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  • O Nosso Recomeco - 2a Temporada
  • capitulo dezenove: até que o orgulho nos separe.

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O Nosso Recomeco - 2a Temporada por nath.rodriguess

Ver comentários: 4

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Palavras: 4197
Acessos: 768   |  Postado em: 26/06/2025

capitulo dezenove: até que o orgulho nos separe.

POV FERNANDA

            Mais um dia de trabalho. Eu tinha cinco casos que precisavam da minha atenção, decidi manter minha mente focada nos clientes que precisavam de mim do que o caos da minha vida. Anna antecipou a viagem à São Paulo e isso, de certa forma, estava me deixando com mau pressentimento.

            A minha loira adorava fugir quando a situação apertava, era característico dela. Ela ia ceder. Ela ia voltar. Só que estamos falando da Anna, então o orgulho vale mais do que qualquer tipo de sentimento.

            Henrique me pergunta se estou bem, se estou precisando de alguma coisa pela milésima vez no dia. Essa preocupação excessiva me deixava extremamente irritada às vezes e eu infelizmente percebo que Anna tinha razão — ele dava mole pra mim.

            Entretanto, eu não me importava com isso desde que não passasse dos limites. Jamais iria acontecer. Além de gostar de mulheres, eu era apaixonada pela mulher mais complicada, orgulhosa e cabeça dura do planeta. Eu precisava de homens tanto quanto um peixe precisa de uma bicicleta.

            Olhei de relance pela porta de vidro da minha sala — a única sala individual no meu pequeno escritório. Andressa e Henrique trabalhavam em uma área aberta, mas eu sempre precisei de silêncio. De foco. Espaço. Andressa era sócia tanto quanto eu, mas ela amava recepcionar os clientes logo de cara, então isso nunca foi motivo de desconforto entre nós. Ela sempre me chamava de chefe, embora sejamos sócias.

            Foi quando vi Andressa entrando. Rosto vermelho, os olhos marejados e aquele jeito de quem queria surtar, mas estava se segurando.

            — Fernanda, precisamos conversar a sós. Você pode? — Ela me olha com o semblante irritado, parecia que estava com raiva, querendo chorar. Eu a conhecia.

— Sim. Vem pra minha sala.

Ela entrou e se sentou na poltrona acolchoada, as duas mãos tampando o rosto e olhando para baixo.

Ela queria explodir.

— Andressa, o que houve? Fala pra mim, está me deixando preocupada — eu paro em pé ao seu lado, fazendo um afago no seu cabelo.

— Não sei como te falar isso, Fê — ela me encara com um olhar perdido

— Calma... respira — coloco a mão em seu ombro para confortá-la e aperto para iniciar uma massagem — conta do começo.

— Eu... venho conversando com Amanda há alguns meses e... está rolando algo entre nós, eu sinto... eu não sei o que sinto. — ela olha nos meus olhos para avaliar minha expressão, mas eu não consigo reagir, apenas tento processar a notícia.

Ela continua.

— Na verdade... é bem confuso, pois é muito estranho estar gostando de uma menina vinte anos mais nova. E além disso, minha ex-entedada.

O olhar dela era de culpa. Ela puxa o ar para respirar e no momento que começa a se acalmar, fica brava de novo.

— A gente... estava tentando entender esse sentimento, pois ela se sentia confusa, por conta da Anna... e eu poderia jurar que ela estava quase esquecendo e se entregando de vez... eu estava tomando coragem para vê-la, ia conversar com você sobre tudo, ir para São Paulo, mas... a Anna adiantou a viagem.

Começo a ficar aflita.

— A Anna? — perguntei, quase sem voz. — O que ela tem a ver com isso?

Andressa hesitou. O olhar fugiu do meu, como se buscasse coragem no chão.

— A Amanda me ligou hoje de manhã. Foi sincera. Disse que... elas ficaram.

Por um segundo, achei que não tinha ouvido direito. Senti um zunido nos ouvidos, como se o mundo tivesse abaixado o volume em tudo, menos nessa frase.
Elas ficaram.

— O quê?

— É... Ela disse que foi buscar a Anna no aeroporto, que precisava saber o que sentia e a Anna... deixou. Enfim, rolou.

Vejo ela cerrar os punhos.

— Tem noção do que é isso? Eu vou pra São Paulo, Fernanda. Hoje. Eu vou confrontar a Anna. Eu quero matá-la.

Andressa falava rápido, nervosa, enquanto eu travava.

— A Anna não percebe? Está brincando com os sentimentos dela.

Ela dá uma risada irônica e completa a própria frase.

— Não, é claro que ela percebe.

Me desvencilhei tão rápido da cadeira que quase a derrubei. As mãos trêmulas. A boca seca.

— Ela fez isso? Ela teve a audácia de fazer isso?! — gritei, sentindo o rosto queimar.

— Eu tô em choque, Fê — Andressa balançou a cabeça. — Eu e a Amanda... a gente tava construindo alguma coisa. Mas ela precisava resolver isso antes. Ela foi honesta comigo. Disse que não conseguiria seguir se não entendesse esse sentimento pela Anna. Mas a Anna permitir isso? Abrir essa porta? Sabendo de tudo?!

Levei as mãos à cabeça, em total incredulidade.

— Anna sempre disse que não sentia nada. Sempre! Ela... disse que precisava sair daqui, pois se não saísse, voltaria pra mim e... ela ainda não conseguia lidar com isso. Não sabia se estava preparada. Não acredito que ela fez isso. Eu erro: me condena. Vai embora. E na primeira oportunidade... fica com a garota que ela dizia que não sentia nada. — cuspi a última frase como veneno.

Sentei outra vez, o corpo cansado de sustentar tanta mágoa.

— Minha intuição nunca falha, Andressa. Eu sabia que essa viagem para São Paulo ia abrir mais um buraco na nossa relação e agora eu entendo porquê.

— Ela quebrou todos os códigos. Com você. Com a Amanda.
— E o pior... — Andressa completou, sentando de novo — é que ela vai fingir que não entende o impacto disso.

— Não. Ela sabe exatamente o que fez.

E, nesse momento, eu não sabia mais o que era pior:

O fato dela ter mentido pra mim.

O fato dela ter sido covarde a ponto de não resolvermos nosso casamento.

Ou o fato de que, apesar de tudo... eu ainda amava aquela mulher.

 

💔❤️‍🔥

Eu precisava de ar. Respirar. Beber. Precisava encher a cara e esquecer que Anna existe. Camila Zhang vivia me chamando para sair, para bebermos e eu nunca aceitava, até que liguei para ela. Perguntei o que ela ia fazer no final de semana e marcamos de ir para a boate. Deixei Cecília com os meus pais, pedi pelo amor de Deus para minha mãe ficar com a neta hoje, caso contrário, eu surtaria. Não queria ligar para Bruna ou Bia e Anna ficar sabendo minutos depois.

Meus pais estavam me apoiando muito desde que Anna se foi. Contei a verdade para eles, fui sincera. Não escondi nada. Mamãe ficou boquiaberta, papai decepcionado, levei um sermão de dias, embora meu estado emocional estivesse abalado. Os dois perceberam que nada adiantava falar — o meu castigo já estava ali.

Ela tinha ido embora.

Ela me deixou. E agora estava seguindo em frente.

E eu também deveria seguir.

Camila estava maravilhosa. Como sempre. Cabelo impecável, perfume caro. Eu, por outro lado, parecendo um desastre sofisticado: maquiagem forçada pra esconder os olhos inchados, vestido colado que nem sei por que comprei, e aquele ar de “vou fingir que tô viva até convencer meu coração disso”.

 Na mesa do bar, a Zhang girava o canudo no copo e falava do ex como quem ainda sonhava às vezes.

— O problema é que ele era um canalha tão... apaixonante, sabe? E agora eu tô nessa fase. Ele me ligou. Disse que vem aqui se eu quiser. Eu não sei o que fazer.

— E você quer conselhos de uma mulher que se afundou em uma relação de quase dez anos e ainda não sabe se sobrevive sem ela?

— Exatamente — ela riu. — Porque você é honesta. E tem cara de quem ama de verdade.

Eu queria responder “não fala disso”, mas fiquei quieta. Só virei outro shot de tequila. A terceira dose já me dava a falsa confiança de que eu tava ótima. A quarta me convenceu a levantar e dançar.

Dançamos. Muito. Camila puxava minha mão, rodava, me fazia rir. Eu queria afogar a Anna em cada batida daquela música. Mas ela continuava lá. presença dela colada no meu corpo como uma tatuagem invisível.

“Elas ficaram.”

A voz da Andressa portando a notícia ecoava na minha cabeça a cada shot que eu virava.

— Você é péssima com álcool — Camila falou, enquanto eu me equilibrava nos saltos. — Tá quase deitada no balcão.

— Tô viva. Isso já é uma vitória.

Tudo estava girando.

Não me lembro de mais nada.

Só sei que acordei na casa da Camila. Com um gosto amargo na boca e minha cabeça zunindo. Quando mexi no celular, foi como se um soco tivesse me atingido.

4 mensagens da minha mãe.

5 de Beatriz.

15 de Bruna.

3 chamadas perdidas de Andressa.

Abri a mensagem da minha mãe primeiro.

Mãezoca:

- Maria Fernanda, você enlouqueceu??? Está em todos os portais de fofoca, sua foto... minha filha..

Oi?

Abro o Instagram. Vou no perfil do principal portal de notícia.

Puta merd*.

| Advogada é o novo affair de Camila Zhang?

Fotos exclusivas da noite caliente da poderosa do ramo da beleza.

Camila Zhang foi flagrada curtindo a noite em uma balada de luxo ao lado de uma ruiva, que por fontes próximas à atual CEO da Zhang Cosméticos — que vive uma batalha judicial com a irmã pela cadeira da empresa — é nada menos que a advogada de Camila: Fernanda Alencar.

A ruiva, aparece nas imagens descontraída e agarrada na nossa diva do skin care, bissexual declarada! Ambas aparentemente embriagadas.

Camila, que raramente é vista com mulheres, ainda não se pronunciou sobre o possível novo affair, mas a internet já está fervendo com a hashtag #Fermila (seria o novo casal do momento? 👀). |

 

Eu quero morrer.

Mas antes disso, a Anna vai me matar.

 Anna vai ver isso e vai achar que é verdade.

— Tira esse celular da sua mão antes que você ligue pra ela chorando — Camila apareceu com duas canecas de café. — Relaxe. Eu já sei como resolver isso.

— Como?

— A gente faz um vídeo. Sarcástico. Verdadeiro. Debochado. Meus seguidores adoram.

E antes que eu pudesse dizer “não”, ela já estava com o celular gravando.

— Gente, bom dia! Estou aqui com a minha advogada maravilhosa, Fernanda Alencar, e quero deixar claro que ela não é meu affair.

A câmera virou pra mim. Eu, com cara de sono, descabelada, e entornando café.

— Gente, que fake news é essa? Eu mal acordei e me bombardearam de mensagens. E não, a Camila não faz meu tipo.

Camila gargalhou. Voltou pra ela e finalizou:

— A Fernanda é mais do que minha advogada. Ela é uma das melhores pessoas que eu já conheci. Inteligente, leal, sensata... É minha amiga. Mesmo. Então parem de inventar coisas, me deixem viver e deixem a Fê tomar o café em paz. Bye!

Ela mandou beijos para a câmera e desligou.

Em seguida, as notificações pipocando. Meu Instagram cresceu de tamanho, eu estava com 800 mil seguidores. Do nada. Mil comentários:

“Essa menina que a Zhang está pegando é real? Que casalzão”

“Gente, essa menina não é casada? No insta tem várias fotos dela com a esposa!”

“Coitada da esposa dessa aí, deve estar arrasada descobrir as coisas pela internet”

“Nunca confie em advogadas bonitas, ta aí o exemplo”

“Trair a esposa com cliente? Que falta de ética, meu pai”

 

Nos portais de fofocas jurídicas, isso também era assunto.

"Esposa da advogada da oposição é vista com cliente milionária — A Florence-Baldez seria capaz de gerenciar mais essa crise?”

Abri o LinkedIn da Florence-Baldez. Comentários nas postagens.

“A linha entre pessoal e profissional precisa ser respeitada.”

“Anna Florence sempre foi impecável. Espero que não pegue mal pra ela.”

 

A Anna ia, literalmente, me matar.

A notificação subiu no canto da tela.

*Amor*

- Você me expôs.

Ponto. Três palavras. Nenhum emoji. Nenhuma vírgula. Só a sentença.

Ali, eu senti que tudo ia desabar de vez.

Merda.

Minhas mãos começaram a suar. O celular tremeu entre meus dedos.

Fechei os olhos.

Merda. Merda. Merda.

Claro que Anna estava furiosa. Ela era uma das donas do maior escritório de advocacia do Rio. Sempre foi discreta. Respeitadíssima. Elogiada. E agora, para o mundo, aquilo parecia uma traição pública. Pior, da esposa dela com uma cliente. Cliente do caso que estamos disputando publicamente.

Passei a mão no rosto, puxando meu cabelo para trás, sentindo a pressão na nuca.

Ninguém sabia que tínhamos terminado. Não postamos nada sobre o assunto. Para o mundo, estávamos bem. Só contamos para os amigos próximos. Até porque, não tinha nada definido entre a gente.  

Meu Deus, o Conselho.

Eles iriam se aproveitar disso.

Que ótimo.

Eu prejudiquei a posição dela no escritório. E ela está representando a empresa no maior evento jurídico do país. Os olhares estariam voltados para ela, mas não pela competência que sempre teve, mas por fofoca.

Tento ligar para ela, mas ela não atende de maneira nenhuma.

Agora, até Amanda era uma coisa pequena diante de tudo que estava acontecendo.

Camila entrou na sala, rindo ainda da repercussão online, mas parou ao me ver.

— Nanda, o que foi?

— Eu fodi com tudo, Camila. — disse com os olhos marejados

— Com o quê?

— Com a Anna. Com o nome dela. Com o Conselho. Com a porr* toda.

— Você acha que vão mesmo pensar que estamos ficando? — ela perguntou, mais suave.

— Não interessa o que é. Interessa o que parece. E agora, parece que a esposa da Anna traiu ela com a ex-cliente, no meio de um processo milionário, no meio da porr* do Brasil jurídico inteiro de olho na gente.

Levantei do sofá e comecei a andar em círculos. O café escorria da caneca e eu nem percebia.

— O Conselho vai cair matando em cima dela. Ela tá em um evento, Camila. Com o sobrenome Florence estampado em tudo. Representando o escritório. E agora vai ser lembrada como a mulher traída. A profissional que perdeu a cliente pra própria esposa. A advogada que teve o nome jogado na lama porque eu não pensei. Porque eu só queria... esquecer.

Sentei de novo. Não aguentava sustentar o peso nem das próprias pernas.

— Eu não pensei em nada. Nem nela. Nem na imagem dela. Nem na nossa história. E o pior de tudo? O pior é que ela tem razão.

Camila se aproximou devagar e se sentou ao meu lado. Segurou minha mão com um cuidado que eu não esperava.

— Você não é um monstro, Nanda. Você só tava ferida e queria um dia de paz... Eu deveria ter te protegido da mídia, deveria ter previsto os cliques.

Eu encarei o chão. O celular ainda vibrava nas minhas pernas, mas eu não conseguia olhar.

— Ela nunca mais vai me perdoar.

Camila apertou minha mão. Não disse nada. Mas senti que ela quis me passar um pouco de conforto.

À noite, já em casa, eu brincava com Cecília na banheira. Ela odiava tomar banho, então eu tinha sempre que inventar mil maneiras lúdicas de fazer com que ela se banhasse — o banho de hoje tinha direito a brinquedos e bolha de sabão. Ela estava jogando água em mim e brincando de mergulhar, quando meu telefone vibrou sob a bancada.

Olhei quem era pelo visor.

Era ela.

Falei para Cecilia continuar o banho enquanto eu atendia o telefone.

— Alô?

Atendi com o coração na mão.

— Maria Fernanda, nós precisamos conversar.

A voz dela era seca. Direta.

— Eu sei... — suspiro longamente — Estou dando banho na Cecília, eu posso te ligar quando as coisas ficarem mais tranquilas por aqui?

— Vou te ligar de vídeo, me deixa falar com ela, por favor.

Ela desligou sem esperar resposta, para segundos depois, ligar de chamada de vídeo. Quando abri a chamada ela estava... exausta.

Sem maquiagem, olhos distantes, pequenos, como quem havia chorado muito. Automaticamente meus dedos passaram pelo seu rosto na tela, queria tanto estar lá com ela nesse momento, explicar que tudo não passou de um mal entendido.

Ela estava com um roupão de cetim, seus cabelos loiros presos em um rabo de cavalo preguiçoso. Ela estava mal por minha causa.

“Você me expôs”

As coisas no Congresso deveriam estar uma loucura, ela deveria ter colocado uma máscara e ter fingindo que estava tudo bem. Nada doía mais em mim do que ter machucado ela, mesmo sem a intenção de machucá-la.

Ela parecia outra pessoa, ainda assim, a mulher que eu amava.

Caminhei em direção a banheira sem nada dizer a ela, só mantive nossos olhares conectados.

Ah, meu amor. Quero te abraçar.

— Oi, mamãe — Cecília gritou do fundo da banheira, assim que viu a imagem da Anna na tela.

Ela forçou um sorriso. Aquele sorriso que só fazia pra Cecília, mesmo quando o mundo tava desabando.

— Oi, meu amor. Tá se comportando?

— Tô tomando banho com bolha! — Cecília respondeu, jogando mais água pra fora da banheira.

— Muito bem. — disse Anna, olhando de relance pra mim.

Tinha algo ali. Raiva e ternura, dor e... saudade.

— Eu tô mandando os documentos por e-mail. Preciso que você assine pra autorizar a viagem da Cecília. Já comprei as passagens.

Meu peito apertou.

— Obaaaaaa!

Cecília comemorou e eu senti meu coração fraquejar.

— Comprou sem falar comigo? — perguntei, visivelmente chateada — Quando?

— Semana que vem, após as avaliações dela. Ela vai passar o aniversário aqui. Vou ficar com Cecília uma semana.

— Anna...

— Eu não quero discutir. Só quero garantir que ela esteja bem. Vai ser bom pra ela. Pra nós duas.

— Você pode me mandar o que for por e-mail. Eu assino tudo.

— Obrigada — ela respondeu, seca.

— Anna... por favor, me escuta...

— Eu tô cansada, Fernanda. Eu enfrentei um Congresso inteiro hoje com gente me olhando como se eu tivesse sido traída em praça pública.

— Podemos falar sobre isso depois? Vou colocar essa mocinha na cama e te ligo, daí conversamos. Pode ser?

Não queria que Cecília escutasse o que não era apropriado pra ela ouvir, nem que presenciasse alguma discussão entre nós.

Anna assentiu.

— Princesa, mamãe vai desligar, mas eu tô ansiosa pra ter você comigo aqui. Muitas saudades de você, filha.

Os olhinhos de Ceci encheram d’água.

— Quero você, mamãe.

Ela diz, limpando algumas lágrimas que insistiam em cair dos seus olhos. E então continua.

— Eu tô com saudade, mamãe Anna... eu quero você hoje.

Cecília cai em um choro absurdo.

— Só um minuto, Anna.

Digo e coloco o aparelho na bancada do banheiro, ainda em chamada, estendo a toalha pra ela e a enrolo, embalando minha filha como se eu pudesse coloca-la em uma bolha e protege-la. Sento no chão do banheiro com ela em meu colo, mas antes pego o celular e continuo na chamada com Anna, que parece ficar pior com aquela cena.

Cecília me abraça forte e continua a chorar e eu me controlo para não chorar junto.

— Ceci... a mamãe tá aqui. — falei baixinho, acariciando seus cabelos molhados.

— Eu sei, mas... eu quero as duas... — ela soluçava. — Eu quero as duas...

Fechei os olhos por um segundo, engolindo a dor.

Olhei pra tela.

Anna apertava os lábios, tentando se controlar.

Ela não chorava na frente da Cecília.

Nunca.

Mas dessa vez, os olhos dela transbordaram sem permissão.

— Amor... — ela disse com a voz embargada. — A mamãe Anna te ama muito, muito mesmo. E você vai vir aqui, passar o aniversário comigo. Vai ser lindo, tá bom?

Cecília assentiu com a cabeça enfiada no meu ombro, enquanto soluçava baixinho.

— Eu quero que a mainha vá...

Anna olhou pra mim.

— Me liga depois.

— Eu vou.

Ela desligou sem esperar resposta.

Fiquei ali, sentada no chão do banheiro, com Cecília enrolada em mim, a toalha já úmida demais, e o peito esmagado entre culpa, saudade e impotência.

Beijei a testa dela.

— Vai passar, meu amor. Mainha tá aqui com você. E a outra mamãe também te ama muito.

Mas a verdade é que... eu não sabia mais como costurar o que rasgamos. Eu só sabia que ainda doía. E doía mais ainda ver a nossa filha pagando o preço dessa bagunça.

Quando finalmente consegui colocar Cecilia para dormir, após mais um episódio de febre emocional, liguei pra Anna. Preocupada, ela atendeu o telefone quase que imediatamente.

— Fernanda, como está nossa filha?

— Deu febre de novo. Ela se queixou de dor de cabeça, mas eu a mediquei. Está tudo certo, ela vai dormir na nossa cama hoje.

— Merda.

— Anna, você pode me escutar? Por favor?

— Fernanda, junto com a autorização da viagem de Cecília, eu te mandei o esboço da ação de divórcio, preciso que você olhe com atenção, faça algumas alterações se necessário.

— O quê?

Minha voz saiu falha. Quase um sussurro.

— Anna, você não pode estar falando sério. — eu tentava criar forças para responde-la, mas a minha voz estava embargada.

— Eu tô... Não dá mais, eu não consigo. — ela respondeu sem titubear

— Você está terminando um casamento comigo por ligação? É isso?

— Fernanda...

— Tem noção do quão covarde você é? — disparo, já levantando do sofá andando em círculos pela sala, meus olhos cheios d’água, não via e não ouvia mais nada além da palavra ‘divórcio’

— Mais covarde do que você foi comigo? Você não pensou em nós quando decidiu invadir meu computador, você não pensou em mim, em como eu iria me sentir. Não pensou na repercussão depois de ter ficado com a Zhang. Não pensou no meu Conselho. Na nossa filha. Em mim.

— Eu te liguei, Anna. Eu fiz um vídeo rindo da situação, eu me expliquei... você viu!

— Eu vi. E também vi a internet inteira comentando. Eu vi as fotos, os portais e vi você... exposta ao lado de uma cliente. Como se fosse um casal. E eu vi meu nome, Fernanda. Eu vi as pessoas falando de mim na minha palestra. Me chamando de corna. Como se eu fosse a mulher traída da novela das nove. No meio de um Congresso jurídico.

— E você nem se perguntou se era verdade? Nem pensou em me perguntar antes de tomar uma decisão dessas? — digo, sentindo uma dor no peito incontrolável

— Eu não reconheço mais você...

— Anna... não aconteceu nada. Eu juro por tudo o que eu sou. Por tudo o que a gente construiu. Pela nossa filha, amor. Não faz isso...

A última frase foi sussurrada com o último fio de voz que eu tinha.

— Mas você me expôs, Fernanda. Isso... isso já é mais do que o bastante.

— Anna, eu amo você. Você é tudo que ocupa a minha cabeça, sempre foi. Desde o primeiro dia que nos conhecemos... quase dez anos não significam nada pra você? Você acha mesmo que eu ia me envolver com alguém? Com uma cliente? Você acha que eu ia fazer isso com você? Com a gente? Mesmo depois de você ter ficado com a Amanda?

Ouvi ela suspirar.

— Doeu. Doeu muito. Você não me contou, eu soube por terceiros, Anna. Você foi covarde comigo duas vezes.

— Eu já havia terminado com você. Tínhamos acabado. A diferença é que eu tive a dignidade de não postar nada. De não aparecer em nenhum portal. De não envergonhar você. — ela solta, fria.

— É, mas não doeu menos por isso. Você quer o divórcio, Anna Florence? Não me pede por telefone, me pede pessoalmente. Fala na minha cara!

O silêncio que veio em seguida foi longo. Como se ela estivesse procurando as palavras certas para me dizer.

— Tá certo — ela disse por fim, com aquela voz baixa de quem não quer mais discutir. — Quando eu voltar pro Rio, a gente conversa.

— Ótimo — respondi, seca. — Vai ser um prazer olhar nos seus olhos e dizer que você tá jogando fora o amor da sua vida por orgulho.

— E você jogou fora por ego — ela rebateu, sem levantar o tom. — A diferença é que agora eu tô só colocando as coisas no mesmo naipe.

A ligação caiu. Ou ela desligou. Já nem sei. Só sei que o silêncio que ficou era pior que qualquer grito.

Eu fiquei ali, parada, encarando os documentos que ela me mandou por e-mail com uma puta vontade de pegar o primeiro vôo para São Paulo. O mundo estava desabando e tudo que eu conseguia pensar era:

“Ela não vai voltar.”

Sentei no chão, encostada na parede, abracei os joelhos e chorei. Baixo. Pra não acordar Cecília. Naquele momento, meu coração estava pedindo socorro, eu queria gritar e não conseguia, até que comecei a não conseguir respirar. Era mais uma crise de ansiedade.

Anna pediu o divórcio. E dessa vez... não tinha drama, não tinha ameaça, não tinha jogo. Tinha decisão.

Ela desistiu.

E foi assim que eu perdi uma pessoa, mesmo a amando com todas as minhas forças.

 

Fim do capítulo

Notas finais:

Meus amores, chega até ser maldade fazer vocês esperarem até semana que vem! Mas eu preciso de muita concentração para escrever o capítulo 20, eu já escrevi e reescrevi diversas vezes e ainda não tá totalmente encaixado como eu quero. Caso contrário, eu postaria no domingo... pq eu fico com o coração na mão de deixar vcs ansiosas e sofrendo dessa maneira, mas eu juro que melhora! rs 

Pra quem não me seguiu no Instagram, o link é esse aqui: Nath (@nathh.autora) • Fotos e vídeos do Instagram

E eu fiz um tik tok para divulgar mais a história, então sigam lá também e dêem muitas curtidas pq isso aumenta o engajamento, me ajudem a levar essa história pro mundoooooo pq eu me animei com isso hahahaha (a bienal abriu muito a minha mente insana) 

Nath (@nathh.autora) | TikTok

 

Obrigada por lerem até aqui, até terça-feira! Vcs são maravilhosas! 


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Comentários para 19 - capitulo dezenove: até que o orgulho nos separe.:
Lea
Lea

Em: 27/06/2025

Respira Fernanda,assina esse divórcio,mesmo amando essas mulherer!

Boa noite, Nath!!


nath.rodriguess

nath.rodriguess Em: 27/06/2025 Autora da história
A ruiva? Duvido que ela vai assinar hahahaha


Responder

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HelOliveira
HelOliveira

Em: 26/06/2025

 As coisas só ficam pior.....Divórcio Anna sério isso?

Autora tá difícil viu....mas a cada capítulo as história fica muito melhor.....


nath.rodriguess

nath.rodriguess Em: 27/06/2025 Autora da história
Anna sempre tão radical, né? Ela sempre foi do "arranca o curativo de uma vez"


Responder

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Letysantos
Letysantos

Em: 26/06/2025

Ebook na amazon já rsrsra, vc é demais,espetacular,e olha que ja li quase todos os sáficos da amazon,mas vc...talento ,talento,talento


nath.rodriguess

nath.rodriguess Em: 27/06/2025 Autora da história
Ahhhh, vocês me fazem ter força pra continuar, sério! Eu amo esses comentários, me enchem de coragem pra lançar meu livro


Responder

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Mmila
Mmila

Em: 26/06/2025

Mais um capítulo acompanhado de muito choro.

Nossa .... como elas chegaram a esse ponto?!?!?!


nath.rodriguess

nath.rodriguess Em: 26/06/2025 Autora da história
não aguento mais ver vocês chorarem, tô a fim de ver vocês sorrindo.


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