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Entre linhas por CarolF

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Palavras: 3452
Acessos: 207   |  Postado em: 30/07/2025

Capítulo 6 – Entre Retornos e Resquícios

Voltar à quadra foi como voltar a respirar, mas era um ar diferente denso, pesado e carregado de olhares que me pesavam nos ombros antes mesmo de começar o aquecimento.


O médico tinha me liberado que eu já estava melhor mas fraca, claro. mas viva, presente.

O técnico tentou pegar leve, mas a quadra não tinha piedade, ela cobrava tudo: tempo perdido, esforço acumulado, alma em frangalhos.


Na primeira roda de passe, senti a tensão, as meninas estavam cuidadosas demais, como se eu fosse quebrar de novo e até mesmo a bola parecia me olhar com pena.


Dani estava lá.

Calada.

Fechada.

Mas não fugiu.


Ela me deu um passe curto logo no começo do treino e não era só a bola que vinha naquela direção veio junto um olhar rápido, como quem pede desculpas e ao mesmo tempo diz: "não sei se consigo mais."



Nos dias seguintes, fui voltando devagar e o corpo ainda não respondia como antes minha condição física não era mais a mesma. Tentei não me cobrar, mas era difícil ver as outras correndo,chutando, se destacando — e eu ali, tentando me manter de pé.

O técnico dizia que era normal, que eu precisava de tempo, mas o tempo, pra mim, parecia um inimigo. Tudo o que eu queria era voltar a ser quem eu era ou talvez… descobrir quem eu era agora.


Dani continuava me evitando, mas menos.

Às vezes ela perguntava se eu queria ajuda com o alongamento e outras, apenas me entregava a bola com cuidado, como se aquele gesto carregasse muito mais do que um treino.


Numa dessas, ficamos a última meia hora sozinhas no ginásio.

A maioria já tinha ido embora.

Eu estava sentada, alongando o tornozelo que estava um pouco dolorido, e ela veio até mim.


— Tá doendo? — ela perguntou, se abaixando ao meu lado.

— Só um pouco, nada demais. — Forcei um sorriso.

— Você foi idiota de treinar doente, sabia?

— Eu sei. — olhei pra ela. — Você também foi, quando me deixou sozinha.


Dani baixou os olhos, mordendo o canto do lábio como fazia quando estava prestes a chorar ou fugir, mas dessa vez, ela ficou.


— Eu não sabia lidar com nada, nem com o que sinto, nem com você, nem comigo. — Ela engoliu em seco. — Eu ainda não sei.


Não respondi só encostei meu ombro no dela e ficamos ali, em silêncio.

Não era um recomeço, era só uma pequena pausa no caos.

Mas às vezes, é disso que a gente precisa pra continuar.



Na semana seguinte, os treinos seguiram. A tensão entre nós diminuiu, mas o que sentíamos ainda estava ali, nos passes trocados, nos olhares rápidos, nas mãos que se tocavam por acidente — ou não.


Aos poucos, as meninas voltaram a brincar comigo e as risadas e resenhas começaram a aparecer. A dor ainda existia, mas agora tinha espaço pra respirar.


E a Dani…

Ela estava mais presente.

Não como antes.

Não como eu queria.

Mas ela estava.


E isso, por enquanto, era o suficiente.



























Na quarta-feira, Dani me chamou no intervalo da aula:


— Você ainda manja de matemática? — disse, meio envergonhada, mexendo no zíper do moletom.

— Depende… é equação ou inferno mesmo? — brinquei.

Ela riu, e aquilo me fez sorrir de volta. Era um som que eu não ouvia há um tempo.


— Prova sexta se eu for mal, tô fora do próximo jogo. — Ela suspirou

— Bora lá em casa depois do treino eu te salvo dessa.


Naquela tarde, nos sentamos no chão do meu quarto, livros abertos, folhas rabiscadas e Dani estava concentrada, mas bufava a cada novo número que aparecia.


— Isso aqui não faz sentido nenhum! — ela exclamou, jogando o lápis na cama.

— Faz sim, pensa comigo: a equação é tipo um jogo, você tem jogadores, tem que descobrir como fazer o gol no caso como encontrar o “x”. 

Ela me olhou com uma sobrancelha levantada.

— Você é muito nerd.

— E você tem uma cara ótima quando está tentando entender alguma coisa.

— Babaca. — disse sorrindo, empurrando meu ombro de leve.


A verdade é que estar com ela assim, rindo de coisas bobas, me fazia esquecer por um momento tudo o que tínhamos passado. Não era simples, nunca foi, mas tinha algo ali. Pelo menos eu acreditava que ainda tinha.



Quando terminamos, o céu já estava escurecendo ela bocejou e disse que ia chamar o irmão para buscá-la.

Mas eu levantei a chave da moto.


— Te levo.

— Tem certeza?

— Minha MT-03 precisa esquentar um pouco o motor.


Ela riu e pegou a mochila.

A moto era o presente que minha mãe me deu no ano passado tipo um “me desculpa por não estar por perto” disfarçado de máquina. Ela vivia viajando a trabalho, e meu pai… bom, ele tinha falecido há tanto tempo que a memória do rosto não tenho e minha memória.


Eu amo pilotar, era minha válvula de escape era como se o mundo estivesse sobre minhas mãos. E levar Dani agora, naquela noite fresca de quarta-feira, parecia o único lugar certo a estar.


— Segura firme — avisei, enquanto ela colocava o capacete.

Senti seus braços ao redor da minha cintura, apertando com leveza era o tipo de toque que dizia: ainda tô aqui, mesmo sem saber como.


As ruas passavam rápido ao nosso redor.

O vento batia no rosto, e por um instante, achei que ela encostou a cabeça nas minhas costas ou talvez eu só quisesse que tivesse encostado.


Quando parei em frente à casa dela, Dani tirou o capacete devagar.


— Obrigada, Cris por tudo hoje.

— Sempre que quiser.

— Ainda não sei lidar com… a gente. — murmurou, os olhos fixos nos cadarços do próprio tênis.

— Eu também não mas tô tentando.

— Eu sei.


Ela se aproximou, como se fosse dizer mais alguma coisa… mas não disse apenas sorriu de leve e entrou em casa, me deixando sozinha na rua com o barulho do motor ligado e um coração que ainda acelerava mais do que a moto.



Naquela noite, deitada na cama, revendo os rabiscos da aula de matemática e a curva suave do sorriso da Dani, entendi que o recomeço não era feito de promessas, era feito de pequenos gestos. E talvez, só talvez, estivéssemos encontrando o nosso.


Na sexta, depois do treino, a Luana apareceu com uma ideia maluca.


— Fim de semana na chácara da minha família, bora? Já tá tudo combinado piscina, música, nada de treino, só resenha.


As meninas se empolgaram na hora depois de semanas intensas, brigas e quedas de rendimento, todo mundo parecia precisar de um respiro. 


No sábado à tarde, subimos em uma van fretado que a gente fez a divisão e fretou mochilas, almofadas, caixas de som, salgadinhos — parecia que iríamos morar lá Dani sentou ao meu lado sem perguntar, e eu não reclamei.


Ela dormiu encostada no meu ombro por metade do caminho eu não consegui pregar os olhos, fiquei ali, olhando o rosto dela relaxado, a respiração lenta, sentindo o peso leve da cabeça dela contra mim como se o mundo fizesse sentido por uns instantes.



A chácara era grande, cercada de árvores, com uma piscina azul no centro, redes, churrasqueira e quartos com beliches as meninas se dividiram rapidinho: algumas foram preparar os petiscos, outras já colocavam o som nas alturas e começavam a dançar.


Eu fiquei sentada perto da piscina, com uma latinha na mão e o olhar perdido nas árvores.


Dani apareceu pouco depois, de short jeans e parte de cima de um biquíni preto, os cabelos soltos e o olhar ligeiramente mais leve do que nos treinos.


— Vai ficar só olhando?

— Não sou muito de dançar.

— Mentirosa — ela disse, se abaixando ao meu lado. — Já vi você dançando sozinha no vestiário.

— Era aquecimento!

— Era ridículo — ela respondeu rindo. — mas fofo.


Ficamos em silêncio por um tempo, só ouvindo a música ela pegou uma batata da minha mão sem pedir, e por um instante, nossos dedos se encostam o toque durou menos de um segundo, mas meu corpo sentiu como se tivesse levado um choque.


— Lembra da última vez que a gente se divertiu sem ter que pensar em… tudo? — ela perguntou.

— A verdade? Não lembro mais como era isso.

— Eu também não.



Mais tarde, já era noite, e as luzes em volta da piscina criavam sombras alaranjadas nas paredes, algumas meninas estavam bêbadas demais pra formar frases completas, outras dançam descalças no gramado, e eu só queria ficar em paz ou o mais perto disso possível.


Dani me puxou pela mão.


— Vem.

— Dani…

— Só vem, Cris.


Fomos andando até o fundo da chácara, onde havia uma parte mais escura, com uma cerca baixa e um banco de madeira quase escondido pelas árvores.


Ela sentou e eu sentei ao lado.


— Eu tô cansada de fugir — ela disse, encarando o chão.

— Eu tô cansada de te procurar — respondi.


Ela virou o rosto pra mim, e por um segundo, aquele olhar que sempre me desmontava voltou com tudo.


— Me diz que você ainda sente, Cris.

— Eu nunca parei de sentir.


Dani se inclinou devagar, como se tivesse medo de que eu recuasse, mas eu não recuei, nossos lábios se encontraram no silêncio entre as árvores.


Foi um beijo quente, intenso, cheio do que a gente não conseguia dizer com palavras o gosto leve da cerveja, a respiração acelerada, os dedos dela no meu pescoço, os meus passeando pela cintura dela. E por um momento, eu esqueci do mundo, esqueci dos treinos, das brigas, da febre, da dor era apenas só nós duas, finalmente, sem muros.


Ela se afastou devagar, mas nossas testas ainda se encostavam.

— Isso muda tudo — ela sussurrou.

— Ou talvez só revele o que já era.


Ela mordeu o lábio, ainda perto demais e antes que qualquer uma de nós falasse mais alguma coisa, ouvimos risadas e passos vindo em nossa direção.


Dani se levantou num pulo, ajeitando a blusa.

— A gente devia voltar.


Eu fiquei ali por um segundo, sentada, tentando entender o que tinha acontecido, tentando entender o que ainda ia acontecer.


E no fundo, já temia o que viria depois.










Voltar à quadra foi como voltar a respirar, mas era um ar diferente denso, pesado e carregado de olhares que me pesavam nos ombros antes mesmo de começar o aquecimento.


O médico tinha me liberado que eu já estava melhor mas fraca, claro. mas viva, presente.

O técnico tentou pegar leve, mas a quadra não tinha piedade, ela cobrava tudo: tempo perdido, esforço acumulado, alma em frangalhos.


Na primeira roda de passe, senti a tensão, as meninas estavam cuidadosas demais, como se eu fosse quebrar de novo e até mesmo a bola parecia me olhar com pena.


Dani estava lá.

Calada.

Fechada.

Mas não fugiu.


Ela me deu um passe curto logo no começo do treino e não era só a bola que vinha naquela direção veio junto um olhar rápido, como quem pede desculpas e ao mesmo tempo diz: "não sei se consigo mais."



Nos dias seguintes, fui voltando devagar e o corpo ainda não respondia como antes minha condição física não era mais a mesma. Tentei não me cobrar, mas era difícil ver as outras correndo,chutando, se destacando — e eu ali, tentando me manter de pé.

O técnico dizia que era normal, que eu precisava de tempo, mas o tempo, pra mim, parecia um inimigo. Tudo o que eu queria era voltar a ser quem eu era ou talvez… descobrir quem eu era agora.


Dani continuava me evitando, mas menos.

Às vezes ela perguntava se eu queria ajuda com o alongamento e outras, apenas me entregava a bola com cuidado, como se aquele gesto carregasse muito mais do que um treino.


Numa dessas, ficamos a última meia hora sozinhas no ginásio.

A maioria já tinha ido embora.

Eu estava sentada, alongando o tornozelo que estava um pouco dolorido, e ela veio até mim.


— Tá doendo? — ela perguntou, se abaixando ao meu lado.

— Só um pouco, nada demais. — Forcei um sorriso.

— Você foi idiota de treinar doente, sabia?

— Eu sei. — olhei pra ela. — Você também foi, quando me deixou sozinha.


Dani baixou os olhos, mordendo o canto do lábio como fazia quando estava prestes a chorar ou fugir, mas dessa vez, ela ficou.


— Eu não sabia lidar com nada, nem com o que sinto, nem com você, nem comigo. — Ela engoliu em seco. — Eu ainda não sei.


Não respondi só encostei meu ombro no dela e ficamos ali, em silêncio.

Não era um recomeço, era só uma pequena pausa no caos.

Mas às vezes, é disso que a gente precisa pra continuar.



Na semana seguinte, os treinos seguiram. A tensão entre nós diminuiu, mas o que sentíamos ainda estava ali, nos passes trocados, nos olhares rápidos, nas mãos que se tocavam por acidente — ou não.


Aos poucos, as meninas voltaram a brincar comigo e as risadas e resenhas começaram a aparecer. A dor ainda existia, mas agora tinha espaço pra respirar.


E a Dani…

Ela estava mais presente.

Não como antes.

Não como eu queria.

Mas ela estava.


E isso, por enquanto, era o suficiente.



























Na quarta-feira, Dani me chamou no intervalo da aula:


— Você ainda manja de matemática? — disse, meio envergonhada, mexendo no zíper do moletom.

— Depende… é equação ou inferno mesmo? — brinquei.

Ela riu, e aquilo me fez sorrir de volta. Era um som que eu não ouvia há um tempo.


— Prova sexta se eu for mal, tô fora do próximo jogo. — Ela suspirou

— Bora lá em casa depois do treino eu te salvo dessa.


Naquela tarde, nos sentamos no chão do meu quarto, livros abertos, folhas rabiscadas e Dani estava concentrada, mas bufava a cada novo número que aparecia.


— Isso aqui não faz sentido nenhum! — ela exclamou, jogando o lápis na cama.

— Faz sim, pensa comigo: a equação é tipo um jogo, você tem jogadores, tem que descobrir como fazer o gol no caso como encontrar o “x”. 

Ela me olhou com uma sobrancelha levantada.

— Você é muito nerd.

— E você tem uma cara ótima quando está tentando entender alguma coisa.

— Babaca. — disse sorrindo, empurrando meu ombro de leve.


A verdade é que estar com ela assim, rindo de coisas bobas, me fazia esquecer por um momento tudo o que tínhamos passado. Não era simples, nunca foi, mas tinha algo ali. Pelo menos eu acreditava que ainda tinha.



Quando terminamos, o céu já estava escurecendo ela bocejou e disse que ia chamar o irmão para buscá-la.

Mas eu levantei a chave da moto.


— Te levo.

— Tem certeza?

— Minha MT-03 precisa esquentar um pouco o motor.


Ela riu e pegou a mochila.

A moto era o presente que minha mãe me deu no ano passado tipo um “me desculpa por não estar por perto” disfarçado de máquina. Ela vivia viajando a trabalho, e meu pai… bom, ele tinha falecido há tanto tempo que a memória do rosto não tenho e minha memória.


Eu amo pilotar, era minha válvula de escape era como se o mundo estivesse sobre minhas mãos. E levar Dani agora, naquela noite fresca de quarta-feira, parecia o único lugar certo a estar.


— Segura firme — avisei, enquanto ela colocava o capacete.

Senti seus braços ao redor da minha cintura, apertando com leveza era o tipo de toque que dizia: ainda tô aqui, mesmo sem saber como.


As ruas passavam rápido ao nosso redor.

O vento batia no rosto, e por um instante, achei que ela encostou a cabeça nas minhas costas ou talvez eu só quisesse que tivesse encostado.


Quando parei em frente à casa dela, Dani tirou o capacete devagar.


— Obrigada, Cris por tudo hoje.

— Sempre que quiser.

— Ainda não sei lidar com… a gente. — murmurou, os olhos fixos nos cadarços do próprio tênis.

— Eu também não mas tô tentando.

— Eu sei.


Ela se aproximou, como se fosse dizer mais alguma coisa… mas não disse apenas sorriu de leve e entrou em casa, me deixando sozinha na rua com o barulho do motor ligado e um coração que ainda acelerava mais do que a moto.



Naquela noite, deitada na cama, revendo os rabiscos da aula de matemática e a curva suave do sorriso da Dani, entendi que o recomeço não era feito de promessas, era feito de pequenos gestos. E talvez, só talvez, estivéssemos encontrando o nosso.


Na sexta, depois do treino, a Luana apareceu com uma ideia maluca.


— Fim de semana na chácara da minha família, bora? Já tá tudo combinado piscina, música, nada de treino, só resenha.


As meninas se empolgaram na hora depois de semanas intensas, brigas e quedas de rendimento, todo mundo parecia precisar de um respiro. 


No sábado à tarde, subimos em uma van fretado que a gente fez a divisão e fretou mochilas, almofadas, caixas de som, salgadinhos — parecia que iríamos morar lá Dani sentou ao meu lado sem perguntar, e eu não reclamei.


Ela dormiu encostada no meu ombro por metade do caminho eu não consegui pregar os olhos, fiquei ali, olhando o rosto dela relaxado, a respiração lenta, sentindo o peso leve da cabeça dela contra mim como se o mundo fizesse sentido por uns instantes.



A chácara era grande, cercada de árvores, com uma piscina azul no centro, redes, churrasqueira e quartos com beliches as meninas se dividiram rapidinho: algumas foram preparar os petiscos, outras já colocavam o som nas alturas e começavam a dançar.


Eu fiquei sentada perto da piscina, com uma latinha na mão e o olhar perdido nas árvores.


Dani apareceu pouco depois, de short jeans e parte de cima de um biquíni preto, os cabelos soltos e o olhar ligeiramente mais leve do que nos treinos.


— Vai ficar só olhando?

— Não sou muito de dançar.

— Mentirosa — ela disse, se abaixando ao meu lado. — Já vi você dançando sozinha no vestiário.

— Era aquecimento!

— Era ridículo — ela respondeu rindo. — mas fofo.


Ficamos em silêncio por um tempo, só ouvindo a música ela pegou uma batata da minha mão sem pedir, e por um instante, nossos dedos se encostam o toque durou menos de um segundo, mas meu corpo sentiu como se tivesse levado um choque.


— Lembra da última vez que a gente se divertiu sem ter que pensar em… tudo? — ela perguntou.

— A verdade? Não lembro mais como era isso.

— Eu também não.



Mais tarde, já era noite, e as luzes em volta da piscina criavam sombras alaranjadas nas paredes, algumas meninas estavam bêbadas demais pra formar frases completas, outras dançam descalças no gramado, e eu só queria ficar em paz ou o mais perto disso possível.


Dani me puxou pela mão.


— Vem.

— Dani…

— Só vem, Cris.


Fomos andando até o fundo da chácara, onde havia uma parte mais escura, com uma cerca baixa e um banco de madeira quase escondido pelas árvores.


Ela sentou e eu sentei ao lado.


— Eu tô cansada de fugir — ela disse, encarando o chão.

— Eu tô cansada de te procurar — respondi.


Ela virou o rosto pra mim, e por um segundo, aquele olhar que sempre me desmontava voltou com tudo.


— Me diz que você ainda sente, Cris.

— Eu nunca parei de sentir.


Dani se inclinou devagar, como se tivesse medo de que eu recuasse, mas eu não recuei, nossos lábios se encontraram no silêncio entre as árvores.


Foi um beijo quente, intenso, cheio do que a gente não conseguia dizer com palavras o gosto leve da cerveja, a respiração acelerada, os dedos dela no meu pescoço, os meus passeando pela cintura dela. E por um momento, eu esqueci do mundo, esqueci dos treinos, das brigas, da febre, da dor era apenas só nós duas, finalmente, sem muros.


Ela se afastou devagar, mas nossas testas ainda se encostavam.

— Isso muda tudo — ela sussurrou.

— Ou talvez só revele o que já era.


Ela mordeu o lábio, ainda perto demais e antes que qualquer uma de nós falasse mais alguma coisa, ouvimos risadas e passos vindo em nossa direção.


Dani se levantou num pulo, ajeitando a blusa.

— A gente devia voltar.


Eu fiquei ali por um segundo, sentada, tentando entender o que tinha acontecido, tentando entender o que ainda ia acontecer.


E no fundo, já temia o que viria depois.

























































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