Capitulo 55
O ambiente dentro da cabana era sombrio e apertado, e o cheiro de madeira velha misturava-se ao ar pesado de tensão. Antônio puxou Gabriela para dentro, seus passos ecoando no silêncio abafado da construção. Ele a empurrou bruscamente contra a parede, forçando-a a sentar-se no chão frio, enquanto se afastava um pouco, observando-a com um olhar de total desprezo. Seus olhos brilhavam com uma mistura de diversão e frieza.
— Você é mais forte do que parece, Gabriela. Mas vamos ver até onde você aguenta. — disse ele, a voz impregnada de uma malícia que fazia o coração dela bater mais rápido.
Ela estivera desacordada por um tempo, mas agora a dor e o medo estavam bem vivos dentro de si. Mesmo com as mãos amarradas e a fraqueza que a dominava, uma centelha de determinação começou a crescer. “Eu não posso deixar ele ganhar.” Pensou, respirando com dificuldade. Estava disposta a lutar até o fim.
Antônio deu alguns passos para trás, o sorriso cruel ainda presente, mas Gabriela não estava mais paralisada. Seus olhos fixaram-se na lâmina que ele carregava na cintura — um sinal claro de que ele planejava algo ainda pior. Ela precisava agir antes que ele tivesse a chance.
Enquanto isso, as equipes estavam a caminho. Olívia e Ricardo lideravam a busca, a experiência e a intuição guiando seus passos.
— Ele não vai fazer nada com ela, Olívia. — Ricardo disse, sua voz carregada de preocupação enquanto observava as imagens das câmeras. — Estamos perto. Eu posso sentir isso.
Olívia não respondeu de imediato. Estava absorvendo as informações, conectando detalhes com precisão cirúrgica. O ar ao seu redor parecia denso. “Não podemos nos dar ao luxo de falhar agora.” Pensou, acelerando o passo, os olhos atentos ao caminho. A escuridão da floresta não a deteria.
“Ele tem que estar aqui. Ela tem que estar aqui.” pensou Olívia, os olhos varrendo cada sombra ao redor enquanto se aproximavam da cabana escondida entre as árvores.
De volta à cabana, a tensão era sufocante. Gabriela sentiu um arrepio na espinha ao perceber que Antônio estava apenas a alguns passos. Ele parou diante dela, com a expressão mudando de cruel para intrigada.
— Está pensando em como fugir, não está? — ele disse, a voz baixa, quase íntima, mas carregada de veneno.
Gabriela o encarou. Seus olhos brilhavam com uma intensidade renovada. Ela não respondeu, mas sua vontade de sobreviver falava mais alto do que qualquer dor. “Eu não vou desistir.” pensou, os músculos tensionados, esperando o momento certo.
Era uma luta silenciosa. Apesar das cordas que a prendiam, Gabriela encontrou forças para levantar o queixo. Ela respirava fundo, como se pudesse sentir o cheiro da própria determinação, sufocada pelo pânico que crescia a cada segundo. “Olívia... eles estão vindo.” Era sua âncora.
Então, um som distante rompeu o silêncio — como um trovão abafado: o barulho de carros, vozes, lanternas cortando a noite. A busca estava perto. Gabriela sabia. Só precisava aguentar mais um pouco.
Antônio, percebendo a inquietação dela, sorriu amargo.
— Você acha que eles vão te salvar? Nunca fui bom em compartilhar brinquedos, garota.
Mas Gabriela já não o ouvia mais. Estava concentrada em algo maior — na esperança viva dentro de si. E então, o silêncio foi rasgado por um grito desesperado vindo da mata:
— Gabriela! — Era Olívia. A voz dela atravessou o ar como uma flecha certeira, cheia de fúria, medo e promessa.
Gabriela sentiu um arrepio tomar seu corpo. “Estou aqui, Olívia,” pensou, um grito silencioso, desesperado.
Antônio, agora alerta, virou-se rapidamente para a porta. Seus olhos ferozes buscavam o próximo movimento. Não havia mais tempo para jogos mentais.
Com um movimento lento e calculado, ele puxou a faca da cintura. A lâmina brilhou à luz fraca que entrava pela janela. Ele deu um passo ameaçador em direção a Gabriela.
— Logo agora que eu ia começar a me divertir, parece que vamos ter que improvisar. — murmurou.
Mas antes que ele pudesse avançar, o som de passos apressados ecoou pela entrada da cabana.
Fim do capítulo
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