Capitulo 11 - Haras Sao Bernardo
O sol se punha atrás das colinas, tingindo o céu de tons alaranjados e dourados quando o carro de Laura cruzou o portão principal do Haras São Bernardo. O longo do caminho de terra batida ladeado por uma paisagem exuberante de árvores, e plantações de café, parreiras de uva e cana de açúcar dava a impressão de que estavam entrando em outro mundo — um mundo de tradição, riqueza e histórias familiares que viveram e viviam ainda naquela região de terra tão rica e plantações tão bem cuidadas.
Júlia, no banco do carona, mantinha os olhos atentos a tudo, enquanto ouvia as histórias de Laura sobre sua infância com os irmãos e os primos, naquele pedaço de chão, especialmente o primo Eduardo, às vezes notava-se um pouco de tristeza na voz da loira quando se referia a ele.
A fazenda da família Becker era de um nível que Ana Júlia jamais havia conhecido. Seus avós — e até sua mãe — tinham trabalhado na lavoura de café, então ela conhecia bem o que era terra vermelha debaixo das unhas e enxada nas costas. Mas a beleza daquele lugar não se comparava a nenhuma das fazendas pelas quais já passara. Desde o momento em que entraram numa estrada de terra surpreendentemente bem conservada — o que, para Júlia, já era luxo — o que se via era um interminável mar de parreiras.
Laura lhe explicara que ali começava a propriedade da família, administrada por sua tia Alice, a filha caçula da Doutora Eunice. Enóloga e Engenheira Agrônoma, Alice transformara aquela terra em vinhedo e legado. A fazenda estava na família da avó de Laura há gerações. Aliás, a própria matriarca nascera naquela fazenda, numa noite de chuva e frio, como em um romance antigo, contou ainda, que a avó amava aquele pedaço de chão por representar sua infância e juventude ao lado do irmão Otávio — que, partira cedo demais e de forma trágica.
Ao chegarem à entrada da fazenda, depararam-se com um portão de madeira enorme sustentado por duas pilastras de tijolinhos aparentes. No alto, uma placa elegante: Haras São Bernardo. Ao lado, uma guarita com dois seguranças bem uniformizados, equipamentos de segurança visíveis e um revólver à mostra no coldre, como se aquilo fosse uma minissérie da Netiflix.
Laura abaixou o vidro com a calma de quem estava em casa:
— Laura Prado Becker e Ana Júlia Carvalho.
O segurança pediu suas identificações, analisou com profissionalismo digno de aeroporto internacional e então liberou a entrada com um leve aceno de cabeça.
Assim que o portão se abriu, Júlia sentiu que havia atravessado para outra dimensão paralela, longe do agito do Hospital os Becker possuíam um paraíso calmo, tranquilo e sereno. Uma estrada ladeada por palmeiras imperiais estendia-se à frente, suas copas formando uma espécie de túnel sombreado digno de filme europeu. Ao fundo, um espaço movimentado onde cavalos corriam soltos num gramado verde tão impecável que parecia obra de um pintor detalhista. Funcionários uniformizados — alguns usando botas de cowboy — andavam de um lado para o outro, com rédeas nas mãos e puxando os animais. Era a roça, sim. Mas uma roça de alta sociedade. Uma roça gourmet.
O cheiro da grama misturado ao de estrume fresco e suor de cavalo chegou às narinas das duas — e, curiosamente, não era desagradável. Era o cheiro da terra viva, mas com filtro de Instagram.
Pouco depois, chegaram a uma segunda entrada, com um novo portão. Uma placa avisava em letras firmes: Proibida a entrada de visitantes. Laura então puxou um controle remoto do painel, e o portão eletrônico se abriu com a elegância de quem está acostumado a separar o público do privado.
Júlia arregalou os olhos.
O que viu ali a deixou estupefata.
Era como chegar à recepção de um luxuoso hotel cinco estrelas no meio do campo. Arquitetura moderna com toque rústico, jardins milimetricamente podados, esculturas discretas, e uma casa principal que mais parecia uma pousada exclusiva na Toscana.
Júlia soltou um suspiro entre o encantamento e a incredulidade.
— Ual! Literalmente os fofoqueiros do hospital tem muita razão, acabei de dar o golpe do baú…
Laura soltou uma risada curta.
— Bem-vinda à fazenda da minha infância. Onde se aprende a montar cavalos antes de aprender a tabuada.
— Você não exagerou mesmo quando disse que a fazenda era grande... — murmurou Júlia, agora olhando pela janela como quem busca pontos de referência para não se perder dali a cinco minutos.
Laura diminuiu a velocidade e fez uma curva suave, parando o carro debaixo de um pergolado, todo florido.
— Ainda está em tempo de fugir.
Júlia virou o rosto, cruzando os olhos castanhos com os azuis intensos da namorada.
— Só se você fugir comigo.
Num ímpeto, Laura a puxou pela gola da jaqueta e colou seus lábios aos dela. Júlia levou um susto inicial, mas logo entreabriu os lábios, permitindo que a namorada explorasse sua boca com luxúria e prazer. O beijo foi lento, gostoso, carregado de sabor e desejo.
As mãos de Júlia ganharam vida própria e, na súbita empolgação, deslizaram por baixo da camiseta de estampa militar com a frase “Wonder Woman”, revelando os seios médios e rijos da namorada. Tocou sua pele quente e macia, sentindo o prazer do contato direto. Laura gem*u contra seus lábios ao sentir o toque de Júlia.
Quando se afastaram, ofegantes em busca de ar, Laura brincou com um sorriso malicioso:
— Estamos animadas hoje, hein? Mas se a gente continuar aqui, juro que esqueço que minha família está lá dentro nos esperando... e faço amor com você aqui mesmo, nesse carro.
Júlia sorriu tímida, as bochechas coradas. Laura completou, provocando:
— Só não me olha desse jeito, senão vou perder o juízo de vez.
— Vamos minha namorada gostosa, só um detalhe… Minha família pode parecer intensa... mas, tirando os julgamentos silenciosos, os comentários passivo-agressivos e a leve obsessão por genealogia, são todos adoráveis.
Laura sorriu, meio tímida, meio provocativa, e seguiu até a entrada da casa.
— Respira fundo — disse Laura.
— Eu tô respirando — respondeu Júlia, ajeitando a jaqueta de couro preta sobre a camiseta branca, tentando parecer mais confiante do que realmente estava.
— Ah, ótimo. Já me sinto em casa — disse Júlia, rindo.
E então, com a elegância das filhas da elite e o nervosismo típico de quem está prestes a entrar num campo minado de expectativas familiares, Laura e Júlia subiram os degraus da varanda de madeira esculpida, lado a lado de mãos dadas — prontas, ou quase prontas, para o impacto Becker.
Quando subiram o último degrau da escadaria, como que em sincronia, a porta de madeira bem talhada em estilo europeu se abriu, revelando o Dr. Afonso Becker. Vestia uma bermuda social preta, camisa polo branca e sandálias de couro masculinas. Estava com uma expressão fechada.
— Laurinha, que bom que chegaram — disse, dando um beijo no rosto da filha e um abraço de urso.
Quanto a Júlia, fitou-a nos olhos e, com uma expressão teatral de bravura, disse:
— Então, Dra. Ana Júlia... estou muito decepcionado com a senhorita.
Júlia arqueou as sobrancelhas, surpresa, em uma pergunta muda.
— Por quê, doutor?
— Fiquei esperando você vir pedir a mão da minha filha em namoro. Mas, pelo visto, você resolveu pular as etapas.
Sem graça, Júlia desviou os olhos para os olhos azuis do homem mais velho e, meio gaguejando, murmurou:
— Me desculpe...
— Pai, para com isso! Ela vai acreditar! — disse Laura, rindo, e os dois a acompanharam na risada.
Afonso então abraçou Júlia e beijou seu rosto, como fizera com a filha, e disse:
— Seja bem-vinda, Júlia. Não só à fazenda... mas à família.
Júlia, ainda um pouco sem jeito, se deixou abraçar com um sorriso tímido. Não estava acostumada com esse tipo de demonstração de carinho.
Assim que cruzaram a soleira da porta, um gritinho agudo e alegre ecoou pela sala:
— Tiaaaa!
Letícia, com seus cachinhos dourados balançando e os pezinhos descalços batendo apressados no chão de madeira, correu em disparada até Laura. Ignorando a advertência da mãe, jogou-se com tudo nos braços da tia, que se agachou rapidamente para ampará-la.
— Minha princesa! — disse Laura, girando com a sobrinha no colo e cobrindo seu rostinho de beijos estalados, fazendo a menina gargalhar alto.
Júlia, que observava a cena com um sorriso encantado nos lábios, ficou parada por um instante, admirando a ternura daquele momento.
Laura então se voltou para ela com Letícia ainda agarrada em seu pescoço.
— Lê, essa aqui é a tia Júlia — disse, com um sorriso caloroso. — Ela é muito especial pra mim.
Letícia olhou curiosa para Júlia, analisando-a com aqueles olhos enormes e brilhantes. Depois, se inclinou para mais perto e perguntou baixinho:
— Ela também gosta de abraço apertado?
Júlia deu uma risada surpresa e respondeu:
— Gosta sim. Principalmente se for de uma menininha linda como você.
Letícia estendeu os braços sem hesitar, e Júlia a recebeu num abraço doce, meio tímida, mas visivelmente emocionada. Laura observava tudo com o coração derretido.
— Acho que vocês duas vão se dar muito bem — disse, rindo, enquanto o calor da acolhida começava a preencher o ambiente.
Os outros membros da família foram chegando aos poucos e logo se acomodavam na ampla sala, repleta de sofás e poltronas. O ambiente parecia saído de um daqueles filmes ingleses com castelos medievais — elegante, aconchegante e cheio de história.
A atmosfera era de alegria e reencontro. Conversas cruzadas, risos e abraços enchiam o espaço, e sempre que um novo Becker chegava, Júlia era apresentada com carinho por Laura e recebida com gentileza pelos familiares.
O último casal a chegar foi Eduardo e Natália, acompanhados da filha Caroline. No instante em que a porta se abriu, um breve silêncio pairou no ar. Todos na sala se voltaram para o casal... e para Laura. O silêncio foi quebrado por Osvaldo, o irmão do meio de Afonso.
— Bebê do vovô, que saudades! Vem aqui dar um abraço! — disse o avô, abrindo os braços com o entusiasmo típico.
O casal recém-chegado se juntou ao restante da família nos cumprimentos e nas boas-vindas. Laura os cumprimentou com um aperto de mão formal — um gesto seco e contido, bem diferente do calor que demonstrava com os demais familiares.
Júlia observou tudo com atenção. Sabia do passado entre Laura e aquela mulher — e da traição que envolvera também o homem ao lado dela. Ainda não haviam conversado abertamente sobre isso, mas era como se aquela história mal resolvida pairasse no ar como um cheiro antigo de coisa não dita.
Apresentada ao casal como “a namorada da Laura”, Júlia sorriu com educação, mas a sensação de que havia algo mais profundo e tenso naquela troca de olhares ficou cravada em sua intuição.
A longa mesa de madeira de demolição estava posta com louça refinada, velas acesas e arranjos florais discretos. A brisa fresca da noite trazia o perfume das lavandas cultivadas na lateral da casa, e os aquecedores portáteis ajudavam a manter o ambiente confortável. Sofia, como de costume, gostava de manter certa pompa nos jantares que organizava. Todos estavam ali: Dr. Afonso na ponta da mesa, Dona Eunice elegante em um xale de lã fina, Laura ao lado de Júlia, sorrindo discretamente.
As conversas fluíam entre goles de vinho e risos contidos — até que Sofia, com seu ar altivo e sorriso controlado, resolveu lançar seu veneno disfarçado de curiosidade.
— Ana Júlia, querida… me diga, mesmo: você fez escola pública, não foi? — perguntou, girando a taça de vinho como se testasse a paciência da jovem.
Júlia manteve o sorriso. Sabia que aquela era uma provocação disfarçada de interesse.
— Sim, fiz. E mesmo assim cursei a USP de Ribeirão Preto. Entrei com 17 anos, e me formei com horas — respondeu com naturalidade.
— Que precoce… — disse Sofia, arqueando uma sobrancelha. — E os seus pais são médicos também?
— Não. Minha mãe é merendeira em uma Escola Municipal, e meu pai, mecânico. Fui a primeira da família a cursar uma faculdade — respondeu, firme, mas sem perder a elegância.
Sofia soltou uma risadinha abafada, como quem se diverte com a simplicidade alheia.
— Uma verdadeira história de superação. Eu gosto disso. Inspira a classe trabalhadora, não é? Com esforço… chegam até aqui — disse, como quem analisa um artigo raro.
— Está impressionada com o patrimônio da família? Imagino que o seu não chegue nem perto do valor do carro que a Laura dirige... Pulo social bem rápido, hein?
Laura já ia retrucar com um palavrão engatilhado na ponta da língua, mas foi interrompida por um toque suave. Júlia pousou a mão sobre a dela, com firmeza tranquila. Um gesto silencioso que dizia: deixa comigo.
Pousou delicadamente o guardanapo sobre o colo, olhou para Sofia com calma e respondeu, sem titubear:
— Inspira a todos, na verdade. Inclusive quem tem tudo desde o berço e ainda assim não aprende a respeitar quem veio de baixo. Minha história me orgulha, dona Sofia. A cada plantão, cada cirurgia, eu me lembro de onde vim. E saber que cheguei até aqui com ética, esforço e sem nunca pisar em ninguém, é o que me faz dormir em paz. Eu prefiro isso a um sobrenome famoso que esconde cicatrizes familiares mal curadas.
Um silêncio tenso percorreu a mesa por alguns segundos. Quando foi quebrada por Osvaldo.
— Eu quero o divórcio, não aguento mais! Tudo em que você se mete vira um circo dos horrores. De onde você tirou essa ideia absurda de que a falta de dinheiro das pessoas te dá o direito de pisar nelas? Eu vivo equilibrando suas falas com meus amigos, com a minha família, como um garçom em um bar lotado, tentando evitar que tudo exploda a qualquer momento!
Sofia ficou em silêncio por um segundo — raro demais para alguém que costumava responder até antes de ouvir o ponto final da frase alheia. Seus olhos piscaram duas vezes, como se processassem o impacto daquelas palavras que, finalmente, haviam ultrapassado o limite da tolerância.
— Ficou louco homem? — ela disse, com a voz ainda baixa, mas com o veneno começando a ferver por trás do tom calmo. — Depois de tudo o que eu fiz por você, você tem a ousadia de se colocar como vítima? Como se fosse fácil conviver com essa sua família desgovernada?
Todos na mesa param para ouvir a discussão de ambos
— Eu falo o que penso, sim! Se as pessoas se ofendem, talvez o problema não seja o que eu digo, mas o que elas escondem. E se você vive "equilibrando" minhas falas, querido, talvez seja porque tem vergonha da própria escolha de vida. De mim.
— Quer o divórcio? Pois não te dou! — Osvaldo já se levantava da cadeira, visivelmente tomado pela irritação, com um ar que beirava a agressividade, talvez prestes a passar dos limites. Foi então que, do outro lado da mesa, uma voz inesperada interrompeu o clima tenso.
— Eu vou ser pai…
O silêncio foi imediato. Camila, que estava ao lado de Leonardo, virou-se devagar, incrédula.
— O que você disse, Leonardo?
— A Fernanda... está grávida. Eu vou ser pai — repetiu ele, antes de desabar num choro escancarado, como um bebêzão que não sabe se está feliz ou apavorado.
O silêncio, que havia se instalado como uma neblina espessa, foi rompido por um engasgo de Camila.
— Meu Deus, Leo… você vai ser pai? — disse ela, levando a mão ao peito, os olhos arregalados entre emoção e pânico.
Eunice Becker, que até então observava a briga conjugal como uma juíza silenciosa, largou o guardanapo no colo e se ajeitou na cadeira com expressão indecifrável.
— Fernanda está grávida? — murmurou, encarando o neto como se estivesse tentando decifrar um manuscrito antigo. — E você tem certeza disso?
— Claro que tenho, vó! Ela me mostrou o exame hoje. — Ele fungou, passando as mãos pelo rosto. — Agora tudo muda.
Sofia, do outro lado da mesa, soltou um riso curto e venenoso:
— Mas é claro que muda. Agora temos mais um herdeiro Becker no forno, vindo direto da ala improvisada da família. Parabéns, Leonardo, pelo timing impecável.
— Sofia, por favor! — repreendeu Camila, que ainda tentava absorver a notícia. — Isso não é hora de piadas. Você sabe o quanto a Fernanda é importante pra nossa família, independente da formalidade do relacionamento.
— Formalidade? — rebateu Sofia, com uma taça de vinho na mão. — Essa família já passou do ponto de se preocupar com formalidades. Veja só o circo de horrores que virou esse jantar.
Laura, que até então apenas observava tudo de sua cadeira ao lado de Júlia, deu um pigarro e cruzou os braços. E falou baixinho no ouvido da namorada.
— Olha, se a ideia era um jantar de reconciliação familiar, parabéns a todos. Está mais para episódio final de novela mexicana.
— Está rendendo mais que o plantão no pronto-socorro — cochichou Júlia de volta no ouvido da namorada, tentando conter um sorriso nervoso.
Leonardo, agora mais calmo, olhou para todos os rostos ao redor da mesa — alguns perplexos, outros julgadores, outros apenas cansados — e soltou um suspiro.
— Eu sei que eu sou um desastre, mas vou assumir essa criança e me casar com a Fernanda se ela me quiser. Vou fazer direito dessa vez. Eu juro.
Eunice se levantou com calma, pegou sua taça de vinho e deu um gole lento. Depois, apenas disse:
— Se for verdade... bem-vindo à responsabilidade, meu neto. Espero que esteja pronto. Porque pai você será, querendo ou não.
— Já que estamos em um momento de revelações familiar, quero informar a essa família que eu e Hermes, estamos vivendo um romance, ele virá amanhã para a minha festa de aniversário com sua família, espero que todos se comportem com decência, é o mínimo que nós merecemos.
E saiu em direção ao interior da casa, com a postura ereta de uma matriarca que acabou de decretar a próxima temporada do drama familiar.
Era muita informação para uma noite só.
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Mais tarde naquela noite, Laura já havia tomado banho e vestia um baby doll provocante, rendado nos lugares certos, revelando sua silhueta com elegância e intenção. Enquanto aguardava a namorada no chuveiro, aproveitou para transformar o quarto em um refúgio romântico.
Apagou as luzes principais, deixando apenas o brilho suave de velas aromáticas preencherem o ambiente com um perfume delicado de flores e âmbar. Pegou um espumante da adega da avó — um rótulo francês escolhido a dedo — e o colocou em um balde de gelo ao lado da cama. Na bandeja, alguns morangos frescos, chocolate e fatias finas de um queijo caríssimo, a música suave completava o ambiente..
Tudo estava pronto. Agora, só faltava Júlia abrir a porta do banheiro para que a noite, enfim, começasse.
Lá dentro, Júlia respirava fundo diante do espelho. Estava ansiosa — mais do que costumava admitir até para si mesma. Era a primeira vez que dormiriam juntas, e ela queria que tudo fosse especial. Cumprira, à risca, o ritual de preparação que havia lido em uma revista LGBTQ+ durante a semana. Depilação feita, cabelo recém-cortado, banho demorado com sabonete esfoliante, óleo corporal perfumado... tudo como mandava o figurino.
Vestia agora uma camisola curta de renda preta, colada ao corpo no lugar certo, sutilmente transparente. A vendedora jurara que ela ficaria “irresistível” — e, ao ver o próprio reflexo, até acreditou um pouco. Estava parada em frente ao espelho fazia mais de dez minutos, tentando reunir coragem. E finalmente respirou fundo… e saiu.
Do lado de fora, Laura já a aguardava com duas taças de espumante na mão. Seus olhos brilharam ao ver Júlia.
— Você está linda — disse Laura, com a voz suavemente rouca.
Júlia corou. — Você também está linda… namorada — respondeu, com um sorriso tímido.
Brindaram. Júlia, nervosa, tomou a taça inteira de uma vez só. Laura riu do gesto — aquela mistura de doçura e insegurança a deixava ainda mais apaixonada e louca de desejo.
Com delicadeza, tirou a taça das mãos de Júlia e colocou ambas no criado-mudo. Então, estendeu a mão.
— Dança comigo?
Ao fundo, o som suave de Perfect, de Ed Sheeran, preenchia o quarto com uma trilha que parecia feita sob medida para as duas. Júlia aceitou a mão estendida, e as duas se abraçaram ali, no meio do quarto, dançando bem devagar, sentindo o calor uma da outra, embaladas pela música e pelo silêncio cheio de promessas entre seus corpos.
O beijo surgiu calmo, foi se tornado sedento e urgente, as mão de Laura percorreram o corpo de Júlia, delicadas mas firmes de quem sabe o que quer e o que faz, a música acabou e começou outra, Laura entre beijos e mãos direcionou Julia para cama.
O beijo se estendeu, as línguas mais famintas. Laura deitou Júlia com delicadeza sobre os lençóis de algodão. Seus corpos se entrelaçaram como se já se conhecessem há muito tempo. Laura delicadamente como se pedisse permissão tirou a camisola da namorada, os seios morenos de auréola marrom claro ficaram a mostra, ela apertou, beijou com volúpia, sugou seus mamilos com delicadeza, ouvindo os gemidos baixos da amante, sentia seus pelos arrepiados.
Beijos eram alternados com mordidas leves no pescoço deixando Júlia totalmente entregues as suas vontades, desceu os beijos pela barriga até chegar onde mais desejava o sex* encharcado por debaixo da calcinha de renda preta minuscula enlouqueceu ao sentir a umidade sob seus dedos. Tão quente e tão sua a calcinha foi arrancada com desejo ao mesmo tempo em que se livrava das próprias roupas. tinha pressa em sentir Júlia por inteira, grudada em sua pele, os sex*s roçando um no outro. Seus dedos percorrendo a pele exposta com carinho, como quem lê um texto sagrado. A cada toque, Júlia fechava os olhos e deixava escapar um suspiro leve, entregue.
— Me avisa se eu for rápido demais — sussurrou Laura, os lábios roçando o pescoço de Júlia.
— Você tá perfeita — respondeu Júlia, quase num sussurro.
Laura percorreu o corpo da namorada com beijos suaves, demorando-se onde Júlia arrepiava mais. Seus seios eram lindos, do tamanho perfeito para tocar e encher as mãos. Tocou-a com reverência, com paciência, como se estivesse decorando cada reação, cada gesto, cada expressão. Sentiu os mamilos duros como uma flecha que aponta, a boca os capturou com maestria, mordeu de leve, ch*pou com vontade, sentiu a namorada estremecer embaixo de si, queria prolongar o prazer da amante por mais tempo que conseguisse.
A intimidade aumentou e os toques se tornaram mais intensos, as mão foram para o meio de suas pernas, sentiu o líquido quente. O prazer do êxtase de sentir Júlia tão entregue, fez com que tivesse vontade de ir mais rápido, penetrá-la com força, mas se controlou e manteve atenta a cada sinal de Júlia. Beijou-a entre as coxas com devoção e sensibilidade, guiando-se pelos suspiros trêmulos da namorada, sentindo-a relaxar aos poucos.
Júlia, que nunca tinha sido tocada daquela forma, se entregava aos poucos, até que o corpo inteiro vibrava de prazer e surpresa, como se estivesse descobrindo o próprio corpo pela primeira vez. Seus dedos se entrelaçaram aos cabelos de Laura, como um pedido silencioso para que ela não parasse.
E Laura não recuou. Sua língua era precisa e ao mesmo tempo carregada de delicadeza. Sua boca encontrou o ponto mais sensível de Júlia, o nervo estava rígido, molhado, o gosto era bom meio ácido e a resposta foi imediata: um suspiro contido, um arrepio que percorreu sua pele como eletricidade. O sabor era suave, íntimo, e o calor do momento envolvia as duas num universo próprio, feito de toques, respirações e entrega. O orgasmo chegou forte, convulsionando o corpo de Júlia.
Laura deitou ao lado dela, abraçando-a com ternura, as pernas entrelaçadas.
— Foi bom, gostou? — perguntou Laura, ainda com o coração acelerado.
Júlia balançou a cabeça, rindo baixinho, os olhos brilhando.
— Foi perfeito. Foi você.
A noite tinha apenas começado, Júlia não se fez de rogada e devolveu à namorada todo o prazer recebido, mesmo meio desajeitada, fez de seus dedos e língua refém do prazer da loira, que gemia sem pudor, ao toque de sua boca e de seus dedos, sempre firmes na cirurgia, agora dentro de Laura em um vai e vem, o orgasmo chegou forte, para a loira, Júlia não parou por aí.
Subiu sobre o corpo de Laura, encaixando os sex*s, os clitores se tocando, tinha visto em video, com seus seios guardados uma no outra, sentindo a pele de Laura queimar na sua, iniciou um movimento de vai vem, estava tão molhada que Júlia sentia seu líquido escorrer pelas pernas, Laura apertou sua bunda com força, intensificando os movimentos e o contato, o suor que brotava no corpo, e o cheiro de sex*, inundava as narinas procando mais prazer. Nesse vai vem intenso as duas chegaram ao orgasmo intenso, o som do prazer das duas ecoou pelo quarto sem medo de serem ouvidas.
O coração batia acelerado, os olhos marejados, e tudo ao redor parecia suspenso no tempo. Laura abraçou Júlia, o sex* fora intenso, abraçadas como se nada no mundo as pudessem separar, adormeceram. Ali naquele quarto era a primeira noite da historia de amor delas.
Fim do capítulo
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Donana Em: 14/07/2025 Autora da história
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