Capitulo 51
O caminho até o apartamento foi tranquilo, com Luísa dirigindo e Bianca narrando o trajeto como se fosse um passeio turístico dramático.
— E, à esquerda, temos o cruzamento onde eu quase fui atropelada tentando tirar uma selfie com uma pomba. Um momento emocionante de superação.
Luísa riu, balançando a cabeça.
— E eu achando que tava de namorico com uma mulher séria. Descobri agora que tô num relacionamento com uma influencer de pássaros.
— Pior que a pomba me ignorou completamente — disse Bianca, colocando a mão no peito e fingindo indignação. — Fui rejeitada por um animal urbano. Isso mexe com o psicológico.
Quando chegaram, Luísa abriu a porta e Bianca entrou primeiro, olhando ao redor como se estivesse entrando num templo sagrado.
— Hummm... cheiro de casa de adulta. Você tem até planta viva. Planta viva, Luísa. Isso é outro nível.
— Eu tenho um regador, Bianca.
— Você é um Pokémon evoluído. Eu tô de pegação com a última forma!
— Então eu sou sua peguete pirralha? Sério? — Luísa saiu resmungando — Na minha idade...
Ela jogou as chaves na mesinha da entrada e tirou os tênis com um chute, mais relaxada agora que estavam ali.
— Pode ficar à vontade. Rouba um moletom se quiser. Ou... já adianta meu lado e fica pelada, juro que eu não reclamo.
— Eu ia te chamar de safada, mas gostei da sinceridade — Bianca respondeu, indo direto para o sofá e se jogando com gosto.
Luísa foi até a cozinha, pegou duas garrafinhas de água e voltou, sentando-se ao lado dela. Ficaram um tempo em silêncio, só curtindo o momento. Bianca apoiou a cabeça no ombro dela, devagarinho.
— Você tá bem? De verdade?
Luísa suspirou, passando os dedos pelos cabelos de Bianca, num carinho que dizia mais do que qualquer frase pronta.
— Tô melhor agora.
— E a ex-mulher chique que virou professora da minha faculdade?
— Uma dor de cabeça a menos por hoje, por favor — respondeu Luísa, com um sorriso torto.
— Se quiser, eu posso dar um jeito nela — disse Bianca, erguendo os punhos, toda dramática. — Eu conheço um cara...
— Você é a coisa mais linda que já tentou ameaçar alguém sem preparo físico nenhum.
Bianca ergueu o rosto, aquele brilho maroto nos olhos.
— Sou boa com palavras. E com beijos. E com chantagem emocional.
— Ah, isso você é mesmo — murmurou Luísa, se inclinando devagar.
O beijo veio calmo, como quem encontra o próprio lugar no mundo. Sem pressa, só vontade. Bianca puxou Luísa pela gola da blusa e riu contra os lábios dela.
— Eu disse que não lembrava se era tudo isso... mas agora tô lembrando, viu.
Luísa sorriu, colando a testa na dela.
— É? Já lembra, loirinha? Te garanto que, no fim da noite, não vai esquecer nunca mais.
— Hum… promete, professora?
Luísa puxou uma coberta do sofá e se ajeitou com ela, abraçando Bianca como quem diz “fica”.
E Bianca ficou, sentindo o coração bater mais devagar, mais certo.
Fim do capítulo
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