Caps. 14 – Bia – Um final de semana surreal
Os dias estavam passando tão rápidos, que nem estava conseguindo acompanhar, pisquei e já entrou julho. Estávamos a caminho da Capital, ficaria alguns dias lá, Izzie estava eufórica, passaria as férias com os avôs, e eu também estava feliz, adorava aquele casal, sem contar dos mimos deles para conosco.
A primeira semana fora tranquila, consegui descansar bem, apesar das férias serem da minha pequena, eu também estava precisando daquele momento, e aproveitei o máximo.
Acabei saindo um final de semana, depois de muita insistência de Lara, revi alguns amigos e me permitir um pouco, Albert e Deise se prontificaram a ficar com Izzie, apesar de tudo, ainda relutei, mas acabei cedendo.
Fomos a um barzinho que costumava ir com Sara, logo que começamos a namorar, bem calmo e com música ao vivo, algumas lembranças tomavam a minha mente, porém, minha irmã não deixou entrar na “depre”, o que agradeci e muito, acabei me divertindo com o pessoal, e isso foi muito bom para mim.
Voltamos para casa na terceira semana de julho, apesar da insistência de meus sogros para ficarmos mais aquela semana, resisti a tentação, queria curtir essa última semana de férias com minha pequena. Quando chegamos em casa, estava mais leve e Izzie mais feliz, correndo e gritando, me acompanhou no serviço alguns dias, estava bem animada, o pessoal lá gostava muito dela, uma criança realmente cativante. Mas, sou suspeita em dizer isso, aqui namorando ela dormir serena no final de uma sexta bem corrida.
Porém, logo ela acordou chorando, com febre alta e ânsia de vomito, me desesperei, corri para o hospital com ela, logo a médica constatou que era começo de infeção na garganta, isso me deixou mais preocupada, apesar de ela dizer que naquela época, era recorrente as crianças ficarem doentes, não lembrava a última vez que ela ficara assim,
Enfim, passei na farmácia e voltamos para casa, mas Izzie acabou ficando febril mais uma vez, e não quis leva-la de volta ao hospital, acabei pegando-a no colo e fomos parar na casa de Pamela, de certa forma ela foi a nossa salvação, nos acolheu e com seu jeitinho conseguiu me acalmar.
Passava um pouco das cinco da manhã, acordei assustada, não reconhecendo o lugar de imediato, logo toda a noite passada veio na minha mente, Izzie dormia tranquilo ao meu lado. Levantei, estava com sede, onde estaria a nossa anfitriã?
Passei pelo quarto ao lado e como estava aberto, olhei de relance e lá ela não estava, preocupada, segui para a sala, e não tardou a encontrei deitada no sofá, dormia tranquila, a tv ligada, ela parecia bem serena, fiquei tentada em acordá-la e trocar de lugar com ela, devolvendo sua cama, mas não quis incomodar o seu sono novamente.
Uma vez que a acordamos em meia madrugada, ela deveria estar cansada, fui até a cozinha, tomei água, estava com a garganta seca. Fiz o caminho de volta seguindo para o quarto, não consegui dormi mais. Quando estava amanhecendo, segui de volta para a cozinha, em agradecimento, iria preparar o café da manhã.
Fiz uma busca e achei tudo o que procurava, Pamela era bem organizada, ao contrário de mim, sorri. Preparei o café, leite e suco... tinha torradas, bolachas, ovos e bacon que achei na geladeira, montei a mesa. Quando finalizei, me preparei para chama-la, mas ao me aproximar vi que estava sonhando, fiquei receosa de me aproximar, ela ficou agitada e resolvi acordá-la.
A coisa não foi como esperado, e quando me dei conta estava com ela em meus braços e nos beijávamos ardentemente, sim, um beijo maravilhoso. Correspondi com a mesma intensidade, um beijo doce e sensual, senti seu corpo colado ao meu, aquele calor e magnetismo que me deixava curiosa com o fato daquela mulher mexer assim comigo. Foi curioso, não achava que fosse sentir tal sentimento por alguém, não depois de Sara, não depois de tudo o que aconteceu entre nós e principalmente não tão cedo.
Mas essas cogitações foram apenas depois que Pamela saiu dizendo que iria tomar banho, recordei com um leve sorriso nos lábios, do beijo trocado minutos atrás.
– Um milhão pelos seus pensamentos – sai do transe, ela estava na minha frente, levantei ainda sorrindo.
– Não precisa ser tanto, aliás, estava pensando no que aconteceu a pouco.
– Bia... eu... desculpa... sei que passei dos limites, não sei o que me deu... – ela saiu dizendo, mas toquei seu braço chamando sua atenção.
– Hei, está tudo bem, também não foi o fim do mundo... – sorri e ela pareceu estar aliviada – o que acha de tomarmos o nosso café da manhã, depois falamos sobre, se você quiser.
– Concordo, estou faminta...
Sorri, ela se acomodou ao lado de Izzie, conversou com ela, sorriu tocando seu rostinho, limpando a geleia que estava no canto da sua boquinha, ambas pareciam bem à vontade. Ofereci café, que ela aceitou, conversamos sobre o que aconteceu na noite passada com relação a minha filha, contei a ela tudo antes de aparecermos em sua porta na madrugada.
Depois de insistir muito, a ajudei limpar a cozinha, conversamos sobre várias coisas, menos o que havia acontecido no sofá mais cedo. Resolvi que a deixaria tomar a iniciativa, percebi que ela estava constrangida, não quis deixá-la mais desconfortável dentro de sua casa. Passava um pouco das dez da manhã, quando finalizamos a cozinha e seguimos para a sala onde Izzie estava assistido, sorri dizendo.
– Precisamos ir, creio que ocupamos e muito o seu tempo, não quero tirar sua privacidade.
– De forma alguma, estou muito feliz por estarem aqui, apesar do motivo de terem a trazido para cá, felizmente está tudo bem.
– Sim, e gostaria de agradecer e muito a você, Pam, sei que não deveria ter vindo, mas não hesitei em pensar na única pessoa que me ajudaria diante de tal situação.
– Não precisa agradecer, estarei sempre à disposição para ajudar, adoro a Izzie, me preocupo com ela e com você também, apesar de não sermos tão próximas, zelo pelo bem-estar das duas.
– Isso significa muito para mim, agradeço de coração.
– Quer me agradecer? – Ansiosa diante da pergunta dela, sorri acenando com a cabeça, ela sorriu também, dizendo – então, pare de me agradecer, tenho certeza que não fiz nada que não fizesse por mim também.
– Certamente que sim – em dois passos a alcancei, tomei suas mãos entre as minhas, dizendo sincera – e faria mesmo, se a situação fosse contrária, não duvide disso.
A puxei para meus braços, fui sincera em cada palavra, nos prendemos ali por alguns minutos, quando nos afastamos, nos olhamos e de novo aquela sensação de frenesi, uma corrente de eletricidade passou pelo meu corpo, por segundos achei que ela fosse me beijar novamente, e não vou negar, acabei ansiosa por aquilo, porém, ela desviou os olhos, deu um passo para trás, depois me olhou entre confusa e talvez... magoada?
– Mamãe... to com sodade de Lucy, vamos pra casa? – Izzie apareceu chorosa, ainda olhando para Pamela, sem entender o motivo dela estar me olhando com aquele olhar triste.
– Vamos, meu amor... – a aconcheguei em meus braços, sem desviar os olhos de Pamela, sussurrei – você está bem?
– Estou sim, acho que ainda sonolenta – sorriu, mas sem muita graça.
– Desculpa, você deve estar acostumada a dormir até tarde no sábado.
– Tem dias e dias, aliás, faz um tempinho que não consigo ficar até tarde na cama.
– Eu também sou assim, se acordo, preciso logo levantar – sorri, ela me acompanhou, Izzie choramingou. – Nós já vamos, ta bom.
– Entendo, não hesite em me procurar se precisar, minhas portas estarão sempre abertas para vocês – sorriu lindamente, aquilo aqueceu meu coração.
Peguei as coisas de Izzie, e seguimos para o carro, a ajeitei na cadeirinha, Pamela deu um beijo estralado nela, que retribuiu com um abraço, sorri, fechei a porta me dirigindo a nossa anfitriã.
– Sei que não quer ouvir, mas mesmo assim, muito obrigada por tudo... – sorri, ela tocou em meu braço sorrindo também.
– Tudo bem, Bia... agradeço também por ter me procurado, sua confiança de que eu a ajudaria me enternece muito... – sorriu, mas desviou os olhos, toquei seu queixo fazendo com que me olhasse.
– Sabe, sinto esse clima estranho, e a sensação de que a tenha magoado, se fiz alguma coisa para que isso tenha acontecido, peço que me perdoe, não tive a intenção de...
– Bia? – Ela me fez calar, a olhei ansiosa, sorriu. – Não se preocupe, você não fez nada que me magoasse, na verdade desde o momento em que você bateu em minha porta, apesar da situação, só me trouxe alegria.
– Se é isso mesmo, porque esse olhar triste?
Sem me conter, toquei em seu rosto, automaticamente ela levou a mão sobre a minha, sorriu triste, fechou os olhos, não disse nada, apenas inspirou fundo, e depois que parecesse uma eternidade, disse.
– Só estou um pouco emotiva, desculpa, sou tão transparente, deveria me reservar mais.
Um carro parou atrás do meu, sua amiga saiu e nos olhou, abaixei minha mão, Pamela deu um passo para trás.
– Bom dia, cheguei em um mau momento? – a moça nos olhava sorrindo.
– Bom dia, Ana... – Pam a cumprimentou, sorri dizendo.
– Bom dia, Ana, não atrapalhou, na verdade estávamos de saída... – sorri, olhei para Pamela e me aproximei beijando seu rosto – esperei que puxasse o assunto do que aconteceu mais cedo, porém não disse nada, e sinto que isso a tenha magoado, esperarei o seu tempo, e quando tiver preparada podemos conversar, tudo bem?
– Está bem, e agradeço pela sua descrição – sorriu, um brilho passou em seus olhos, nos perdemos por alguns minutos ali, mais uma vez me despedi, entrei no carro e seguimos para casa.
O restante de sábado e domingo não tirei aquelas horas que passei na casa de Pamela da cabeça, por vezes me pegava sentada no sofá da sala conversando com o retrato de Sara, a respeito do que aconteceu e como aquilo me afetou, sei que parece loucura, falar com um retrato, mas aquilo de certa forma, me acalmava.
Izzie teve alguns “picos” febris, mas depois de um banho morno e tomar o remédio, dormia serena e acordava animada, estava feliz por estar fazendo as coisas certas. E devo isso a moça dos olhos tristes, os quais não me saiam da cabeça. Naquele domingo custei a dormir, pensando em tudo o que aconteceu naquele final de semana, surreal eu diria.
Fim do capítulo
Olá, meninas, tudo bem?
Segundo final de semana de agosto, o ano voando... bom, cá estou... e vamos continuar com a história... vou me esforçar para postar a cada dois dias agora... entramos na metade da história... eu sei, ela é curta e muita gente não vai gostar disso... mas o que é bom dura pouco L rs
Enfim... agradeço por todas que estão me acompanhando até aqui, espero fazer jus a todo o carinho... hoje tem dobradinha... nos encontramos daqui a pouco...
Bjs... e uma ótima semana para vocês.... se cuidem e até a próxima...
Bia
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