Caps. 13 – Pam – Devo estar sonhando
Na escola, como havia dito a Bia, revelei de quem veio o dinheiro da doação, explicando como havia conhecido Sara e como nos tornamos amigas. Não entrando em detalhes, até porque, não sabia mais do que elas, mas cada vez mais fascinada por aquela mulher incrível.
Cintia disse que faríamos uma homenagem para Sara, adorei aquela ideia, partindo daí sugeri colocarmos o nome da nova sala de artes de “Cantinho da Sara”, assim os próximos professores que viriam poderiam conhecer sua história. Já estava emocionada e saudosa, queria ser a primeira a contar a novidade para a Bia, tinha certeza de que ela iria amar.
A semana entrou e passou, quase não a vi, de relance quando ela deixava Izzie, estava meio desanimada, porque ela tinha me convidado para almoçar, mas com certeza havia esquecido, também, o que eu pensava, aquela mulher deveria ter um milhão de coisas na cabeça, e quem eu estava querendo enganar, só a mim mesma.
Sexta chegou, o dia passou, as crianças me animavam, mas tive uma doce surpresa no final do dia, quando ela passou para confirmar o nosso almoço no dia seguinte, aquilo teve o poder de aquecer meu coração. E nem tenho palavras para descrever aquele sábado, do momento em que as duas passaram pra me pegar e depois me deixar em casa, estaria guardado pra sempre em meu coração.
O dia mais incrível que já tive em toda a minha vida, e deixava transparecer isso sempre, contei a ela sobre a homenagem que faríamos a Sara, ela ficou emocionada, claro, como havia previsto. Mesmo assim, andava flutuando pela escola, na semana seguinte, Ana ficava me olhando sempre que me perdia, perguntando o que eu tinha, embora ela soubesse e eu também, me recusava a dizer em voz alta para não me iludir ainda mais, sabia que era um amor impossível, e lutaria para controlar isso dentro de mim.
Junho entrou e saiu que quase não vi, as férias vieram e as crianças estavam eufóricas, fiquei sabendo que Izzie iria para a Capital, ficar com os avós, provável que a mãe fosse também, não deixaria a filha ir sozinha.
Apesar de estarmos conversando mais, os dias que ela vinha buscar a filha, ocasionalmente quando nos encontrávamos no mercado ou centro com ela passeando com seu grudinho, sentia que estávamos mais próximas, uma amizade fortalecida, embora quisesse bem mais que isso, sabia que era apenas uma ilusão tinha que parar de sonhar.
Falando em sonho, estava sonhando, não era possível, que horas seriam aquela? Levantei quase caindo, olhei no relógio, passava das duas da manhã, a campainha tocava sem parar, nem coloquei o roupão, descendo a escada o mais rápido que podia, quem seria uma hora daquela? Acendi a luz da sala e logo a da varanda, nem olhei pelo olho mágico abrindo a porta, dizendo.
– Calma, já estou indo... nossa, quem seria o doido que apareceria uma hora dessa na minha porta... – quando abri, parei de falar no instante seguinte, por dois motivos, primeiro, fiquei sem palavras diante da pessoa parada lá, segundo, ela parecia desesperada.
– Desculpa estar na sua porta as duas e tantas da manhã, concordo que sou uma doida por isso, – parecia ansiosa e ao mesmo tempo preocupada – mas não pensei em mais ninguém para me ajudar.
– Bia? Mas... – Izzie choramingou nos braços dela que me olhou assustada.
– Ela está assim desde o começo da noite – abraçava a filha – a levei ao pronto socorro, ela melhorou e passaram alguns remédios, caso ela voltasse a ter febre, e ela voltou, está queimando, não sei mais o que fazer, podemos entrar?
– Ca... Claro, me desculpe – abri espaço deixando-as passar, no segundo seguinte ela se voltou dizendo.
– Você pode nos ajudar? Estou ficando assustada, não sei o que fazer, não sei se ela está com dor – inspirou fundo sussurrando – Pam, estou com muito medo.
Aquilo me fez avançar para onde ela estava e pegar a criança de seu colo, gentilmente a coloquei no sofá, passando a mão em seu rostinho, estava adormecida, mas choramingava, perguntei.
– O que os médicos disseram?
– Que está com uma virose e a garganta inflamada, deram soro porque ela vomitou quando estávamos lá, disseram que era para hidratar, e quando saímos, a médica passou uma receita, a qual passei na farmácia e comprei tudo – pegou a bolsa ao lado, tirando a medicação e colocando sobre a mesinha do centro, ia explicando – estou seguindo o horário prescrito na receita, mas devo ter feito alguma coisa errada, porque ela voltou a ter febre.
– Tudo bem, Bia, tenho certeza que você seguiu certinho o que está descrito na receita, acontece que as crianças são muito sensíveis, e se for mesmo a garganta inflamada, é normal – ela andava de um lado para o outro.
– Mamãeee...
– Oi, meu amor, estou aqui – se ajoelhou ao lado da menina passando as mãos protetora sobre seu rostinho, abaixou dizendo palavras carinhosa, a menina choramingou, inspirei fundo dizendo.
– Você deu um banho morno nela assim que percebeu que estava com febre?
– Banho? Como assim banho? – Pegou os papéis ao lado dizendo – aqui não diz para dar banho nela, foi isso que esqueci?
Sorri, não tinha como não o fazer, sem me controlar passei a mão no rosto dela fazendo com que me olhasse, quando o fez, o impacto daqueles olhos me atingiu em cheio, disse gentilmente.
– Bia, minha querida, é normal dar um banho morno em crianças quando estão com febre, nós adultos quando estamos com febre também tomamos, certo?
– Certo... – aquela intensidade em seus olhos, sorriu preocupada – então devemos dar um banho nela? Agora?
– Vamos até o meu quarto, damos um banho nela, e em seguida a medicação, está quase no horário.
– Está bem – pegou a menina no colo e indiquei o caminho para meu quarto, tinha um banheiro social na sala, mas preferi que a criança ficasse mais acolhida, Bia seguiu e fui atrás, até porque eu não estava vestida apropriadamente para ir na sua frente, apenas de calcinha e camiseta, que vergonha.
– O banheiro fica ali, eu já alcanço vocês.
Dentro do quarto, indiquei o caminho do banheiro, ela concordou, corri até meu armário e coloquei um short, depois fui atrás delas, Bia tirava a camisetinha da criança que resmungava e ela dizia baixinho.
– Vamos tomar um banho quente, meu amor, para ver se você fica boazinha logo, está bem?
– To com frio mamãe.
– Eu sei, meu amor, vai ficar tudo bem, daqui a pouco passa, eu prometo.
– Unhum... – entrei abrindo o chuveiro, regulando a água, peguei o chuveirinho e entreguei a ela quando entrou com a menina.
Jogando água no pequeno corpinho da menina que ainda reclamava de frio, voltei para o quarto pegando algumas roupas da filha de Ana que estava guardado no quarto ao lado, ela sempre deixava algumas peças lá quando as crianças iam para a piscina, quando voltei, entrei no banheiro dizendo.
– Trouxe uma toalha, acho que já está bom, agora. – Bia me olhou concordando, desligou o chuveiro enrolando a menina na toalha, voltou para o quarto. – Tem algumas roupinhas que podem servir nela sobre a cama, vou descer e preparar o remédio para darmos a ela – estava de saída quando ela chamou, olhei e ela sorriu dizendo.
– Obrigada, Pam, irei recompensar você, eu prometo.
– Não se preocupe com isso Bia, também quero o bem de Izzie.
– Agradeço de coração o que está fazendo por nós – sorri e ela pareceu se acalmar mais.
Saí do quarto indo em direção a sala onde estavam os remédios da criança, ainda pensando em tudo que estava acontecendo, separei os dois que iria dar a ela e voltei para o quarto. Bia estava terminando de colocar a meia na filha, me aproximei dizendo.
– Tem que fazer com que ela beba esse primeiro, depois esse – indiquei os dois copinhos onde pinguei a medicação, a custo ela conseguiu convencer a filha a tomar o remédio, em seguida a menina se arrastou sobre minha cama, pegando a coberta e jogando por cima, Bia se aproximou dizendo.
– Não filha, você não pode dormir aqui.
– Tudo bem, Bia, deixe-a, não tem problemas.
– Mas, e você, esse é seu quarto?
– Eu ficarei bem, relaxa, pode ficar com ela se você sentir que deve.
– Se você não se importar, não quero sair de perto dela.
– Eu entendo – ela parecia sem jeito, sorri dizendo – olha, vou descer e preparar um chá para nós, assim que estiver pronto, a chamo, tudo bem?
Ela cobriu a filha vindo em minha direção, sem esperar, me pegou em seus braços e me abraçou tão gostoso, que me deixei levar por aquele momento, me perdendo, senti sua respiração forte e logo em seguida ela dizer.
– Não irei esquecer nunca o que está fazendo por nós, tem a minha eterna gratidão – inspirei fundo dizendo apenas.
– Tenho certeza que você faria o mesmo por mim Bia, não precisa agradecer – ela se afastou segurando gentilmente em meus braços dizendo com os olhos brilhantes.
– Faria sim, e você pode me pedir qualquer coisa em qualquer momento, que o farei, tem a minha palavra – sorri dizendo apenas.
– Nesse momento, eu quero uma coisa – ela me olhou ansiosa, sorri dizendo – fica calma que tudo dará certo, agora vou lá preparar o nosso chá, assim que estiver pronto, a chamarei.
– Certo, agradeço – a menina resmungou na cama, ela soltou de meus braços olhando para a filha, se voltou apenas para me dar um beijo no rosto e seguiu em direção a criança, deitando na beirada da cama, a menina se aconchegou nos braços da mãe que ficou sussurrando palavras carinhosa para ela que fechou os olhos.
Saí do transe e fui em direção a cozinha, parando na bancada apenas para conseguir respirar fundo, o que foi aquilo, que abraço foi aquele, que me preencheu toda, aquele beijo que ainda senti os lábios dela delicado sobre meu rosto? Fechei os olhos tentando acalmar meu coração que estava acelerado, estava tremula, tentei acalmar minhas mãos para conseguir fazer o tal chá.
Quando o preparei, respirei fundo para ir chamá-la, mas quando cheguei ao quarto, ela dormia profundamente com a filha em seus braços, me aproximei olhando-as, me apaixonei por aquela cena, perdi a noção do tempo que fiquei olhando as duas, ela se mexeu, e acordei do transe, me aproximei apenas para cobri-la com o mesmo cobertor que cobria a filha, sem acordá-las.
Voltei para a cozinha, antes peguei um travesseiro e um edredom, poderia ficar no quarto ao lado, mas calculava que não fosse dormir aquela noite, estando com o corpo cheio de adrenalina. Tomei meu chá, liguei a tv, e fiquei brincando com os canais até achar algo interessante para assistir. Fechei os olhos por segundos, passava das cinco da manhã.
Não sei o que aconteceu, estava sonhando que a Bia estava em minha casa, mais especificamente em minha cama. Aí o cenário mudou, agora estava ofegante em seus braços fortes, meu Deus, o que era aquilo, ouvi alguém me chamar, era a voz dela, tenho certeza que gemi, agora um toque gentil em meu ombro, ela me chamar novamente, abri os olhos assustada.
– Desculpa, não quis assustar você, mas parecia que estava tendo um pesadelo.
– Bi... Bia... você está aqui? Como? – Passei a não no rosto, ainda estava dormindo, não era possível.
– Você dormiu aqui no sofá, deveria ter me chamado que eu teria vindo para cá com Izzie – ela falava, e finalmente entendi o que estava acontecendo, ela estava sim na minha casa, mas não da forma como eu estava imaginando. Deus, que vergonha, olhei para ela que me encarava preocupada, sorriu perguntando. – Você está bem? Parece estar confusa.
– Estou... estou sim, desculpa, devo estar dormindo ainda – tentei gracejar, me dando conta de que estava descabelada e tinha acabado de acordar na frente dela – que vergonha, devo está horrível, peço desculpas – passei a mão nos cabelos tentando me ajeitar, ela sorriu dizendo apenas.
– Está tão linda quanto anteriormente.
– Para, assim você não me ajuda – fiquei sem graça, ela levantou se desculpando novamente, perguntei – Izzie está bem? Passou a febre?
– Sim, passou graças a você – colocou as mãos nos bolsos – que sufoco eu passei, e ainda fiz você passar por isso também.
– Tudo bem, relaxa, chega de agradecimentos, estou ficando sem jeito já – cruzei as pernas no sofá, ela sorriu lindamente.
– Para agradecer, preparei um café para você. Prefere tomar agora ou... – não deixei que terminasse, perguntei.
– Preparou um café para mim? Como? – levantei olhando para a cozinha, a mesa estava montada.
– Eu explorei sua cozinha, desculpa – sorriu sem jeito passando a mão sobre a nuca – não sabia o que você comia pela manhã, aí peguei um pouco de tudo que você tinha na geladeira, torradas, frutas, leite, fiz café forte, desculpa, só sei fazer café forte...
E saiu dizendo tantas outras coisas que ela havia feito, não acreditei no que estava dizendo, fui em direção a cozinha. Ainda olhando para ela que dizia sorrindo, coisas que eu não estava entendendo. Ela preparou um café da manhã para mim, sério? Ninguém nunca, nossa... estava ficando tonta, iria desmaiar...
– Pamela, você está bem? Parece pálida? – A vi vindo em minha direção, estava caindo e senti seus braços em volta de meu corpo, não desmaiei totalmente, apenas uma queda leve de pressão, ela me levou de volta para o sofá onde gentilmente me colocou, voltou para a cozinha e em segundos estava ajoelha na minha frente com um copo de água, perguntando gentil. – Você está bem?
– Desculpa, eu não sei o que aconteceu... de repente me senti mole...
Ela me olhava entre preocupada e divertida, abriu um sorriso tão lindo, estava tão próxima, não resisti, me aproximei tocando seu rosto, passando os dedos de leve sobre a marca do seu sorriso e sem me conter tomei seus lábios com os meus, no segundo seguinte ela estava retribuindo o beijo, nossa... que beijo, será que estava dormindo ainda? Era tão gostoso, senti sua mão ir de encontro ao meu corpo e ser puxado para ela, a quentura de seu corpo de encontro ao meu... tudo estava tão bom, mas...
– Mamãe, to com fome... – nos separamos, ela me olhou, confusão em seus olhos, depois para a filha, e mais uma vez para mim.
– Desculpa, Pam...
– Não, eu que devo pedir desculpa, fui imprudente... me precipitei... – ela me olhava, levantei, olhei dela para a filha, que assim que me viu sorriu dizendo.
– Tia Pam... – deu a volta no sofá se jogando em meus braços, a beijei no rosto, sua mãe se levantou e sorriu nos olhando, o que eu fiz para merecer tanto carinho? Sorri perguntando.
– Oi, meu amor, como você está?
– To com fome... – disse brincando com meus cabelos, sorri, a Bia se aproximou tirando a menina de meus braços gentilmente, dizendo.
– Você nos deu um susto danado essa madrugada, mocinha... – abraçou a menina, me olhou, duvidas no olhar, mesmo assim perguntou – quer conversar?
– Quero... não... não sei, preciso tomar um banho.
– Claro... – balançou a cabeça, disse – espero você para tomarmos café juntas – concordei, mas disse.
– Pode ir tomando, precisa alimentar sua filha, ela deve estar com fome mesmo.
– Vou dar o dela, mas espero você, tomamos juntas – sorriu lindamente, dei um passo para trás, encostei no sofá, sorri dizendo nervosa.
– Vou... Banho... – concordou ainda sorrindo, dei as costas a ela seguindo para meu quarto, e dele para o banheiro, meu Deus... – O que foi que aconteceu aqui?
Meu coração disparado, o gosto dos lábios dela ainda marcando os meus, liguei o chuveiro na água gelada entrando embaixo, deixando meu corpo molhar, me arrepiei... inspirei fundo levantando o rosto deixando a água cair em meu rosto, que sensação maravilhosa, apoiei meus braços na parede dizendo.
– Como alguém pode ser tão perfeita assim? Deus, devo estar sonhando... – sorri, estava em êxtase, lembrei de algo que Sara havia dito uma vez.
“Bia é a mulher perfeita, espero que ela consiga se recuperar da minha perda e possa fazer outra mulher, a mais feliz desse mundo, porque é isso que ela faz, nos traz a felicidades que buscamos, ela é maravilhosa!”
Fiquei pensando naquelas palavras, fechei os olhos pensando... pensando... por fim disse.
– Sara, me perdoe por estar desejando a Bia dessa forma, foi mais forte que eu, não sei como tudo começou, tenho medo que seja uma ilusão... não sei... nunca senti isso por ninguém.
Sorri, balançado a cabeça, quem eu quero enganar, eu a desejo, mas será que ela sente o mesmo por mim? Estaria a Bia preparada para amar outra mulher? Não quero me iludir, não era forte o suficiente para aguentar se ela disser não para mim.
Diria antes, isso, conversaria com ela, pediria desculpa pelo beijo, ele aconteceu no calor do momento, se ela correspondeu foi por estar agradecida pelo ocorrido da madrugada.
– Affs, porque essas coisas acontecem comigo?
Fim do capítulo
Oiie, bom... agora a coisa parece que vai fluir, será??
Pam é uma mulher incrível, porém se sente culpada por sentir tal sentimento, sinto que isso possa ser um obstáculo entre elas... embora a Bia esteja começando a sentir certas emoções, ainda não está preparada... vamos ver o que acontece nos próximos... ainda mais depois desse beijo... ?
Bjs... e uma ótima semana para vocês.... se cuidem e até a próxima...
Bia
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Le Sansin
Em: 29/07/2025
Se fosse só isso, ainda tem a tal influencer la que deve ainda causar AFf ansiosíssima para para os proximos capitulos
Bia Ramos
Em: 24/08/2025
Autora da história
Boa noite, Le, tudo bem?
Será que essa tal irá atrapalhar? rs
Não, ela foi apenas uma sombra passageira na história...
Agradeço o comentário...
Bjs, se cuida
Bia
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