Ricardo deu um passo à frente, sua expressão finalmente suavizando um pouco, mas o fogo dentro dela ainda estava vivo.

— Hugo está certo. Não temos tempo para mais nada. Ele pode estar em qualquer lugar agora, e sabemos que não vai nos dar outra chance. —Ricardo disse, sua voz visivelmente abalada. — Gabriela está com ele, e ele a levará para algum lugar isolado, onde não podemos chegar tão facilmente.

Fernanda, que estava quieta até então, com a expressão solene, fez um rápido gesto de apoio.

— Eu vou coordenar a equipe de rastreamento e procurar pelas câmeras de segurança da cidade. Ele pode ter se movimentado, mas talvez a gente consiga alguma pista.

Ricardo, sempre disposto a agir quando as coisas ficavam intensas, já estava pegando seu colete e se preparando para sair.

— Vamos achá-la. — Ricardo disse, sua voz firme e decidida. Ele sabia que Gabriela significava muito para todos ali. Para ele, ela era como uma irmã mais nova.

Mas Olívia estava mais focada do que nunca. Ela se aproximou de Lucas e, com um olhar direto e cortante, deu um último aviso.

— Fique fora disso, Lucas. Você já fez o suficiente.

Lucas estava em choque. Ele queria ajudar, queria estar ao lado de Gabriela, mas o olhar de Olívia dizia tudo. Ela estava determinada a resgatar Gabriela de qualquer maneira. Ele respirou fundo e assentiu, embora a raiva ainda borbulhasse em seu interior.

— Você vai ver que eu tenho razão, enquanto isso traga ela de volta. — Lucas respondeu, finalmente calando sua fúria enquanto saia dali.

Enquanto a equipe se dispersava para se preparar para a busca, Hugo se aproximou de Olívia, com uma expressão séria.

— Tenha cuidado. Ele já nos jogou no fundo de uma armadilha, e sabe como manipular a situação a seu favor. Se ele estiver no controle, pode nos fazer perder tempo. Não deixe que isso aconteça. A vida de Gabriela depende de cada movimento que você fizer, o comando é seu, você tem mais experiência em casos assim.

Olívia, com um aceno, confirmou:

— Não se preocupe, Hugo. Eu sei exatamente o que estou fazendo. Agora, é hora de pegar Antônio.

— Acha que devemos nos preocupar com Lucas? — Hugo questionou preocupado com a situação.

— Não se ele quiser viver. —  Olivia disse firme. Não se ele quiser viver.

O carro de Antônio se afastava lentamente pela estrada deserta. Dentro do veículo, ele olhava para Gabriela com um sorriso de quem já havia ganhado. Ela estava desacordada, mas ele sabia que ela acordaria em breve, e quando isso acontecesse, as coisas seriam diferentes. Ele a havia pegado, e agora era hora de jogar o jogo até o fim. Gabriela era só mais uma peça no seu quebra-cabeça, e ele já tinha o controle total.

Ele sabia que a polícia não pararia até encontrá-la, mas isso só tornava o jogo mais interessante. Ele tinha a vantagem, e agora, com ela em suas mãos, ele poderia finalmente fazer com que todos vissem o quão grande era seu poder.

Enquanto isso, as equipes de Olívia e Hugo se espalhavam pela cidade e pelos arredores, cada um com um objetivo claro: resgatar Gabriela antes que fosse tarde demais.

O vento cortante da estrada deserta batia contra o vidro do carro de Antônio, enquanto ele conduzia com uma calma assustadora. Gabriela, ainda desacordada, estava amarrada no banco de trás, seus sentidos apagados pela dor e pelo pânico. Ela não sabia exatamente onde estava, nem como havia acabado ali, mas uma coisa era certa: Antônio estava no controle, e ela precisava encontrar uma maneira de sair disso.

Antônio olhou pelo retrovisor, seu sorriso era um reflexo de prazer sádico. "Eles estão desesperados agora," pensou, sentindo-se seguro no jogo de gato e rato que havia iniciado. "Mas eles não sabem o que está por vir."

Ele desacelerou o carro, diminuindo a velocidade à medida que se aproximava de um desvio isolado na estrada, um local que ele já havia mapeado antes. Havia uma pequena cabana de madeira ali, escondida entre as árvores, e ele sabia que seria o lugar perfeito para manter Gabriela até que a pressão da polícia diminuísse.

Dentro da delegacia, a atmosfera estava eletricamente carregada. Hugo, Olívia, Ricardo e Fernanda estavam completamente concentrados, cada um no seu papel para tentar localizar o paradeiro de Gabriela. As câmeras de segurança já estavam sendo analisadas, e Fernanda estava se comunicando com equipes em diferentes pontos da cidade, tentando detectar qualquer movimentação suspeita. Mas o tempo estava contra eles, e a ansiedade crescente só fazia a busca se tornar ainda mais desesperadora.

Olívia caminhava de um lado para o outro, o olhar fixo nas telas de monitoramento, como uma predadora à espera de seu momento. Sua mente funcionava rapidamente, descartando possibilidades, procurando por pistas. "Ele não vai sair impune disso." Sua determinação era visível, mas havia também uma sombra de preocupação em seu rosto. Ela sabia que, se não agissem rápido, Gabriela poderia ser perdida para sempre e ela não podia perder Gabriela, não sobreviveria a isso.

Ricardo, com seu colete já ajustado, estava ao lado de Olívia, observando atentamente cada movimento. Ele sabia que essa era a sua chance de fazer diferença. Se fosse necessário, ele iria até o fim para trazer Gabriela de volta. A amizade que ele tinha com ela, a confiança que ela depositava nele, fazia com que ele se sentisse ainda mais motivado.

— "Nós vamos encontrar ela, Olívia. E vamos fazer isso juntos." — Ricardo disse com um olhar firme, tentando trazer um pouco de força àquela situação caótica.

Olívia o olhou com um leve aceno de aprovação, mas sua mente estava em outro lugar. Ela estava pensando em cada possibilidade, no que Antônio poderia estar planejando, como ele se movia com tanta frieza. Ele sempre soubera ser manipulador, e ela precisava antecipar seus passos.

Foi quando Fernanda interrompeu a tensão silenciosa na sala com uma novidade urgente.

— "Eu encontrei uma pista. Ele passou por um posto de gasolina nas imediações, poucos minutos atrás. As câmeras de segurança captaram o carro, mas ele desligou as luzes depois de passar por ali. Isso pode significar que ele está indo para um local isolado." — Fernanda falou, sua voz cheia de alívio por ter finalmente encontrado algo concreto.

Olívia não perdeu tempo. Ela já estava pegando seu casaco, pronta para seguir a pista.

— "Ele vai para algum lugar afastado, ele precisa de tempo de privacidade. Preparem-se, estamos indo atrás dele agora."

Mas antes que todos pudessem sair, Hugo parou Olívia com uma pergunta direta, a preocupação no rosto.

— "Você tem certeza disso, Olívia? Você sabe o que Antônio é capaz de fazer. Ele pode ter armadilhas preparadas."

Olívia se virou para ele, com os olhos fixos e a confiança de quem sabia exatamente o que estava fazendo.

— "Não tenho escolha, Hugo. Ele tem a vantagem agora, mas não por muito tempo. Gabriela é nossa prioridade, e vamos resgatar ela antes que ele a machuque."

Hugo suspirou, ciente da complexidade da situação. A pressão estava crescendo a cada minuto, Antonio não era só um assassino ele torturava as vítimas lentamente por horas, cada segundo era precioso.

Enquanto a equipe se preparava para sair, Hugo pegou seu rádio e começou a coordenar a busca, alertando as patrulhas em campo. Eles estavam indo atrás de cada pista, mas sabiam que o tempo estava se esgotando.

O carro de Antônio finalmente parou em frente à pequena cabana, um lugar que ele conhecia bem. Ele saiu do veículo e olhou para trás, verificando se Gabriela ainda estava inconsciente. Quando ele se aproximou do banco de trás, o sorriso de satisfação em seu rosto era ainda mais evidente.

"Vamos ver o quanto ela pode aguentar." Ele murmurou para si mesmo.

Ele abriu a porta do carro, puxando Gabriela com uma força brutal. Ela estava fraca, mas finalmente começava a recobrar os sentidos. Quando seus olhos se abriram e ela viu Antônio à sua frente, algo dentro dela se rompeu. A raiva e o medo estavam misturados, mas havia também uma sensação de determinação.

Ela não sabia o que ele queria, mas ela sabia que não seria fácil para ele vencê-la. Ela estava prestes a ser testada como nunca antes, mas algo dentro dela estava despertando. Gabriela não iria se entregar tão facilmente.

Antônio sorriu, como se lesse seus pensamentos.

— "Vamos ver do que você é feita por dentro Gabizinha." Ele disse com uma voz suave, quase zombeteira.

Gabriela, ainda fraca, tentou se mover, mas as cordas em seus pulsos a restringiam. — sua equipe estava perto, e eles não a deixariam na mão, ela acreditava nisso, precisava acreditar, não podia acabar assim. Ela precisava de Olivia, queria Olivia, nem tinha dito que a amava e agora parecia tarde.

Fim do capítulo