Capitulo 17 - De volta a realidade
Olivia
Ao despertar sinto um peso ao redor da mina cintura e uma respiração na minha nuca, quando abro os olhos vejo que tudo realmente aconteceu e não foi um sonho. Giovana está grudada ao meu corpo e a única coisa que posso fazer no momento é aproveitar a sensação boa que estou sentindo.
Mas o descanso dura pouco, algum celular começa a tocar, mas percebo que o som está distante, então lembro que provavelmente está na cozinha, deixamos tudo lá ontem.
Tento me livrar da conchinha, mas Giovana me aperta ainda mais, mesmo inconsciente ela não me deixa sair.
- Giovana – A chamo baixinho – Algum celular está tocando.
- Que horas são? – Resmunga.
- Não sei, meu celular não está aqui.
- Deve ser o meu despertador – Se vira na cama, me soltando.
- Então faça o favor de se levantar e desligar – Me ajeito melhor trazendo o cobertor para mais perto.
A mais nova vai até a cozinha e volta com o celular em mãos, quando se deita na cama me abraça novamente.
- Você quer conversar sobre ontem? – Sussurra em meu ouvido.
- Você quer? – Não sei se estou preparada para isso.
- Acho que devemos.
Me viro para poder encará-la, seu olhar está sereno e calmo, acho que nunca a vi tão tranquila.
- Ok, sou toda ouvidos – Digo.
- Sei que você vai tentar me afastar, quando as coisas começam a se aprofundar entre a gente, você foge.
- Giovana – Tento falar, mas ela me interrompe.
- Me deixe terminar, depois você fala o que tiver que me dizer.
- Ok.
- Eu sei que você tem suas questões e que estar comigo é algo que você luta contra, mas eu realmente estou me envolvendo, e não quero quebrar a cara – Respira um pouco mais fundo – Eu realmente estou começando a gostar da sua companhia, e querer estar cada vez mais perto, e ontem para mim foi incrível, mas se isso fizer você se afastar de mim, eu prefiro que não aconteça mais.
Por um momento fico impactada com suas palavras, e é como se a ficha caísse nesse momento, eu sempre tento afastá-la pelos meus medos, mas nunca penso direito no que isso vai causar nela. E acabo de perceber também, que eu sempre a afasto porque no fundo sei que ela vai correr atrás, mas ela está agora na minha frente, me dizendo indiretamente que: ou eu tomo uma decisão ou ela vai desistir.
- Eu sei que parece que não me importo – Me sento na cama, trazendo o cobertor até a altura dos meus seios, os cobrindo – Mas eu realmente me importo com você e não quero te machucar e tenho medo de fazer isso.
Giovana também se senta, escorando-se na cabeceira da cama.
- Eu não posso simplesmente me envolver com você sem pensar nos meus filhos, sem pensar que sou mãe e que talvez eu não tenha 100% do meu tempo livre para um relacionamento e que você ainda é jovem e vai querer aproveitar sua vida – Tento explicar.
- Eu sei que você é mãe e eu adoro as coisinhas que você chama de filhos – Estende a mão para que eu segure – Eu sei que é um risco que corremos, das duas saírem machucadas, mas pode ser apenas um risco e não uma realidade.
Ela começa a fazer um leve carinho nas costas da minha mão, tentando me passar a tranquilidade que ela está sentindo.
- Eu não estou te propondo um relacionamento – Continua – Quero apenas que a gente se abra a todas as possibilidades, que a gente curta esse momento e que você pare de fugir de mim.
Meu coração acelera, sei que se eu aceitar isso será um caminho sem volta, será o início de algo maior, mas também sei que não posso mais lutar contra, já fiz de tudo para me livrar desse sentimento, do quanto me sinto bem perto dela, e não consegui, então tomo minha decisão.
- Tudo bem – Seus olhos me encaram arregalados – Eu topo me abrir a isso com você, com uma condição.
- Qual?
- Que você pare o seu caso com a Paula – Esse é o momento que as cartas precisam ser colocadas na mesa – Eu não sou o tipo de pessoa que gosta de dividir, e não quero entrar nessa disputa com ela.
Minha aluna me puxa para perto do seu corpo, me acomodando em seus braços, minhas costas ficam contra seu peito.
- Isso não é problema nenhum, a gente não tem nada sério, foram apenas algumas ficadas – Beija o topo da minha cabeça – Mas como você sabe disso?
- Não sou idiota, e as vezes que vi vocês juntas deu para notar o interesse dela e no dia do seu aniversário talvez eu tenha visto a mensagem que ela te mandou.
Meu corpo fica tenso quando admito isso, afinal ela pode ficar chateada.
- Sem problemas, vou falar com ela e dizer que não irá mais rolar nada entre a gente – Aperta os braços ao meu redor - E você vai parar de ir a encontros?
- Você ainda não me contou como sabe disso – Sorriu.
- E você não está respondendo minha pergunta.
- Eu não quero mais ir a encontros que não sejam com você – Viro meu rosto para olhá-la e deixo um beijo casto em seus lábios.
- Bom saber disso – Me dá mais um beijo – E quando cheguei em casa naquele dia, sua filha brigou comigo.
- E por que Aurora brigou com você? – A olho confusa.
- Porque segundo ela, eu estava deixando a mãe dela sair com outras pessoas e não estava fazendo nada para impedir e que se eu não fizesse algo ela ia parar de ser a favor do nosso relacionamento.
- Estamos falando da mesma Aurora?
- Acho que sim, uma baixinha ruivinha, conhece? – Solta uma risada gostosa.
- Acho que conheço uma menina com essas características – Entro em sua brincadeira.
Giovana volta a me beijar, agora um pouco mais profundo e meu corpo começa a esquentar com tão pouco. Essa garota está mexendo tanto comigo.
Mas quando resolvo aprofundar ainda mais as coisas e me sento em seu colo ouço meu telefone tocar. Uma ótima hora para isso acontecer.
- Preciso atender, pode ser minha mãe, ela vai trazer as crianças.
- E por que ela não as leva direto para a escola? – Me questiona enquanto eu me levanto da cama.
- Hoje meu pai tem um exame para fazer e vai precisar do carro, então eles deixarão as crianças aqui antes – Explico já saindo do quarto.
E eu estava certa, era minha mãe avisando que já estão saindo de casa. Volto no quarto apenas para avisar que irei subir para tomar um banho e aproveito para recolher nossas blusas jogadas no corredor.
Quarenta minutos depois estamos todos na cozinha, estou preparando o café das crianças e Giovana disse que irá preparar o nosso. Ela está tão leve hoje, é perceptível que está feliz. Confesso que também estou.
- Por que seus materiais estão espalhados ainda na mesa, Gigi? – Meu filho a questiona.
- Porque ontem precisei ficar até tarde estudando – Ela responde no automático – Você gosta de omelete? Posso fazer para nós duas.
- Mas você fará omelete ou panqueca de ovo? – A provoco.
- Am? Panqueca de ovo?
- Vai me dizer que você faz omelete a moda brasileira? – A encaro – Tenho que rever seu estágio.
- E vai me dizer que há uma forma especifica de fazer? Não é só mexer os ovos fritar?
- Ei – Meu filho volta a falar – Eu estava falando, vocês não podem me ignorar.
- Vá se entender com ele enquanto eu termino aqui e depois te ensino como fazer a omelete, se não terei que te demitir e te expulsar dessa casa.
- Chataaaa – Saiu cantarolando indo guardar os materiais que ainda estavam na mesa.
Eu termino as panquecas e coloco algumas frutas, sirvo dois copos com suco natural de laranja e levo até a mesa para que eles possam já ir comendo.
Volto para cozinha e pego ovos para preparar o nosso. Em cinco minutos a tagarela já estava ao meu lado novamente.
- Você não está falando sério, que há uma forma diferente? – Questiona indignada.
- Assista e aprenda, criança – A provoco.
Ela se aproxima de mim em tempo recorde e fala em tom baixo, para que as crianças não ouçam.
- Acho que a última vez que você me chamou de criança eu te mostrei que sou bem adulta – Sua voz está rouca – Então não me faça te mostrar novamente, pois as verdadeiras crianças estão em casa e precisam da sua atenção no momento.
Meu corpo treme ao lembrar da noite passada, mas ela tem razão, as crianças precisam da minha atenção agora.
- Se concentra e aprenda – A repreendo – Uma verdadeira omelete normalmente leva três ovos – Os quebro dentro de um recipiente – Uma pitada de sal e um pouco de pimenta branca – Vou narrando o que estou fazendo para que ela absorva tudo. Ligo o fogo da frigideira – Um outro segredo é jamais mexer com um garfo, então vamos mexer com essa colherzinha de pau e somente o suficiente para misturar a clara com a gema – Faço para demonstrar – Nós não queremos espuma e muito menos quebrar a liga da clara, entendido?
- Sim, chefe.
- Perfeito. Agora vamos a segunda parte, colocamos a manteiga na frigideira – Ela realmente está prestando atenção – Agora colocamos os ovos – Despejo o conteúdo – Agora mexemos um pouco a frigideira assim – Faço movimentos circulares – E usando essa mesma colherzinha de pau, tiramos o ovo de cima e deixamos a parte crua escorrer para as bordas – E acontece exatamente como expliquei – E mexemos novamente – Mostro novamente – Fazemos isso até que toda a parte crua tenha tido contato com a superfície quente, e quando estiver assim – A deixo olhar o ponto certo – Inclinamos a frigideira e com a mesma colher ou uma espátula juntamos ela, ou se você já tiver mais experiência pode virá-la assim.
Mexo a frigideira de forma mais profissional e deixo pronto.
- Agora só colocar no prato dessa forma – Inclino a frigideira e aproximo o prato para que a omelete não despenque, mas sim seja virada – E voalà, está quase pronta, falta só colocar a manteiga por cima e comer.
O rosto de Giovana está encantado, olhando para o prato como se não acreditasse no que estivesse vendo, não seguro o sorriso, essa é a melhor parte de poder ensinar o que já sabemos, ver que algo simples ainda pode impressionar quem gosta de culinária.
- Só vou dar minha opinião depois que provar – Ela sorri travessa – Vai que esse negócio aqui não seja melhor que o meu, só acredito provando.
- Você é bem atrevida, garota – Dou um tapa em sua bunda quando ela passa por mim com o prato em mãos – Tudo que eu faço é delicioso.
- Quem está sendo atrevida agora? – Me provoca antes de sentar-se ao lado de minha filha – Aurora, você poderia provar essa gororoba que sua mãe fez e me dizer se é confiável comer?
- Por que eu? – Minha filha a olha confusa – Ela fez para você, você que tem que provar.
- Porque sua mãe não vai deixar você provar se ela souber que vai passar mal, é a minha forma de testá-la – Me olha de canto de olho.
- Ela também não vai deixar você passar mal – Responde minha filha com a boca cheia – Pode confiar nela.
- Carinha – Chama a atenção de Theo – Você quer ser minha cobaia?
- O que é cobaia? – O pequeno não entende.
- Quem experimenta a comida no meu lugar.
- Você está com medo da comida da mama? Ela cozinha muito bem Gigi, pode comer.
- Você vai comer ou quer que eu faça um pão seco para seu café da manhã? – Me finjo de brava.
O café seguiu entre risadas e palhaçadas, é muito bom ver meus filhos tão à vontade assim.
Quando deixo Giovana na floricultura, ela me rouba um beijo rápido antes de descer. Sinto que meu dia será maravilhoso.
Por fim chegou o dia da viagem para a conferência, estamos agora a caminho do aeroporto Hercílio Luz para pegar o voo para o Rio de Janeiro, estamos em uma van locada pela universidade. Fernando está sentado ao meu lado, super empolgado em me bajular e tentar me agradar, para poder disfarçar que estou ocupada, abro meu notebook e fico revisando alguns trabalhos de alunos, assim quem sabe ele larga do meu pé.
Giovana está sentada ao fundo da van com suas amigas, quando passou por mim, não disfarçou seu olhar para Fernando, assim como não me agradou ver a oferecida da Paula seguir logo atrás dela.
Depois de duas horas e meia chegamos no aeroporto e meu colega deu todas as instruções necessárias e como funcionará a dinâmica dos próximos dias.
Só tenho uma única certeza. Será difícil estar perto da moça de olhos claros e ter que me controlar.
Fim do capítulo
Bom diaaaaaaa pessoal!!!!!
O que acharam do capitulo?? não esqueçam de comentar aqui.
Tenham um ótimo domingo. Espero que a leitura tenha te feito uma boa companhia. Até breve!
Comentar este capítulo:
Dessinha
Em: 18/08/2025
Essas viagens em turma sempre tem um rolezinho.. tomara que a a Gio consiga escapar pra roubar uns beijos da prof ???? e ninguém fique sabendo né haha. Baum dia!
Paloma Matias
Em: 18/08/2025
Autora da história
tantas coisas podem acontecer hahahaha e vão
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Socorro
Em: 17/08/2025
parabéns Autora,
Que conversa necessária..
agora essa viagem promete viu ..
Paloma Matias
Em: 18/08/2025
Autora da história
Muito obrigada...
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Mmila
Em: 17/08/2025
O combinado não sai caro.
Então, vamos a essa viagem que promete.....
A criançada sendo fofa, como sempre.
Paloma Matias
Em: 18/08/2025
Autora da história
pareceu minha psicóloga falando hahaha realmente o combinado não sai caro
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Adriele Ramos
Em: 17/08/2025
Acho que essa viagem promete e muito kkkkk
Obrigada pelo capítulo autora
Adorei a conversa delas,cartas na mesa e tudo esclarecido agora é esperar e ver o que acontece
Volte logo e como sempre a leitura tem me feito bem
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