Capitulo 50
Luísa arqueou uma sobrancelha, claramente se divertindo.
— Aquele negócio com a língua?
— É — respondeu Bianca, enfiando outra colherada de sorvete na boca, tentando parecer blasé. — Aquele mesmo. Que você faz quando quer me convencer a fazer coisas, sabe? e que, curiosamente, sempre funciona. Coincidência, né?
Luísa riu, jogando o corpo pra trás no banco como se tivesse acabado de ganhar na loteria.
— Então quer dizer que se eu fizer “aquele negócio”, você me dá o resto do sorvete?
Bianca arregalou os olhos, escandalizada.
— O resto do sorvete??? Calma aí também, minha filha! Amor é amor, mas meu Brownie Supremo tem limites. Eu disse que comprava outro pra você, e aí eu deixo um pouco pra voce. Mas só se lamber direitinho.
As duas se encararam por um segundo — e então explodiram em gargalhadas, atraindo olhares curiosos da moça do caixa e de uma criança que, claramente, tava aprendendo mais do que devia sobre flertes perigosamente eficazes.
Luísa apoiou os cotovelos na mesa, o olhar mais sério agora, embora ainda com aquele sorriso de canto que ela usava quando tava com o coração meio mole.
— Obrigada por ouvir tudo isso. Eu sei que não é fácil, nem leve… e eu devia ter contado antes.
Bianca deu de ombros, empurrando o pote de sorvete na direção dela.
— Você não me deve nada. Mas… agora que eu sei, só vou te pedir uma coisa.
— Hum?
— Me deixa ser a parte leve, então. Tipo... se o passado foi essa confusão toda, deixa eu ser o caos divertido, o surto apaixonado, o presente meio doido mas muito apaixonado.
Luísa estendeu a mão por cima da mesa e apertou a dela com carinho.
— Você já é.
Bianca tentou responder, mas tava ocupada demais derretendo por dentro. Igual ao sorvete, coitado, que já tinha virado uma sopa doce no fundo do pote.
— Pronto — disse ela, limpando a garganta. — Agora que a gente teve esse momento lindo digno de filme da Netflix, que tal pagar esse sorvete? Porque eu só vim por causa dele mesmo. Ver você passando a lingua nessa colherinha foi só um bônus.
Luísa riu alto, tirando a carteira da bolsa.
— Mercenária.
— Realista — rebateu Bianca, piscando. — Inclusive… o lance de me levar pro seu apartamento é sério. Se você quiser, a gente nem precisa fazer nada… mas eu ia adorar ficar abraçada com você.
Luísa levantou com aquele olhar cheio de segundas (e terceiras) intenções que só ela sabia fazer.
— Negócio fechado. Mas olha, a gente vai fazer umas coisas, sim.
— Ah, mas eu nem sei se quero, viu? Eu só tava brincando… nem lembro se era tudo isso mesmo — disse Bianca, já caminhando ao lado dela com um sorrisinho provocador.
— Aham — respondeu Luísa, passando o braço pelos ombros dela. — Continua assim que eu te lembro.
Fim do capítulo
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