Carrie diferentemente de outros dias, quis sair mais cedo. Queria dar carona para sua amada. Já havia adiantado todo seu trabalho, assim como Cameron.  Mas por segurança se encontrariam no subsolo do prédio, onde a limusine as esperava. Entraram sem serem vistas, e ali mesmo, Carrie já lhe deu um grande beijo. Sentiu-se segura pois o vidro filmado.

- Passei o dia inteiro querendo te beijar! - Carrie sorria.

- Eu também! - elas se abraçavam e matavam a pequena saudade enquanto o carro cortava as ruas até o túnel que ligava as duas cidades.

- Você é muito cheirosa Carrie! Quando entra pelo corredor, todos suspiram sentindo seu perfume. E eu fico nas nuvens. - a garota cheirava sutilmente o pescoço da mulher, a fazendo arrepiar um pouco.

- Não vou mentir, eu gosto de ser notada nesse sentido.

- Não acredito que estou com você Carrie. Quis isso desde que nos conhecemos.

- Eu também! Aqueles amassos. - riram juntas. - Mudou a minha vida e eu precisava te reencontrar.

- Mesmo sabendo o que eu era?

- Era um sentimento confuso de vontade e medo. Mas eu precisava te encontrar. Hoje posso te levar em casa? Queria ficar um pouco com você! Carrie tentava convencer a garota.

- Não te contei muito sobre minha vida. Você tem certeza que quer correr o risco de ser vista no bairro pobre de Nova Jersey?

- Só estaria fazendo um favor para uma funcionária. 

- Eu quero e preciso de uma noite juntas, mas. - a garota hesitou com a feição de desânimo.

- Pode me contar! Por que essa cara?

- Minha mãe está com câncer, preciso ficar com ela.  Não consigo sair se não tiver alguém com ela. 

- Qual o grau? - nesse momento a garota não se segurou e desabou. 

- Sinto muito! - Carrie se manteve abraçada à ela. 

- Desculpa! Não queria trazer isso para você. Só que às vezes não me seguro.

- Qual o nome dela?

- Glória. Glória Fuente Dias. Quando criança, ela queria trocar o nome para Stefan. Era fã da cantora. Fique sabendo que minha família é fã de música, teatro. Tudo ligado à arte. 

- Alex! - Carrie chamou o motorista que prontamente abaixou a divisória.  - Pode seguir para o túnel mesmo por favor.

- Não precisa! Por favor. Não quero que sinta pena de mim. - a garota enxugava as lágrimas.

- Não é isso. Quero te levar, quero estar com você e se deixar, conhecer sua mãe. 

- Não acha cedo? - Cameron relutou.

- Cedo nada. São quase 6pm. - elas riram, agarradas uma na outra. - Esperei tanto para estar com você. Não faz idéia. 

Seguiram juntas, entre alguns beijos e abraços carinhosos.

Após quase 1 hora, elas enfim chegaram. Cameron estava muito receosa, pela casa humilde. Mal sabia que Carrie, nem se importava, pois ela gostava de pessoas honestas, gente da vida real.

- Alex vá a Robboken por favor, compre o bolo que minha mãe gosta por favor. Mando mensagem quando for necessário.

Ele assentiu com a cabeça e assim que elas desceram, retornou à saída da rua.

 Na sacada, Cameron abriu a porta e deu de cara com a mãe deitada no sofá, assistindo tv. Olhou ao redor, verificando se o casa estava no mínimo apresentável.

- Mãe! Cheguei. - assim como em todos os dias, ela sempre dava um beijo na testa da mãe. - Trouxe visita.

- Minha filha. - acariciou o rosto da mesma. Deixa eu me vestir. - ela fez menção de levantar.

- Não se incomode dona Glória! - Carrie aparece por trás da garota e a surpreendeu

- Mãe. Essa é. 

- Eu sei quem é ela. - interrompeu a garota e olhou para as duas sorrindo. - Acompanho as notícias.

- Espero que tenha visto coisas boas? - ela era carinhosa na fala.

- Como passou o dia mãe?

- Liz estava comigo até agora. Falei para ela ir. Tem trabalho hoje.  Passei bem. 

- Ok! Depois confirmo e vejo se não está me enganando. - Vou tomar um banho rápido. Pode me esperar? Quero te levar num lugar.

- Claro!  

- Vou preparar uma sopa para vocês. - Glória foi se levantando. 

- Vou com a senhora. - Carrie se ofereceu. 

Ela olhava para casa humilde, mas que emanava muito amor. Olhava as fotos das duas pendurada na parede, bilhetes de carinho espalhados em cima de uma cômoda.

Glória com dificuldade, pegava a panela embaixo da pia e o pote da sopa congelada dentro da geladeira.

- Desculpa! Só temos sopa. É o que posso comer por enquanto. Minha filha mesmo não gostando muito, come junto para me agradar.

- Quem não gosta de sopa dona Glória. - amenizou a vergonha que a mulher tentou esconder.

Enquanto a sopa estava no fogo, ambas sentaram lado a lado, na mesa e Glória segurou a mão de Carrie.

- Olha menina! Minha filha é muito especial, estudou muito para melhorar de vida e cuidar de mim. - ela tinha os olhos marejados.  - Não a magoe.

-  Pode deixar. Não vou. Estou vendo mesmo que ela é muito especial.

- Não vou ficar aqui por muito mais tempo!  

- Não diga isso dona Glória! 

- Não preciso de incentivo. Essa doença não vai me deixar. Já aceitei meu destino. Só quero que minha filha fique bem. - agora quem estava de olhos marejados era Carrie.

- Pode confiar em mim.

- O dinheiro que você viu ela pegando, era para comprar meus remédios. A senhora que a contratou naquele dia, ameaçou não pagar tudo se ela se aproximasse de você. 

Carrie se espantou, não só pelo fato de saber da novidade, mas do porquê Goldfarb faria isso.

Conversaram um pouco até Cameron voltar.  Tudo era muito simples. Para elas verem Carrie tão à vontade chegava a ser encantador.

Depois do jantar, Cameron ajudou sua mãe voltar para o sofá, certificou que estava tudo bem, deixou o celular ao seu lado.

- Já volto! - Qualquer coisa me liga.

A garota pegou Carrie pela mão, levando-a para o fundo de casa. Por ser uma rua afastada, não haviam pessoas na rua.

- Tem certeza que não vão me conhecer aqui? - ela abaixou a cabeça com receio.

- Duvido! Essa é uma rua muito antiga, muitos moradores aqui são senhores. 

- Então porque disse se eu tinha medo? 

- Na verdade, estava com vergonha de que você conhecesse onde moro. Olha isso aqui. Muitos aposentados, com casas que ainda nem estão quitadas. São gente honestas,  maioria latino. E você sabe que não ganham muito. Só estão tentando melhorar de vida. - ela falava com pesar.

- Onde está me levando?

- Meu cantinho preferido aqui. - apontou para o mar que já se apresentava para elas. 

- Que lindo! Adoro o mar, mas não tenho ido muito. - viu Cameron estender uma toalha para que se sentassem.

- Venho aqui quando preciso esfriar a cabeça.  Pena que não dá para entrar. Mas o pôr do sol é lindo. E temos privacidade. 

- Pena mesmo! 

Sentaram perto de um container, impedindo que as vissem. Ali deram um longo beijo.

- Parece que estou fazendo voltar à minha juventude Cameron. - a garota com olhos totalmente vidrados nos da parceira, admirava passeando os dedos suavemente no rosto da outra.

- Devo estar apaixonada por você!  -  piscou para a garota.

- Está? 

- Quem sabe!  Mas sabe do que precisamos? Quero passar uma noite com você. Só nós.

- Está querendo me levar para o mal caminho?  Também quero. Mas não posso deixar minha mãe sozinha. E não tenho como pagar uma enfermeira para ficar com ela. Quem fica é minha amiga Liz, mas ela faz show a noite. - Cameron cerrou os olhos, com medo de tocar nesse assunto.

- Show? Como você fazia? - ergueu as sobrancelhas ressabiada.

- Sim! Só dança. Não é programa. E como eu disse, nunca fiz programa também. 

- Tudo bem! Acredito em você, mas aconteceram coisas que me levaram a crer. Mas não quero falar sobre isso agora.  Tenho de ir, temos um dia longo.  - pegou o celular e chamou por Alex. 

- Sim. Nossos projetos estão ficando prontos. Mas temos mais contratos chegando.

- Sim chefe! - Cameron bateu continência em tom de brincadeira.

- Adorei nossa noite! Esse “ficar escondido’, conhecer sua casa e sua mãe. 

Antes do motorista chegar se deliciaram, com afagos e agarros, gargalhadas de piadas sem graça. Carrie se sentia como uma adolescente novamente, com receio, mas apaixonada pela simplicidade que Cameron estava lhe proporcionando.

Longe dali, Susan, Jennifer e seu marido conversavam num bar.

- Fala para ela Phillip. Que Cameron era a stripper que vocês contrataram na sua despedida de solteiro. - a esposa justificava.

- Não acredito! Mas isso não tem problema. 

- Mark fez programa com ela depois. - as duas se entreolharam.

- Como assim amor?  Você não me contou nada.

- Porque contaria? Foi ele que saiu, não eu.

- Mas saiu tipo convite ou por dinheiro? - Susan o questionou.

- Bom! Você conhece o Mark. - completou ele.

Fim do capítulo