Descontraídas se encaminharam à sala de Carrie - Depois você me conta sobre ela, agora me fala sobre os projetos, recebi os memorandos, mas não quis abrir. Afinal eram minhas férias.  - Confirmamos os três que estavam engatilhados, e está chegando um novo. Muito trabalho. - entraram sem serem anunciadas na sala. - Sempre tão compenetrada. -Jennifer brincou ao ver a sócia no computador. - Meu Deus! Achei que suas férias de lua de mel não iriam acabar nunca. - Carrie se levanta animada para recebê-la.  - Pronto vocês estão salvas! - as três agora sentadas à mesa colocavam em dia os assuntos do escritório.  - Que sorrisinho é esse hein? Olha a carinha dela Susan! 

Cameron abriu um sorriso ainda maior, mas claro que não contaria o real motivo. Apesar de seu coração ansiar por contar à todos que estava explodindo de felicidade. Sentia-se um pouco culpada por causa de Susan, mas sabia que elas não tinham tido nada mais sério e na hora certa contaria a verdade.

- Estou apenas feliz, as coisas estão acontecendo para nós. Teremos muito trabalho pela frente. Já conheceu nossa nova contratada?

- Susan me mostrou. 

- Bom! Sexta feira faremos uma reunião para alinhar nossos projetos. Seja bem vinda de volta! - Carrie mexia no celular, nesse momento enviava uma mensagem oferecendo carona para Cameron.

- Jennifer, acho que você tem razão. Ela está com os olhos brilhando. - Susan olhou para a amiga.

- Pena que você não esteja com o mesmo brilho. Jennifer brincou e viu o sorriso de Susan sumir. A fala fez Carrie desfazer o sorriso.

- Aconteceu alguma coisa? - Carrie se fez de desentendida.

- Cameron me deu o fora. Prefere que sejamos só amigas.

- Entendo. Sinto muito. Bom meninas o papo está bom, porém deu minha hora, preciso ir. Tenho compromisso. - soltou um leve sorriso.

Rapidamente ela se levanta e deixa a curiosidade pairando no ar.

- Nossa! O que perdi nessas férias? Ela nunca sai antes das 7?.

- Estou com um pressentimento Jennifer, te conto no bar. Vamos? 

Enquanto isso, Carrie descia com pressa para encontrar Cameron.

- Vamos rápido. Não quero que Susan nos veja. - Carrie fez sinal para que ela entrasse. 

- Não é legal isso Carrie! Ela é uma boa pessoa. - a garota entrou na limousine.

Fechando a janela que as separava do motorista, Carrie a puxou para um beijo efusivo, sendo correspondido com a mesma intensidade.

- Vamos para minha casa? - a chefe pediu fazendo carinho em seu rosto.

- Hoje não posso. Desculpe. Preciso ir para casa.- evitou entrar em detalhes. 

Trocaram algumas carícias, nada muito exagerado. Ambas compartilhavam da felicidade de enfim estarem juntas.

- Te levo em casa então? - se animou Carrie.

- Pra quem me evitava, está bem animada! - riu se aconchegando na parceira. - Obrigada, mas não precisa. Me deixa na balsa, que a noite está gostosa. Vamos devagar. 

- É complicado. Quando der te conto tudo e esse meu medo. - Te esperei muito tempo Cameron!

- Teremos tempo. Também te esperei. - novamente um beijo apaixonado surgiu.

Carrie se deu por vencida, mesmo a contragosto, a deixou na balsa e com o coração mais leve que um algodão, foi para sua casa. 

Cameron na balsa, sentia o vento bater em seu rosto e sorria sozinha, mordia os lábios. Parecia uma criança descobrindo o primeiro amor. Chegou em casa andando nas nuvens, assim que chegou em casa infelizmente não teve uma notícia muito boa. Sua mãe estava passando mal, precisava de cuidados médicos. 

- O que aconteceu Liz? - o sorriso murcha assim que vê sua mãe deitada, encolhida na cama.

- Ela vomitou bastante, mas não quis ir para o hospital. Tomou outro remédio. 

- Mãe! Você precisa ir para o hospital. Vou chamar o táxi. - pegou rapidamente o telefone. Enquanto digitava, sua mãe tomou o aparelho da sua mão.

- Cameron. Cameron. - falou com dificuldade. - Minha filha! Eu sei e você sabe que meu tempo aqui está contado. Esse remédio é caro e é só paliativo. Eu sinto. - a mulher segurava com a pouca força que tinha a mão de sua filha que em lágrimas dizia que elas precisavam lutar.

- Mãe por favor! Não vou desistir de você! 

- Quem disse que está desistindo? Cameron, você fez tudo que pôde. Nós lutamos. Não quero mais ficar indo e vindo para o hospital, isso não é vida para mim nem para você. Estou tranquila. O mal estar já está passando. -  elas se abraçaram por uns instantes, sendo observadas pela emocionada amiga em pé perto da porta.

Quando da descoberta da doença,  o médico já havia dito que isso poderia acontecer. Cameron acreditava e rezava para que esse dia não chegasse.  

- Vou estar sempre com você mãe.  Sabe que Carrie me levou até a balsa. Sua filha está apaixonada e ela também. 

- Eu disse. Quando ela te conhecesse, não iria resistir. Você é um doce. - elas riram por um instante.

- Conta tudo amiga! - Liz enxugou as lágrimas e sentou-se perto delas.

- Eu quero conhecer ela minha filha. Quero saber como é a tal que fez seu coração quase parar.

- Vamos devagar mãe, não quero me animar ou assustar ela. Descansa, vou tomar banho e comer alguma coisa.

Deu um beijo na testa da mãe, apagou a luz, e com lágrimas nos olhos as amigas saíram.

Antes do banho elas foram para a cozinha. Onde Cameron desabou. Chorou baixo para não acordar a mãe.

- Não posso vê-la morrer Liz! 

- Sinto muito amiga! 

- Obrigada! 

Apesar da tristeza, elas tentavam se animar com o novo relacionamento.

- Agora quero detalhes. Conta tudo. 

- Acho que vamos ficar juntas de verdade. - sorriu fraco. - Pelo menos isso para me alegrar.

- O que eu ouvi você falar dela naquela época. Meu Deus! Nunca vi se apaixonar no primeiro beijo. 

- O coração quer o que o coração quer. Depois dela todas as outras ficaram sem graça. 

- Quer dizer que minha amiga está namorando? - brincou.

- Não sei. Mas sei que terá de ser às escondidas. Ela não quer assumir a sexualidade agora. 

- E você está bem com isso? - Liz mordiscava um lanche

- Ah! Lembra que te falei da sócia dela que estava afim de mim né? Acho que ficar só entre nós agora será o melhor. 

- Verdade! Acho que ela não vai gostar disso não.

- A gente se beijou uma vez! E nunca mais saímos de verdade. Nunca disse que teríamos algo. Ia até tentar, mas com Carrie por perto ficou impossível. Ainda bem. - gargalhou. - Quem tem de contar, se quiser é a Carrie. Agora vou tomar banho, estou cansada. 

Do outro lado do rio, Hudson, Carrie também contava para sua governanta sobre os acontecimentos, e como Berta a tratava como filha, a alertou sobre o passado da garota e de como a mídia poderia encarar essa novidade.

- Estou muito feliz por você! Sei o quanto essa mulher mexeu com você. Quero te ver assim sorrindo. Fico preocupada só se descobrirem quem ela foi. Que a ex esposa do magnata beberrão e sem vergonha trocou de lado. Tenho medo que digam que você estava interessada no dinheiro dele. 

- Eu sei! Me preocupo também. Não importa que eu já tivesse dinheiro antes dele. Tem outra coisa também.  Susan estava afim dela, e não sei como iria reagir se soubesse de nós.

- Não sei porque precisa delas como sócias. Você tem dinheiro suficiente para manter o escritório sem elas.- a senhora de cabelos brancos, falava manso, passos lentos. Era a avó que Carrie nunca conheceu.

- Sei disso, mas precisei aceitar, precisava de pessoas confiáveis naquele momento para manter os contratos e elas só aceitariam se fossem sócias. 

- Foram espertas, usaram da sua insegurança e se tornaram sócias e eu nunca confiei nelas. Tenha cuidado.

Carrie pegou seu celular e foi para o quarto, com uma pulga atrás da orelha. Não era novidade, que nesse mundo corporativo pessoas se aproveitam de fraquezas para alcançar o sucesso.  Mas as conhecia desde a época da faculdade, não acreditava que podiam ser assim. Mandou mensagem para Cameron.

  “ Oi! Sinto seu cheiro até agora. Não vejo a hora de encontrar novamente.

  Almoça comigo amanhã? Tem um restaurante super discreto lá perto. Dorme bem. Um beijo.

Não houve resposta de imediato. Suspirou desanimada. Afinal ela não sabia o que estava passando sua amada.

Pela manhã, antes de sair, conferindo o celular, viu que havia recebido a resposta da mensagem. 

“ Quero muito poder estar com você, mas minha grana anda curta, não posso me dar ao luxo. E antes de diga: Não aceito que você pague. Conversamos amanhã sobre isso. Beijo. PS: Seu cheiro e seu gosto ainda estão em mim.

Carrie não havia se dado conta que a diferença de status seria um problema. Mas tudo poderia ser resolvido.

Diferente de outros dias, nesse dia, ela caprichou no visual. Era um dia típico de primavera. Querendo chamar a atenção de seu novo amor, colocou calça e camisete brancos, casaco de alfaiataria nude de botões, sapatos também nude, brincos compridos, perfume marcante, cabelos presos num rabo de cavalo com fios soltos. Parecia uma menininha. Todos a notaram quando a mesma chegou ao escritório. Fazendo gerar alguns burburinhos.

Já Cameron, mais simples, com um de seus poucos terninhos pretos. Mas tentava permanecer um tanto elegante no trabalho. 

Ao se encontrarem, deixaram rolar um pequeno sorriso, tímido para não serem descobertas. Carrie foi para sua sala, antes pediu para Janice que se alguém quisesse entrar deveria ser anunciada pela mesma. Ela queria que Cameron pudesse ir à sua sala, mas logo chegou Susan e Jennifer, ela preferiu não chamar a garota.

- Oi! Não nos conhecemos pessoalmente ainda. - Jennifer estendeu à mão para Cameron. - a garota muito simpática retribuiu o gesto. 

- Sou Cameron. 

- Sabe! Parece que te conheço de algum lugar? Não sei. Olha que essa cidade é grande. Mas eu nunca esqueço um rosto.

Cameron podia ser nova, mas não era boba, pensou logo nas apresentações. 

- Meu rosto é comum. Vai ver que é isso. 

- Sim deve ser. Seja bem-vinda à nossa empresa.

- Obrigada! - e continuou a olhar seus esboços.

Jennifer e encaminhou à sala de Susan.

- E então Jennifer? É ela? 

- Tenho quase certeza que sim.

Fim do capítulo