Capitulo 5 - Laura volta para casa
Laura desceu os últimos degraus da aeronave com a elegância discreta de quem passou três anos aprendendo a disfarçar saudade. O blazer bege pendia torto sobre o ombro, os cabelos bagunçados pelo ar-condicionado internacional e o coração... bem, esse batia como se estivesse atrasado para o próprio embarque.
O saguão do Aeroporto Internacional de Curitiba exalava aquele aroma peculiar de café, carpetes úmidos e recomeços. Passaportes, malas, abraços, anúncios repetidos em três idiomas — tudo parecia acontecer em câmera lenta enquanto ela empurrava o carrinho com suas duas malas e uma tonelada de lembranças não resolvidas.
Os olhos vasculharam o portão de desembarque. Nenhuma faixa com seu nome, nenhum cartaz "Bem-vinda de volta, Laura!". Não que ela esperasse algo assim, mas... seria simpático, no mínimo. Já fazia tempo que não era recebida com festa — nem pela família, nem pelo coração.
— Laura Prado Becker, que cara de executiva cansada de Londres! — ouviu uma voz animada que vinha de trás de um pilar da cafeteria.
Ela virou-se no susto — e lá estava Fernanda, a amiga de plantão e quase terapeuta honorária, usando um moletom lilás, óculos escuros (mesmo dentro do aeroporto) e segurando um copo de cappuccino maior que sua cabeça.
— Fernanda Moretti?! Você não mudou nada!
— E você está linda, esgotada e com olheiras de quem encarou Shakespeare em tempo integral. Vem cá, me dá esse abraço, sua foragida!
As duas se abraçaram apertado, como se três anos coubessem em trinta segundos. Laura sentiu algo se soltar dentro de si. Uma tensão antiga, que ela nem sabia que carregava, começou a derreter ali mesmo, no meio do saguão.
— Vim em missão oficial, enviada pela Rainha-Mãe!
— Ordenaram que eu escoltasse a destemida princesa de volta ao castelo do poderoso Rei. Sua família a aguarda ansiosamente… Acredita que seu pai já está na churrasqueira desde as três da tarde? - Laura sorriu, era tudo que precisava voltar ao lar, ser acolhida.
— A Olivia já mandou dezoito áudios dizendo que você está atrasada!
— E tô mesmo — disse Laura, ajeitando os cabelos louros. — Três anos atrasada, pra ser mais precisa.
- No caminho, vai me contando tudo: escândalos, romances proibidos, traições britânicas...
E, por favor, me diga: você ainda chora ouvindo Marisa Monte?
— Choro. Mas agora com sotaque.
As duas riram. Laura pegou o café das mãos da amiga, tomou um gole e fez uma careta.
— Amargo demais.
— Claro. É Curitiba te dando as boas-vindas, bebê.
Laura e Fernanda se conheceram na faculdade de Medicina. Fernanda era apaixonada pelo irmão gêmeo de Laura desde sempre, mas nunca teve coragem de se declarar. Vivian uma amizade colorida tipo entre tapas e beijos Tornou-se confidente da amiga e, desde que soube que Laura era lésbica e mantinha um relacionamento com Natália, guardava suas desconfianças em silêncio. Nunca simpatizou com Natália — achava que ela se aproveitava da bondade e da ingenuidade de Laura. Foi no seu ombro que chorou a sua dor por muitos dias, meses…
Um tempo atrás…
O céu de Curitiba já escurecia quando Laura tocou a campainha do pequeno apartamento de Fernanda. O portão rangeu como se anunciasse: "vem coisa pesada por aí". Fernanda abriu a porta com o mesmo moletom velho de sempre, o cabelo preso num coque improvisado e uma taça de vinho na mão.
— Entrei no clima do “senta que lá vem história” — disse ela, abrindo espaço e já indo buscar outra taça.
Laura entrou em silêncio, largando a bolsa no chão. Sentou no sofá como quem carrega mais do que malas: carrega estilhaços de sonhos despedaçados.
— Vinho ou água com açúcar? — perguntou Fernanda, de longe.
— Tem como misturar os dois?
Fernanda riu, e logo depois parou. Laura não ria. O silêncio falava alto. Sentou ao lado dela, estendeu a taça.
— Tá. Agora conta.
Laura respirou fundo, os olhos já úmidos, mas orgulhosamente secos. Quando falou, a voz saiu baixa:
— Foi naquela noite… o jantar na casa da Tia Sofia. Tudo estava lindo, como sempre. Eduardo chegou... com a Natália.
Fernanda arqueou uma sobrancelha.
— Natália? Tipo… sua Natália?
— É. Exatamente essa. Vestida de branco, linda como uma traição bem maquiada. Ela segurava a mão dele, Fernanda. A mão que segurava a minha até duas semanas antes.
Fernanda mordeu o lábio. Sentia vontade de soltar um "eu avisei", mas segurou. O momento não era seu. Era de Laura.
— Ele fez um brinde. Pegou uma taça, chamou a atenção de todos e disse: "Vamos nos casar. E estamos esperando um bebê."
O silêncio caiu como uma avalanche. Laura olhou para o fundo da taça como se o vinho tivesse todas as respostas que o mundo recusava a dar.
— Eu só... congelei. Não chorei. Não gritei. Só… senti o mundo me esvaziando por dentro.
Fernanda encostou o corpo no encosto do sofá, tentando absorver. Depois falou, com o cuidado de quem pisa em cacos de vidro:
— Eu sempre achei essa mulher… suspeita. Fria. Cheia de sorriso e pouca alma. Mas eu nunca quis te magoar. E eu vi o quanto você a amava.
— Eu ainda amo, Nanda. E isso é o pior.
— Isso não é pior. É humano. O pior seria fingir que não doeu. Ou que você não vale mais que esse circo de horrores que eles montaram.
Laura sorriu pela primeira vez naquela noite. Um sorriso pequeno, meio torto, mas verdadeiro.
— Obrigada por não me dizer “eu te avisei”.
— Ah, eu pensei. Mas o que eu disse foi muito mais elegante.
Ambas riram. Riram como quem sangra por dentro mas sabe que vai cicatrizar. Aos poucos, com vinho ruim, palavras certas e amizade de verdade.
E naquele sofá apertado de sempre, entre taças e travesseiros velhos, Laura não encontrou todas as respostas… mas reencontrou um pedaço de si mesma.
As portas automáticas se abriram. Do lado de fora, o vento suave de verão tocava o rosto como um carinho velado, mas pela primeira vez em muito tempo, Laura sorriu de verdade.
Ela havia voltado.
E, dessa vez, estava pronta para ficar.
A casa dos Becker era mais do que uma residência confortável em um dos bairros mais elegantes de Curitiba — era quase uma instituição. Ampla, de arquitetura clássica e imponente sem jamais parecer esnobe, a casa branca de dois andares com janelas altas e varandas floridas era um reflexo exato da família que nela vivia: tradicional, respeitada, cheia de personalidade... e de histórias.
Na entrada, uma alameda de pedras levava até o portão de ferro trabalhado, que se abria para um jardim sempre bem cuidado, graças ao fiel jardineiro Miguel, que já estava com a família há mais de 30 anos e jurava que a jabuticabeira no fundo do quintal “conhecia todos os segredos dos Becker”.
Eunice, a matriarca, era mais que a avó querida: era uma médica renomada, cirurgiã aposentada, professora respeitada em universidades e ainda ativa em conselhos da área da saúde. Apesar do currículo extenso e da reputação impecável, era de uma doçura pragmática e de uma presença que impunha respeito com um simples levantar de sobrancelha.
— “Essa casa só não vira hospital porque proíbo bisturis na sala de estar”, dizia com frequência — ainda que tivesse feito muitos diagnósticos ali mesmo, entre um chá de camomila e um pedaço de bolo.
Internamente, o lar dos Becker misturava requinte clássico com toques pessoais. Os móveis eram sob medida, de madeira nobre, e os tapetes importados dividiam espaço com as mantas de crochê feitas à mão por Camila, a mãe, que adorava equilibrar a modernidade da profissão psiquiátrica com um toque de aconchego afetivo. Na sala principal, a lareira vivia acesa nos dias frios de Curitiba e os porta-retratos — cuidadosamente dispostos — contavam a história da família em fotografias que iam dos nascimentos aos natais barulhentos.
A casa era movimentada, cheia de vida. Os funcionários fixos da casa — como Dona Neide, a cozinheira que sabia o ponto exato do arroz da Camila e as restrições alimentares de cada filho, e Lucinda, antes babá dos filhos e agora governanta que lembrava aniversários melhor do que qualquer um — eram tratados como família há décadas. Trocavam conselhos com os filhos, recebiam presentes no Natal e sabiam segredos que nem os irmãos entre si compartilhavam.
Os Becker eram ricos — sim e desfrutavam de toda mordomia que o dinheiro poderia comprar. Mas tinham aquela riqueza silenciosa e cultivada com discrição: educação de ponta, cultura, respeito pelas origens e afeto transbordando em forma de rotina bem cuidada. Nenhum exagero dourado, nenhuma ostentação gritante. Os talheres eram de prata, mas as refeições aconteciam entre piadas ruins do Afonso, o pai, e comentários sarcásticos de Leonardo, o gêmeo de Laura.
No andar de cima, os quartos refletiam personalidades distintas. O de Laura ainda preservava o aroma do perfume favorito e livros de medicina alinhados com precisão quase britânica. Durante sua ausência em Londres, o quarto foi limpo religiosamente, mas sem jamais ser remodelado — um santuário afetivo à espera de seu retorno.
O portão da casa estava diferente — pintado em outro tom, mais sóbrio — mas o cheiro da grama recém-cortada e o perfume das rosas que sua mãe cultivava ainda flutuavam no ar, como se o tempo tivesse esperado por ela ali.
Laura desceu do carro com o coração tamborilando no peito, tomada por uma ansiedade doce de reencontro com a família amada.
A ansiedade de reencontro era quase infantil. Lembrou-se, com um nó no peito, de quanto sentira falta do irmão gêmeo — seu parceiro de planos mirabolantes e códigos secretos. Sentia saudade até das provocações da caçula Olivia, que sabiam exatamente onde cutucar. Do irmão mais velho, Fabrício, trazia na memória a voz firme e o jeito protetor. E como esquecer do colo da avó Eunice, sempre pronto para abrigar confissões sem julgamentos, como se ouvir fosse uma arte sagrada? Agora tinha a sobrinha Letícia, que nasceu enquanto estava fora, que a vira pessoalmente uma vez, quando o irmão Fabrício e a cunha Lívia lhe visitara em Londres, o restante do tempo acompanhou o crescimento por fotos e chamadas de vídeo.
E havia o pai, com seus abraços de urso e silêncios que diziam mais que mil palavras. A mãe, psiquiatra por vocação e essência, equilibrava autoridade e doçura como ninguém — o tipo de mulher que resolvia brigas com bolo de chocolate e uma conversa no quintal.
Ali, parada diante da porta de casa, Laura se deu conta do que Londres não tinha: o cheiro da comida feita por Neide, o barulho das risadas altas, os gritos entre irmãos disputando o controle remoto, os almoços de domingo em que o caos era o tempero principal.
Lá, na capital inglesa, ela tinha silêncio, cafés apressados, metrôs cheios de olhares distantes e uma cama confortável em um apartamento frio. Tinha também um propósito e um coração com saudade de coisas simples — da toalha manchada de molho, das vozes ecoando pelos cômodos e até das perguntas invasivas no meio do jantar.
Talvez, pensou, a gente só aprende a amar verdadeiramente as coisas quando a distância nos obriga a olhar com outros olhos.
Talvez lar seja isso: um lugar onde até o barulho é familiar. Onde a alma não precisa pedir licença para entrar.
A porta mal se abriu e a comoção já se espalhava pela casa como fumaça de churrasqueira em domingo ensolarado.
— Ela chegou! Minha irmã internacional pisou em solo nacional! — anunciou Olivia descendo que levava ao segundo andar, como se Laura fosse uma celebridade da Globo voltando de um retiro espiritual em Bali.
Apesar das visitas esporádicas da família durante os três anos em Londres — onde cada ida era um verdadeiro projeto da ONU envolvendo passaportes, escalas, malas extras e choros nos terminais — nada se comparava a estar de volta, definitivamente, ao cenário original da bagunça que chamava de lar.
A porta se abriu como se fosse palco de teatro, revelando sua mãe, Camila, já com os braços estendidos e os olhos marejados.
O avental manchado de molho denunciava que ela estava em mais uns de seus experimentos gastronômicos, ou uma sessão de terapia caseira, para correr até ali.
— Minha menina! Que bom que voltou! — disse ela, puxando Laura para um abraço esmagador de mãe que fingiu estar “bem” durante três anos, mas ligava para a filha três vezes por semana só para perguntar se o aquecedor funcionava e se ela estava comendo salada.
— Mãe, você foi me ver em Londres três vezes... — disse Laura, entre risos e lágrimas.
— Sim, mas te ver lá é diferente! Você estava com uma parede branca atrás! Aqui tem cheiro de casa, tem feijão com linguiça e o Leonardo gritando pelo wi-fi.
Logo atrás veio o pai, Dr. Afonso Klein Becker, emocionado como sempre — e um pouco teatral demais, como nunca deixou de ser.
Com os olhos úmidos e os braços abertos, parecia pronto para protagonizar o final de uma novela das nove.
— Minha Laurinha, em carne, osso... e gloss labial. Eu sabia que Londres não ia roubar você de mim!
— Pai, vocês ficaram um mês lá ano passado. Você reclamou todos os dias do clima, da comida e da ausência de pão de queijo.
— Exatamente! E mesmo assim eu fui! Isso é amor, Laura. Isso é sacrifício paternal em nome da pátria e da filha!
Laura mal conseguia respirar entre os abraços e as falas dramáticas, quando sentiu o perfume inconfundível do perfume suave da vovó Eunice, que surgia como sempre: Elegantemente vestida, rosto sereno, pele bem cuidada e sorriso acolhedor.
— Demorou, hein? O chá inglês é tão bom assim? Porque aqui tem café coado no pano e coração quente te esperando, viu.
Laura sorriu e a abraçou forte. Chorou um pouco mais — não como quem está fraca, mas como quem finalmente se permite.
No meio disso tudo, Leonardo apareceu já com o celular na mão:
— Fala aí, galera do grupo "Família Unida Jamais Será Vencida", olha quem tá aqui!
— Leonardo, pelo amor de Deus...
— Ah, mãe, é para o arquivo histórico. Três anos fora, seis visitas, 327 chamadas de vídeo e mil figurinhas de bom dia depois, ela voltou!
Laura riu. Riu como há muito não ria. Se lembrava de uma noite cinzenta em Londres, com o aquecedor no último e ainda sentia frio e uma sopa no prato, enquanto assistia pelo celular o churrasco em família transmitido ao vivo pelo Leonardo — completo com piadas ruins, gritos pela maionese e Olivia cantando Marisa Monte no karaokê.
Agora, ali, com todos ao redor, o mesmo cheiro de casa, os mesmos exageros, os mesmos dramas... ela sentia que o coração voltava a ocupar seu lugar completo no peito.
O Jantar terminara, mas os efeitos colaterais permaneciam: risos ecoando da cozinha, Olivia e Leonardo discutindo sobre séries enquanto lavavam a louça (“Você dorme e quer opinar, Leo?” — “Dormir é meu direito constitucional, senhora Administradora!”), Afonso recolhendo a grelha da churrasqueira como se fosse uma relíquia sagrada, e Camila cortando fatias de pudim para todo mundo com o ar de quem queria congelar aquele domingo num quadro.
Laura escapou para o quintal, onde a lua filtrava pelos galhos da jabuticabeira e o cheiro de grama recém-cortada misturava-se com o perfume suave das rosas plantadas por sua mãe. Sentou-se no velho banco de madeira, o mesmo onde tantas vezes chorou, sonhou e estudou. Estava mergulhada nos próprios pensamentos quando Eunice apareceu com duas taças borbulhando..
— Espumante com toque frutas vermelhas — anunciou, sentando-se ao seu lado. — Para acalmar o corpo... ou o coração.
Laura sorriu de leve, aceitando a caneca.
— Sabia que você viria. A senhora sempre soube a hora exata de chegar, vó.
— Ora, querida. Não é preciso ser médica nem vidente pra saber quando uma neta tem os olhos perdidos mesmo com o rosto sorrindo.
Um silêncio confortável se instalou entre elas. O tipo de silêncio que só existe entre pessoas que se conhecem desde sempre.
— Eu… achei que quando voltasse, tudo estaria igual — disse Laura, com a voz baixa. — Mas tá tudo diferente. A mesa continua lá, o cheiro de casa, o riso dos meus irmãos... Mas aqui dentro, sabe? Tá tudo meio… desalinhado ainda.
— É o fuso da alma, minha filha — respondeu Eunice, dando um gole no chá. — Quando a gente fica longe por muito tempo, o coração demora a se adaptar ao próprio território.
Laura encostou a cabeça no ombro da avó.
— Lá em Londres, eu me reconstruí. Ou achei que sim. Mas ai quando pisei em solo brasileiro o primeiro pensamento foi.. Natália... E doeu. Ainda dói.
Eunice suspirou, passando os dedos pelos cabelos claros da neta com ternura.
— Dói mesmo, Laurinha. E vai doer ainda um pouco. Mas você não é feita só da dor. Você é feita de tudo que sobreviveu a ela. Inclusive essa casca de ironia e sarcasmo que herdou do teu pai, pra tua sorte — riu.
— Ou azar — Laura respondeu com uma risada fraca, limpando uma lágrima teimosa com a manga da blusa.
— Você ainda ama a Natália?
— Não sei. Acho que amo o que a gente foi. Ou o que eu achei que a gente seria. Mas ver ela com o Eduardo... isso ainda não sei como vai ser.
Eunice apertou a mão da neta com firmeza.
— Então deixa dissolver, Laura. Aqui você tem colo, tem comida boa, tem barulho, tem amor... e tem tempo. E, se nada disso resolver, tem uma avó aposentada com tempo ocioso e especialização em colocar sem noção no lugar delas — disse com uma piscadela debochada.
Ambas riram.
— Obrigada, vó. Não só pelo espumante, mas por ainda ser meu lar... mesmo quando eu me perco um pouco de mim.
Eunice sorriu, tocando a testa da neta com os dedos, como fazia quando ela era pequena.
— Você nunca se perdeu, Laurinha. Só andou em linha curva. E sabe o que dizem os médicos: o corpo humano também não é reto. O coração, então, muito menos.
E ali ficaram as duas, entre goles de chá, silêncios seguros e promessas não ditas de que, no tempo certo, tudo se reencaixa — até o que foi quebrado com mágoa.
Fim do capítulo
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lia-andrade
Em: 26/06/2025
Capítulo perfeito, família da Laura é sem igual. Já ansiando para o próximo.
Bjos
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