se de que realmente as informações, as quais lhe forneci procediam. - Num gesto que denotava humanização no serviço que desempenhava. - Me olhando profundamente nos olhos. Ela devolve pra mim os documentos e diz que é apenas um procedimento de rotina.
Pede que me dirija para o corredor à esquerda, sala 115, que a doutora já estava me aguardando
Andei por um corredor extenso que parecia não ter fim. Quando me detive defronte para a porta indicada, hesitei por alguns instantes entre entrar conforme o instruído pela recepcionista ou bater para me fazer anunciar. - Fiquei nessa indecisão por alguns instantes, até que de repente a porta se abre ao mesmo tempo que me decido por entrar. E que ocorre é inevitável, uma colisão, um encontrarão, na verdade.
E minha reação é instintiva, seguro ela firmemente pela cintura para que não fossemos ao chão juntas. E quando ergo meus olhos de encontro a pessoa que está à minha frente, tentando analisar se ela estava bem. Quase tenho uma taquicardia, o coração acelerou de uma forma tão descontrolada, que quase me leva a uma morte súbita, porque já havia visto essa mulher antes, na academia, a qual frequento, embora não tenhamos proximidade alguma. Mas, um segredo que ela não sabe, é que ela faz parte de minhas fantasias mais secretas. Pecaminosas. Sombrias.
Refeito o susto inicial ao qual passamos - Ela se recompõe - Agradece por tê - lá ajudado - E pergunta se sou a paciente a qual ela esperava.
- Balanço a cabeça afirmativamente.
- Me apresento a ela.
- Alexa Leboc !
Ela ergue a cabeça e é perceptível que uma centelha de reconhecimento passe pelas írises verdes dela. - Porém ela as domina e volta para mim pedindo que a siga. Quando adentramos no seu consultório, pedi que me sinta à vontade. - Indicando uma poltrona bem acolchoada para que me sentasse.
Sinto-me um pouco deslocada naquele local, e depois de conhecer a tal da Sasha, estava quase disposta a desistir de tudo, dar uma desculpa qualquer e simplesmente ir embora.
Porém, passados alguns minutos de ter chegado até ali, ela me entrega alguns papéis para serem preenchidos e entregues na próxima consulta.
Me explica detalhadamente o tipo de trabalho dela, a pesquisa sobre as quais participou, o método de abordagem dela. E explica a diferença entre uma terapeuta sexual e uma prostituta. - Para que não haja nenhum equívoco de interpretação no cunho da consulta. Fala que a prostituta vai querer sempre que o cliente retorne, mas no caso dela, não, pois trilharam caminhos opostos quando finalizasse o tratamento. - Como forma que eu entendesse claramente os limites e não interpretasse de maneira errônea sua profissão.
Ela fez uma anamnese completa em relação às minhas condições de saúde.
E a primeira pergunta que a doutora faz para mim. Que segundo ela visa me conhecer melhor e possibilitar delinear os objetivos em cima do que vou responder.
As perguntas são : “Por que você quer fazer terapia?”, “Quais preocupações ou problemas específicos você está enfrentando?” e “como seria o sucesso na terapia para você?”
Fiquei um pouco hesitante, mas ela vendo pela minha expressão que estava um pouco desconfortável para responder as perguntas. - Me tranquiliza, informando que tudo é sigiloso. Nada do que disser sairá daquele consultório.
Olhando por esse aspecto mais profissional e a forma gentil como ela falou, me deixou mais tranquila, pois passou uma maior segurança. E, levando em conta essa sensação, busco começar da forma o mais natural possível. - Já que ela havia derrubado quase toda minha resistência inicial.
Começo, ainda que com algumas ressalvas na mente, porém, inicio. - Sabe, doutora, sempre fui uma pessoa muito reservada, em nenhum momento me aventurei a tocar meu corpo como forma de sentir prazer, porque tudo era visto como pecado, e meu corpo era motivo de vergonha para mim, não me sentia bem com ele. - Teve determinado momento da minha vida que me acostumei tanto com a situação em que me encontrava, que não queria sentir nada por pessoa alguma, principalmente quando fui deixada à própria sorte. - Aí que se intensificaram a minha recusa em querer sentir, amar, queria se possível me desvincular de qualquer tipo de amor, que na minha cabecinha de criança era uma franqueza, demonstrar sentimentos, então na maioria das vezes negava essa parte de mim. Estava me considerando assexuada, sem nem saber o que significava. - Até mesmo frígida. - Só que por consenso - percebi que conseguia sentir desejos, excitamentos, só que era mais mental. - Nunca ousei tocar meu corpo mais profundamente, sentia vergonha de olhar para ele, e as partes íntimas, então - Era lugares intocáveis para mim. - Pensava como algo proibido. - A minha busca de prazer era apenas mental. Estava desconectada do meu próprio corpo.
Não queria constituir relacionamentos com pessoa alguma, não queria me apaixonar, sentir amor por ninguém. Não sei se isso influenciou nas minhas escolhas sexuais ou não.
No entanto, por ser uma pessoa muito introspectiva, tímida, com autoestima baixa, não conseguia manifestar claramente o que queria e não tinha alguém para me ajudar a superar os medos que se passavam no meu íntimo. - Não me sentia à vontade com o corpo que tinha - Havia muitos complexos que me impediam de ter uma vida sexual ativa.
Então como fuga, comia de forma exacerbada para preencher as lacunas com que não conseguia lidar. - Era um tipo de ansiedade se apoderando de mim. - Me sentia um patinho feio em meio a outros iguais. Para além disso, como forma de fugir da realidade ficava por muitas horas preenchendo os vazios através de leituras de livros. Dessa forma, vivia em meio a fantasias constantes imaginando entre personagens de livros fictícios, sentindo suas vibrações, vivendo como essa vida fosse minha. - Isso, me excitava bastante, me masturbar pensando naqueles casais, personagens de livros de romances. Contudo, nunca me senti segura para cruzar a linha, incursionar em sentir meu corpo na totalidade. - Tocá - lo como uma maneira de alcançar prazer, de conhecê - lo.
Por isso, doutora estou aqui no seu consultório, com o propósito bem definido, que me ajude a conseguir cruzar as fronteiras que separam minha mente do corpo. - E percebi que seu programa de pesquisa se encaixa bastante no que espero conseguir.
Ela me olha de forma intimista por um breve espaço de tempo, e com toda a calma do mundo, esclarece de maneira instantânea, com maior educação possível, que os terapeutas não são salvadores, mas dentro das possibilidades da terapia, faria tudo que fosse possível para que tivesse êxito. E, com uma convicção absurda de quem já estava acostumada com pacientes que tinham essas mesmas expectativas que estava tendo. - E reafirma:
Mas você sabe que nós como terapeutas não podemos fazer milagres, não é mesmo?
Porém, vamos traçar cuidadosamente uma linha de trabalho que se encaixe nas expectativas que você enquanto paciente aguarda alcançar.
E, para começarmos a avançar nesse sentido, sugiro como primeiro exercício, seja conhecer seu corpo, seu funcionamento, zonas erógenas, então, os exercícios de consciência corporal se tornam imprescindíveis para saber onde e em quais áreas do seu corpo lhe darão sensações de prazer. Logo, busque conhecer a si própria, para que constitua relacionamentos, impondo limites quando necessário.
E entendendo que o corpo pode oferecer um mar de sensações, pois do ponto de vista de alguns estudos, ele possui mais de 800 terminações nervosas, espalhadas pelo corpo inteiro, nessa perspectiva, bastante áreas a serem exploradas. E, cabe a cada um de nós, saber onde e como estimulá - los. - isso, só pode ser detectado, a princípio pelo reconhecimento dessas áreas, para que se possa fazer um mapeamento disso. Por isso, sugiro que sinta seu corpo na íntegra, na nuca, atrás das orelhas, nos seios, na cintura. Por último, pegue um espelhinho pequeno, coloque abaixo de sua região genital e veja como ela é, se tem grandes lábios assimétricos, se os pequenos são rosadinhos ou escuros, se eles se sobressai aos grandes lábios. Quero que se possível anote as características de sua vulva, desde a coloração da parte externa e interna, quanto ao tamanho tanto do pequeno quanto dos grandes lábios. - Mas, que isso não sirva para criar mais traumas e preconceitos, mas como maneira de reconhecimento e empoderamento. - Porque não importa a forma que ela seja, pois ela será sempre linda do jeito que ela é. Você tem que se acostumar com seu corpo, isso vai ocorrer aos poucos, você vai ganhando intimidade. Saber se o que vê lhe deixa à vontade ou não?
Se causar algum desconforto a princípio no fato de tocar sua genitália, pode se tocar por cima da calcinha e quando se sentir bem o suficiente para outros tipos de avanços você o faz.
Ela falando assim parecia até fácil, mas isso estava enraizado em mim de uma forma tão visceral, que não sei se seria capaz.
Então, depois de muito pensar, queria seguir em frente, ser uma pessoa normal, mas via que o mínimo não conseguia fazer, tocar meu corpo, agir com naturalidade. Porém, para ter uma mulher que nem aquela médica … valia o sacrifício da tentativa. - Ah, se valia. - Queria colocar em prática todo aquele conhecimento com ela, que sabe assim não seria menos doloroso, heim?
Fim do capítulo
Boa tarde!
Demorei, mas foi por um bom motivo. -Queria trazer algo mais substâncial para vocês.
Então, espero que tenha valido a pena tanta espera.
Porque para mim foram horas e mais hora de escrita e reescrita.
O que aguardo nisso tudo é que ao menos alguém goste do que escrevi. - Porque, se tiver dez leitores entre esses alguém, sei que com certeza a alma de Alexa vai estar sendo salva, por isso não a destruirei.
Até o mais breve possível!
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